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Yahanna Estrela Medicina – UFCG BIOQUÍMICA SINALIZAÇÃO CELULAR: RECEPTORES E TRANSDUÇÃO DE SINAIS I ✓ A função das células é coordenada e controlada por sinais químicos, que são secretados por uma determinada célula para agir em outras células ou nela própria, através de um receptor; ✓ Mensageiros químicos: fazem a comunicação entre células. Eles interagem com receptores, produzindo uma cascata de eventos; ✓ Os sinalizadores podem ser hormônios, neurotransmissores, peptídeos, dentre outras substâncias; ✓ Os receptores podem ser enzimas, proteínas de membrana, canais iônicos, proteínas intracelulares, etc. Podem estar presentes na membrana, no citoplasma ou no núcleo. Porém, a maioria está na membrana; ✓ Quando há uma ligação do sinalizador com o receptor ocorre uma sinalização celular, que irá gerar uma resposta; ✓ Para cada receptor acontece uma sinalização celular. O tipo de receptor envolvido muda completamente a resposta e o tempo de resposta. ✓ Sempre que forem neurotransmissores que precisam de ação rápida, geralmente, o receptor é do tipo canal iônico: ▪ GABA: neurotransmissor inibitório → canal iônico de cloreto. Hiperpolariza o neurônio. ▪ Glutamato: neurotransmissor excitatório → canal iônico de sódio. Despolariza o neurônio. ✓ Tudo o que envolve transcrição gênica/síntese de proteína o efeito é mais demorado, porém mais prolongado; ✓ O receptor nuclear (de hormônios) é o que tem efeito mais demorado. Está dentro da célula, no citoplasma na forma inativa, esperando o hormônio se ligar a ele para ser ativado e seguir para o núcleo, regulando a expressão de genes (estimulando a transcrição gênica e a síntese de proteínas). Por isso é demorado. ACETILCOLINA ✓ É um neurotransmissor/sinalizador químico importante; ✓ Em algumas situações pode funcionar como substância complementar a adrenalina, não é sempre contrária: o Ação parassimpática: acetilcolina estimula a ereção; o Atividade simpática: adrenalina promove ejaculação. ✓ No músculo esquelético: acetilcolina faz contração rápida (ex. ação mecânica: pegar uma caneta); ✓ No músculo liso: acetilcolina faz contração lenta (ex.: processo de digestão); ✓ Acetilcolina possui dois tipos de receptores: nicotínico (canal iônico: sódio potássio, contração rápida) e muscarínico (acoplado a proteína G, contração lenta); ✓ Junção neuromuscular: junção entre neurônio motor/colinérgico e o músculo esquelético; ✓ Nessa junção, o receptor é nicotínico (canal iônico); ✓ Quando o estímulo chega no neurônio, gera despolarização, entrando cálcio no neurônio, ocasionando a exocitose de acetilcolina, ativando o receptor nicotínico. ✓ Quando o receptor é ativado, entra sódio e sai potássio, ocorrendo despolarização do músculo esquelético → contração muscular; ✓ Excitação neuronal acontece porque o receptor nicotínico também está presente no sistema nervoso. ADRENALINA ✓ A adrenalina promove vasoconstricção ou vasodilatação? Depende do receptor. ▪ Alfa 1: vasoconstricção ▪ Beta2: vasodilatação ✓ O vaso do músculo tem que estar dilatado para chegar nutrição. Logo, em alguns vasos ela faz vasodilatação; ✓ Porém, de forma sistêmica, o efeito que se sobrepõe é de vasoconstricção; ✓ A densidade de receptores para vasoconstricção (alfa 1) é maior do que a de vasodilatação (beta 2); ✓ Alfa 1 e beta 2 são receptores tipo proteína G. Porém, alfa1 é acoplado a Gq e beta2 é acoplado a Gs; ✓ A mesma proteína G pode resultar em diferentes respostas visto que existem vários subtipos de proteína G; ✓ A ação depende do receptor. SINALIZAÇÃO CELULAR Alguns tipos de sinalização: Parácrina: age nas células vizinhas a célula que produziu a substância. Autócrina: age na própria célula que o produziu Endócrina: chega à célula através da corrente sanguínea. ✓ Etapas da sinalização celular: 