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Adega - Edição 181 (2020-11)

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| ANO XV - NO 181 - R$ 20,00 – € 4,00
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S
N
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72
2
Filtrar
o vinho
ou não?
Muito além
da estética
DEGUSTAÇÃO EXCLUSIVA 
ÍCONES E SAFRAS 
HISTÓRICAS
Qualimpor 25 anos
Saint-Émilion
Guia completo
Vinhos 
antigos
Cuidados ao 
conservar, abrir 
e servir
Aldo 
Conterno
O mais virtuoso 
do Piemonte
Harmonização
Receitas com vinho
Questões
familiares
HÁ MUITAS EMPRESAS familiares no
mundo do vinho. Um ancestral, que tinha uma
pequena propriedade, passou a cultivar videiras
e produzir vinhos e essa tradição é carregada
de geração em geração até chegar aos nossos
tempos. Famílias tradicionais, às vezes, criam
verdadeiros impérios vitivinícolas, indo além do
território onde nasceram. Um exemplo são os
Roquette, de Portugal.
A família está ligada ao vinho há bastante
tempo, com propriedades principalmente no
Alentejo e no Douro. Contudo, eles também têm
boa parte de sua história ligada ao Brasil. Após
a Revolução do Cravos, viveram aqui por alguns
anos, retornando posteriormente. Um deles, no
entanto, decidiu ficar. Anos mais tarde, seria
responsável por distribuir os vinhos da família
em todo o país.
Foi assim que, há 25 anos, começou a
história da Qualimpor, fundada por João
Roquette. Para celebrar a data histórica,
reuniram-se alguns dos maiores ícones de
safras históricas das marcas representadas
pela Qualimpor, que ADEGA provou com
exclusividade.
Além dessa prova espetacular, nesta
edição ADEGA ficou de olho em uma das mais
aclamadas regiões de Bordeaux: Saint-Émilion.
Uma denominação marcada por alguns
Editorial
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Christian Burgos - christian@innereditora.com.br
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tos emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, 
por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).
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nomes clássicos, mas também por produtores 
revolucionários, que ajudaram a dar origem 
ao movimento garagista, por exemplo. Então, 
preparamos um guia para você compreender 
melhor os vinhos desse local fantástico.
Já que falamos de vinhos de safras 
históricas e de uma região capaz de produzir 
rótulos extremamente longevos, que tal 
entender os cuidados que devemos ter ao 
conservar, abrir e servir vinhos antigos? Confira 
nossas dicas e evite “sacrificar seus anciões”.
Tratamos aqui também de um assunto 
que, à primeira vista, pode até parecer banal e 
sem grande relevância para o vinho: a filtração. 
Alguns podem pensar que ela serve apenas para 
deixar o líquido límpido, certo? Errado. Confira 
nosso artigo e descubra que há muito mais em 
jogo do que apenas uma questão estética.
E há mais: a história do renomado produtor 
piemontês Aldo Conterno, uma prova de 
grandes Gevrey-Chambertin, o rótulo nacional 
que venceu prêmio de design, a vinícola em 
Provence que parece feita de bloquinhos de 
construção, pratos feitos com vinho e outras 
tantas histórias e vinhos selecionados para você.
Saúde,
Christian Burgos e Arnaldo Grizzo
Família criou 
vinho especial 
em homenagem 
ao patriarca dos 
Roquette, Nica
Sumário
06 
Cartas
e mais...
78 
Harmonização
90 
94 
Grandi 
Cantine
66 
Grandes 
degustações
54 
DOC
34 
Drops
38 
44 
36 
86
Curiosidades99 
ADEGA
52 
Degustação
10 77 
Saúde
107 
Clube ADEGA
Pontos
James Suckling
Para entender por que Don Melchor recebeu a pontuação perfeita, 
basta sentir seu aroma único, que equilibra flores, groselha negra, 
framboesa e pêssego, ou observar como seu corpo é amplo e refinado 
ao mesmo tempo. Ao apreciar, você sentirá taninos delicados, 
a beleza do terroir de Puente Alto e um final prolongado, que explica 
por que ele é um dos melhores Cabernet Sauvignon do mundo.
Conheça
o vinho perfeito 
Don Melchor 2018
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6 | Ed.181
Cartas
Clássico desaparecido?
Lendo a revista ADEGA número 
sobre o por que você deve provar os 
clássicos, minha pergunta é: “existe 
algum vinho que, como os demais, 
começou pequeno, tornou-se 
Caro Adauto, boa questão, que 
merece uma pesquisa mais 
detalhada, mas de bate-pronto 
poderíamos citar o Constantia, por 
exemplo, que foi um vinho aclamado 
no século XIX, quase desapareceu 
e só foi revivido recentemente na 
África do Sul. Seguindo essa linha 
de raciocínio, um ícone “medieval” 
foi o Commandaria do Chipre, 
que hoje ainda existe, mas sem a 
relevância que já teve. Se voltarmos 
mais ainda no tempo, acharemos 
alguns clássicos romanos que, estes 
sim, desapareceram por completo. 
Mais recentemente o Château 
Dubignon, que era um Troisième 
Bordeaux, deixou de existir, sendo 
incorporado pelo Château Malescot 
deve ter ainda outros exemplos.
