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5 - Crescimento compensatório

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P R O F A . S A F I R A V A L E N Ç A B I S P O 
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO 
E SEU EFEITO NA EFICIÊNCIA 
INTRODUÇÃO 
 
• O crescimento compensatório é um fenômeno que ocorre com 
animais que, após uma fase de restrição alimentar, com a 
retomada de níveis adequados, apresentam um ritmo de 
crescimento de forma mais intensa que ocorreria caso eles 
tivessem tido crescimento contínuo. 
 
• Dessa forma, uma parte ou todo o crescimento que deixou de se 
efetuar no momento de restrição é compensado durante a 
duração do crescimento compensatório. 
INTRODUÇÃO 
 
• Incorporado no mercado americano de confinamentos, onde 
animais com condição corporal melhor tem desconto em relação a 
animais mais magros pois o confinadores sabem que os mais 
magros terão um desempenho superior (Sainz, 1998). 
 
• Apesar disso, ainda nos falta informação suficiente para que 
possamos incorporar o efeito do crescimento compensatório de 
maneira eficaz nos nossos modelos de previsão de exigências ou 
desempenho. 
INTRODUÇÃO 
 
• O grande problema está na correta identificação de cada fator 
que o afeta e o entendimento dos processos biológicos que o 
desencadeia. 
 
• Modelos que permitam-nos prever com precisão suficiente o 
crescimento compensatório para que haja condições de 
efetivamente tirarmos proveito dele, são necessários 
 
• O crescimento normal de uma animal é representado pela 
tradicional curva sigmoidal, só ocorreria em locais onde não 
existissem limitações impostas pelo meio permitindo que o 
indivíduo expressasse todo seu potencial. 
 
• A situação mais comum, no entanto, seria a existência de 
restrições (Ryan, 1990). 
 
• O estresse nutricional pode ser definido como qualquer 
limitação, tanto na qualidade, como na quantidade da alimentação 
do animal, que cause um crescimento inferior a seu crescimento 
normal (Boin & Tedeschi, 1997). 
• Quanto maior a intensidade desse estresse, maior a redução 
nas taxas de crescimento que podem até ficar negativas (Hogg, 
1991). 
 
• O crescimento compensatório ocorre em situações em que os 
animais são expostos a um estresse nutricional com determinada 
intensidade por algum tempo e, em seguida, lhes é dado acesso a 
um nível de alimentação superior. 
• O ganho compensatório pode ser dividido, em: 
 
 a) Compensação completa: Ocorre quando os animais 
que passaram por restrição atingem o mesmo peso de abate à 
mesma idade que os animais que não passaram por restrição – 
Difícil- restrição pouco intensa 
 
 b) Compensação parcial: as taxas de ganho de peso 
dos animais que passaram por restrição são maiores, mas não o 
suficiente para que o mesmo peso ao abate seja atingido a 
mesma idade - comuns 
 
 c) Sem compensação = as taxas de ganho de peso dos 
animais que passaram por restrição são iguais ou menores que 
dos animais que não passaram por restrição. 
 
Portanto o mesmo peso ao abate só será atingido em idades 
mais avançadas – raro – famoso gabiru 
Fatores que Afetam o Crescimento Compensatório 
 
• Há muitos fatores que afetam o crescimento compensatório que 
pode ser alterado em sua duração, intensidade ou ambas. Os 
fatores mais importantes que influenciam a resposta do 
crescimento compensatório são: 
 
 A idade de ocorrência do período de restrição 
 
• A idade em que ocorre a restrição é importante e pode explicar 
a ausência de compensação ou a maneira como ela ocorre. 
• Animais que sofrem restrição logo após o nascimento tendem a 
não apresentar ganho compensatório e eles podem ter o peso 
adulto comprometido em relação aos que não sofreram restrição. 
 
• Este é o caso de bovinos mestiços leiteiros, popularmente 
conhecidos como tucuras, que são recriados e terminados com 
desempenho inferior ao esperado 
 
• Tucuras- restrição tão intensa e precoce que dificilmente 
apresentam taxas de crescimento satisfatórias. 
 
• E mesmo que apresentem a CA é péssima 
• Por outro lado, animais que sofreram restrição alimentar 
próximo ao peso adulto, dificilmente apresentam ganho 
compensatório completo 
 
• Morgan (1972) submeteu cruzamentos de bovinos europeus a 
subnutrição entre 16ª e 32ª semanas. Quando comparado com o 
grupo controle, houve ganho compensatório da 32a semana ao 
abate, mas em intensidade bem modesta. 
 