1. O mensageiro químico é secretado por uma célula específica em resposta a um estímulo; 2. O mensageiro se difunde ou é transportado para a célula alvo; 3. O mensageiro se liga a um receptor na célula- alvo; 4. A ligação do mensageiro ao receptor induz uma resposta; 5. O sinal cessa e é terminado ✓ Substâncias da sinalização celular: ▪ Proteínas, catecolaminas, hormônios esteroides, eicosanoides, oxido nítrico, gaba e glutamato. Eles podem atuar a curta ou longa distância, mas requer sempre um receptor. ✓ Diferentes tempos de resposta: ▪ Neurotransmissão GABAergica ou Glutamatérgica: resposta rápida ▪ Aldosterona/cortisol: efeito demorado/receptor nuclear. AINES bloqueiam a COX (presente no processo inflamatório → COX2), tendo a ela como receptor. Eles inibem todas as COX, não só a COX-2, o que afeta o estômago, por exemplo, visto que as prostaglandinas induzem a produção de muco estomacal para proteger o estômago, podendo até mesmo causar gastrite pelo uso indiscriminado. Resposta rápida e utilizados na inflamação aguda. Implicação clínica: AINES ou GC? O efeito anti-inflamatório será mais rápido no uso de AINES, mas será mais prolongado no uso de glicocorticoides. Os AINES possuem como receptor a COX, que é um receptor enzimático e mais rápido que o receptor dos GC. O glicocorticoide possui um receptor nuclear. Para ter efeito celular, o GC entra na célula, se liga no receptor (que está no citoplasma, preso pelas proteínas, para que não vá para o núcleo sem o glicocorticoide), libera as proteínas, o complexo migra para o núcleo, no qual ocorre transcrição gênica, síntese de proteínas para depois ter efeito celular. Efeito mais demorado, mas mais prolongado. Ele diminui a expressão da COX 2, não afeta COX fisiológica. Ele diminui a produção de citocinas, de leucócitos, tem efeito imunossupressor. Estimula a produção de lipocortina → reduzindo a inflamação. Extra: A partir de 6 dias (usando GC) já tem diminuição da função da hipófise, logo tem que ter desmame do GC. Se for menos que isso, não precisa (5 abaixo). A diminuição da acidez gástrica pode causar anemia, aumento do risco de infecção, diminuição da absorção de nutrientes (cálcio, B12, ferro), etc. Medicamentos do câncer não atuam apenas nas células cancerígenas, por isso há os efeitos adversos de perda de cabelo, náuseas, vômitos. Eles atuam em todas as células lábeis, que possuem rápida divisão celular. ✓ A base da sinalização celular é entender os receptores, que podem ser enzimas (exemplo: COX), proteína de transporte (bomba de prótons), proteína estrutural (tubulina), nuclear e presente na membrana celular. ✓ 4 principais tipos de receptores: ▪ Tipo 1: acoplado a canal iônico → receptor ionotrópico ▪ Tipo 2: acoplado a proteína G ▪ Tipo 3: acoplado a tirosina quinase ▪ Tipo 4: acoplado a transcrição de DNA → nuclear. SINALIZAÇÃO CELULAR: RECEPTORES E TRANSDUÇÃO DE SINAIS II ✓ Primeira família de receptores apresentada: acoplado a canal iônico: ionotrópicos ▪ Despolarização: sódio e cálcio; ▪ Hiperpolarização: potássio e cloreto; ▪ Efeito rápido; ▪ Exemplo: nicotínico. ✓ Segunda família de receptores apresentada: acoplado a proteína G: metabotrópico ▪ Resposta rápida, mas não tão rápida quanto canal iônico; ▪ Exemplo: muscarínico. ✓ Terceira família de receptores apresentada: acoplado a quinase. ▪ Fosforilação de proteínas; ▪ Transcrição gênica; ▪ Mais lento; ▪ Receptor para citocina, para insulina, para fator de crescimento. ✓ Quarta família de receptores apresentada: receptor nuclear. ▪ Transcrição gênica; ▪ Síntese de proteína; ▪ Receptor de hormônios esteroidais; ▪ Mais lento de todos. RECEPTORES DO TIPO 1: CANAIS IÔNICOS ✓ Produzem respostas do tipo mais rápida, em milissegundos. ✓ Vários neurotransmissores e várias substâncias fisiológicas atuam nesses receptores: GABA, glutamato, acetilcolina (canal iônico e acoplados a proteína G também), etc. ✓ O efeito celulardepende do canal iônico. ▪ Por exemplo, se for canal de sódio: excitatório (despolarização); se for canal de cloreto: inibitório (hiperpolarização). ✓ Estrutura fundamental: ▪ Constituído de 4 a 5 subunidades. ▪ Sendo que cada uma delas é uma cadeia polipeptídica e contém 4 α-hélices transmembranas →passam de um lado da membrana para o outro, para que o íon consiga entrar dentro da célula alvo. ▪ Cada α-hélice contém em torno de 20 aminoácidos ▪ A α-hélice é helicoidal e hidrofóbica ▪ O domínio de ligação é do lado externo da membrana ▪ Uma das α-hélices constitui o revestimento do canal. O receptor nicotínico é um receptor de sódio (excitatório) e possui forma circular, com 5 subunidades: 2 alfa, 1 beta, 1 sigma e 1 delta. A nicotina é uma substância presente no cigarro e causa dependência. Ela ativa o receptor nicotínico, presente também no sistema nervoso central. Esses receptores nicotínicos do SNC são para ligação da acetilcolina. O efeito da acetilcolina nesse receptor ocasiona uma liberação de dopamina no sistema límbico. Quando uma pessoa fuma, a nicotina ativa o receptor nicotínico do SNC e estimula a liberação de dopamina, gerando sensação de prazer e bem- estar, ativando o sistema de recompensa, ocasionando dependência. Quando o indivíduo tenta parar de fumar, o tratamento é fornecer nicotina na forma de adesivo ou de pastilhas, evitando que ele fume para obtenção de prazer, realizando um desmame controlado. Além disso, o uso de nicotina através do adesivo ou de pastilhas também livra a pessoa das substâncias cancerígenas existentes no cigarro. Quantas moléculas de acetilcolina são necessárias para abrir o canal iônico nicotínico? Precisa-se de duas moléculas de acetilcolina. ✓ Existem dois tipos de canais iônicos, sendo eles: 1. Canais iônicos regulados/ativados por ligantes: ▪ Envolvidos principalmente na transmissão sináptica rápida; ▪ Ligação do agonista promove a abertura do canal; ▪ Exemplo: glutamato, GABA, ACh, benzodiazepínicos, etc. 2. Canais iônicos regulados/ativados por voltagem: ▪ O canal abre mediante a chegada de um potencial de ação na membrana; mediante despolarização da membrana; ▪ Não tem um ligante específico; ▪ Exemplo: quando um potencial de ação despolariza a membrana, ocorre abertura de canais de cálcio, permitindo a liberação de vesículas de acetilcolina. A maioria dos neurotransmissores é liberada nesse tipo de processo. Esses canais de cálcio são canais regulados por voltagem. ✓ No nosso organismo existem vários receptores canais iônicos/ionotrópicos. Cada neurotransmissor possui seu receptor, com nomenclatura específica. ▪ Exemplo: Acetilcolina → receptor nicotínico; GABA → GABAa; glutamato → NMDA. Todos esses citados são canais iônicos ativados por ligantes. Benzodiazepínicos O principal neurotransmissor inibitório do SNC é o GABA. Quando o GABA ativa o GABAa (canal de cloreto) há hiperpolarização e inibição neuronal. Os benzodiazepínicos potencializam a ação do GABA, ligando-se ao GABAa, porém diferente do local que o GABA se liga (para não competir com o GABA). Dessa forma, potencializa a afinidade do GABA pelo receptor GABAa, aumentando a quantidade de cloreto e, consequentemente, aumentando a inibição neuronal. Por isso o efeito sedativo, indução de sono, redução de ansiedade, etc. Por que os benzodiazepínicos causam dependência? O canal iônico possui o sítio de ligação do agonista. Se houver ativação frequente do canal o organismo vai começar a fazer uma mudança conformacional no canal para diminuir a afinidade (com a finalidade de manter a homeostasia). Dessa forma, a resposta do medicamento irá diminuir gradativamente. Esse processo é chamado de dessensibilização do receptor, ou seja, o efeito do receptor vai diminuindo