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GUIA ADEGA PORTUGAL O NEGÓCIO DO VINHO DURANTE A PANDEMIA BON JOVI, CAMERON DIAZ, JOHN MALKOVICH FAMOSOS LANÇAM SEU ROSÉS O VINHO DOS TEMPLÁRIOS ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O NOVO CEO DE ALMAVIVA DOMAINE COCHE-DURY O ÍCONE BRANCO DA BORGONHA RAIO-X FRANÇA AS REGIÕES, DENOMINAÇÕES, CLASSIFICAÇÕES, UVAS E GRANDES PRODUTORES OS DESTAQUES DO NOVO AN O XV - NO 1 78 - R$ 2 0, 00 – € 4 ,0 0 IS SN 1 80 8 37 22 PEÇA PELO DELIVERY OU RETIRE POR DRIVE-THRU E-COMMERCE TELEVENDAS worldwine.com.br (11) 4003-9463 O VINHO CERTO EM QUALQUER MOMENTO. ES TE P R O D U TO É D ES TI N AD O A A D U LT O S /worldwine /worldwinebrasil VISITE NOSSAS LOJAS Acesse o QRCODE e encontre a loja mais próxima. Há 20 anos a Word Wine se dedica a pesquisar, em cada lugar do mundo, os melhores vinhos, aqueles capazes de transformar momentos comuns em experiências únicas. São mais de 1500 rótulos de 13 países produtores, para que você possa escolher aquele que melhor combina com seu estilo, companhia e momento. Para quem já nos conhece, ou ainda não, queremos ser a referência do mundo dos vinhos, verdadeiros curadores de experiências. APROVEITE frete grátis para SP e RJ, nas compras acima de R$ 300,00, por tempo limitado. Bodega Goulart A história por trás de vinhedos centenários de Mendoza Mendoza, a principal região vinícola da Argentina, é uma terra cheia de histórias. Entre elas, a da enóloga Erika Goulart, uma brasileira que se especializou em Malbec e produz ali vinhos premiados há duas décadas. A história das terras da Bodega Goulart começa, porém, ainda em 1932, quando Gastão Goulart comandou os voluntários da Legião Negra que defenderam a democracia durante a Revolução Constitucionalista. Exilado no mesmo ano na Argentina por conta dos E V I N O A M P L I A S E U P O R T F Ó L I O P R E M I U M D E V I N H O S S U L - A M E R I C A N O S C O M A E S T R E I A D E R E N O M A D O S V I N H O S A R G E N T I N O S Goulart será uma das nossas grandes bandeiras em vinhos argentinos e estamos muito felizes com esta importante adição ao portfólio da Evino. ARI GORENSTEIN, CO-CEO EVINO. confl itos da época, Gastão garantiu os vinhedos que em 1997 foram descobertos e recuperados por sua neta, Erika Goulart. Assim nasceu a Bodega Goulart. Em julho, a linha de vinhos da enóloga chegou na Evino, e-commerce que se consolidou como a maior importadora de vinhos franceses, italianos e espanhóis do Brasil, mas agora está voltando os seus olhos para grandes produtores dos países vizinhos para fortalecer o portfólio sul-americano. Entre os vinhos assinados por Erika, a Evino trouxe o orgânico Goulart M The Marshall Malbec Old Vines 2018, que remonta à história da vinícola com os sabores concentrados de um Malbec de vinhas velhas com 12 meses em barricas de carvalho. A especialidade de Goulart também aparece no tinto Goulart W Winemaker Winehunter e no Goulart Rosé Malbec, ambos orgânicos e cultivados em Luján de Cuyo, em Mendoza. Além dos Malbecs, a seleção traz o T Torrontés elaborado na pequena Salta; o R Reserva, um corte entre Malbec e Cabernet Sauvignon, e o potente B Black Legion, que homenageia a Legião Negra de Gastão Goulart em um tinto de Malbec e Cabernet Franc. Use o cupom* ADEGA-ERIKA e ganhe 10% de desconto! *Uso único. Válido apenas em produtos da seleção Goulart até 30/09. EVINO.COM.BR/ERIKA-GOULART DIREÇÃO PUBLISHER Christian Burgos - christian@innereditora.com.br DIRETORA DE OPERAÇÕES Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br REDAÇÃO EDITOR Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br EDITOR CADERNO SABOR Robert Halfoun - robert@sabor.club CONSELHO EDITORIAL Guilherme Velloso e Robert Halfoun DIRETOR DE ARTE Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br EDITOR DE VINHO Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br COLABORADORES André Mendes, Christiane Miguez, Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Marcelo Martinelli, Mauricio Leme e João Paulo Gentille (texto) PUBLICIDADE publicidade@innereditora.com.br +55 (11) 3876-8200 – ramal 11 REPRESENTANTES COMERCIAIS Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br Carminha Aoki - carminhaaoki.saboreadega@gmail.com MARKETING COORDENADOR Vinícius Araújo - vinicius@innereditora.com.br ARTE Leandro Soares - arte2@innereditora.com.br INTERNATIONAL SALES Estados Unidos Inner Publishing - sales@innerpublishing.net FINANCEIRO financeiro@innereditora.com.br CIRCULAÇÃO R.Scola Marketing Editorial ASSINATURAS assinaturas@innereditora.com.br +55 (11) 3876-8200 Distribuição nacional por SMLOG Soluções em Marketing e Logística. ASSESSORIA JURÍDICA Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br IMPRESSÃO Grass Indústria Gráfica Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda. A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). www.revistaadega.com.br O fator vinho Assim que a epidemia do Coronavírus começou a se alastrar tornando-se uma pandemia, ceifando vidas e literalmente fechando mercados, impedindo desde o transporte de pessoas até o comércio, o cenário e as previsões nublaram. Com as sucessivas ampliações dos períodos de quarentena, sequer previsões alguns ousavam fazer. Como todo o comércio, o do vinho ficou em estado de alerta, esperando quedas vertiginosas, aumentos de preços devido às possíveis variações de câmbio, etc. Contudo, inesperadamente, há uma boa notícia. O levantamento dos dados de comercialização de vinhos no Brasil mostra que houve um aumento de 11% no consumo nos últimos seis meses. Sim, contrariando qualquer prognóstico, o vinho vai superando a crise e mostrando que podemos um dia vislumbrar que ele realmente faça parte da nossa cultura. Então, nesta edição trazemos e analisamos os surpreendentes dados de mercado do primeiro semestre de 2020. E se o consumo não parou, nós também não, tanto que, em breve, será lançada a primeira edição do Guia de Vinhos ADEGA Portugal, uma publicação em que nossa equipe avaliou centenas de rótulos portugueses, apontando os melhores, os destaques, mapeando as regiões, dando dicas enogastronômicas etc. Aqui, você terá um “aperitivo”, com os campeões deste ano. De Portugal, vamos à França também para um guia, mas, desta vez, das sete principais regiões francesas. Para você que quer compreender os estilos de vinhos, as denominações, as classificações, as variedades de uvas de lugares como Alsácia, Bordeaux, Borgonha, Champagne, Loire, Provence e Rhône, trazemos um resumo didático. Você sabe qual o custo para guardar um vinho em sua adega? Por um ano? Por 10 anos? Por 50 anos? Pois o leitor (que se tornou colaborador) Marcelo Martinelli fez essa curiosa conta e resolvemos compartilhar. Nesta edição tratamos ainda de assuntos tão diversos quanto o súbito interesse das celebridades em produzir rosés, uma entrevista com Manuel Louzada, o novo CEO de Almaviva, a história do Commandaria, o vinho dos templários, entre tantos outros temas. Desfrute, pois o conhecimento certamente fará com que seus vinhos fiquem ainda mais interessantes. Saúde, Christian Burgos e Arnaldo Grizzo EDITORIAL | 14 38 50 14 ENTREVISTAUma conversa com Manuel Louzada, o novo CEO de Almaviva 32 NEGÓCIOS DO VINHOOs impressionantes números de consumo de vinho no Brasil durante a pandemia 38 50 ESPECIAL Confira os melhores rótulos do Guia de Vinhos ADEGA Portugal TENDÊNCIAS Celebridades estão investindo na produção de vinhos rosés, por quê? 36 DROPSUm residencial de alto luxo com a temática do vinho em Balneário Camboriú 46 ESCOLA DO VINHOSabe quanto custa armazenar um vinho na sua adega por um ano? E por 10 anos? E por 50 anos? CONTEÚDO | 70 74 95 54 74 DOC Conheça as particularidades das sete regiões vinícolas mais famosas da França GRANDS CHÂTEAUX Os segredos do Domaine Coche-Dury, o grande nome dos brancos borgonheses TODO MÊS | CARTAS | ADEGA RESPONDE | MUNDOVINO | CAVE | CLUBE ADEGA | QUEM DISSE 10 12 20 95 107 114 70 CURIOSIDADESA história do cipriota Commandaria, o vinho dos cavaleiros templários 54 79 CADERNO SABOR.CLUB• Coq au vin • Meles do Mbee • O mestre ketchupeiro • Camembert em crosta • Mineirinho mundo afora • Coquetelaria popular carioca ADEGA >> Edição 17810 CARTAS | E S C R E V A P A R A R E D A C A O @ R E V I S T A A D E G A . C O M . B R Quer ver sua foto publicada aqui? Siga @revistaadega e marque as imagens com #revistaadega Fernando Alves @fernando.alves_jf Atualizando o banco de dados com a melhor #revistaadega Uanderson Barbosa @wansommelier Obrigado Jeová por me abençoar a cada dia. Mantenha o foco, rumo à certificação WSET2 #revistaadega Rachel Alves M Nariyoshi @rachelalves. professoravinhos A pandemia continua, mas os membros da Câmara Setorial da Uva, Vinho e Derivados continuam trabalhando para o Setor. Hoje (08/07/2020) aconteceu da 53ª reunião ordinária. #revistaadega Cleriston Oliveira @cleriston_so O Café com Leitura de hoje é sobre a harmonização na hora de tomar um vinho. A @revistaadega digital traz uma excelente matéria. Aprendi também que o vinho, em tempos de isolamento social, nos transporta para diversos lugares pelo mundo. Ao beber um vinho, leia e pesquise a origem do mesmo. #revistaadega Rodolfo Machado Moura @adega_do_ rodolfo Corte de Sousão, Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional da Quinta da Cabreira, propriedade da Quinta do Crasto localizada junto a Castelo Melhor, no Douro Superior, o Crasto Superior Tinto 2015 estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e apresenta vibrante acidez e taninos de ótima textura, merecendo os 92 pontos atribuídos por Eduardo Milan para a Revista Adega. #revistaadega COMPRAR VINHOS NA INTERNET Agradeço as dicas que deram na edição 176 sobre como comprar vinhos em sites. Como sempre comprei em lojas, nunca tinha dado atenção