• Animais desmamados e de sobreano tem maior potencial para 
apresentar crescimento compensatório. 
• Animais desmamados e submetidos a restrição alimentar no 
verão podem ter compensação completa durante o inverno 
subsequente (Berge, 1991). 
 
• O ganho compensatório que ocorre na recria faz com que a 
prática do creep-feeding deva ser questionada. 
 
• Já que os benefícios da suplementação alimentar de bezerros 
em aleitamento no peso ao desmame, podem ser diluídos pelo 
crescimento compensatório dos animais não suplementados na 
fase de pós desmame 
• Fazendas de cria que comercializam bezerros desmamados = 
creep feeding = vantagem 
 
 
• Fazendas de recria e terminação = a compra de animais 
desmamados com uso de creep-feeding pode ser perigosa 
devido maior exigência de mantença, elevado escore, baixas ou 
nulas ganhos compensatórios pós desmama. 
Duração do período de restrição 
 
 
• A medida que se aumenta o período de restrição, aumenta a 
taxa de ganho compensatório. 
 
• Período muito extenso = não compensam totalmente 
 
• Restrição longa, severa e o animal jovem = Não compensação 
Duração do período de restrição 
 
 
• Hornick et al (1998) obtiveram taxa de ganho 
compensatório semelhantes para períodos de restrição de 
115 e 411 dias para touros Belgian Blue, mas atribuíram 
isso a pequena severidade da restrição, em que os animais 
apresentaram ganhos de 0,5 kg/d. 
Raça (genótipo) 
 
• Apesar de serem poucas as informações sobre a possibilidade 
do genótipo ser responsável por diferentes respostas de 
crescimento compensatório 
 
• Tem grande chance de responder diferentemente a 
compensação de ganho. 
Raça (genótipo) 
 
• Em experimento realizado, comparando suplementação e não 
suplementação durante a primeira seca de vida do animal em 
pastagens de colonião, foi obtido resultados de compensação 
completa para bovinos da raça Guzerá e parcial para bovinos 
cruzados, quando do abate. 
 
• No caso de suplementação em duas secas, os bovinos 
cruzados apresentaram compensação completa no final da 
primeira águas subsequente, e parcial durante o período das 
águas subsequente à segunda seca de vida do animal. 
Raça (genótipo) 
 
• Carne provenientes de animais Bos indicus e cruzamentos com 
grande proporção de sangue Bos indicus é conhecida pela menor 
maciez que apresenta. 
 
• De acordo com os apontamentos de Dikeman (1995) a carne 
proveniente de bovinos com 50% ou mais de Bos indicus no 
genótipo apresentam decréscimo significante na maciez da 
carne. 
Raça (genótipo) 
 
• Segundo Koohmaraie et al. (2003), para uma produção eficiente 
de carne com qualidade, é necessário que os pontos críticos 
ligados à produção sejam controlados, pois mesmo utilizando-se 
as ferramentas do melhoramento genético os fatores ambientais 
ainda são responsáveis pela maioria das variações na maciez da 
carne. 
 
Grau de maturidade 
 
• Trabalhos mostram que a maior eficiência energética é 
alcançada quando o animal apresenta 25% do peso adulto, 
declinando lentamente a seguir, enquanto a eficiência da 
conversão alimentar declina a partir dos 30% do peso adulto. 
 
• Em função disso, o grau de maturidade entre 30-35% do peso 
adulto seria aquele onde haveria as maiores chances de 
compensação. 
Grau de maturidade 
 
• O crescimento compensatório depende de quanto as reservas 
lipídicas e de outros tecidos foram depletadas e quão o eixo 
cronológico/fisiológico foi distorcido. 
 
• É fácil entender que quanto mais desenvolvido for o tecidoadiposo, menos afetado por períodos de subnutrição será o 
animal (Lawrence & Fowler, 1997). 
Grau de maturidade 
 
• Lawrence & Fowler (1997) afirmam que as evidências de que, 
quanto menor o grau de maturidade, menor resposta haveria em 
crescimento compensatório não tem uma base muito sólida. 
 
• Esses autores chamam atenção para uma revisão feita por 
Berge (1991) em uma gama grande de experimentos em que 
apesar da tendência positiva em que quanto menor o grau de 
maturidade, menor a compensação ela está longe de ser 
conclusiva. 
Grau de maturidade 
 
• Uma das razões para essa dificuldade em se evidenciar o efeito 
de grau de maturidade seria que os diferentes efeitos da 
severidade e duração de restrição, entre outros, estariam 
ajudando a causar confundimento 
SEXO 
• Bovinos inteiros ganham peso mais rápido, convertem alimento 
em carne magra mais eficientemente e apresentam uma boa 
relação músculo:osso, com menores proporções de gordura, 
quando comparados às carcaças de bovinos castrados 
(Arthaud, 1977). 
 