pelo uso continuo de determinado medicamento. Para solucionar, tem que parar o uso para que o organismo volte ao normal e buscar outros tratamentos para evitar esse problema. O mesmo acontece quando se come muito açúcar, por exemplo. O pâncreas libera muita insulina. O excesso de insulina ativa muito o receptor, fazendo com que ele fique dessensibilizado, ocasionando o quadro de resistência à insulina → diabetes mellitus tipo 2., sendo necessário uso de metformina (ajuda o organismo a voltar ao normal). Portanto, fica notório que o processo de dessensibilização pode acontecer tanto com substâncias exógenas quanto endógenas. Down regulation: “regulação para baixo”. Up regulation: “regulação para cima”. O paciente com esquizofrenia, bioquimicamente falando, é um paciente que apresenta altos níveis de dopamina no sistema límbico por algum motivo. O organismo, na tentativa de controlar o excesso de dopamina, faz qual tipo de regulação? R.: Down regulation. Já o paciente com Doença de Parkinson, uma doença neurodegenerativa, na qual o indivíduo tem morte dos neurônios dopaminérgicos (deficiência de dopamina), o organismo fará qual regulação? R.: Up regulation Explicação: Up-regulation é usado pelas células para aumentar a sensibilidade para os hormônios específicos. Ela ocorre quando a célula produz mais receptores, a célula diminui a degradação de receptores ou ativa os receptores já presentes. Se tem uma baixa concentração do hormônio no sangue e a célula aumenta o número de receptores, aumenta a chance de hormônio interagir com receptor, ou seja, aumenta a sensibilidade. Down-regulation é quando a célula diminui a sensibilidade do hormônio, diminuindo o tanto de receptores disponíveis. ✓ GABAa possui sítio de ligação para o álcool, para o GABA, para o benzodiazepínico, para os hormônios esteroidais (por isso durante a TPM a mulher fica emocionalmente afetada). ▪ O álcool, inicialmente, possui resposta excitatória, estimulando liberação de dopamina e outros neurotransmissores, porém, o efeito do álcool é depressor do SNC. ▪ Por isso o golpe do “boa noite cinderela” é feito com um benzodiazepínico e álcool. O uso dos dois ocasiona um efeito depressor ainda maior no SNC. Há relatos de pacientes que, dependendo da dosagem do benzodiazepínico ou do álcool, tiveram parada cardiorrespiratória devido a inibição do bulbo, ou seja, a depressão neuronal ser tão grande que pode deprimir o centro respiratório. ▪ Portanto, pacientes que fazem uso de benzodiazepínicos não podem fazer uso de álcool junto com a medicação. ✓ Um exemplo de canal iônico ativado/regulado por voltagem é o canal de sódio voltagem dependente. ✓ Esses canais de sódio voltagem dependente estão envolvidos na transmissão da dor periférica para a medula espinal. ✓ Quando o paciente sofre um corte, por exemplo, há o estímulo que é levado ao SNC, através de descargas neuronais e através de transmissão feita por esses canais de sódio voltagem dependente. ✓ As fibras envolvidas na transmissão da dor são fibras que se comunicam: chega o estimulo → despolariza a membrana → abre canal de sódio → entra sódio → excita neurônio. Anestesia local A anestesia local funciona bloqueando os canais de sódio voltagem dependente. Por isso o estímulo de dor periférico não chega ao cérebro. Quando há uma inflamação, a anestesia local não “pega”. Isso ocorre porque o fármaco é melhor absorvido na forma não- ionizada. Um dos fatores que influencia na sua absorção e distribuição é o pH. Quando o pH está baixo, há um aumento da ionização do fármaco. Durante uma inflamação, o pH da região está ácido, o que faz com que a anestesia não dissocie e fique na forma ionizada, acarretando em uma má absorção. Outro fator que influencia na absorção de um fármaco é a área de absorção. A circulação sanguínea na área de absorção