às importadoras. Descobri que vários vinhos que comprava nas lojas estavam com desconto para compra direta na importadora. Rubens Ferreira ERRATAS • Na edição 177, o vinho Aurora Millésime 2017 foi erroneamente publicado como pertencente ao portfólio da importadora Winebrands. Lamentamos o lapso. • Na edição 177, na matéria “Bordeaux 2019 en primeur”, por um lapso, houve uma troca de referências das regiões das margens esquerda e direita de Bordeaux. O correto seria: “Em linhas gerais, na margem esquerda, destaques para a consistência de Pauillac, Saint Julien e Saint- Estèphe. Já na margem direita, Pomerol, com Saint-Émilion logo em seguida. Confira, a seguir, a análise mais detalhada de cada sub-região.” Ricardo Bruno @ ricardo.bruno.winelife Uma boa dica para quem gosta de vinho é a revista Adega. Boas matérias, entre pequenas matérias de entretenimento e outras aprofundando no mundo do vinho. Junto com minha seleção de brancos veio um mimo, uma máscara na temática do vinho. #revistaadega ADEGA50 51ADEGA Apresentação do vinho no site Um bom site de venda de vinhos online certamen te vai ter algumas preocupações A primeira, obviamente, é mostrar a imagem da garrafa A segunda, todos os detalhes possíveis tanto sobre aquele vinho em si quanto sobre o prod utor A apresentação do vinho deveria ter variedades de u vas usadas, descritivo de aromas e sabores, safra, dados do prod utor, teor alcoólico, métodos de elaboração, temperatura de serviço, opções de harmonização etc Há sites que, além do produtor e seus vinhos, ainda apresentam informações sobre a região onde aquele vinho é produzido e sobre a variedade (ou variedades) com as quais é feito Nessa hora, quant o mais informação você tiver, melhor Em alguns sites tam bém, ao selecionar um vinho, abrem se opções de outros ró tulos fei tos pelo mesmo produtor, ou da mesma região, ou da mesma uva, ou do mesmo estilo, ou da mesma faixa de pre ço, etc , tudo para que você possa ter uma boa base de com paração 1 2 3 4 5 6 7 Lojas confiáveis Há diversos e commerce de vinhos e, nos últimos tempos, estão surgindo mais Antes de abrir aquele e mail marketing ou aquele link patrocinado no Instagram, veja primeiro de onde ele vem Pesquise sobre a loja Veja se há avaliação da loja e dos vinhos que ela oferece em outros sites que não o da própria loja Veja se há comentários de clientes satisfeitos ou insatisfeitos (e se esses clientes são reais e não fakes) Alguns “porto seguros” para compra certamente são as lojas online de importadores tradicionais Neles você en contra os vinhos mais conhecidos e ainda tem a garantia de uma empresa que já atua no mercado há bastante tempo Há ainda redes de lojas online e até mesmo cadeias de supermercado que entregam nacionalmente Direto da vinícola Se estiver pensando em adquirir vinhos nacionais, uma boa alternativa é checar diretamente nos sites das próprias vinícolas Diversas vinícolas brasilei ras (desde as maiores até as mais “artesanais”) oferecem venda direta em seus sites com entrega em todo (ou quase todo) o Brasil Ao comprar diretamente, você pode encontrar preços mais atraentes (nem sempre) e produtos diretos da fonte Consultoria online Já não são raros os e commerce que oferecem o serviço de “sommelier online”, sem custos É um tipo auxílio interessante Se você já possui algumas referências, mas está em dúvida sobre alguns vinhos, vale a pena ligar para falar com alguém que conhece esses rótulos mais a fundo e pode esclarecer dúvidas e trazer novas possibilidades Há sites ain da que mapeiam o seu perfil solicitando informações básicas sobre seus gostos e sugerindo algo que pode lhe agradar Aposta em clássicos Você tem receio de comprar algo sem nunca ter p rova do? Não se penitencie A maioria dos enófilos se a pega a algo familiar e, muitas vezes, compram várias ca ixas de um mesmo rótulo Se você é desses, não tema ir em busca dos nomes conhecidos Mesmo que voc ê não encontre o rótulo exato que costumava comp rar, grandes produtores tendem a ter linhas bastante c on sistentes, então, dá para apostar sem muito receio Cuidado com as promoções mirabolantes Com o canal de vendas concen trado no online, é comum que surjam “ofertas especiais” por todos os lados Com certeza você pode encontrar bons descon tos, contudo, preste atenção Em rótulos conhecidos, atente para as safras Em casos graves, podemos ter desde vinhos fora de seu ponto ideal até contrabando Quando se tratam de rótulos desconhecidos, pesquise se já foi bem avaliado por alguém con fiável Costumamos brincar que vinho ruim, mesmo com muito desconto, continua ruim Fique de olho nas safras Entre os pontos importantes a serem observados na hora da compra, além das informações sobre o vinho em si e o produtor, fique de olho na safra q ue está sendo vendida A não ser que seja um site es pecializado em vendas de vinhos clássicos com di versas safras, ou então um produtor conhecido po r envelhecer seus vinhos por longos períodos antes de lançá los no mercado, ou ainda vinhos de regiões específicas cujas regras determinam um bom pe ríodo de estágio (como os Riserva de Brunello, qu e esperam seis anos no mínimo, ou os Gran Reserv a de Rioja, que ficam cinco anos aguardando para serem lançados; entre outros), evite safras muito antigas, especialmente para vinhos de entrada 49ADEGA ESCOLA DO VINHO | p o r A R N A L D O G R I Z Z O VINHO NA NET Dicas de como comprar vinhos pela internet ADEGA48 Escolher entre milhares de rótulos, comparar preços, verificaravaliações, descobrir informações sobre o produtor, sobre asuvas, sobre o vinhedo, sobre a safra, tudo isso na distância de alguns poucos cliques Sim, comprar vinhos pela internet tem diversas vantagens Agora então, que a pandemia de Covid 19 deixou o mundo todo em “modo de espera”, colocando negócios tradicionais em xeque, um dos setores que tem crescido durante a crise é, obviamente, o de vendas na internet e isso abre espaço para ainda mais oportunidades Com os muitos canais de distribuição li teralmente fechados (como restaurantes, por exemplo), importadores têm apostado no e commerce Mesmo os que não vendiam onli ne para consumidor final, começaram a criar ferramentas de venda direta durante a crise O mesmo se deu com varejistas que só tinham loja física E consumidores que antes busca vam suas garrafas em lojas especializadas ou então desfrutavam de seu vinho em restauran tes, passaram a olhar para o online para abas tecer suas adegas Então, diante do novo cenário, a venda de vinhos assume novos contornos Comprar vinho na internet certamente será um hábito que permanecerá, pois, como já apontamos, tem comodidades como poder comparar pre ços de um mesmo rótulo em lojas diferen tes, receber em casa, conferir avaliações etc Além disso, esse certamente é um momento interessante para as compras, pois pode sig nificar adquirir vinhos que ainda não foram reajustados (devido ao aumento súbito do dólar), ter acesso a rótulos que antes iam só para outros canais (como restaurantes ou lo jas físicas, por exemplo), enfim, desfrutar de um bom vinho no conforto de casa Então, pensando em quem agora está se voltando para os vinhos online, elencamos algumas dicas úteis para você comprar com segurança e assertividade ADEGA >> Edição 17812 ADEGA RESPONDE E N V I E S U A S D Ú V I D A S P A R A R E D A C A O @ R E V I S T A A D E G A . C O M . B R Rolha quebradiça, vinho estragado? “Tenho encontrado garrafas lacradas com cera e não com a cápsula de alumínio. Minha dúvida é se, nesse caso, os vinhos envelhecem mais lentamente do que com cápsula de alumínio? Diminui a micro-oxigenação ou não faz diferença?”, questiona o leitor Elcio H. Sato Oestado da rolha pode dar indícios de que o vinho dentro da garrafa não está em perfeitas condições. A cortiça pode estar ressecada, quebradiça, inchada, encolhida etc., por diversos fatores, como alterações de tempera- tura, manutenção em locais com umidade abaixo do recomendado, calor ou frio extremos, en- tre outros. É por isso que devemos sem- pre ficar atentos a alterações na rolha. No entanto, isso nem sempre quer dizer que um vinho está estragado. A cortiça é um material “vivo”. Ela possui sua elasticidade natu- ral, preenchendo os espaços para vedar a bebida sem que o ar pos- sa entrar na garrafa (o oxigênio que “entra” é o que já estava den- tro das células da cortiça que são pressionadas – segundo estudos científicos, a “permeabilidade” da rolha é um mito). Para manter essa elasticidade e capacidade de vedação, a rolha deve ser mantida em um ambien- te com temperatura estável (e relativamente baixa), além de umidade presente e constante. Caso haja pouca umidade, a rolha tende a ficar ressecada. Já reparou que, em vinhos guardados durante muito tempo na geladeira (cujo sistema de refrigeração ajuda a retirar a umidade interna), a rolha quase sempre fica quebradiça? Vinhos nes- sas condições, mesmo que a rolha se quebre ao ser retirada, dificilmente estarão estragados. Já vinhos correntes de safras não tão recen- tes (como no caso citado), que podem ter sido mantidos em locais de pouca umidade, com al- terações de temperatura, etc., podem, sim, não estar em seu melhor momento para beber. Um vinho de 2010, por exemplo, pode ter passado por diversas situações que levaram ao resse- camento da rolha. A cor “estranha” e a falta de aromas frutados, nesse caso, certamente devem-se ao envelhe- cimento, pois um vinho (princi- palmente os feitos para serem consumidos rapidamente) com 10 anos provavelmente já não apresentará aromas frutados, mas sim, terciários (do enve- lhecimento na garrafa, que podem lembrar frutas secas, compotas, especiarias, café, ma- deira etc.) e não terá uma cor tão intensa, mas mais esmaecida, com tons alaranjados. Tudo isso não quer dizer que o vinho esteja estragado. Ele pode apenas