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Sara Rodrigues ALERGIA ALERGIA ALIMENTAR Definição de alergia alimentar · Resposta imunológica específica, que ocorre de forma reprodutível, após a exposição a um determinado alimento Definição de intolerância alimentar · Reação NÃO imunológica a alimentos, que inclui mecanismos metabólicos, tóxicos, farmacológicos e outros mecanismos ainda não elucidados Alergia alimentar · Apesar do risco de reações graves e fatais o tratamento é: - identificar agente causal e excluir da dieta - uso de medicamentos sintomáticos para as crises · Identificação correta e restrição dos alimentos envolvidos permite: - melhora qualidade de vida - previne reações potencialmente fatais - em crianças, permite um aporte adequado de nutrientes Epidemiologia da AA Nos últimos anos houve: · Aumento no diagnóstico de AA · Aumento nas reações mais graves · Redução na capacidade de tolerância aos alimentos · Dados americanos recentes de AA: 8% em crianças e 5% em adultos · Crianças: leite, ovo, amendoim, nozes e castanha · Adultos: mariscos, frutas e amendoim Fatores de risco em AA · Não está esclarecido por que alguns indivíduos desenvolvem AA enquanto a maior parte das pessoas são imunologicamente tolerantes · Gênero masculino tem maiores taxas de AA na infância, invertendo no adulto, provavelmente por influencia hormonal · Obesidade, dieta rica em gorduras e redução do consumo de ômega 3 · Uso de inibidores de bomba de prótons · Dermatite atópica, onde 35% dos pacientes podem ter AA · Insuficiência de vitamina D História natural · Crianças alérgicas a leite, ovo, trigo e soja se tornam tolerantes durante a infância · Já alergia a amendoim, nozes, castanha, peixe e crustáceos são, em geral, persistentes (alérgeno: alto peso molecular e termorresistência) · Níveis elevados de IgE específica tem pior prognóstico · níveis baixos de IgE específica com redução progressiva, parece ser sinal de tolerância · AA a crustáceos iniciadas na idade adulta, podem persistir mesmo com a redução dos níveis de IgE específica · Leite: 80% das crianças desenvolvem tolerância até 05 anos de vida · -Sensibilidade a caseína tem maior chance de persistência · Ovo: presença de DA associada, aumenta o risco d e persistência · Trigo: praticamente todas as crianças se tornam tolerantes até a adolescência · Amendoim: apenas 20% das crianças desenvolvem tolerância – pode ser reativada · Frutos do mar: início na idade adulta e dificilmente são tolerados Fisiopatologia · Imaturidade da barreira gastrointestinal e do sistema imunológico são os fatores da maior prevalência de AA nessa faixa etária · Proteínas inteiras são absorvidas e são encaradas como antígenos · Após maturidade da barreira gastrointestinal, cerca de 2% dos alimentos são absorvidos na forma imunologicamente intacta · Maioria dos indivíduos desenvolve tolerância – não encara como antígeno · Reações imunológicas na AA – hipersensibilidade tipo I e tipo IV AA mediada por IgE · Envolvem um ou dois alimentos e ocorrem rápido – de minutos até 02 horas · Independente da quantidade de alimentos ingeridos · Alguns toleram o alimento na forma cozida, mas não crua · Após diagnóstico criterioso, deve estabelecer dieta de restrição completa · Em adultos devem incluir fatores como: exercício físico, álcool, AINH AA não mediada por IgE e mista · Sintomas crônicos, sem resolução rápida e menos relacionados a ingestão dos alimentos Reações adversas a alimentos Imunológicas · Mediadas por IgE urticária aguda, angioedema, SÃO e anafilaxia · Não mediadas por IgE enterocolites e enteropatias · Mistas dermatite atópica e esofagite eosinofílica Não imunológicas · Toxicas alimentos deteriorados, metais pesados (mercúrio) · Não toxicas intolerâncias Reações adversas a alimentos Síndrome de alergia oral (SAO)- IgE mediada · Prurido e discreto edema em lábios, língua, palato e faringe · Desencadeada por frutas e vegetais frescos · Forma localizada de alergia mediada por IgE · Frequentemente afeta pacientes alérgicos a látex e pólens – piora na estação polínica Enterocolites e enteropatias – não IgE mediada 1. Doença celíaca · Enteropatia autoimune levando a má absorção pela Gliadina (proteína do glúten) · Glúten: trigo, cevada e centeio · Ocorre em qualquer idade 2. Proctocolite · Presença de sangue vivo (laivos) e muco nas fezes · Ocorre em lactentes com bom estado geral · Leite (através do aleitamento materno) e soja 3. FPIES (Food Protein-induced Enterocolitis Syndrome) · Náuseas, vômitos, diarreia, letargia, hipotensão · Ocorre principalmente em crianças · Mediada por Linfócitos T · Inicia 02 hotas após uso de alimentos · Mais frequentes: leite, arroz, soja e aveia · Diagnóstico clínico Mistas (IgE e Não IgE mediadas) 1. Esofagite eosinofílica (EoE) · Inflamação eosinofílica limitada ao esôfago – EDA aspecto traqueiforme · Crianças: dificuldade de ingestão alimentos, vômitos, refluxo, dor abdominal · Adultos: disfagia, impactação de alimentos e dor · Diagnóstico: EDA, biópsia esofagiana – acima de 15 eosinófilos por campo · Teste alérgico positivo para inalantes e alimentos- tratamento e dieta · Tratamento: - inibidor de bomba de prótons · -corticoide inalatório deglutido (budesonida e fluticasona) 2. Dermatite atópica · AA tem influencia na dermatite atópica, principalmente nas crianças com quadros exuberantes e persistentes · Principais alimentos: leite, ovo, soja, trigo e peixe · Alimentos liberadores de histamina pioram o quadro: morango, queijo, chocolate Principais