@jayme_souza_jr
 
 
GUIA ADEGA 
PORTUGAL
O NEGÓCIO 
DO VINHO
DURANTE 
A PANDEMIA
BON JOVI, 
CAMERON DIAZ, 
JOHN MALKOVICH
FAMOSOS LANÇAM SEU ROSÉS
O VINHO DOS TEMPLÁRIOS
ENTREVISTA 
EXCLUSIVA 
COM O NOVO CEO 
DE ALMAVIVA
DOMAINE 
COCHE-DURY
O ÍCONE BRANCO 
DA BORGONHA
RAIO-X
FRANÇA
AS REGIÕES, DENOMINAÇÕES, 
CLASSIFICAÇÕES, UVAS E 
GRANDES PRODUTORES
OS DESTAQUES DO NOVO
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8 | Ed.181
O cacho 
todo
“Vi que algumas vinícolas 
colocam apenas as uvas 
no tanque, mas outras 
colocam o cacho todo 
para fermentar. Por quê?”, 
pergunta o leitor 
Leonardo Rener
estrutura tânica de um vinho. Essa 
técnica é geralmente usada em uvas 
que apresentam menor presença de 
antocianinas – um composto fenólico 
que, entre outras coisas, ajuda a dar 
intensidade de cor (no caso das tintas) 
– e taninos. Por isso, essa técnica é 
bastante usada na Borgonha, terra da 
Pinot Noir, por exemplo.
Quando são usados cachos 
inteiros, pode ocorrer um fenômeno 
de fermentação intracelular – ou seja, 
uma fermentação anaeróbica que 
acontece dentro de um grão intacto 
que faz com que ele se decomponha 
sozinho. Isso produz sabores 
diferentes e altera a composição 
aromática do vinho. No entanto, a 
fermentação do cacho inteiro não é o 
mesmo que maceração carbônica (veja 
box), mesmo que alguma fermentação 
intracelular ocorra em ambos os 
processos.
Vinhos tintos fermentados com 
cachos inteiros tendem a ter aromas 
mais herbáceos, 
especiados e, muitas 
vezes, com perfumes 
brancos, a utilização 
de uvas desengaçadas 
ou cachos inteiros 
também costuma alterar 
a estrutura do vinho. Com cachos 
inteiros, geralmente preserva-se 
melhor o frescor, pois (a não ser que 
haja muita pressão) poucos compostos 
fenólicos e potássio (que suaviza 
a acidez) são retirados da casca da 
uva. E, por outro lado, com uvas 
desengaçadas, costuma-se ter mais 
compostos aromáticos nesses brancos.
Ou seja, a opção de usar os 
engaços ou não depende do
estilo 
pretendido pelo produtor. Em muitas 
ocasiões, mesmo quando usam cachos 
inteiros, eles preferem mesclar, 
fermentando parte do vinho dessa 
forma e outra parte com engaços, 
buscando um equilíbrio.
ADEGA
Responde
A TÉCNICA DE FERMENTAR COM 
cachos inteiros, sem tirar os engaços, 
não é incomum. Aliás, antigamente, 
o incomum era fermentar apenas os 
grãos de uva. Era bem mais fácil (e 
ainda é), cortar os cachos na videira 
e jogar tudo dentro do tanque para 
os frutos. Colocar somente as uvas para 
fermentar é algo trabalhoso e que só se 
tornou comum após o surgimento de 
mecanismos próprios para isso.
Retirar os engaços antes da 
provavelmente terá uma carga tânica 
um pouco menos intensa (pois há 
maior concentração de taninos nas 
partes verdes da planta do que nas 
cascas, por exemplo) e tons menos 
herbáceos, fazendo com que apenas 
a essência da polpa das uvas apareça 
na bebida. Mas então por que se usam 
cachos inteiros?
A fermentação com cachos 
inteiros afeta o aroma, a textura e a 
BRANDED CONTENT
E
m busca da expressão máxima do terroir Campanha 
Gaúcha, a Vinícola Aurora apresenta a linha Gran 
Reserva, nas variedades Tannat e Cabernet Sauvignon, 
ambos da histórica safra 2018. A linha Gran Reserva faz parte 
do projeto da empresa que mostrará a diversidade do vinho 
brasileiro, com castas emblemáticas de diferentes regiões do 
país. Os dois rótulos completam o portfólio que abrange 13
marcas, com 220 itens
Com a potência característica da variedade, o Auro
Gran Reserva Tannat 2018 tem coloração rubi intensa,
aroma com intensidade média alta, lembrando frutas
vermelhas como framboesa, groselha, ameixa e toque 
mentolado, além de notas de madeira tostada, já que
o vinho tem passagem de 12 meses por barricas de 
carvalho francês. Apresenta boa acidez, tanino potente
agradável, com bom volume de boca, boa estrutura e
tem grande potencial de guarda. 
De coloração semelhante e mesmo potencial de 
guarda, o Aurora Gran Reserva Cabernet Sauvignon 
2018 tem aroma que lembra frutas negras maduras, 
especiarias, cravo e eucalipto, notas de madeira 
tostada, café e chocolate. No paladar é um vinho de
excelente equilíbrio álcool/acidez, com tanino maduro
aveludado, de corpo médio alto e boa estrutura. 
O enólogo-chefe da Aurora, Flávio Zilio, adianta
que os vinhos Aurora Gran Reserva foram elaborados 
com uvas de excelente maturação, sem uso de chaptalização (que 
é a adição de açúcar no mosto utilizada para elevar a graduação 
de álcool), e com as variedades que mais se adaptaram 
à Campanha Gaúcha. Em maio deste ano, a região foi 
reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial 
(INPI) com a Indicação Geográfica (IG) para os vinhos e 
espumantes, se juntando às outras seis IGs de vinhos no Rio 
e do Sul.
stamos escrevendo mais uma página muito importante 
tória de quase 90 anos da vinícola, com dois grandes 
tos que vão surpreender o consumidor que busca 
ades e vinhos especiais, de uma grande safra”, garante.