estar mais evoluído do que se espera. Isso também não quer dizer que ele esteja em um bom momento para ser apreciado, pois vinhos demasiadamente evoluídos (especialmente os que não são pensados para serem guardados) não oferecem grandes experiências de degustação, servindo apenas como curiosidade. ENTREVISTA | p o r C H R I S T I A N B U R G O S 15Edição 178 >> ADEGA Homem do MUNDO Desde criança, Manuel Louzada já sabia o seu des-tino. Pertencente à família portuguesa proprietária das tradicionais Caves Messias, o vinho estava em seu sangue. Ele chegou a trabalhar na empresa da família durante um tempo, mas decidiu se aventu- rar em outras vinícolas com a ideia de conhecer, aprender e, quem sabe, aplicar posteriormente “em casa”. Contudo, desde 1997, quando ele decidiu dar esse passo, o mundo lhe abriu as portas. Ele ficou 18 anos trabalhando em diversos projetos do grupo LVMH, dono de inúmeras vinícolas de luxo ao redor do planeta. Atuou não somente como enólogo, mas em muitas áreas, estando por trás dos vinhos de Numanthia, em Toro, quando eles recebe- ram 100 pontos de Robert Parker na safra 2004, por exemplo. Em 2015, tornou-se CEO do grupo Tenute del Mondo, que inclui, en- tre outros nomes, Bodegas Arínzano, Ornellaia, Achaval-Ferrer etc. Com tamanha experiência acumulada, em dezembro de 2019, Louzada foi chamado por Almaviva para ser seu CEO, assumindo o lugar de Felipe Larrain – que deve se dedicar mais à gestão do patri- mônio familiar. Só para lembrar, Almaviva é a joint-venture entre a Concha y Toro, de propriedade das família famílias Guilisasti e Lar- rain, e a família Rothschild, dona do Château Mouton-Rothschild, iniciada em 1997. Em 2020, Almaviva está lançando sua 20ª safra (ano 2018 – sen- do que a primeira foi em 1998) e o sempre irrequieto Louzada se diz esperançoso de que possa viajar pelo mundo para divulgar mais uma excelente vindima desse ícone chileno. Enquanto não pode, ADEGA conversou com ele sobre seus planos. Confira. Manuel Louzada assume como CEO de Almaviva e revela seu desafios para fortalecer a marca ADEGA >> Edição 17816 Sua família é portuguesa, mas você viveu na Espanha por muitos anos, não? Aos 13 anos, minha mãe decidiu ir para Ma- drid, o que a princípio me pareceu o fim do mundo, mas acabou por abrir as portas a uma forma de vida completamente diferente. An- tes vivia perto da empresa familiar e, viver na Espanha, digamos que quebrou essas raízes que temos para olhar o mundo de forma dife- rente. Dos 13 até os 23 anos vivi em Madrid e me especializei em enologia. Quando decidiu que sua vida seria ligada ao vinho? Eu diria que já criança. A minha família é proprietária das Caves Messias. Meu avô, José Dias Vigário, quando eu tinha cinco anos, já me colocava no mundo dos vinhos, dando vi- nho para provar (muito pouco!). Ele acredita- va, e eu também, que o vinho é parte da nossa cultura, razão pela qual deve ser parte tam- bém da nossa educação. Então, desde peque- nino, ele me deixava provar um pouco para descobrir essa complexidade, esses aromas, as sensações, foi plantando a semente que me le- vou a dedicar ao mundo do vinho. Onde começou a trabalhar? Quando acabei a universidade, queria fixar os conhecimentos teóricos com os práticos, então estive mais de três anos na Estação Vi- tivinícola da Bairrada e, de alguma forma co- mecei, a fazer os primeiros ensaios. A primeira safra mais séria já foi na Messias. Fiz já quase três milhões de quilos de uvas logo de cara. Fo- ram 33 dias em que dormi, em média, 4 horas por dia e sequer foram 4 horas seguidas, mas fiquei feliz da vida. E por que decidiu sair? Vi um anúncio no jornal: “procura-se diretor de produção para uma empresa de Vinho do Porto - empresa que pertencia ao maior gru- po de luxo do mundo”. Gostei e decidi que deveria tentar. Mandei o currículo e fui sele- cionado para ser o diretor de produção da Bo- degas Rozès, que pertencia ao grupo LVMH. Depois de dois anos, perguntaram-me: “não quer ir para a Argentina? Ficar à frente dos espumantes?” Não tinha ideia do que era a Chandon Argentina – foi a primeira filial, em 1958. “Pensamos que queríamos lhe dar essa Ele [meu avô] acreditava, e eu também, que o vinho é parte da nossa cultura, razão pela qual deve ser parte também da nossa educação 17Edição 178 >> ADEGA oportunidade”. Se são tão arrojados para me oferecer, obviamente vou aceitar. Fiquei 10 anos na Chandon, ajudei a montar o projeto Terrazas, o projeto Cheval des Andes, e quan- do em 2008, o grupo comprou Numanthia, na Espanha, era natural ter a oportunidade de ir. Era um projeto fantástico. Ter oportunidade de o Numanthia 2004 ser um dos cinco pri- meiros vinhos 100 pontos por Parker foi incrí- vel, chamou muita atenção para as vinhas do Toro. Foi incrível fazer um vinho com elegân- cia numa zona com níveis de concentração descomunais. É apaixonante ver um vinhedo de 140 anos de idade que dá 900 quilos por hectare, menos de um quilo de uva por vinha. Foram 18 anos, até que saiu novamente e agora foi chamado para ser CEO de Almaviva... Comecei a trabalhar em setembro de 2019 em Almaviva e oficialmente a partir de dezembro. Mas antes estive à frente da Achaval Ferrer na Argentina, Arínzano na Espanha, Tenute di Toscana (Ornellaia, Masseto, Luce della Vite etc.), e essa diversidade permitiu uma aprendizagem espetacular. Depois disso, ter oportunidade de entrar em um projeto como Almaviva é um sonho. Conheci Almaviva des- de o princípio, pois, quando começamos Che- val des Andes, um dos benchmark era sempre Almaviva. Encontrar esse lugar onde se con- segue a perfeita maturação do Cabernet Sau- vignon, isso só há em muito poucos lugares, como Pauillac, Napa Valley, Margaret River, e Puente Alto, aqui com 360 hectares de vinhas apenas. A que se deve o êxito de Almaviva? Tem vários elementos. O trabalho de Michel Friou tem sido incrível, desde o conhecimen- to da vinha, separação para vinificação, o en- tender de cada um dos vinhos, com 70, 75% de carvalho novo, o equilíbrio perfeito, o as- semblage que atinge um nível estratosférico... Qual seu desafio na gestão de Almaviva? Nessa vida, uma das grandes virtudes das pes- soas é ser agradecida. Acho que cheguei a um projeto que é um sonho, desde a gestão. Você olha e reconhece o trabalho com uma visão muito coerente desde o princípio, uma visão de longo prazo. Há muitas oportunidades para comprometer a visão de longo prazo para se obter resultado mais rapidamente, mas uma das grandes linhas de Almaviva foi manter essa visão de longo prazo e ser feito de forma consistente. O que posso trazer? Dar continui- dade a essa visão, trabalhar com Michel na procura da excelência e alcançar os resultados de qualidade. No processo comercial, tem um desafio importante que é estar mais perto dos nossos clientes e dar um serviço mais próxi- mo, pois, dentro dessa forma de comercializa- ção, precisamos nos atualizar e acompanhar os clientes. “Foi incrível fazer um vinho com elegância numa zona com níveis de concentração descomunais. É apaixonante ver um vinhedo de 140 anos de idade que dá 900 quilos por hectare, menos de um quilo de uva por vinha” [sobre seu trabalho na região de Toro] ADEGA >> Edição 17818 Almaviva é vendido pela Place de Bordeaux. Um dos mercados que mais aprecia Almaviva é o Brasil. Então o vinho vai para a Europa para depois voltar, sendo que é produzido aqui do lado. Essa parte logística não poderia ser facilitada? O cliente do Almaviva é o mesmo dos vinhos de Bordeaux, razão pela qual tem todo sentido que a distribuição seja feita pela Place de Bor- deaux. Nos últimos 20 anos, o trabalho tem sido fortalecer o serviço dos negociantes. E um dos meus objetivos é ver como poder aju- dar. Se podemos, logisticamente e pensando no meio ambiente, junto com os negociantes, ver a possibilidade de não ir para Europa e vol- tar. Isso não pode ser feito em todos os merca- dos, mas, quem sabe no Brasil, que tem uma relação mais próxima, que é o nosso “mercado local”, com parte importante das nossas ven- das. Mas isso é um trabalho em processo. E o Epu, que durante alguns anos só vinha para o Brasil? É o nosso principal mercado. Epu nasceu sem uma ligação, pois enquanto os grandes Châ- teaux tinham os “second vin”, aqui talvez não havia esse conhecimento. Epu ficou concen- trado em dois ou três mercados, e hoje esta- mos analisando, pois pensamos que tem uma oportunidade. O segundo vinho é abastecido de vinhas mais jovens e, de alguma forma, é uma maneira de utilizar esse vinho com um objetivo bem claro, ou seja, representar a por- ta de entrada para o primeiro vinho. O clima do Chile ajuda a alcançar a excelência na vinificação? Aqui temos muita sorte de ter condições incrí- veis que permitem que você tenha um inter- valo prolongado para fazer a safra. E o Michel toma a decisão de forma mais tranquila. Isso é uma vantagem para conseguir esse nível de precisão de vindima. Muita gente não dá importância para a data de safra, mas quan- do você corta o cacho, aí cessa a interação da “Como transformar o fruto de um ano de esforço de uma vinha num vinho que vai ter potencial de envelhecimento? Esse desafio é fantástico” Confira a entrevista completa em: 19Edição 178 >> ADEGA VINHOS AVALIADOS ALMAVIVA 2015 Almaviva, Maipo, Chile (VCT R$ 1.950 para a safra 2017). Composto de 69% Cabernet Sauvignon, 24% Carménère, 5% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot, com estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Ano mais clássico, como o 2007. Muito jovem e exuberante, mostra ameixas e groselhas acompanhadas de notas florais, de cedro e de especiarias doces. Sem dúvidas, é realmente muito elegante, com taninos finíssimos, mas apresentando estilo mais cheio e opulento, tudo pautado por muita qualidade de fruta, precisão e harmonia. Álcool 14,5%. EM ALMAVIVA 2016 