sanguínea explica alguns recursos utilizados para aumentar ou diminuir a absorção da substância utilizada. O emprego da associação de anestésico local com vasoconstritor pode limitar a circulação local e,conseqüentemente, a absorção. Isso faz com que haja uma redução da taxa de absorção e de eliminação do anestésico local, o que prolonga o efeito local e reduz os efeitos colaterais sistêmicos. Existem dois tipos de anestésico local: sem vasoconstrictor e com vasoconstrictor. O anestésico com vasoconstrictor é melhor usado para tecidos inflamados. Recapitulando Canais iônicos: ▪ É o mecanismo de ação dos neurotransmissores rápidos; ▪ A resposta fisiológica ocorre em milissegundos; ▪ Não envolve segundos mensageiros (é diferente de proteína G, pois não tem produtos de ativação enzimática); ▪ Exemplos: Acetilcolina → receptor nicotínico; GABA → GABAa; glutamato → NMDA. RECEPTORES DO TIPO 2: ACOPLADOS A PROTEÍNA G ✓ Também chamado de receptor metabotrópico ✓ Um dos principais receptores envolvidos em respostas bioquímicas, fisiológicas e farmacológicas. ✓ É um receptor composto por 7 α-hélices transmembranosas ✓ Na parte interna esse receptor está acoplado a proteína G. ✓ É proteína G porque essa proteína está conectada a uma molécula de GDP ✓ Ela é composta é composta por três subunidades: subunidade alfa, subunidade beta e subunidade gama. ✓ A molécula de GDP está conectada a subunidade alfa. ✓ A subunidade beta está ligada a subunidade gama. ✓ A proteína G é uma proteína de membrana que no lado externo tem um domínio de ligação do agonista/ligante e na parte interna esse receptor está conectado a uma proteína G. Quando o agonista se liga no receptor promove uma determinada alteração conformacional: as hélices começam a se mexer. A energia da ligação do agonista com o receptor passa imediatamente para a proteína G. Na proteína G, GDP armazena a energia, transformando-se em GTP. Dessa forma, tem-se alfa ligado a GTP e beta ligado a gama. Isso faz com que essa proteína G se solte do receptor e se abra em duas partes: alfa ligada a GTP e a outra beta ligada a gama. Alfa-GTP é quem continua a sinalização, gastando energia ativando um alvo, podendo ser uma enzima ou um canal iônico. Após gastar a energia, volta a ser alfa- GDP e se liga novamente a beta-gama para se fixarem no receptor. O alvo do alfa-GTP depende do tipo de proteína G. OBS.: GTP é comparável com a molécula de ATP, tendo guanina no lugar de adenosina. ✓ Tipos de proteína G (5 principais) ▪ Proteína Gs → alfa-GTP ativa adenilato- ciclase; ▪ Proteína Gi → alfa-GTP inibe adenilato- ciclase; ▪ Proteína Gq → alfa-GTP ativa fosfolipase C; ▪ Proteína G0 → alfa-GTP regula atividade de um canal iônico; ▪ Proteína Gi0 → alfa-GTP regula canal iônico e inibe adenilato-ciclase. O início da cascata de sinalização celular é igual independentemente de qual tipo de proteína G. ADENILATO-CICLASE ✓ É uma enzima que, quando ativada, quebra o ATP em AMPc. ✓ O primeiro mensageiro é o ligante/agonista que se ligou ao receptor acoplado a proteína G. ✓ O AMPc é considerado o segundo mensageiro visto que é produzido dentro da célula pela adenilato-ciclase e é inativado por fosfodiesterases. ✓ Portanto, o AMPc sempre será o segundo mensageiro da proteína Gs. ✓ AMPc significa adenosina-monofosfato cíclica. SINALIZAÇÃO CELULAR – PROTEÍNA GS 1. O ligante se liga no receptor acoplado a proteína G (GPCR), ocorre mudança conformacional; 2. A energia passa para a proteína G, para a subunidade alfa-GDP, que se transforma em alfa- GTP e ocorre a separação da proteína G em alfa- GTP e beta-gama. 3. Alfa-GTP ativa a adenilato-ciclase. A AC irá quebrar o ATP em AMPc. 4. O AMPc (segundo mensageiro) vai ativar uma PKA (proteína quinase A). 