Zilio acrescenta que a empresa levou em conta a 
a aceitação do mercado brasileiro para as variedades 
annat e Cabernet Sauvignon.
jetivo da Vinícola Aurora. Queremos levar vinhos de 
alidade cada vez maior para os consumidores, propor 
periências diferentes em cada garrafa e estarmos abertos 
evolução que o universo do vinho nos proporciona”, diz. 
Os vinhos Gran Reserva 2018 tem edição limitada 
e 27,5 mil garrafas de cada variedade. O preço de 
ferência (na loja da vinícola, em Bento Gonçalves) é 
e R$ 69,90. Os rótulos já podem ser encontrados em 
jas especializadas nos estados de São Paulo (SP), Rio 
rande do Sul (RS), Paraná (PR) e Santa Catarina (SC). 
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VINÍCOLA AURORA LANÇA LINHA GRAN RESERVA 
COM RÓTULOS DA CAMPANHA GAÚCHA 
Empresa expande fronteiras com os vinhos Tannat e Cabernet Sauvignon, variedades que expressam 
o terroir da região que recentemente recebeu o certifi cado de Indicação Geográfi ca (I.G.) 
Aurora Gran Reserva são vinhos 
que harmonizam com carnes e 
têm ótimo potencial de guarda 
e chegam nas variedades 
Cabernet Sauvignon e Tannat
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10 | Ed.181
Mundovino
Uma troca
incomum
Um caso revelado anos depois deu o que falar
no mundo do vinho. Durante uma refeição,
em 2002, no restaurante Balthazar, em Nova
York, a equipe de sommeliers teria cometido
um equívoco que repercutiu no mundo
todo. Segundo Keith McNally, dono
do restaurante, na época, um casal
solicitou uma garrafa de um Pinot
Noir de US$ 18, mas foi servido
com uma de Mouton Rothschild
1989 de US$ 2000.
A confusão teria sido causada
pelo vinhos terem sido servidos
em decanteres idênticos já que,
na mesa ao lado, um grupo de
quatro empresários havia solicitado
uma garrafa do château bordalês. De
acordo com McNally, nenhum dos
clientes pareceu inicialmente detectar
o erro e o gerente do Balthazar
jantar de negócios elogiou a pureza do
vinho mais barato.
O gerente, contudo, percebeu o erro depois de
cinco minutos. O dono então disse que correu para
o restaurante e decidiu confessar, apesar de ambas
as mesas estarem desfrutando de sua noite com os
o Mouton do casal. “O casal estava em êxtase com o
erro do restaurante e me disse que era como se o banco
cometesse um erro a seu favor. O problema é que fui eu
O VINHO 
CERTO EM 
QUALQUER 
MOMENTO.
Há 20 anos a Word Wine se dedica a pesquisar, em cada lugar do mundo, os 
melhores vinhos, aqueles capazes de transformar momentos comuns em 
experiências únicas. São mais de 1.500 rótulos de 13 países produtores, para 
que você possa escolher aquele que melhor combina com seu estilo, 
companhia e momento. Para quem já nos conhece, ou ainda não, queremos 
ser a referência do mundo dos vinhos, verdadeiros curadores de experiências.
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12 | Revista ADEGA - Ed.181
UVAS
Sobe e desce das variedades
As castas de uvas que mais aumentaram e mais caíram no novo milênio
Variedades que mais cresceram entre 2000 e 2016
Tempranillo – de 93.370 ha para 219.379 ha – aumento de 126.009 ha
Cabernet Sauvignon – de 223.074 ha para 310.671 ha – aumento de 87.597 ha
Syrah – de 102.490 ha para 181.185 ha – aumento de 78.695 ha
Sauvignon Blanc – de 65.190 ha para 124.700 ha – aumento de 59.510 ha
Chardonnay – de 145.543 ha para 201.649 há – aumento de 56.106 ha
Variedades que mais encolheram entre 2000 e 2016
Airén – de 387.978 ha para 203.801 ha – diminuição de 184.177 ha
Mazuelo – de 127.692 ha para 47.312 ha – diminuição de 80.380 ha
Graševina – de 92.306 ha para 24.384 ha – diminuição de 67.922 ha
Garnacha Tinta – de 216.349 ha para 150.096 ha – diminuição de 66.253 ha
Bobal – de 100.128 ha para 59.189 ha – diminuição de 40.939 ha
 A publicação Which Winegrape 
Varieties are Grown Where aponta que 
“a extensão da diversidade varietal 
diminuiu globalmente” e atribuiu isso a 
“mudanças dramáticas” na composição 
da variedade de uva em certos países, e 
ao declínio nas variedades de qualidade 
inferior, outrora amplamente cultivadas.
Em termos de origem da variedade 
de uva, os autores Kym Anderson e Signe 
Nelgen descobriram que os vinhedos no 
Novo Mundo compreendiam em média 
68% de variedades de origem francesa 
(dados de 2016), em comparação com 
59% em 2000. No entanto, as plantações 
de variedades espanholas no Novo 
Mundo caíram de 5% para 3%, enquanto 
as variedades italianas continuaram a 
constituir 2% das plantações.
Quando visto em um nível global, 
as variedades de origem francesa 
permanecem dominantes. 
Em 2000, as uvas francesas e 
espanholas representavam quase 
três quintos da área de vinhedos 
do mundo. Entre 2000 e 2016,
o 
plantio de variedades de origem 
francesa aumentou de 29% para 
39%, e as espanholas diminuíram 
de 29% para 21%.
Confira as cinco variedades 
de uvas que mais se expandiram e 
contraíram no mundo.