Almaviva, Maipo, Chile (VCT R$ 1.950 para a safra 2017). Menos álcool que os últimos anos (13,8%). Vibrante fruta fresca e pimenta negra, com bastante equilíbrio e bela acidez; e ainda um final medicinal. O nariz tem flor azul, ervas, cerejas e mirtilo. Taninos gentis. Reflete a maceração mais curta e menos tempo em barrica. Aproveite sua curva de evolução seguramente até 2028, mas está pronto para ser saboreado hoje. Corte com 66% de Cabernet Sauvignon, 24% de Carménère, 8% de Cabernet Franc e 2% de Petit Verdot. CB ALMAVIVA 2017 Almaviva, Maipo, Chile (VCT R$ 1.950). Este ano o blend foi 65% Cabernet Sauvignon, 23% Carménère, 5% Cabernet Franc, 5% Petit Verdot e 2% Merlot, com 14,5% de álcool. O nariz é exuberante, com muita fruta que, em boca, revela- se mais madura que no nariz, graças ao frescor de mentol, cassis e um mocha da madeira, típico de um vinho ainda jovem em garrafa. A boca é uma festa com muita fruta. Ameixa madura, opulenta e vibrante. O Merlot volta ao corte após anos, mas é o Petit Verdot que sela este vinho com sua maior participação histórica, contribuindo para a carnosidade característica que marca o meio e o fim de boca. Além da explosão de frutas, a textura de taninos musculosos e ao mesmo tempo doces encantam neste vinho, juntamente com um perfil profundamente salino, que contribui para fazer dele um vinho com esta força, um grande parceiro da boa mesa. CB AD 94 AD 96 AD 95 Quer ver avaliações de outras safras de Almaviva? Acesse: AD 94 AD 95 planta com a uva. Como transformar o fruto de um ano de esforço de uma vinha num vinho que vai ter poten- cial de envelhecimento? Esse desafio é fantástico. Você cita sempre a importância da criatividade... Na vida, a energia mais forte é a criatividade, que nos faz crescer como pessoa. Qual vai ser essa fonte? Como as pessoas expressam isso? Al- gumas pintam, outras cantam, outras tocam... No meu caso é a enologia. É conhecer profundamente todos os materiais com os quais trabalhamos, conhecer o terroir, a variedade, a evo- lução, o momento da colheita, é fa- zer a vinificação, mas tudo isso com uma ideia daquilo que se quer alcan- çar. Você não tem a certeza absoluta do resultado. É um exercício vivo. AD 96 ADEGA >> Edição 17820 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O Aula on-line ABS-RS realiza aula sobre vinhos com o maior número de participantes do mundo A Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul (ABS-RS) realizou a aula de vinhos com o maior número de participantes do mundo. O Worskshop sobre Terroir de Vinhos teve 517 participantes simultâneos no primeiro encontro realizado no dia 22 de junho. “Procuramos e não encontramos registro de nenhuma aula sobre vinhos com mais participantes do que esta, tanto que vamos solicitar a inclusão no Guinness World Records, o livro dos recordes”, destaca o presidente da ABS-RS, Orestes de Andrade Jr. “Já tivemos mais de 5 mil visualizações nas três aulas do workshop. As outras duas aulas também registraram mais de 450 alunos simultâneos”, informa. Desde o início da pandemia do coronavírus, em meados de março, a ABS-RS cancelou todos os seus cursos presenciais e lançou o Movimento Bella Ciao, uma série de aulas, palestras e debates gratuitos feitos pelo canal do YouTube da entidade. O curso on-line Workshop sobre Terroir de Vinhos foi uma formação com inscrição gratuita, material didático e certificado, ministrado pelos professores Marcelo Vargas e Júlio César Kunz, ambos com mestrado internacional. “O Worskshop sobre Terroir de Vinhos foi uma demanda dos nossos alunos e associados, que queriam se aprofundar nesse tema tão rico e importante. Juntar mais de 500 pessoas pela internet para estudar e trocar experiências foi uma vivência incrível e emocionante”, afirma Kunz. Champagne com rabanete? Sindicato lança campanha de marketing para incentivar consumo do famoso espumante francês Com que você costuma desfrutar seu Champagne? Queijos? Ostras? Camarões? Que tal rabanetes? O sindicato dos produtores de Champagne (SGV) relançou recentemente uma campanha publicitária doméstica com um pôster mostrando uma taça de Champagne ao lado de uma sacola de rabanetes acima do slogan “Champagne: reservado para todas as ocasiões”. Houve uma preocupação em todo o setor com a queda na demanda em 2020, e a SGV se juntou a outros sindicatos de produtores de vinho da Borgonha, Alsácia e Loire para exigir mais apoio do governo francês, principalmente para marketing e promoção. Segundo Didier Depond, presidente das casas Delamotte e Salon, a ideia da harmonização foi do professor Jacques Puisais. Puisais falou sobre isso na Vinexpo em Bordeaux cerca de duas décadas atrás. “Eu pensei, ele está brincando ou não? Comecei a experimentar e a combinação é simplesmente incrível”, disse Depond, que também gosta de caviar, mas agora cultiva rabanetes em seu jardim e come rabanete com Champagne “toda semana”. Puisais, hoje com 90 anos, é um respeitado enólogo e químico que fundou o Taste Institute (Institut du Goût) na França na década de 1970 e escreveu um guia abrangente para combinar comida com os muitos vinhos da França. Ele explicou que uma das razões para combinar Champagne e rabanete é o caráter picante de ambos – o dióxido de carbono na bebida traz um caráter efervescente ao vinho, além de outros aromas complexos. THE SPANISH WAY OF WINE @sangredetoro www.sangredetoro.com B E B A C O M M O D E R A Ç Ã O . ADEGA >> Edição 17822 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O Nova “caixa” As famosas caixas de embalagem especiais se tornarão ecológicas? Para Ruinart, sim Os Domaines Barons de Rothschild (DBR) anunciaram uma mudança na equipe de vinificação do Château Lafite e também a nomeação de um novo diretor técnico para o Château L'Evangile em Pomerol. Eric Kohler assumiu uma nova função como diretor técnico exclusivamente do Château Lafite Rothschild e do Château Duhart-Milon em Pauillac. Com 25 anos de casa, ele substituiu Charles Chevallier como diretor técnico de todas as propriedades de Bordeaux do grupo. “Como as duas propriedades continuam sua transição para operações orgânicas, é mais importante do que nunca que sua liderança técnica seja capaz de dedicar uma atenção maior aos detalhes e ao gerenciamento meticuloso diariamente”, afirmou o grupo. Além disso, o grupo nomeou Olivier Trégoat como diretor técnico do Château L'Evangile em Pomerol. Ele passou vários anos como diretor técnico das propriedades da DBR fora de Bordeaux e agora também assumirá a gerência técnica no Château Rieussec, em Sauternes, e no Château Paradis Casseuil, em Entre-Deux-Mers. Ele continuará a supervisionar a vinificação da DBR na vinícola do grupo na China, Long Dai, além do Domaine d'Aussières no Languedoc, Los Vascos no Chile e Bodegas Caro na Argentina. Por fim, Guillaume Deglise, ex-CEO da Vinexpo, ingressou recentemente na DBR como diretor internacional. A casa Ruinart lançou uma alternativa ecológica às caixas especiais de Champagne, uma espécie de “segunda pele” 100% reciclável para seus Champagnes Rosé e Blanc de Blancs. A novidade parte de uma iniciativa de sustentabilidade da Ruinart, que inclui a introdução de painéis solares e iluminação LED, uma política de frete aéreo zero carbono e um registro de reciclagem de resíduos de 98,7%. A nova embalagem, que levou dois anos para ser desenvolvida, é feita de fibras de madeira naturais provenientes de florestas europeias gerenciadas de forma sustentável. Ela é nove vezes mais leve que a embalagem anterior e reduz a pegada de carbono da embalagem substituída em 60%. A aparência é inspirada nas cavernas de giz (crayères) que Ruinart e outras casas de Champagne possuem, e também na maneira como um guardanapo branco é enrolado em uma garrafa de Champagne quando servido em muitos restaurantes. Adaptado à refrigeração, o estojo também aguenta várias horas em um balde de gelo sem deteriorar e ajuda a proteger as garrafas transparentes contra a luz. “No passado, o luxo estava associado a muitas embalagens, mas achamos que os consumidores estão prontos para adotar uma abordagem mais minimalista”, disse o chef de cave de Ruinart, Frédéric Panaïotis. Reorganização empresarial Lafite passa por mudanças ADEGA >> Edição 17824 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O Tony Terlato Faleceu um dos maiores nomes da indústria do vinho americano Aos 86 anos, morreu Tony Terlato, uma das maiores figuras da indústria vinícola dos Estados Unidos. Ele dedicou sua vida a levar vinhos para os consumidores americanos como varejista, distribuidor, importador e proprietário de uma vinícola. Como fundador e presidente do Terlato Wine Group, com sede em Chicago, importador que comercializa os principais produtores, incluindo Gaja, M. Chapoutier, Piper-Heidsieck e Nino Franco, Tony apresentou aos americanos vinhos de alta qualidade por décadas, principalmente italianos. Diz-se que ele colocou o Pinot Grigio no mapa nos Estados Unidos. Nos anos 1990, a empresa de Terlato também se tornou produtora de vinhos, adquirindo vinícolas da Califórnia como Rutherford Hill, Chimney Rock e Sanford, estabelecendo marcas como Federalist e Seven Daughters e fazendo parceria com Michel Chapoutier em vinícolas na França e na Austrália. Nascido e criado no Brooklyn, Nova York, Terlato tinha 21 anos quando sua família se mudou para Chicago em 1955 e seu pai Salvatore abriu uma loja de bebidas. Era uma época em que vinhos como Bolla, Lancers, Blue Nun e Mateus dominavam a indústria nos Estados Unidos, mas os interesses de Terlato estavam em outro lugar: os vinhos de qualidade de Bordeaux que seu pai estocava. Em 1956, Terlato casou-se com JoJo Paterno e, em poucos anos, ingressou no negócio do sogro Anthony, uma grande empresa de engarrafamento de Chicago. Os produtores da Califórnia enviavam