alérgenos alimentares · Embora qualquer alimento possa provocar AA, temos 08 alimentos que provocam cerca de 90% das reações alérgicas: · -leite de vaca, ovo, soja, trigo · -amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar · Aumento de AA a alimentos antes pouco consumidos: mostarda, gergelim, kiwi · Leite é o primeiro alimento introduzido- principal causa de AA abaixo de 02 anos · Soja e leite hidrolisado- principais substitutos do leite de vaca · Trigo provoca urticária ou anafilaxia associado ao exercício físico · Amendoim se tornou uma epidemia de reações alérgicas, na maioria graves, nos USA e na Europa (introdução precoce, alto peso molecular e termorresistencia) Diagnóstico Diagnóstico é baseado em 04 pilares: 1. Anamnese e exame físico 2. Dieta de restrição 3. Exames laboratoriais – IgE específica (in vivo e in vitro) 4. Teste de provocação oral Anamnese · Relato de manifestações clínicas após ingestão deve ser detalhado · Lista de alimentos suspeitos · Quantidade de alimento necessária para iniciar a reação · Relação temporal entre ingestão e início dos sintomas é fundamental · Duração dos sintomas · Reprodutibilidade das reações · Eventos associados: exercício físico, medicamentos, álcool Dieta de restrição · Quando existe um alimento altamente suspeito · Restrição de 2 a 4 semanas · Se não houve melhora nesse período, retornar a dieta normal · Se houve melhora, fazer provocação oral Exames laboratoriais a. Teste cutâneo de Leitura imediata – Prick test · Importante na identificação de AA mediada por IgE · Teste positivo indica presença de IgE específica para alimento, mas pode não apresentar sintomas quando exposto ao alimento testado · Quanto maior a pápula, maior a correlação com sintomas clínicos · Alimento não deve ser retirado da dieta apenas com base em teste alérgico positivo · Frutas e vegetais apresentam proteínas muito lábeis- desnaturam nos extratos · Nos casos de SÃO, optar pelo prick-to-prick (alimento in natura) · Teste negativo praticamente exclui a possibilidade de reação por IgE · Teste negativo + história clínica convincente = teste de provocação oral b. Dosagem de IgE específica para alimentos · Determina a concentração de IgE específica no sangue · Assim como teste cutâneo, precisa ser interpretado de acordo com a história clínica do paciente – não estabelece diagnóstico de AA · Estudo mostrou que 50% dos pacientes com suspeita de AA e IgE específica positiva, apresentam desencadeamento oral negativo · É preferível ao teste cutâneo: · -lactentes com baixa reatividadecutânea · -pacientes com extensa lesão de pele · - uso contínuo de anti-histamínicos ou antidepressivos tricíclicos Teste de provocação oral (TPO) · Doses crescentes do alimento suspeito, sob supervisão médica · Medico com experiencia (reações), local adequado e equipe multidisciplinar · Indicado quando há reatividade clínica e IgE específica positiva · Contraindicado nos casos de anafilaxia · Após melhora dos sintomas com dieta de restrição, deve realizar o TPO Diagnóstico TPO pode ser: · Aberto: suspeita que o alimento não pe o causador da reação · Simples cego: só o médico sabe qual alimento (evita aspectos emocionais) · Duplo cego placebo controlado: padrão-ouro · Não é realizado de rotina, pois necessita de especialista treinado, estrutura adequada, tempo disponível · Serve para excluir AA quando os sintomas não são sugestivos (família) · Diagnóstico de AA deve ser muito criterioso para evitar dietas restritivas extensas e equivocadas Tratamento O tratamento de AA é a restrição do alimento que é sensível · Cuidado especial nas crianças – evitar uma restrição extensa e déficit nutricional · AA IgE mediada necessita: · Restrição do alimento implicado · Orientações sobre rótulos e palavras- chave · Adequações nutricionais (nutricionista) · Prescrição de adrenalina autoinjetável · Exposição acidental é comum e pode causar reações anafiláticas graves · Leitura errônea do rótulo ou não identificação do alimento · Contaminação no preparo do alimento (panela, vasilha, colher) · O uso de anti-histamínico oral está indicado nos casos de reações alérgicas agudas, principalmente nas mediadas por IgE · Na esofagite eosinofílica está indicado corticoide inalatório deglutido Prevenção · Prevenção de AA é direcionada para os recém-nascidos de “alto risco” · Alto risco: história familiar de alergia e parentes de primeiro grau · Restrição dietética específica da mãe na gestação ou lactação · -não há evidencias de que possa prevenir doenças alérgicas, entre elas as AA · Aleitamento materno exclusivo (AME) superior a quatro meses diminui a incidência de DA e APLV nos dois primeiros anos de vida · Quando não é possível o AME até o quarto mês, a opção são as formulas extensamente hidrolisadas ou aminoácidos · A introdução de alimentos sólidos (leite, ovo, peixe, amendoim) após 06 meses de idade, não está relacionada a maior predisposição para doenças alérgicas · O uso de prebióticos e probióticos é controverso- segundo a OMS, não tem ação estabelecida na prevenção ou tratamento das alergias Terapias futuras · Imunoterapia para AA em diferentes estágios de investigação · -via oral · - via sublingual · -via subcutânea · A imunoterapia oral (OIT) tem sido muito estudada na ultima década · Um avanço- grande parte das crianças alérgicas a leite e ovo, toleram alimentos processados com os alérgenos · A ingestão dos alimentos processados pode acelerar a aquisição de tolerância
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