• Nos últimos anos, uma porcentagem de consumidores tem 
expressado preferência por cortes cárneos com elevada 
proporção de carne magra (carne com baixos teores de 
gorduras totais e saturadas), buscando cada vez mais uma vida 
saudável e dieta adequada. 
 
 
 
• Objetiva-se no processo de castração: 
• Facilitar o manejo 
• Mistura de bois e vacas, elimina distúrbios de conduta 
sexual. 
• Carcaças dos animais castrados apresentam qualidade superior 
e maior aceitação no mercado do que as dos inteiros, pois a 
castração facilita a engorda por meio da redução da taxa 
metabólica basal (EMBRAPA, 1997). 
 
• A castração pode melhorar a qualidade da carne, em virtude do 
aumento do teor de gordura intramuscular. 
 
• Considerando-se animais abatidos com a mesma idade, bovinos 
inteiros apresentam carne com menos gordura. 
 
• No entanto, a carne de animais castrados pode fornecer maior 
quantidade de calorias e gorduras saturadas, indesejáveis na 
dieta humana (Rodrigues, 2004). 
• Restle et al. (1996) estudaram o desempenho a pasto de animais 
inteiros e observaram maior ganho de peso e ganho de peso diário 
nesses animais. 
 
• Porém, bovinos castrados, independentemente do método de 
castração adotado, tiveram maior proporção de traseiro e maior 
porcentagem de gordura na carcaça. 
 
• A carne de bovinos inteiros geralmente tem menor índice de 
marmorização, textura mais grosseira, cor mais escura e é menos 
macia do que a carne de bovinos castrados, no entanto, esses 
detalhes passam desapercebidos pelo consumidor menos atento, 
ou exigente. 
A decisão é do produtor, não se esquecendo do manejo 
na propriedade e acordo final com o frigorífico. 
 
IDADE NO INÍCIO DA RESTRIÇÃO 
Tipo de restrição 
 
• Drouillard et al (1991) mostraram que os animais que passaram 
por restrição energética apresentaram maior resposta em termos 
de crescimento compensatório do que os que tiveram apenas 
restrição protéica. 
 
• Segundo Lawrence & Fowler (1997) há pouca evidência que 
uma deficiência protéica possa ser mais importante que a 
energética. 
Tipo de restrição 
 
• Eles argumentam ainda que na maior parte das condições onde 
foram feitos os estudos, a restrição seria mais de ingestão de 
dietas, caracterizando-se melhor essa restrição como energética. 
 
• Essa situação se ajusta mais as condições de clima temperado. 
Em nossas condições, a restrição protéica pode ter tanta 
importância quanto a energética. 
Alterações durante o crescimento compensatório 
• Durante o crescimento compensatório ocorrem mudanças 
físicas, químicas e até mesmo fisiológicas. 
 
• Vária mudanças - ocorrendo isoladamente ou em conjunto 
 
• Maior ingestão de alimentos, recuperação do tamanho e 
crescimento dos órgãos internos, recuperação do conteúdo 
gastrointestinal, alterações endócrinas e mudanças na 
composição do ganho 
a) Ingestão de alimentos 
• No período compensatório há aumento no CMS 
 
• A ingestão de bovinos confinados no Brasil tende a ser 5 a 
20% maior que para bovinos bem alimentados 
 
 
b) Tamanho e crescimento dos órgão internos 
• O tamanho e crescimento dos órgãos internos também tem 
influencia direta sobre o crescimento compensatório 
 
• Alguns órgão internos metabolicamente ativos, como fígado, 
coração, rins, trato gastrointestinal, apesar de representarem 
menos de 10% de peso de um bovino, representam quase 
50% do gasto energético 
 
• Durante o período de restrição ocorre redução dos órgãos 
b) Tamanho e crescimento dos órgão internos 
• No período de realimentação a taxa de crescimento dos 
órgão internos é maior do que a observada para o animal como 
um todo. 
 