vinho a granel para ser engarrafado e vendido regionalmente pela Paterno. Mas esse negócio estava acabando e Terlato convenceu Paterno de que o futuro da empresa estava no atacado. No início dos anos 1960, a empresa de Terlato fazia negócios com pioneiros do setor, como Alexis Lichine, em Bordeaux, e o importador Frank Schoonmaker, especializado em Borgonha e na Alemanha. Havia vinhos com preços acessíveis, mas Terlato focou-se cada vez mais em vinhos artesanais. Em 2002, a Terlato vendeu a divisão de distribuição da empresa para se concentrar em marketing, importação e produção. Hoje, sua empresa possui sete vinícolas na Califórnia e é parceira em quatro na Austrália, Itália, França e Estados Unidos. Sua empresa será administrada pelos filhos Bill e John. ADEGA >> Edição 17826 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O Garrafa de papel A primeira garrafa feita de papelão reciclado Uma garrafa de vinho feita de papelão reciclado foi lançada pela empresa Frugalpac no Reino Unido. Ela foi batizada como “Garrafa Frugal” e apresentada como uma alternativa mais leve e ambientalmente amigável ao vidro. Com 83 gramas, ela é até cinco vezes mais leve que uma garrafa de vidro comum. E a pegada de carbono total é até seis vezes menor, com base em análises do grupo Intertek. A garrafa é feita de papelão reciclado 94%, com um revestimento plástico de qualidade alimentar para conter o vinho, semelhante em conceito do bag-in-box. Embora haja algum plástico envolvido, a empresa disse que sua garrafa usa “até 77% menos” do que uma garrafa de plástico e que o revestimento de plástico é reciclável. O primeiro vinho lançado com ela foi o Cantina Goccia 3T 2017, um blend de Sangiovese, Merlot e Cabernet, da Úmbria. “Tivemos um feedback fantástico de pessoas que experimentaram a Garrafa Frugal. Além dos benefícios ambientais superiores, parece e não se parece com nenhuma outra garrafa que você já viu”, disse Malcolm Waugh, CEO da Frugalpac. O primeiro ano Penfolds Grange 1951 bate recorde de leilão VENDA NA RDC DE HALLIDAY O recorde do leilão Penfolds ocorreu na mesma semana em que a Langton vendeu 246 garrafas de Domaine de la Romanée-Conti da adega do renomado crítico de vinhos australiano James Halliday. Um comprador não relevado pagou mais de US$ 82 mil (quase 500 mil reais) por uma garrafa do Penfolds Grange de 1951, estabelecendo um novo recorde como o valor mais alto já pago por um vinho australiano. Menos de 20 garrafas do ano de 1951 – a primeira safra de Penfolds Grange (então chamada Bin 1) – estão em circulação no mundo. O recorde anterior era de US$ 81.555 – também para o Grange 1951 – estabelecido no leilão da Penfolds em dezembro de 2019. Na mesma venda, um conjunto de Grange de 1951 a 2015 foi vendido por US$ 372.800. Peter Gago – quarto enólogo do principal vinho da Penfolds (Max Schubert foi o criador) – disse que, se o comprador o provasse, o ano de 1951 ainda teria a “doçura da fruta no palato e um final suave”. No entanto, é improvável que o vinho seja aberto, disse Tamara Grischy, chefe de leilões de Langton, a casa que vendeu a garrafa. “Os vinhos Grange do início dos anos 1950 são muito raros. Os colecionadores as buscam para completar suas coleções de todas as safras”, apontou. Quando chega a estação mais fria do ano, um bom vinho cai ainda melhor. Prepare sua adega com os rótulos mais premiados, que você só encontra na Mistral, e deixe seu inverno ainda mais gostoso! OS MELHORES VINHOS DO MUNDO ESTÃO AQUI, NA MISTRAL, E TAMBÉM NA SUA CASA. Compre pelo telefone: (11) 3174-1000 ou acesse nosso site: www.mistral.com.br FR ET E GRÁTIS F R ETE G RÁ TI S Receba seus vinhos favoritos em sua casa com segurança, conforto, rapidez — e frete grátis para todo o Brasil nas compras acima de R$99. OS MELHORES VINHOS DO MUNDO, NO CONFORTO DA SUA CASA, AQUECENDO O INVERNO ADEGA >> Edição 17828 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O World of Wine aberto Empreendimento milionário no Porto abriu em agosto Cos “de Provence” Michel Reybier, dono de Cos d’Estournel comprou vinícola na Provence O Château La Mascaronne, uma propriedade de 100 hectares (60 hectares de vinhedo), foi comprada pelo proprietário do Cos d'Estournel, Michel Reybier por valores não revelados. Ele disse que adquiriu a propriedade depois de ser “conquistado pela qualidade dos vinhos e pelo potencial do terroir de La Mascaronne, que hoje se beneficia do notável esforço de restauração realizado na vinha por Tom Bove por 20 anos”. Bove administrava a propriedade desde 1999, bem como a propriedade vizinha Château Miraval, antes que ela fosse vendida em 2012 para Angelina Jolie e Brad Pitt. Em La Mascaronne, Bove supervisionou a reforma da mansão do século XVIII e seus antigos terraços de pedra, replantou vinhas e converteu-as à agricultura orgânica – obtendo certificação em 2016. Além de La Mascaronne e Cos d'Estournel, Reybier possui uma casa de Champagne e Hétszölö, na região de Tokaj, na Hungria, além do grupo de hotéis butique La Reserve, com propriedades em Paris, Provence, Genebra e Zurique. Um grande centro de atração de visitantes e cultural no Porto, chamado “World of Wine” (WOW), começou a funcionar no verão europeu, depois de mais de cinco anos de planejamento e 105 milhões de euros de investimento. O empreendimento abrange 55.000 m2 de armazéns restaurados e pretende ser uma das principais atrações turísticas e centro cultural da cidade portuguesa, ao lado das famosas casas portuárias da região. “Nosso objetivo no WOW é ajudar a definir o Porto como um destino cultural, contando a história não apenas do vinho pelo qual a cidade é mundialmente famosa, mas também da cidade, seu povo e suas aventuras ao longo dos tempos”, disse Adrian Bridge, CEO da World of Wine, que também é CEO do The Fladgate Partnership (proprietário de algumas das mais importantes casas de Vinho do Porto como Taylor’s, por exemplo), que liderou o projeto. Os visitantes encontrarão restaurantes e bares de vinho no complexo, que é construído em torno de armazéns de vinho reformados e inclui uma praça ao ar livre com vista para o Porto. O local conta com espaço para exposições como “O planeta cortiça”, que inclui uma réplica de um sobreiro gigante, “Porto através dos tempos”, além de uma escola que sediará cursos credenciados pelo Wine & Spirit Education Trust (WSET), oficinas de gastronomia, espaços para eventos e um museu de moda e tecidos. Enquanto isso, o espaço da “história do chocolate” inclui uma fábrica para permitir que os visitantes assistam ao chocolate sendo feito. Também sediará degustações e workshops. ADEGA >> Edição 17830 MUNDOVINO | E V E N T O S D O M U N D O D O V I N H O Os mais vendidos Os vinhos de Bordeaux de 2019 que mais venderam en primeur Com uma campanha en primeur prejudicada pela pandemia da Covid-19, Bordeaux viu quedas de preços em até 30% em relação aos últimos anos. Segundo a Liv-ex, a campanha deste ano provou ser um “sucesso surpreendente”, pois as expectativas eram baixas após o cancelamento da semana oficial de degustação em abril e as previsões de uma recessão econômica global devido à crise de saúde pública. “Apesar do aumento da demanda neste ano, muitos Châteaux optaram por ignorar a oportunidade de vender volumes maiores”, apontou Liv-ex. Os preços caíram em média 21% em relação aos lançamentos de 2018 e isso ajudou a campanha. Algumas propriedades – incluindo Mouton Rothschild, Pontet- Canet, Haut-Brion e Figeac – reduziram os preços em mais de 30%. “Os cortes de preços em Bordeaux 2019 foram um aceno ao estresse do mercado”, revelou a Liv-ex, observando que críticos foram muito positivos sobre a qualidade geral da safra. Os 20 principais comerciantes do Reino Unido viram a receita de vendas cair 10%, em média, em relação à campanha de 2018, embora as vendas em volume tenham aumentado 15%. “Os principais destaques, de acordo com os membros pesquisados, incluíram Pontet-Canet, Lynch-Bages, Mouton Rothschild, Mission Haut-Brion, Pichon Lalande e Clinet”, reportou a Liv-ex. Chegou e saiu Dominique Demarville vai deixar a Champagne Laurent-Perrier Menos de um ano depois de deixar a Veuve Clicquot e ingressar na Laurent-Perrier, o chef de cave Dominique Demarville já saiu. Em julho, Arnaud Richard, diretor de marketing e comunicação da casa de Champagne, disse que Demarville estava partindo de comum acordo e por “razões pessoais”. “Respeitamos as decisões pessoais, por isso não as comentamos”, afirmou. Demarville juntou-se à Laurent-Perrier no ano passado, depois de passar uma década como chef de cave da Veuve Clicquot. Ele deveria tomar as rédeas no lugar de Michel Fauconnet, que estava prestes a se aposentar. Richard de Laurent-Perrier indicou que Fauconnet continuará no papel por enquanto. “Michel Fauconnet nunca deixou de ser o chef de cave durante este período”, disse. Dormindo em Jerez Marca Tío Pepe abre hotel temático na cidade espanhola de Jerez González Byass, nome forte de Jerez, abriu o Hotel Bodega Tío Pepe, um hotel butique com 27 quartos em sua vinícola do século XIX, no coração de Jerez. Ele é dito como o primeiro hotel com tema de vinho Jerez do mundo e ocupa edifícios renovados que antes eram casas de trabalhadores vinícolas. Ele está situado na parte histórica da cidade de Jerez, em frente ao alcázar e à catedral. Os 27 quartos do local estão divididos em espaços Classic, Premium, Deluxe, além de três suítes: Oloroso Alfonso y Amontillado Viña AB Junior Suite; Superior Palo Cortado Leonor Junior Suite; e Fino Tío Pepe Presidential Suite. O hotel possui três espaços para refeições – a sala de café da manhã Sala La Reservada; o espaço para almoço Restaurante Gran Bodega; e a área de refeições do Restaurante Villa Ricardo, que serve pratos sazonais juntamente com toda a gama de vinhos do portfólio González Byass. 