5. A PKA gera o efeito celular. OBS.: Se a proteína for Gs, na maioria das vezes, a resposta é estimulatória. OBS.2: Assim que a alfa-GTP ativa a adenilato-ciclase, ela já volta a ser alfa-GDP, a se ligar com beta-gama e a se fixar no receptor, pronta para outro processo. Adrenalina no coração acelera os batimentos cardíacos, ativando beta 1. Beta 1 é receptor acoplado a proteína Gs. O efeito celular gerado pela PKA no coração é o aumento do nível de cálcio e, consequentemente, dos batimentos cardíacos e força de contração. SINALIZAÇÃO CELULAR – PROTEÍNA GI 1. O ligante se liga no receptor acoplado a proteína G (GPCR), ocorre mudança conformacional; 2. A energia passa para a proteína G, para a subunidade alfa-GDP, que se transforma em alfa- GTP e ocorre a separação da proteína G em alfa- GTP e beta-gama. 3. Alfa-GTP inibe a adenilato-ciclase. O que diminui os níveis de AMPc. 4. A diminuição do AMPc (segundo mensageiro) vai diminuir a ativação da PKA. 5. Efeito celular contrário ao da Gs. OBS.: Gi sempre vai ser efeito inibitório, devido à ausência ou diminuição do AMPc, enquanto segundo mensageiro. Acetilcolina no coração diminui os batimentos cardíacos e a força de contração. Isso ocorre devido ao receptor da acetilcolina no coração. Acetilcolina possui receptores muscarinicos e nicotínicos. Os muscarínicos podem ser: M1, M2, M3, M4 e M5. Os que possuem numeração par são acoplados a Gi e os que possuem numeração ímpar são acoplados a Gq. O que está no coração é M2. ALGUMAS DÚVIDAS SANADAS Qual o tipo de receptor dos AINES? Eles se ligam a uma enzima presente dentro das células (COX) que não se enquadra dentro dos 4 tipos de receptores que estudaremos agora. Existem vários tipos de receptores: enzima, proteína de transporte, estrutura, de membrana (canal iônico, proteína G e acoplado a quinase) e dentro da célula temos o receptor nuclear. Os aines bloqueiam diretamente uma enzima. Já os glicocorticoides agem sob o receptor nuclear. A Gi e a G0 em conjunto regulam o quê? A Gi/G0 → alfa-GTP tanto inibe adenilato-ciclase quanto regula atividade de canal iônico. Nenhum AINES tem receptor iônico? Não. Na verdade, o principal alvo dos aines é bloquear a COX. Agir em canal iônico não é o principal mecanismo de ação deles, embora alguns artigos falem que eles podem bloquear alguns tipos de canal iônico voltagem, mas não é bem compreendido e bem aceito. É de resposta rápida quando comparado ao CG pois bloqueia a enzima, mas não é por ser de canal iônico. Canal iônico geralmente é neurotransmissor. SINALIZAÇÃO CELULAR: RECEPTORES E TRANSDUÇÃO DE SINAIS III SINALIZAÇÃO CELULAR – PROTEÍNA GQ 1. O agonista/ligante se liga e ativa o receptor acoplado a proteína G (GPCR); 2. Ocorre mudança conformacional, o que gera energia. A energia passa para proteína G, para a subunidade alfa-GDP. 3. Alfa-GDP se transforma em alfa-GTP e ocorre a separação da proteína G em alfa-GTP e beta-gama. 4. Alfa-GTP ativa a fosfolipase C (PLC), que quebra o fosfolipídeo de membrana (PIP2) em dois segundos mensageiros: IP3 (trifosfato de inositol, solúvel no citoplasma) e DAG (diacilglicerol, preso na membrana celular). 5. Ao mesmo tempo, IP3 aumenta os níveis de cálcio intracelular, aumentando a atividade de proteínas dependentes de cálcio, gerando, também, o efeito celular 6. Ao mesmo tempo, DAG ativa a proteína quinase C (PKC), que irá fosforilar diversas proteínas para gerar o efeito celular. ✓ A proteína G que regula a atividade da fosfolipase C é a Gq. ✓ O efeito celular depende da célula alvo. O aumento de cálcio induzido por fosfato de inositol (IP3) pode gerar: • Contração de músculo liso; • Contração de músculo cardíaco; • Secreção de glândulas exócrinas e liberação de transmissores; • Liberação hormonal. A ativação de PKC pela DAG pode fosforilar diversas proteínas, gerando: • Liberação de hormônios de glândulas endócrinas; • ↑ e ↓ da liberação de neurotransmissores; • Contração