Digno heredero de Baron Philippe de Rothschild en tierras Chilenas
I M P O R TA D O R A O F I C I A L
W O R L D W I N E . C O M . B R
Escudo Rojo, a tradução literal do nome Rothschild em espanhol. Nascido no Valle del Maipo, 
Escudo Rojo é o resultado do encontro entre os terroirs chilenos e o savoir-faire francês da 
Baron Philippe de Rothschild.
www.escudo-rojo.com / @escudorojo.official / @EscudoRojo.official E
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14 | Ed.181
Magnum e safrada
 Criada em 1998 para celebrar os 25 anos de presença 
da Chandon no Brasil, segundo Philippe Mével, enólogo 
chefe da casa, a linha Excellence sempre é safrada, mas 
nunca ostentou isso em seu rótulo. Em uma reunião 
com ele, degustamos o Chandon Excellence Magnum 
2008, a primeira Chandon vintage. Foram elaboradas
apenas 800 garrafas numeradas e assinadas 
pelo enólogo. A escolha do formato magnum 
foi justamente para privilegiar a evolução em 
outras séries limitadas em safras especiais.
A safra de 2008 se iniciou com o rigoroso 
inverno de 2007, que terminou de maneira 
perfeita e as videiras escaparam das chuvas na 
foram secos e noites frias. Conversamos também sobre as 
duas safras badaladas mais recentes e Mével avalia que 
2018 foi especial para os vinhos tranquilos, mas que 2020 
foi excepcional para tranquilos e espumantes.
CHANDON EXCELLENCE CUVÉE 
Chandon, Rio Grande do Sul, Brasil (R$ 500). 
Um corte de Pinot Noir (50,7%) e Chardonnay 
(49,3%), oriundos de vinhedos de Garibaldi 
charmat longo com dois anos sobre as lias, mais 
Chandon no território dos espumantes de autor. 
Tem 12,5% de álcool. CB
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Os rótulos da Domno Importadora foram premiados com medalhas 
de Ouro e Grande Ouro no Brazil Wine Challenge, um dos mais 
importantes concursos do cenário vitivinícola brasileiro.
A excelência faz parte 
do nosso DNA
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16 | Ed.181
*KLINGON
 Um ano após o lançamento dos Star Trek Wines, a
empresa por trás de sua criação expandiu sua gama
com o Klingon Bloodwine 2018 e um vinho branco. 
Envasado em uma garrafa mergulhada em cera, ele 
é feito de Cabernet Sauvignon e produzido pela E2 
Family Winery em Lodi, Califórnia.
que aparece na série Star Trek – Jornada nas 
consultaram membros do KAG (Klingon Assault 
Group) e do KLI (Klingon Language Institute) ao criar 
a embalagem e o material de marca relacionado. Cada 
garrafa custa US$ 50 e o lançamento foi feito em 17 de 
A segunda adição à linha é o United Federation of 
Planets Sauvignon Blanc, uma edição limitada projetada 
para acompanhar o United Federation of Planets Old 
Vine Zinfandel, que foi lançado no ano passado. A 
garrafa que traz detalhes de design dos uniformes usados 
em Star Trek: The Next Generation, e custa US$ 40.
A linha está disponível exclusivamente em 
startrekwines.com e foi criada pela empresa americana 
de estilo de vida Wines That Rock em colaboração 
com a ViacomCBS 
Consumer Products. 
Os vinhos são 
produzidos pela 
Vinícola Família E2 e 
também pelo Château 
Picard em St-
Estèphe.
bIjatlh ‘e’ yImev. 
yItlhutlh!
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Perdeu 
o trem
 O proprietário do Château 
Tanunda, John Geber, perdeu 
uma batalha judicial para tentar 
manter uma pequena linha 
ferroviária em Barossa Valley, 
na Austrália, na qual esperava 
operar um trem turístico. Ele e 
Stephan Knoll, ex-ministro dos 
Transportes, estavam 
em desacordo sobre um 
trecho da via, com cerca de 
120 metros de comprimento. 
Os tribunais, contudo, decidiram 
a favor de Knoll.
Geber esperava administrar um 
para turistas na antiga trilha para 
levá-los para cima e para baixo 
na famosa região vinícola, mas 
uma rotatória proposta por Knoll 
colocou tudo a perder.
Geber possui os três vagões 
do Barossa Wine Train que 
costumavam percorrer os trilhos, 
bem como a antiga estação do 
Château Tanunda, que costumava 
ser uma parada na antiga linha 
Adelaide-Truro.
A linha ferroviária agora passa 
por muitos vinhedos, bem como por 
cidades como Tanunda e Nuriootpa, 
onde muitos dos produtores 
famosos da região estão baseados; 
incluindo Penfolds e Jacobs Creek. 
Tanunda e parece que há planos de 
operá-lo no trecho restante da linha, 
parando antes de Nuriootpa.
“Estou esperançoso agora de ter 
uma experiência ferroviária cênica 
mais curta. Um trem histórico sem 
de 87 vinícolas de Barossa e dar um 
18 | Ed.181
ROLHA INTELIGENTE
Cientista português cria vedante capaz de evitar fraudes
 A Universidade de Aveiro (UA) 
desenvolveu uma rolha que vai 
permitir, através de um smartphone 
ou computador, receber informações 
sobre o vinho inseridas dentro do 
vedante de cortiça. Nome da bebida, 
números de série, do lote e da 
produção e a origem são apenas alguns 
dos dados a que o consumidor poderá 
ter acesso com um simples clique.