31Edição 178 >> ADEGA TENDÊNCIAS | p o r A R N A L D O G R I Z Z O Bouchonné acabou mesmo? Produtor de cortiça afirma ter descoberto técnica que garante rolhas com total neutralidade sensorial Não é de hoje que vemos produtores de cortiça garan-tindo que, em breve, as rolhas naturais não apresen-tarão mais qualquer possibilidade de contaminarem o vinho com o famoso TCA (tricloroanizol), composto que deixa a bebida com um aroma que lembra mofo e papelão molhado, o chamado bouchonné. Mas, recentemente, uma delas afirmou que chegou a essa conquista. A Cork Supply aponta que conseguiu uma inovação técnica que eliminará quaisquer aromas ou sabores que afe- tam um vinho. Segundo a empresa, dois processos técnicos complexos e sequenciais garantem que as rolhas naturais não abriguem mais nenhum componente do TCA e te- nham total neutralidade sensorial. No primeiro, chamado PureCork, as rolhas são aquecidas a 85°C em um ciclo 24 horas. A destilação a vapor remove o TCA e outros aromas. Depois, a fase InnoCork, que, em um ciclo de uma hora, as rolhas são novamente aquecidas a 65°C usando vapor e um destilado de etanol, removendo as partículas residuais. De acordo com a Cork Supply, após a cortiça ter pas- sado pelos dois processos, as rolhas mostraram 99,85% de isenção de TCA e aromas, um número que nunca foi al- cançado anteriormente. Hoje, todas as rolhas naturais da Cork Supply passam por ambos os processos. Mas ainda é possível dar um passo adiante e a empresa criou mais dois sistemas, o DS100 e o DS100 +. Neles, cada cortiça indivi- dual é testada e analisada quanto ao TCA por pessoas com órgãos olfativos hipersensíveis (cuja precisão não pode ser superada), no caso do DS100, ou por meio de um progra- ma de computador altamente sensível, no caso do DS100 +. Depois de concluir esses procedimentos, a Cork Supply emite a “Garantia de recompra de garrafas”, ou seja, se uma cortiça com defeito for descoberta, a empresa comprará a garrafa de volta pelo preço de varejo. Fundada em 1981 pelo alemão Jochen Michalski, a Cork Supply realiza mais de meio milhão de testes e inspeções todos os anos, desde o monitoramento dos sobreiros (árvore cuja casca dá origem à cortiça) até as rolhas propriamente ditas. “Fomos pioneiros em práticas de analise sensorial em rolhas, o que nos trouxe um domínio neste tema e nos deu avanço bastante grande para conseguirmos fornecer rolhas com garantias individuais”, afirmou Monika Michalski, ge- rente de marca da Cork Supply, em entrevista à ADEGA há dois anos, quando outro grande player da indústria de cor- tiça, a Amorim, anunciou uma tecnologia de detecção de TCA por meio de cromatografia, a NDTech, que também garantia rolhas 100% livres de bouchonné. NEGÓCIOS DO VINHO | p o r C H R I S T I A N B U R G O S - C O M D A D O S D A I D E A L C O N S U L T O R I A O mundo parou, o VINHO FLUIU Consumo de vinho aumentou durante a crise da Covid-19 “sobrevivemos em março, mas agora deve pio- rar”. Depois: “abril também foi bom, mas o pior estava por vir...” O pior pode estar por vir, e como cidadãos ninguém está feliz com o mundo em que estamos vivendo, todos perdemos amigos ou temos pessoas queridas doentes (quando não nós mesmos), mas a resiliência do vinho deve ser reco- nhecida positivamente. Mais consumo A curva dos números de importação mais vendas de produtos nacionais vinha em queda de dezem- bro a março como normalmente acontece, mas, em março, ao invés da leve ascendente tivemos um tiro para cima ao atingirmos movimentação de 60 milhões de litros no trade em junho. Feli- pe Galtaroça, o mais confiável nome do Brasil para dados de mercado, já avisava, em maio, que o recorde do consumo per capta estava no forno. Quando fechou o número do consumo per capta no semestre, passou dos comemorados 2,13 litros em dezembro 2019 para 2,374 litros em junho de 2020, um crescimento de 11%. Enorme parte desse volume se deu no vinho de mesa nacional (39%), mas o vinho fino na- cional cresceu 50% e, mesmo com a pressão do câmbio (e muito vinho parado no porto), a im- portação cresceu 8%. Isso também comprova que estávamos certos ao dizer que um pedido de pro- teção à indústria nacional por meio de barreiras à importação neste momento era descabido de argumentos visto que a indústria nacional vendeu Como fazemos normalmente, a cada semestre apresentamos e ana-lisamos os números da Ideal Con-sultoria sobre o comportamento do mercado de vinhos. Mas a norma- lidade acaba aí. Atravessamos um semestre como nunca poderíamos ter previsto em nossa análise em dezembro do ano passado. Naquele momento falávamos de economia da experiência, multicha- nel e até omnichanel. Até mesmo os e-commerces puros agiam para abrir lojas e atacar o on-trade. Na verdade, enfrentamos (e estamos enfrentan- do) uma quarentena, a paralização dos canais de restaurantes, turismo e hotéis, tudo em operação mínima, sem eventos, sem viagens de produtores apresentando vinhos, além de duty free e viagens fora do jogo (com isso também o vinho que entra- va no Brasil legalmente, ou não, com os viajantes), lojas fechadas e até o contrabando parou... por um tempo (pois não atende regras fiscais, nem sanitá- rias). Como se tudo isso não bastasse, o câmbio nas alturas também contribuiu para o turbilhão. Se você parar a leitura por aqui imaginará, um cenário apocalíptico para a indústria. Entretanto, todos sentíamos que o interesse pelo vinho seguia firme. Indicadores de nossa própria empresa mos- travam crescimento de assinaturas, recorde de lei- tura nos nossos sites, crescimento do nosso clube e e-commerce. Conversando com importadores, sentia que alguns enfrentavam dificuldades reais, mas outros, com algum constrangimento, estavam em franca ascensão. Nos primeiros dias, diziam: 1.800,0 1.600,0 1.400,0 1.200,0 1.000,0 800,0 600,0 400,0 200,0 JAN 914,8 824,7 918,2 882,9 1.229,0 1.171,8 FEV MAR ABR MAI 2017 2018 2019 2020 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 0,0 VOLUME (JAN/JUN) VOLUME TOTAL (1.000 CX-9L) - MENSAL (VINHOS, ESPUMANTES E CHAMPAGNES) 1.000 CXS-9L 2017 5.312,8 2018 5.578,3 2019 5.533,1 2020 5.941,4 % 19/20 7,4% 27,8% jan/jun 2019 a jan/jun 2020 120,0 100,0 Mercado de vinhos no Brasil QUARENTENA Comercialização de vinhos brasileiros + importados (Volume em milhões de litros) 80,0 60,0 40,0 23,5 20,6 22,4 27,4 30,5 32,2 35,7 35,9 37,1 47,7 42,0 29,0 28,7 23,5 21,3 26,6 39,8 60,0 20,0 jan /19 fev /19 ma r/1 9 ab r/1 9 ma i/1 9 jun /19 jul /19 ag o/1 9 set /19 ou t/1 9 no v/1 9 de z/1 9 jan /20 fev /20 ma r/2 0 ab r/2 0 ma i/2 0 jun /20 0,0 50% mais vinho neste semestre comparado com o mesmo período no ano passado e ganhou 8% de participação do mercado. Importados No âmbito dos importados, tivemos apenas abril e maio abaixo dos volumes mensais de importação do ano passado, sendo que maio de 2020 quase empatou com 2019. Pelo visto, quando o câmbio deu um respiro, os importadores aproveitaram para nacionalizar produtos que estavam “no porto”. Era esperado que os supermercados e as .COM fossem muito impulsionados neste momento, mas competentes importadores “tradicionais” foram precisos e com grande agilidade e flexibilidade re- modelaram seus negócios para capturar mercado onde havia mercado. Lojas viraram televendas e centros de pick up, e-commerces foram turbina- dos, interiorização e off-trade receberam foco, re- presentantes comerciais ganharam peso e perdas em alguns canais foram compensadas por outros. Ganharam as marcas consolidadas e estruturas azeitadas. O preço FOB médio do vinho importa- do caiu como é sempre a reação quando o câmbio sobe muito, sobretudo num período em que os produtores estão dispostos a espremer um pouco as margens para exportar, e foi de US$ 27,8 para US$ 25,7% a caixa de 9 litros (12 garrafas). En- tretanto, em reais, este FOB médio subiu 15,3% indo de R$ 109,60 para R$ 126,40. Os vinho com caixa FOB até US$ 30 capturaram o grosso do crescimento, mas é muito interessante ver o gráfi- co de volume versus participação de mercado que a Ideal Consultoria apresentou a seus clientes e nos permitiu compartilhar. Este gráfico é tão bem montado que dispensa análises. 50.000,0 45.000,0 40.000,0 35.000,0 30.000,0 25.000,0 20.000,0 15.000,0 10.000,0 5.000,0 0,0 Vinho de mesa Fino Importado jan /19 fev /19 ma r/1 9 ab r/1 9 ma i/1 9 jun /19 jul /19 ag o/1 9 set /19 ou t/1 9 no v/1 9 de z/1 9 jan /20 fev /20 ma r/2 0 ab r/2 0 ma i/2 0 jun /20 4,00 3,50 3,00 2,50 2,13 2,37 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 2019 (JAN/DEZ) 2019/2020 (JUL/JUN) 11% TOTAL DO VOLUME COMERCIALIZAD0 DE VINHOS E ESPUMANTES BRASILEIROS, INCLUINDO VINHO DE MESA E IMPORTAÇÃO. VOLUME EM LITROS POR HABITANTE MAIOR DE 18 ANOS SEGUNDO O IBGE. Volume em 1.000 litros Queremos apresentar também um ranking com- parativo de posições entre os 30 principais importa- dores do Brasil em relação ao acumulado de 2019. Existem várias razões para não importar, nível de estoques, gestão de caixa, expectativa cambial, queda de vendas, etc... Mas existe uma razão ra- cional para aumentar a importação e esta é cres- cimento. IMPORTADOR POSIÇÃO MUDANÇA VCT 1 = Grupo Pão de Açúcar 2 = Wine.com.br 3 +1 Evino 4 +2 Interfood 5 -2 World Wine/La Pastina 6 +1 Casa Flora 7 -2 Wal Mart Brasil 8 +3 Cantu Importadora 9 +3 Mistral 10 -1 Grupo Zaffari 11 -1 Grand Cru 12 -4 Carrefour 13 +7 Adega Alentejana 14 +2 Grupo Angeloni 15 +3 Épice 16 -3 Moet Hennessy 17 entra no TOP 30 Qualimpor 18 +6 Supermercado Verdemar 19 +3 Festval 20 +7 Domazzi 21 +7 Super Mercado Zona Sul 22 -5 Decanter 23 -8 Decminas 24 -10 Supermercados Condor 25 entra no TOP 30 Grupo Fartura 26 entra no TOP 30 Zahil 27 -6 Massimex Trading 28 -3 Grupo Cencosud 29 entra no TOP 30 Obra Prima 30 -4 O QUE ACONTECEU COM OS PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES: PAÍS VOLUME VALOR CHILE PORTUGAL ARGENTINA ITÁLIA FRANÇA ESPANHA URUGUAI ESTADOS UNIDOS Novo mundo Os memes são uma representação humorística do sentimento social e quando recebemos um dizendo que “Está na hora de reabrirem os bares porque estou bebendo mais com eles fechados” era claro que estávamos experimentando, no mí- nimo, um aumento da frequência de consumo. A taça diária no almoço e no jantar com a família virou parte da rotina da quarentena, bem como os happy hours via Zoom com a turma do traba- lho. A taça de vinho trouxe uma dose de felicida- de, aconchego e mesmo requinte num mundo sem salões de beleza e com muita roupa (ultra) confortável. Ciente de que ainda teremos muita tristeza relacionada à Covid-19, e com a culpa de que está análise parecia muito positiva, na véspera de concluir este texto, não sem receio, foi sozinho al- moçar em um restaurante. Foi a primeira vez em três meses. Não tive que esperar para sentar, mas estava longe de estar vazio como esperava. E das mesas presentes a minha era a única sem vinho. Pode ser coincidência ou sorte, mas prefiro acredi- tar que é o vinho a fazendo sua mágica. ADEGA >> Edição 17836 DROPS | p o r A R N A L D O G R I Z Z O Além do “VINHO EM CASA” Vinícola Pericó lança projeto residencial singular em Balneário Camboriú Aqui em ADEGA já falamos sobre quanto custa ter o seu próprio vinhedo e fazer o seu vinho (veja box com link). Mas, se sua paixão não chega a esses extremos, e se, ainda as- sim, você se deliciaria em viver em um lugar cujo foco fosse o vinho (e de frente para o mar), talvez Balneário Camboriú tenha uma resposta para os seus anseios. A vinícola Pericó, de São Joaquim, Santa Catarina, em parceria com a Pioneira Em- preendimentos, decidiu lançar um empreendi- mento residencial singular. O Pericó Residence é um projeto voltado para os amantes de vinho que querem viver e respirar essa cultura. “Tudo foi pensado para o vinho, para os apaixonados por vinho, para que desfrutem de um ambiente que motiva suas paixões”, diz entu- siasmado Diego Censi, um dos proprietários da vinícola. Este é o primeiro empreendimento resi- dencial de alto luxo com tema do vinho brasileiro (em Camboriú já há outros temáticos como Lam- borghini e Pininfarina. Serão 46 unidades residenciais, sendo quatro coberturas e a área comercial, com uma loja exclu- siva para a comercialização de vinhos (não somen- te da Pericó, mas de todo o mundo). O residencial terá dois apartamentos por andar (de três ou quatro suítes) e plantas que incluem ou não sacada e um diferencial no primeiro andar, que terá terraço com jacuzzi externa. As quatro coberturas serão duplex. “A ideia do residencial é justamente trazer para o litoral o aconchego e a elegância do terroir da Pericó. Por isso, cada detalhe será arquitetado com alguma referência ao universo dos vinhos”, conta Censi. A área comercial terá espaços para seis lojas térreas e uma exclusiva para vinhos, localizada no subsolo com aproximadamente 1.200 m². Assim, a cave estará abaixo do solo, neste caso, abaixo do nível do mar. Cada apartamento (todos terão vista definitiva para o mar e para as marinas) contará com uma adega privativa e as coberturas serão nomeadas em homenagem a um rótulo de renome da Pe- ricó. A área de lazer também será batizada e ar- quitetada com referências do universo do vinho e contará com spa, espaço relax, sauna, piscina, hidro e piscina aquecida, espaço kids, cozinha gourmet, quadra, academia, espaço dog, quadra de bocha, salão de festas e espaço de jogos. A arquitetura externa foi pensada para que as curvas remetam a garrafas e taças. A Pericó sepa- rou um lote especial da safra 2020 para que evolua no mesmo tempo das obras do empreendimento. Quando estas forem finalizadas, a bebida será en- garrafada e o rótulo exclusivo será o presente de boas-vindas aos investidores das 46 unidades. Quanto custa ter um vinhedo próprio? 37Edição 178 >> ADEGA Todos os ambientes terão arquitetura e decoração ligadas ao mundo do vinho Pericó Residence, em Balneário Camboriú, será o primeiro residencial de alto luxo com tema do vinho nacional, vinculado à Vinícola Pericó, de São Joaquim ADEGA >> Edição 17838 ESPECIAL | p o r A R N A L D O G R I Z Z O Os cantos portugueses Confira os melhores vinhos do Guia de Vinhos ADEGA Portugal 2020 D esde 2011, ADEGA pu- blica o Guia ADEGA de Vinhos do Brasil. Nesse tempo, o livro se tornou a principal referência de vi- nhos feitos no país, avaliando milhares de rótulos, contemplando dezenas de viníco- las de todas as regiões, enaltecendo o que há de melhor na produção nacional. Indo para sua 10 edição em 2020, ele é funda- mental para quem quer compreender a trajetória do vinho por aqui, saber como es- tamos evoluindo e quais rótulos comprar. Bem enraizada não só no Brasil, mas na América do Sul com a parceria com o Guia Descorchados, de Patricio Tapia (que avalia vinhos de Argentina, Chile e Uruguai, além do Brasil), ADEGA decidiu então que era o momento de se lançar em outras aventuras. E com o espírito dos antigos e destemidos navegadores portugueses, fizemos o cami- nho contrário e fomos bater em terras lusas. Assim, em 2020, ADEGA lança o seu pri- meiro guia de vinhos portugueses. O Brasil é um dos principais mercados para os vinhos de Portugal. Nossos víncu- los linguísticos e históricos certamente fa- cilitam esse intercâmbio e a boa aceitação dos produtos lusitanos por aqui. Importa- doras, lojas, supermercados estão repletos de excelentes opções. Sendo assim, feito seguindo os mesmos parâmetros que nor- teiam todas as publicações vinculadas à ADEGA, o Guia de Vinhos ADEGA Por- tugal 2020 traz centenas de rótulos ava- liados das principais regiões vitivinícolas portuguesas (que são detalhadas no início do livro) com um ranking dos melhores. Mas o guia vai além e, sabendo que o vi- nho é um veículo que nos transporta para lugares incríveis, apresenta dicas culturais para quem, inspirado pelos grandes vi- nhos listados, quiser visitar Portugal. Enfim, vamos dar um pequeno resu- mo dos vinhos vencedores em suas cate- gorias do guia. Desfrute. Primeira edição do Guia de Vinhos ADEGA Portugal traz um pouco do que há de melhor na produção portuguesa em suas mais diversas regiões ADEGA >> Edição 17840 Melhor tinto (e melhor do Douro) O tinto vencedor da primeira edição do guia é fruto da parceria entre as famílias Prats, de Bordeaux, e Symington, tradicio- nal do Douro. O projeto que deu origem ao Chryseia nasceu em 1998, quando os Symington convidaram Bruno Prats (que havia gerenciado o Château Cos d’Estournel por 30 anos) a vir ao Douro produzir um tinto não fortificado. O primeiro Chryseia (cujo significado em grego antigo é “dourado”) foi elaborado na safra do ano 2000 e já estreou como um dos grandes tintos portugueses. Em 2002, a parceria criou ainda o Post Scriptum. Pos- teriormente, eles adquiriram a Quinta de Roriz e passaram a produzir outros tintos, assim como Vinho do Porto. Melhor branco (e melhor da Bairrada) A história do Palácio do Buçaco é riquíssima, remetendo à época do convento dos Carmelitas Descalços no século XVII, passando pelas invasões napoleônicas, chegando às fases finais do reino de Portugal. O Hotel Palácio do Bu- çaco recebeu a última festa da monarquia portuguesa, em setembro de 1910, quando D. Manuel II celebrou os 100 anos da Batalha do Buçaco. Alexandre de Almeid após visitar hotéis de luxo na França e perceber que todos ostentavam adegas, decidiu criar um vinho do hotel, em 1917, para que seus hóspedes pudessem se deleitar durante suas estadias por lá Desde então, o vinho do Buçaco é uma lenda, considerado um dos mais longevos de Portugal, e quase só vendido no próprio hotel. BUÇACO RESERVADO BRANCO 2014 Palácio do Buçaco, Bairrada, Portugal (Mistral US$ 160). Branco composto de Encruzado, Maria Gomes e Bical, com estágio em grandes barris de carvalho. Um dos melhores brancos de Portugal, um clássico. Aqui madurez, untuosidade e cremosidade caminham juntas com tensão, frescor e firmeza, tudo em meio a acidez refrescante, ótima textura e final cheio e persistente, com toques florais, de ervas frescas, de especiarias doces e de camomila. Preciso, fluido e com longa vida pela frente. Álcool 13%. CHRYSEIA 2015 Prats & Symington, Douro, Portugal (Mistral US$ 230). Tinto composto de 65% Touriga Nacional e 35% Touriga Franca, com estágio de 14 meses em barris de carvalho francês de 400 litros. Aqui a palavra de ordem é precisão. A Touriga Nacional diz a que veio, num tinto que esbanja equilíbrio entre fruta negra de qualidade, acidez refrescante e taninos tensos e de grãos finíssimos. Cheio de camadas e de profundidade, tem final com toques de grafite e de violetas, que pedem um segundo gole. Um bebê, que tem tudo para ficar ainda melhor no decorrer dos próximos 15 anos. Álcool 14%. AD 96 AD 96 da, s . 