e relaxamento do músculo liso; • Estimulação do transporte de íons pelo epitélio. SINALIZAÇÃO CELULAR – PROTEÍNA G0 1. O agonista/ligante se liga e ativa o receptor acoplado a proteína G (GPCR); 2. Ocorre mudança conformacional, o quegera energia. A energia passa para proteína G, para a subunidade alfa-GDP. 3. Alfa-GDP se transforma em alfa-GTP e ocorre a separação da proteína G em alfa-GTP e beta-gama. 4. Alfa-GTP regula o canal iônico para gerar um determinado efeito celular. ✓ A proteína G que regula canal iônico é a G0. ✓ Quando a proteína G regula canal iônico não há a participação de segundo mensageiro, pois não tem ativação/inibição de enzimas. ✓ A parte da proteína G que vai interagir/regular a atividade do canal iônico é alfa-GTP. Dentro da proteína G, o subtipo que tem uma ação mais rápida é G0, pois não precisa ativar/inibir enzima. A ação é direta, em que alfa-GTP vai regular diretamente um canal iônico. O efeito celular está relacionado ao processo de entrada ou saída de um determinado íon. SINALIZAÇÃO CELULAR – PROTEÍNA G0/I 1. O agonista/ligante se liga e ativa o receptor acoplado a proteína G (GPCR); 2. Ocorre mudança conformacional, o que gera energia. A energia passa para proteína G, para a subunidade alfa-GDP. 3. Alfa-GDP se transforma em alfa-GTP e ocorre a separação da proteína G em alfa-GTP e beta-gama. 4. Alfa GTP vai regular a atividade do canal iônico ao mesmo tempo que inibe a adenilato-ciclase, diminuindo os níveis de AMPc. Resumindo: O receptor Gi0 é uma mistura do receptor Gi com o receptor G0. Alfa-GTP vai inibir adenilato- ciclase, diminuindo os níveis de AMPc e vai regular atividade de canal iônico ao mesmo tempo. Visto que Gi, geralmente, produz uma resposta inibitória, o canal iônico também terá efeito de inibição, potencializando o efeito. RECEPTOR TIPO 3: ACOPLADOS A PROTEÍNA QUINASE 1. Agonista se liga no receptor, ocorre mudança conformacional. 2. Aproximação de um receptor idêntico (dimerização). 3. Autofosforilação. 4. Cascata de quinase. 5. Transcrição gênica. 6. Síntese/inibição de proteínas. 7. Efeito celular. ✓ Nem todo receptor acoplado a quinase é do tipo tirosina-quinase, existem receptores acoplados a serina. ✓ Receptor de membrana, que na parte interna tem um domínio quinase. Ou seja, um domínio que ao ser ativado irá fosforilar diversas proteínas. ✓ A Resposta Fisiológica ocorre de minutos a horas (depende do ligante) ✓ Fosforilação das tirosinas das proteínas-alvo (resposta principal). ✓ O ligante leva a uma dimerização do receptor ✓ Dimerização – fosforilação de resíduos de tirosina ou de serina – alta afinidade para proteínas (ex. com domínio SH2) ✓ Desencadeamento de uma cascata de quinases culminando com a resposta. As proteínas que fazem parte da cascata mudam de acordo com o ligante. ✓ Exemplos: Receptores da Insulina, receptores do fator de crescimento e citocinas. É importante que ocorra a dimerização porque as quinases inativas só irão se ativar se tiverem outras quinases próximas. Significa dizer que o processo de transdução de sinal só acontece se ocorrer dimerização. As quinases irão se autofosforilar ao se aproximarem, dando início a cascata de quinase: sequência de várias proteínas sendo fosforiladas e ativadas até a mensagem chegar ao núcleo da célula, no qual ocorre transcrição gênica, síntese de proteína e o efeito celular. A insulina é um agonista que se une ao receptor, ocasionando mudança conformacional. Ocorre a dimerização e a autofosforilação → cascata de quinase. Ocorre a transcrição do gene GLUT, que pega a glicose e coloca dentro da célula, para virar ATP. Como é feita a regulação celular da concentração de proteínas da cascata da quinase, por exemplo? É uma regulação gênica. O gene RAS, que está envolvido também na oncogênese, pode estar permanentemente ativado em uma