O segredo da está no interior 
onde, envolvida pela cortiça, há um 
circuito eletrônico e uma minúscula 
antena que emite a informação. O 
projeto da UA pretende contornar as 
fraudes a que os rótulos das garrafas 
podem estar sujeitos. “A rolha tem 
uma antena que integra um chip RFID 
mesmo que é utilizado, por exemplo, 
nos acessos a transportes públicos, 
gestão de acesso a edifícios ou nos 
explica Ricardo Gonçalves, inventor do 
dispositivo. Ele garante que o sistema, 
garrafas através da rolha sem depender 
de rótulos que podem ser removidos 
Para obter o número de 
informações sobre o líquido é preciso 
um leitor RFID compatível. Mas a ideia 
é que, brevemente, os dados possam 
também ser acessados através de um 
smartphone ou tablet sem necessidade 
de outro equipamento.
Gonçalves ainda pretende 
instalar na cortiça um sensor de 
temperatura através do qual “vai 
ser possível criar um histórico das 
temperaturas a que a bebida esteve 
Opus One nomeia novo CEO
 Christopher Lynch vai suceder 
a David Pearson no comando 
da vinícola Opus One, no Napa 
Valley. Lynch tem mais de 30 
anos de experiência na indústria 
de vinhos em empresas como E&J 
Gallo, Chandon Estates da LVMH, 
Pernod Ricard, Beam Wine Estates e 
Terlato Wine Group. “Eu desenvolvi 
uma paixão por vinho enquanto vivia 
França nos primeiros estágios da minha 
“Tenho a honra de ser selecionado 
como o próximo CEO para esta marca 
de vinho icônica e espero trabalhar com 
a equipe da Opus One para continuar a 
construir algo sobre o legado e a visão 
dos cofundadores barão Philippe de 
Pearson estava na empresa desde 
2004, quando a Constellation Brands se 
tornou a nova parceira da joint venture 
após comprar a parte de Mondavi. “Estou 
com sua experiência, seu know-how e 
seu vasto conhecimento do mundo dos 
e continuará a impulsionar o sucesso 
Philippe Sereys de Rothschild, membro 
do conselho e presidente do Opus One.
20 | Ed.181
Sting e Cotarella
 Il Palagio, a propriedade 
toscana do músico Sting e sua 
esposa, a atriz Trudie Styler, 
contratou o enólogo Riccardo 
Cotarella para supervisionar os 
vinhedos e a produção de seu 
vinho. Cotarella, de 72 anos, 
é enólogo consultor e planeja 
se concentrar em fazer vinhos 
com as designações Chianti e 
(IGT), começando com a 
colheita 2020.
“É importante na vida 
mesmo e às suas decisões e 
sempre buscar maneiras de 
se desenvolver, crescer e se 
Sting e Styler em nota 
divulgada pela vinícola. “O 
objetivo é fazer grandes vinhos 
atendendo ao potencial do 
A atual variedade de 
vinhos inclui o Sister Moon, 
uma mistura de 60% de 
Sangiovese, 30% de Cabernet 
Sauvignon e 10% de Merlot; 
Casino delle Vie, com 95% de 
Sangiovese e 5% de Cabernet; 
e Chianti When We Dance, 
90% Sangiovese mais partes 
iguais de Colorino e Canaiolo. 
Cotarella planeja revisar os 
blends.
Há também alguns novos 
projetos em andamento, 
além de um novo visual
para 
a marca que será lançado no 
próximo ano. Uma edição 
limitada 100% Merlot da safra 
de 2017 chamada Il Palagio 
1530 está programada para ser 
lançada na Vinitaly 2021; há 
também uma mistura de estilo 
Bordeaux e um espumante rosé 
de método tradicional baseado 
em Sangiovese que será 
lançado após quatro anos.
Sting e Styler compraram 
a propriedade Il Palagio em 
1997. O casal investiu milhões 
restaurando a villa, seus 
jardins e vinhedos, e está 
comprometido com a produção 
de vinho.
22 | Revista ADEGA - Ed.181
 Durante uma batida em um 
armazém perto de Milão, a 
polícia italiana apreendeu 80.000 
itens, incluindo rótulos, tampas, 
garrafas e caixas de madeira, 
que se acreditava destinadas a 
falsifica cerca de 6.600 garrafas 
de Sassicaia 2015. Segundo as 
autoridades, se os vinhos fossem 
reais, o valor de mercado teria 
sido de quase € 2 milhões.
A polícia também diz ter 
interceptado uma entrega de 41 
caixas da safra 2015 “pronta para 
ser vendida”. Ela afirmou acreditar 
que os falsificadores produziam 
cerca de 700 caixas de vinho 
falsificado por mês, o que renderia 
cerca de 400 mil euros. Não ficou 
claro, contudo, há quanto tempo a 
operação está em andamento, mas 
supõe-se que há mais de um ano.
Segundo a polícia, um vinho 
da Sicília estava sendo usado nas 
garrafas, que vieram da Turquia, 
enquanto os rótulos, tampas, 
engradados e papel 
de seda para imitar 
a embalagem vieram 
principalmente da 
Bulgária. Houve 
evidências de clientes 
fazendo pedidos 
para os vinhos, 
especialmente 
compradores coreanos, 
russos e chineses. 
Onze pessoas suspeitas 
de envolvimento 
na operação de 
falsificação estavam 
sob investigação.
Sassicaia falso
Rede de falsificação é 
desbaratada pela polícia italiana
Nova 
denominação
Nyons é a mais nova 
denominação de Côtes du 
Rhône Villages
 Uma nova denominação de Côtes du 
Rhône Villages, chamada Nyons, foi 
oficialmente concedida pelo Institut 
National des Appellations d’Origine 
(INAO) em 15 de outubro. Assim, agora 
há 22 denominações com o nome 
geográfico de Côtes du Rhône Villages.