41Edição 178 >> ADEGA Melhor espumante Foi após uma viagem de João Carvalho Maia, produtor de vinhos da região do Douro, para o Napa Valley que surgiu a ideia das Caves Transmontanas. Durante sua estada nos Estados Unidos, trabalhou nas colheitas da Schrams- berg Vineyards, focada na produção de espumantes de método tradicional. Maia então convidou o proprietário Jack Davies, a visitar Portugal para conhecer o potencial do Douro. Um ano depois, eles começaram a experi- mentar e, em 1989, criaram-se as Caves Transmontanas. Os rótulos Vértice, em pouco, tempo, tornaram-se referência em espumantes em Portugal. Melhor rosé Em 1974, João António Cerdeira, com o apoio de seu pai, António Esteves Ferreira, plantou a primeira vinha de Alvarinho e, em 1982, criou a primeira marca de Alvarinho em Melgaço – uma das primeiras marcas de Alvarinho na sub-região de Monção e Melgaço. A Soalheiro não apenas é uma das pioneiras, mas uma das principais referências em Alvarinho no Minho, explorando a casta como ninguém. No caso deste rosé, mesclando a com a Pinot Noir. SOALHEIRO ROSÉ ALVARINHO & PINOT NOIR 2018 Soalheiro, Minho, Portugal (Mistral US$ 50). Delicioso corte de Alvarinho (70%) e Pinot Noir (30%) de um produtor especializado na primeira. A cor lembra a de um rosé da Provence. Os aromas, delicados, revelam, além da esperada fruta vermelha (morangos/ framboesas), a nota mineral característica da Alvarinho. A ótima acidez, que garante o frescor, é compensada apenas o suficiente para que fique macio em boca pelo final quase off dry. Leve, mas muito equilibrado. O ideal é bebê- lo logo, puro ou acompanhando uma salada niçoise, para lembrar sua fonte de inspiração. Se resistir, dá para guardá-lo por mais um ano. Álcool 12,5%. AD 93 VÉRTICE MILLÉSIME BRUT 2011 Caves Transmontanas, Douro, Portugal (Adega Alentejana R$ 273). Espumante brut elaborado pelo método tradicional, somente em safras excepcionais, a partir Touriga Franca, Gouveio, Malvasia Fina e Viosinho, além de toques de Touriga Nacional, Rabigato, Arinto e Códega, com 36 meses de amadurecimento sobre as leveduras. Muito bem feito nesse estilo mais vinoso e estruturado, com as notas tostadas, de padaria e de frutos secos envolvendo toda sua fruta branca e tropical madura. Tem pulsante acidez, muita cremosidade, ótimo volume de boca e final persistente e amanteigado, com toques salinos e cítricos. Álcool 12,5%. AD 92 ADEGA >> Edição 17842 Melhor Vinho do Porto A Croft Port é uma das mais antigas empresas em ativi- dade do mundo, com mais de 430 anos de atividades. Ela nasceu em York, na Inglaterra, mas se desenvolveu no Porto. A tradição nos vinhos é tanta que John Croft II foi autor do primeiro livro sobre o Vinho do Porto, publicado em 1788. Hoje a Croft pertencente ao grupo The Fladgate Partnership, dono das marc Taylor’s, Fonseca e Krohn. O enólogo e diretor técnico é o reputado David Guimaraens, que considera a Quinta da Roêda como a alma da c Croft, cujas primeiras videiras foram plantadas e 1811 e são banhadas pelo sol da manhã. A safra 2017, juntamente com 2016 e 2018, formaram uma rara “trinca” de vintages excepcionais. CROFT VINTAGE PORT 2017 Croft, Douro, Portugal (La Patina R$ 1.356). Tinto fortificado doce elaborado a partir de diversas castas típicas do Douro, com estágio em barris de carvalho. Violetas, algo de especiarias doces, sútil esteva, tudo em meio a muitas frutas negras lembrando ameixas e amoras. Chama atenção pela acidez vibrante, pelos taninos firmes, mas principalmente pela profundidade e persistência. Misto da elegância e frescor do 2016, com a opulência e intensidade do 2011. Álcool 20%. AD 97 cas casa em Melhor do Alentejo A Herdade do Rocim é um projeto da Movicortes S.A, com sede em Leiria, iniciado no ano 2000. A pro- priedade tem cerca de 120 hectares, dos quais 70 são de vinha, entre Vi- digueira e Cuba, no Baixo Alentejo. Pedro Ribeiro é um enólogo que se apaixonou pela ânfora e está se tor- nando um embaixador internacional dos vinhos estagiados nesse material (criando até mesmo um Amphora Day). A Herdade do Rocim é uma das principais referências nesse estilo de vinho hoje e um dos grandes produtores alentejanos. HERDADE DO ROCIM CLAY AGED TINTO 2017 Herdade do Rocim, Alentejo, Portugal (World Wine R$ 600). Este corte tem Alicante Bouschet, Petit Verdot, Trincadeira e Tannat. Estagia 16 meses em talhas de 140 litros. Tem uma profundidade granítica, taninos poderosos e acidez vibrante. Pimenta, amoras e ervas secas. Incrível força em um vinho que vai durar para sempre, apesar de delicioso e instigante hoje. A mais pura definição de um vinho crossfit. AD 95 43Edição 178 >> ADEGA Melhores do Dão Um dos principais nomes do vinho do Dão, Álvaro de Castro herdou a propriedade da Quinta da Pellada em 1980 e decidiu se dedicar exclusivamente a ela, restabele- cendo a tradição familiar na produção de vinho, que havia sido interrompida há duas gerações. Seu primeiro vinho surgiu então com a safra de 1989. De personalidade forte, seus vinhos são feitos segundo suas intuições, muitas vezes fora do que se consideraria convencional em termos de vinificação, ao mesmo tempo que é um defensor das tradições locais, valori- zando as castas indígenas. Seu trabalho é uma referência no Dão. CARROCEL 2012 Quinta da Pellada, Dão, Portugal (Mistral US$ 225). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Touriga Nacional, com estágio de 14 meses em barricas de carvalho francês. Num estilo de frutas vermelhas e negras mais maduras, mas também fresco, tenso, vibrante, chamando atenção pela acidez e taninos de ótima textura. Longo, profundo, com toques salinos e de grafite. Um grande vinho. Ótimo exemplo de tinto opulento, untuoso e também elegante. Álcool 13%. PRIMUS 2015 Quinta da Pellada, Dão, Portu (Mistral US$ 129). Branco compost de mais de 20 castas autóctones, entre elas Encruzado, Bical e Cercia todas advindas de vinhas de mais de 65 de idade, com fermentação e estágio em barricas de carvalho francês. Sempre entre os melhores brancos do Dão e de Portugal, nessa safra esbanja frutas brancas e de caroço maduras, seguidas de notas florais, de ervas e de especiarias doces. Mas, é na boca que merece atenção, com sua acidez vibrante, sua textura tensa e firme, e seu final carnudo e profundo, com toques cítricos e salinos, que pedem um segundo gole. Tenha paciência com ele na taça para que mostre todo seu potencial. Álcool 13,5%. Melhores do Douro Depois do Chryseia, eleito o melhor tinto do Guia em 2020, dois outros vinhos se destacaram no Douro (recebendo a mesma pontuação). Um pertencente ao grupo Esporão, um dos maiores nomes do Alentejo, mas que, com sua Quin- ta dos Murças, também vem se destacando no norte de Portugal. Depois, há ainda o Xisto, vinho singular da parceria entre a família Roquette, da Quinta do Crasto, e dos Cazes, do Château Lynch-Bages, em Bordeaux. gal o al, QUINTA DOS MURÇAS VV47 2013 Quinta dos Murças, Douro, Portugal (Qualimpor R$ 840). Tinto elaborado a partir de Vinhas Velhas (field blend de diversas castas autóctones) advindas exclusivamente da vinha vertical mais antiga do Douro (vinhedos ao alto), plantada em 1947. É fermentado através de leveduras indígenas em lagares de pisa- a-pé, com estágio de 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. Ainda muito jovem, impressiona pela vibrante acidez e pelos taninos firmes e de grãos finos, que trazem equilíbrio a toda sua fruta madura, lembrando cassis e ameixas. Muito preciso, nítido e compacto, tem final carnudo e profundo, com toques de alcaçuz e de grafite, aliando magistralmente potência, força, tensão e finesse. Álcool 14,5%. ROQUETTE & CAZES XISTO 2015 Roquette & Cazes, Douro, Portugal (Qualimpor R$ 1.350). Tinto composto de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Vinhas Velhas, com estágio de 20 meses em barricas de carvalho francês. Chama atenção pela finesse, harmonia e precisão do conjunto. Mostra cerejas, ameixas e amoras envoltas por notas especiadas, de violetas e de ervas, além de toques de tabaco e de alcaçuz. Mas, é na boca que merece atenção, com seus taninos finíssimos, sua acidez vibrante e seu final fluido, profundo e preciso, que convida a uma segunda taça. Está jovem e deve ficar ainda melhor nos próximos 10 anos. Provavelmente o melhor Xisto elaborado até o momento. Álcool 14,5%. AD 95 AD 95 AD 95 AD 95 ADEGA >> Edição 17844 COVELA FANTÁSTICO BRANCO 2014 Quinta de Covela, Minho, Portugal (Winebrands R$ 734). Elaborado somente em anos excepcionais, o enólogo Rui Cunha não revela as variedades da segunda edição desse branco, com fermentação e estágio de 19 meses em barricas de carvalho americano e austríaco. Apesar de ainda estar muito jovem, chama atenção pela ótima acidez e por sua deliciosa e cremosa textura, que trazem sustentação e firmeza ao conjunto. Tem final longo e complexo, com toques amanteigados, de especiarias doces e de camomila. Álcool 13,5%. Melhor de Lisboa Localizada na região de Lisboa, a Quinta do Mon- te d’Oiro tem história que remonta ao século XVII. Foi adquirida em 1986 por José Bento dos Santos, que replantou as vinhas – após anos de estudos – com as castas que melhor se adaptaram. Dos 42 hectares, apenas 15,5 foram replantados com as variedades Syrah, Viognier e Petit Verdot e com cepas portuguesas Touriga Nacional e Tinta Ror Desde 2006, a propriedade se converteu para a agricultura biológica. QUINTA DO MONTE D’OIRO RESERVA 2010 Quinta do Monte d’Oiro, Lisboa, Portugal (Mistral US$ 114). Tinto composto a partir de 95% Syrah e 5% Viognier, cofermentados e com estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Refinado e classudo, mostra notas especiadas, florais, defumadas e de couro envolvendo toda sua fruta, lembrando ameixas e amoras maduras. Mas, é na boca que merece atenção, com sua boa acidez e seus taninos firmes e de grãos finos. Tem final longo e complexo, com toques terrosos, especiados e de figos secos. Está em seu auge e deve permanecer assim pelos próximos 5 anos. Álcool 13,5%. AD 94 as riz. Melhor do Minho A Quinta de Covela, na região de Vinhos Verdes, foi a casa de Ma- noel de Oliveira, o grande nome do cinema português até o final dos anos 1980. Os primeiros vinhos com a marca só vieram depois, mas a empresa acabou falindo. O ressurgimento ocorreu recentemen- te pelas mãos de um empresário brasileiro, Marcelo Faria de Lima, e do jornalista britânico, Tony Smith, que compraram a propriedade em 2011. Desde então, com ajuda do criativo enólogo Rui Cunha, a Quinta de Covela vem se tornando uma referência na região de Vinhos Verdes, com produtos que vão mui- to além do que nos acostumamos a ver naquela região. AD 94 A PIONEIRA NAS PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA Nossa missão é ampliar o conhecimento e promover a cultura