situação de oncogênese, fazendo com que a célula esteja se dividindo rapidamente, gerando um câncer, sem precisar de um ligante. Os fatores de crescimento atuam no receptor acoplado a quinase, eles são produzidos e depois o efeito deles é paralisado. No caso de um câncer, pode ter a ativação de um proto-oncogene (gene RAS) que pode ser ativado frequentemente sem precisar de o receptor ser ativado. Esse gene induz transcrição gênica e divisão celular, fazendo com que as células daquele tecido se dividam de forma descontrolada. Essas proteínas são altamente reguladas, visto que um problema nelas pode fazer com que a cascata seja ativada sem que haja ativação do receptor. Isso pode ocasionar problemas para o organismo, como no caso do câncer. Se a concentração das proteínas estiver inadequada, o próprio DNA vai ser regulado para diminuir a expressão dessas proteínas. Porém, se o processo de regulação gênica estiver alterado por algum defeito em algum gene, pode colocar essa regulação de proteínas “por água abaixo” e a cascata pode estar descompensada, gerando problemas para o indivíduo. RECEPTOR TIPO 4: NUCLEAR SINALIZAÇÃO CELULAR (COM EXEMPLO: GLICOCORTICOIDES) 1. O agonista entra na célula alvo por difusão simples, porque ele é lipossolúvel. 2. O agonista se liga e ativa o receptor que está no citoplasma, liberando as proteínas do choque térmico (são essas proteínas que estabilizam o receptor para que ele fique na forma inativa, no citoplasma). 3. O complexo agonista/receptor migra para o núcleo na forma de dímeros. 4. O complexo agonista/receptor se liga em sequências específicas do DNA (no caso dos glicocorticoides, é chamada de GRE: elementos de resposta ao glicocorticoide). 5. Regulação da transcrição gênica. 6. Síntese/inibição de proteínas. 7. Efeito celular. ✓ Receptor intracelular [citoplasma (forma inativa) ou núcleo (forma ativa)], diferentemente dos outros. ✓ Grandes proteínas intracelulares solúveis; ✓ Resposta Fisiológica ocorre em horas e até dias, é a mais demorada, devido a transcrição gênica; ✓ Agem por estimulação da transcrição do DNA ✓ Alteram a síntese de proteínas específicas; ✓ Produção de efeitos celulares; ✓ Quando está no citoplasma, esse receptor está ligado a duas proteínas que garantem sua estabilidade e inatividade, sendo elas a HSP70 e HSP90; ✓ Exemplos: Receptores dos hormônios esteróides, hormônios tireoideanos, vitamina D e ácido retinóico. Receptores para hormônios/substâncias lipossolúveis (o receptor está dentro da célula, então a substância precisa entrar por difusão simples para dentro da célula, para poder agir). ✓ Estimulação da transcrição de genes → síntese de proteínas → produção de efeitos celulares Resumindo: Agonista age no receptor → ativação do receptor → receptor migra para o núcleo e se liga no DNA → regulação da transcrição gênica, síntese de proteínas → efeito celular. EXTRA, EXTRA Diagnóstico de Miastenia Gravis Quando um paciente chega ao consultório relatando dificuldade de contrair os músculos do braço, o médico pode suspeitar de Miastenia Gravis e injetar edrofônio no músculo do paciente. Após a injeção, o paciente relata melhora da força muscular, porém, alguns minutos depois, há piora da força de contração. A melhora se dá porque na função neuromuscular há acetilcolina ativando receptores nicotínicos, o que gera contração muscular, que posteriormente será degradada pela AChE. Na Miastenia Gravis há a destruição dos receptores nicotínicos. Então quando se faz uso do edrofônio, há inibição curta e transitória da AChE, aumentando os níveis de ACh e, consequentemente, as chances de a ACh encontrar receptores nicotínicos que ainda não tenham sido destruídos. Ocorre ativação do receptor e leve melhora da força muscular. ADRENALINA/NORADRENALINA
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