A nova denominação está sendo 
elaborada há 22 anos desde que a 
associação de produtores locais fez seu 
pedido original em 1998. O presidente 
da denominação, Pierre-Michel More, 
diz que “o dossiê foi apresentado várias 
vezes, mas em cada ocasião, havia um 
pequeno detalhe que precisávamos 
trabalhar”.
O principal problema era uma 
dependência excessiva da Grenache, 
então os produtores aumentaram 
as plantações de Syrah. A outra 
variedade de uva principal cultivada é a 
Mourvèdre, com muito pouca Cinsault 
ou Carignan. A denominação faz 
apenas vinhos tintos secos.
A nova denominação cobre uma 
área de aproximadamente 300 hectares 
na parte nordeste do Rhône Meridional. 
A área de cultivo está distribuída por 
quatro comunas no sul do Rhône: 
Nyons, Mirabel-aux-Baronnies, 
Piégon e Venterol. A maioria dos 
vinhedos fica em encostas, chegando 
a 300 metros de altitude. Os solos são 
predominantemente argilo-calcários 
resultantes da erosão das encostas.
Os enólogos terão permissão 
para usar a denominação a partir da 
safra de 2020, e os primeiros vinhos 
serão lançados no mercado em 2021. 
Antes de Nyons, Saint-Andéol havia 
sido a última comuna a receber a 
denominação Côtes du Rhône Villages, 
em 2018.
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24 | Ed.181
Sem luz
Um produtor esloveno chamado Radgonske
Gorice decidiu inovar e criar um rótulo de espumante
intitulado Untouched by Light (não tocado pela
que esse é o primeiro produto do gênero, colhido e
amadurecido na escuridão.
Radgonske Gorice se inspirou nas pesquisas
conduzidas em 1989 pela professora Ann C.
espumante e seu vinho base. Vários estudos
mostraram que os raios ultravioleta do sol ou
das frutas e adicionar notas desagradáveis.
Embora esses sabores sejam semelhantes aos
causados pela redução, “a redução é reversível, o
Ao fazer um vinho espumante com exposição
mínima à luz, visa-se “preservar os componentes
aromáticos originais do vinho, tanto quanto
o mínimo de luz possível, as uvas são colhidas à
noite usando óculos de visão noturna. Durante o
transporte, elas são cobertas pela lona.
O enólogo Klavdija Topolovec Špur observou que às
vezes os trabalhadores precisam usar o sentido do tato
para concluir o trabalho na adega, que inclui remuage e
dégorgement. O vinho base é colocado em garrafas feitas
de 99,8% de vidro preto e amadurecido na escuridão na
adega de 166 anos da propriedade localizada em cavernas
naturais. Antes da liberação, as garrafas são seladas a vácuo
em uma folha negra.
Apenas 2.000 garrafas foram feitas, mas o
produtor pensa em expandir para 3.000 no próximo,
produtor sugere que os sommeliers sirvam o vinho em
um ambiente escuro e em taças pretas, embora admita
Uvas são colhidas
os trabalhadores
usando óculos de visão
E 8 ||| 25
miolo.com.br | @grupomiolo
Sua nova sensação.
26 | Ed.181
Fênix
 Para a safra 2018, o Château Angélus, virá 
com uma fênix vermelha gravada em suas 
garrafas. “Assim como a fênix, a videira está 
em renovação perpétua. Porém, em cada 
ciclo, o que isso nos dá é diferente. E às vezes 
um comunicado. A safra 2018 foi também o 
primeiro ano em que Angélus trabalhou de 
forma totalmente orgânica e introduziu ânforas 
para o envelhecimento dos seus vinhos.
A safra de 2018 foi difícil em Bordeaux, 
marcada por um inverno úmido e 
primavera chuvosa que causou uma 
dar lugar a um verão glorioso e início do 
outono que ajudou a recuperar a safra. 
“Naquele ano, as condições climáticas 
eram tais que nossas mentes se encheram 
de dúvidas e preocupações até meados de 
julho. Vigilância, determinação e rigor no 
dia a dia permitiram-nos ultrapassar essas 
completamente. De repente, os obstáculos 
desapareceram e se estabeleceram 
condições gloriosas que permitiam que as 
uvas amadurecessem sem nunca serem 
queimadas pelo sol; e assim como a fênix 
que ressuscitou das cinzas, 2018 produziu 
uma safra tão improvável quanto generosa e 
Contra as pragas do 
homem e do vinhedo
 Cientistas e vinicultores 
estão explorando o uso de 
lâmpadas ultravioleta, que 
vêm sendo empregadas em 
sistemas HVAC para reduzir 
a ameaça do COVID-19, como 
uma arma contra o mofo nas 
vinhas. Embora os cientistas 
já saibam há vários anos que a 
luz ultravioleta mata bactérias, 
vírus e fungos, a maneira exata 
de aplicar seus achados em um 
campo de trabalho ou vinhedo 
“A pesquisa sobre o uso 
de luz ultravioleta para matar 
os patógenos do oídio não 
é nova. Mas acelerou com a 
descoberta de que o UV é muito 
patologista de plantas da Cornell 
AgriTech. Gadoury e sua equipe 
descobriram que montar 
lâmpadas ultravioleta em tratores 
ou enviar robôs autônomos aos 
vinhedos à noite pode embaralhar 
o DNA do mofo e matá-lo com 
mais rapidez, segurança e 
o DNA de muitos organismos, 
mas o bolor desenvolveu defesas 
bioquímicas contra esse dano, 
usando um processo de reparo 
que requer o componente de 
luz azul da luz solar. “O que nos 
possibilita usar UV para controlar 
esses patógenos de plantas é que 
o aplicamos à noite, quando os 
patógenos não recebem luz azul e o 
mecanismo de reparo do DNA não 
Gadoury disse que o 
tratamento UV requer cerca de 
quatro horas de escuridão após a 
Ele acrescenta que em mais de 
três anos de testes, as aplicações 
de luz ultravioleta funcionaram 
tão bem ou melhor do que 
as aplicações comerciais de 
fungicidas comumente usadas 
contra o oídio. 
