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18 é o da cooperação, isto é, quando duas pessoas interagem por meio da linguagem, elas se esforçam por fazer-se compreender e procuram calcular o sentido do texto do(s) interlocutor(es), partindo das pistas que ele contém e ativando seu conhecimento de mundo, da situação, etc. (KOCH; TRAVAGLIA, 2015, p. 98). Um texto é composto por fatores de textualidade, os quais precisam ser observados para que o todo significativo progrida e comunique de uma forma coerente e coesa. Os aspectos textuais sustentam uma produção de texto, dando forma e, sobretudo, função a um determinado texto. Já os fatores tornam o texto um conjunto de orações concatenadas por uma estrutura concreta. Os sete critérios de textualidade apresentados possibilitam que qualquer texto passe uma mensagem significativa, dotada de sentido, criando uma ponte entre o leitor e o autor da manifestação linguística. Assim, esses critérios precisam ser conhecidos e trabalhados nas mais diversas comunidades discursivas, de modo que os produtores de texto possam se familiarizar com esses mecanismos textuais e, dessa forma, consigam produzir textos coerentes e coesos (BALBUENO, 2017). Portanto o ensino-aprendizagem, principalmente da escrita, pode trazer resultados satisfatórios se os fatores de textualidade forem estudados e didatizados para serem utilizados na produção textual. 5 COESÃO E COERÊNCIA NO PROCESSO DE ESCRITA Fonte: pixabay.com 19 Desde o seu surgimento, por meio de um longo processo, a escrita vem sendo utilizada como uma forma de comunicação. Para Stampa (2009, p. 51), a escrita é “[...] um método de comunicação criado pelo homem que faz parte de um processo que levou milhares de anos até o aparecimento do alfabeto de 23 letras usados pelos romanos durante os séculos a. C. [...]”. Com o alfabeto, a escrita estabeleceu relações entre os sons e as letras. Durante o processo de aquisição da escrita, a criança tende a incorporar algumas marcas da oralidade em seus textos. Segundo Stampa (2009, p. 52): [...] existe uma relação entre oralidade e a escrita, isto é, a escrita representa a oralidade. Porém, esta representação não se dá da forma de uma transição fonética. Algumas palavras podem ser escritas de uma forma muito próxima do modo como são faladas, mas isto não é uma regra geral. É essa uma das questões da linguagem que confunde o aprendiz. No processo de apropriação da escrita, a criança apresenta deficiências nos aspectos formais relacionados com a grafia e com a estruturação do texto, pois a escrita exigirá relações complexas entre os sons e as letras, além da adequação na expressão da mensagem que se pretende passar com o que se escreve. Morais (1997 apud STAMPA, 2009, p. 54) afirma que “[...] o ato de escrever desenvolve-se à medida que a criança é capaz de compreender a relação que a fala mantém com a escrita e a forma como a primeira pode ser representada pela segunda [...]”. Esse processo de aprendizagem é difícil, pois exige acesso a informações relacionadas com aspectos sociais, em que a escrita seria para fins específicos. À medida que a consciência fonológica aumenta, amparada pela educação adequada, a criança passa a escrever corretamente, em um processo que dura para a vida toda. Crianças que convivem com livros, revistas e outros meios de comunicação adquirem com mais facilidade os requisitos necessários para uma leitura e escrita eficaz. Para escrever bem, não basta apenas compreender a relação entre fala e escrita, é preciso organizar as ideias considerando o leitor. Assim, escrever não é o mesmo que produzir um texto, já que, na produção, tem-se questões específicas de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação de ideias e escolhas de palavras, do objetivo, do destinatário do texto, entre outras (BALBUENO, 2017). 20 5.1 Coesão e coerência textual A coesão e a coerência são fundamentais para se estabelecer uma comunicação bem-sucedida por meio da linguagem escrita, visto que esses dois elementos dão sentido aos textos. O processo de desenvolvimento da coesão e da coerência é longo. Na criança, depende muito de como se dá a educação, uma vez que o processo de leitura e reescrita de textos contribui para aperfeiçoar os mecanismos da coesão e da coerência. Por meio da reescrita, a criança tem condições de reelaborar o texto, refletindo sobre a verdadeira função das palavras no contexto em que estão inseridas e percebendo o verdadeiro sentido da organização textual, para que possa articular o plano da expressão e o plano do conteúdo (BALBUENO, 2017). 5.2 Coerência textual A coerência permite que o texto seja contextualizado e compreendido, garantindo que ele não apresente ideias que se contraponham. Conforme Antunes (2005, p. 35–36): A coerência concerne a um [...] encadeamento de sentido, a convergência conceitual, aquela que confere ao texto interpretabilidade – local de global – e lhe dá a unidade de sentido que está subjacente à combinação linear e superficial dos elementos presentes ou pressupostos. A coerência vai além do componente propriamente linguístico da comunicação verbal, [...] decorre não só dos traços linguísticos do texto, mas também de outros elementos constituintes da situação comunicativa. Assim, na escrita, a coerência trata da relação lógica entre as ideias, por meio do bom uso de elementos gramaticais, lexicais e do conhecimento que é comum aos usuários da língua. Todavia, não existe uma regra para determinar a coerência. Um texto será coerente quando o leitor tiver os conhecimentos para a compreensão da mensagem. Entretanto, o texto deve ter continuidade, uma ideia central e não deve se contradizer. Sintetizando, a unidade de sentido de um texto se estabelece na interlocução entre os usuários, de acordo com a situação comunicativa e com os recursos linguísticos empregados. 21 5.3 Coesão textual A coesão é um elemento que tem como função articular as partes do texto, sendo fundamental para o estabelecimento da unidade de sentido e da unidade temática. Um texto é coeso se suas partes estão interligadas, se há continuidade e unidade de sentido. Esse elemento é responsável pelo encadeamento das ideias do texto, promovendo a conexão de partes do texto e garantindo seu sentindo. (BALBUENO, 2017) Antunes (2005, p. 35) destaca que: A coesão concerne aos modos e recursos – gramaticais e lexicais – de inter-relação, de ligação, de encadeamento entre vários outros segmentos [...] do texto. Embora seus recursos transpareçam na superfície, a coesão se fundamenta nas relações de natureza semântica que ela cria e, ao mesmo tempo, sinaliza. Ou seja, pela coesão se promove a continuidade do texto que, por sua vez, é uma das condições de sua unidade. A continuidade instaurada pela coesão é responsável pela continuidade semântica, sendo estabelecida pelas relações de reiteração, associação e conexão. Contudo, para que essas relações se concretizem, são necessários vários procedimentos e recursos que unem os enunciados e constituem o texto, formando o que se chama de coesão sequenciadora. Além disso, outros elementos têm a função de retomada do texto, constituindo a coesão por remissão. Esses são os elementos catafóricos e anafóricos. A catáfora refere-se ao uso de elementos responsáveis pela antecipação de referentes em um texto. Já a anáfora está relacionada com o uso de expressões que se reportam a outras expressões, enunciados ou conteúdos já referidos no texto, relacionando, assim, dois elementos, sendo um deles o antecedente e o outro o elemento anafórico. Pode-se concluir, então, que a coesão e a coerência andam juntas para dar sentido a um texto, mesmo que sejam fenômenos diferentes, sendo muito importantes no processo de aquisição da escrita. A maioria dos alunos, no processo de aquisição da escrita, tem problemas de ordem sintática que podem prejudicara unidade semântica e coerente do texto, como: dificuldades na pontuação, desconhecimento do uso das regras das letras maiúsculas, não utilização de
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