• Tempo de recuperação total dos órgãos = 70 a 90 dias – boa 
parte logo no início 
 
• O maior CMS observada durante compensação parece estar 
relacionado a deposição de órgão internos 
b) Tamanho e crescimento dos órgão internos 
• Ou seja, para o crescimento do fígado, rúmen e intestino, nas 
primeiras duas semanas da realimentação, parece ser 
necessário um aumento expressivo do consumo 
c) Conteúdo gastrintestinal 
• Proporção em relação ao PV é variável 
 
• Dieta - Tipo animal – grau de acabamento = diferenças entre 
13 a 24% 
 
• O peso do conteúdo gastrintestinal diminui com a restrição 
alimentar 
 
• Realimentação = se recupera rapidamente 
c) Conteúdo gastrintestinal 
• Durante o Crescimento Compensatório, primeiramente a um 
aumento apenas do conteúdo (alimento) 
 
• Posteriormente há uma fase de crescimento dos tecidos das 
vísceras, incluindo os pré-estômagos, abomaso, intestino, 
associado a um aumento no consumo. 
 
 
d) Exigências de energia 
• A exigência de energia é menor para os animais que estão 
em compensação 
 
• > CA 
 
• > CA, > CMS= > eficiência 
 
 
d) Mudanças endócrinas 
• Hormônios relacionados como sendo os mais importantes = 
GH, Insulina, IGF-1, T3 e T4 
 
• Normal = GH aumenta- IGF1 aumenta = GH diminui 
 
• Crescimento compensatório = GH aumenta- IGF1 não se 
altera– GH continua alto 
 
• > deposição de tecido magro 
d) Mudanças endócrinas 
• O principal papel da insulina é regular o metabolismo da 
glicose por todos os tecidos do corpo. Ela aumenta a velocidade 
de transporte da glicose para dentro das células musculares e do 
tecido adiposo. 
 
• Durante período de subnutrição, o nível de insulina está abaixo 
do normal e, ao final da restrição, há um aumento significativo, o 
que permite que mais nutrientes sejam usados no processo de 
síntese de tecidos, particularmente a proteína. 
d) Mudanças endócrinas 
 
• Outros hormônios afetados são o tri-iodotironina (T3) e tiroxina 
(T4) 
 
• Responsáveis pela regulação da síntese de proteína na célula, 
essencial para o crescimento e desenvolvimento dos músculos e 
massa óssea além da transformação dos nutrientes em energia 
 
• Após o final do período de restrição, os níveis de T3 e T4 voltam 
lentamente ao normal com a realimentação 
 
 
e) Composição corporal 
• Literatura controversa 
 
• Teor de gordura corporal de animais realimentados é diminuída 
 
• Diferenças na severidade e duração da restrição 
 
• Quando os animais recebem restrição muito severa e longa, 
principalmente em animais jovens = crescimento comprometido 
 
e) Composição corporal 
• Quando a restrição é menos severa, não causando redução do 
peso adulto o efeito sobre a composição corporal é: 
 
• primeira parte = ganha mais proteína e menos gordura 
devido a crescimento das vísceras e tecidos como rúmen 
e intestino. Há também, crescimento mais acelerado dos 
ossos e músculos 
DURAÇÃO DO CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO 
• Depende do grau de duração do período de restrição e da 
dieta do período de realimentação. 
 
 
 
• Tipicamente, espera-se um período de 60 a 90 dias de 
crescimentocompensatório 
Machos Nelore = 4 tratamentos durante um ano após a desmama 
 
Teste - pasto de braquiária brizanta e suplementação mineral; 
Banco - idem teste, com acesso a banco de proteína (Leucena); 
Seca - pasto de braquiária brizanta com suplementação durante a seca; 
Ano - pasto de braquiária brizanta com suplementação durante os 
períodos de seca e de águas. 
Ganho de peso acumulado (kg) de bovinos em Brachiaria brizantha (Teste), 
suplementados durante o ano todo (Ano), no período das secas (Seca), ou 
com livre acesso a banco de proteína de Leucaena leucocephala (Banco). 
 Diferentes níveis nutricionais, variando a concentração energética 
da dieta, a quantidade de alimento fornecido, e a alternância dos níveis 
nutricionais sobre a IMS, composição do ganho e tamanho dos órgãos. 
 Os animais em uma 1ª fase (237-327 kg PV) receberam dieta de 
alta qualidade (C, concentrado) ad libitum (CA) ou limitado (CL), ou uma 
dieta de baixa qualidade (F, forragem) ad libitum (FA). 
 Na 2ª fase (327-.481 kg PV) os animais receberam a dieta C, ad 
libitum (CA) ou limitado em 70% de CA (CL), perfazendo 5 combinações. 
As combinações (tratamentos) de maior interesse no presente caso são 
os com consumo ad libitum na segunda fase (CA-CA; CL-CA e FA-CA). 
 
Tabela 1: Desempenho de animais alimentados de diferentes formas em duas fases. 
 
 
 
 
 
 
Crescimento compensatório em novilhos. Adaptado Sains (1998).

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