28 | Revista ADEGA - Ed.181
Fogo 
novamente
Novo incêndio na Califórnia pode 
comprometer a safra 2020 
 Desde setembro, um incêndio de 
grandes proporções, chamado Glass, 
vem assolando regiões vinícolas da 
Califórnia, especialmente em Napa 
e Sonoma. Muitos acreditam que, 
devido à fumaça e ao fogo, poucos 
vinhos serão feitos neste ano. “É um 
dos anos mais tristes de todos os 
tempos. Normalmente, a colheita é 
uma época feliz. Temos muito, muito 
pouca esperança”, disse o enólogo 
Phillipe Melka, consultor de mais de 
20 propriedades na região.
Ele estima “possivelmente 70% 
dos vinhos serão desclassificados”. 
Outro enólogo, Thomas Rivers Brown, 
acredita que apenas 20% da safra 
de Napa seja engarrafada. “Temos 
clientes que não vinificaram uvas este 
ano”, diz.
“Algumas vinícolas de Napa 
Valley fizeram anúncios sobre sua 
safra de 2020, mas muitas ainda 
estão em processo de avaliação do 
impacto potencial da fumaça em suas 
uvas. Ainda é muito cedo para prever 
o impacto geral que a fumaça e os 
incêndios florestais terão em 2020”, 
afirmou Teresa Wall, vice-presidente 
sênior de comunicações de marketing 
da Napa Valley Vintners (NVV).
Pete Richmond, fundador da 
Silverado Farming Company, diz 
que dos cerca de 800 hectares 
que sua empresa administra, eles 
normalmente colhem 3.500 toneladas 
anuais, mas este ano, cerca de 
1.300 toneladas não serão colhidas. 
“Durante o primeiro incêndio, fizemos 
análises em todos os vinhedos e 
98% voltaram sem problemas de 
fumaça”, disse Richmond. Mas essas 
amostras foram coletadas em 23 e 24 
de agosto. Mas “então as uvas ficaram 
defumando por mais duas semanas”. 
Ele ainda está esperando alguns 
resultados de contaminação por 
fumaça dos testes de laboratório.
“Quase todas as denominações 
de Napa foram afetadas – até mesmo 
Carneros, mas um pouco menos”, disse 
Melka. Ele aponta este ano como um 
grande experimento científico para 
avaliar os efeitos do odor de fumaça. 
“Percebemos que poderíamos estar 
bem depois de três, quatro ou cinco 
dias de fumaça. Mas, depois de 10 dias, 
não há dúvida de que haverá danos”.
Brown disse que a única 
comparação com a devastação 
deste ano que ele consegue pensar 
é a luta do vale com a filoxera na 
década de 1990. “Não acho que 
ninguém vivo hoje tenha visto algo 
tão significativo em um único ano”, 
disse ele, observando que embora a 
filoxera tenha causado uma queda 
significativa nos vinhos produzidos, 
ela se espalhou por uma década. 
Ainda não se sabe o número vinícolas 
do Napa que optaram por não fazer 
vinho em 2020.
30 | Revista ADEGA - Ed.181
Gin com 
Sauternes
Château Climens colaborou 
com produtor de gin para 
fazer uma nova bebida destilada
 O Château Climens de Sauternes 
colaborou com a Salcombe Gin para produzir 
uma nova bebida destilada envelhecida 
em barril. Batizada de “Phantom” em 
homenagem a uma das escunas construídas 
no porto de Devonshire em 1867, este é o 
sexto lançamento da edição limitada da 
Voyager Series de gins da destilaria.
Inspirado pelos nevoeiros que ajudam 
a criar as condições para a podridão nobre 
e pelas escunas locais que navegavam nos 
mares com cargas de frutas, especiarias 
e vinho, o cofundador da Salcombe 
Gin, Angus Lusgdin, abordou a dona do 
Château Climens, Bérénice Lurton, com a 
ideia de uma colaboração.
“Como um admirador de longa data dos 
vinhos Sauternes, foi um enorme privilégio 
trabalhar em colaboração com Bérénice 
Lurton e Frédéric Nivelle do Château 
Climens”, disse Lusgdin. “Quando Angus 
visitou Climens pela primeira vez e explicou 
sua ideia, ficamos totalmente fascinados. 
Ambos compartilhamos um profundo respeito 
pela história da vinificação e destilação, 
e um compromisso com um artesanato 
excepcional”, afirmou Lurton.
Na vinícola foram escolhidos seis barris, 
cinco utilizados para envelhecer a safra 2016 
e um da safra 2015. Eles foram enviados 
para Salcombe e preenchidos com o gin 
“Phantom” e, em seguida, deixados para 
maturação de oito meses.
O gin usa uma ampla variedade de 
produtos botânicos, 16 no total. Sete deles 
foram escolhidos porque se encontram na 
propriedade de Climens; flores de calêndula, 
louro, saboroso, cipreste, erva-doce, urtigas 
e pétalas de rosa. Os outros foram escolhidos 
para complementar os aromas e perfil de 
sabor do Château Climens. Apenas 3.500 
garrafas de 500 ml foram produzidas.
Sauternes 
nos drinques?
No começo deste ano, 
o conde Alexandre 
de Lur Saluces, 
ex-proprietário do 
Château d’Yquem, 
condenou o uso 
de vinho Sauternes 
em drinques em 
um carta enviada 
a uma publicação 
francesa. Segundo ele, 
Sauternes não deveria 
ser mistura. Confira:
OUTRAS BEBIDAS
Aumento de portfólio
Donos de Calon Ségur compram 
três château em Bordeaux
Um grupo segurador francês proprietário do Château Calon 
Ségur adquiriu três propriedades na margem direita de 
Bordeaux. O Château Le Prieuré, de Saint-Émilion, o Château 
Vray Croix de Gay, de Pomerol, e o Château Siaurac, de 
Lalande-de-Pomerol foram comprados da família Pinault 
(dona de Latour) pela empresa Suravenir.
Pénélope Godefroy, ex-Latour, é diretora técnica nas 
três propriedades, com o ex-enólogo da Petrus Jean-
Claude Berrouet como consultor. Siaurac é a maior das 
três propriedades, com 46 hectares em um local de vinha 
no planalto de Néac, plantado com 75% de Merlot, 20% de 
Cabernet Franc e 5% de Malbec.
Os três châteaux haviam sido comprados em 2014 
pelo Artémis Domaines, controlado pela família Pinault. 
Já a Suravenir adquiriu participações majoritárias nos 
Châteaux Calon Ségur e Capbern, em St-Estèphe, da 
família Gasqueton em 2012.
O PODER
DO RÓTULO
Miolo Íride Sur Lie Nature ganha importante
prêmio de design de embalagem
 Geralmente se fala de premiação 
de um vinho quando ele recebe uma 
nota alta de algum crítico famoso 
ou então uma medalha em um 
concurso de relevância internacional, 
certo? Mas e quando ele recebe uma 
premiação ligada à sua embalagem, 
qual a importância disso? Alguns 
dirão: “Nada, não compro vinho pelo 
Um estudo da Nielsen de 
2015 já apontava o seguinte: “o 
design da embalagem tem enorme 
no momento crítico da tomada 
consumidores experimentam um 
novo produto simplesmente porque 
a embalagem chama sua atenção, 
e 41% disseram que continuarão 
a comprar um produto porque 
gostam de seu design.
da premiação, recentemente um 
novo ícone do vinho brasileiro, o 
Miolo Íride Sur Lie Nature, recebeu 
o “Prêmio Grandes Cases de 
Academy. Para quem não sabe, 
esse é o maior reconhecimento que 
um produto pode ter em termos de 
design de embalagem no Brasil e, 
deve-se dizer, ele serve ainda como 
UNT Intelligence Design.
Para se ter ideia do tipo de 
ano, além do rótulo da Miolo, outros 
contemplados foram empresas 
como Ambev, Nestlé, Unilever, 
Natura, PepsiCo etc. “É um prêmio 
de ‘gente grande’. Geralmente 
são empresas com agências de 
marketing internacionais, grandes 
multinacionais. A triagem é enorme, 
já recebeu o prêmio nacional outras 
vezes (por outras empresas), assim 
como também uma vez o mundial 
com uma embalagem de suco de uva.
celebrou os 30 anos da vinícola 
Miolo, a ideia foi trazer a informação 
para a parte alta da garrafa, além de 
exibir, ao invés do usual papel, um 
acabamento em metal dourado. O 
formato adotado permite que, lado 
a lado, as garrafas formem uma 
sequência estética moderna, com 
linhas delgadas e contemporâneas. 
Assim, o Miolo Íride expressa tanto 
os seus 10 anos de maturação na 
cave quanto os 30 anos da vinícola, 
além de homenagear a matriarca da 
família, a nona Íride.
“O Miolo Íride é um sucesso por 
dentro e por fora. Como enólogo, 
meu trabalho é transformar a uva no 
melhor vinho, no melhor espumante. 
E quando todo este processo é 
alcançado e compreendido também 
por quem dá forma ao todo, o 
resultado é sempre positivo e merece 
diretor superintendente da vinícola.
DESIGN
34 | Ed.181
36 | Ed.181
Nero d’Avola
Curiosidades sobre uma variedade 
siciliana de excelência
por Arnaldo Grizzo
A Nero d’Avola vem recebendo cada vez mais
atenção 
nos últimos anos. Considerada uma alternativa para os 
apreciadores de vinhos frutados e encorpados, no estilo 
dos Cabernet Sauvignon, por exemplo, essa variedade de 
origem siciliana tem se destacado, ganhado espaço na 
carta de restaurantes e ampliado seu território além de 
Avola, uma pequena aldeia no sudeste da ilha da Sicília, 
província de Siracusa, onde teoricamente a variedade 
sobre esta cepa.
AD
94
AD
89
 
Nero 
 
. Tinto 
100% Nero d’Avola, sem passagem por madeira. Cheio de 
frutas vermelhas seguidas de notas terrosas, florais e de 
Calabresa?
Varietal ou blend
Cor
UVAS
Vale Cada Momento
 
Das tradicionais às mais requintadas combinações gourmet, as geleias Casa Madeira são elaboradas 
para garantir o mais alto padrão de sabor e qualidade.
Vale dos Vinhedos - Bento Gonçalves/RS
Filtração pode dar 
segurança ao vinho, 
evitando problemas futuros
Revista ADEGA - Ed.181 | 39
Filtração
Uma questão 
estética?
Entenda porque a filtração não tem a ver 
somente com a limpidez da bebida e pode 
ser essencial em alguns vinhos
por Arnaldo Grizzo
ESCOLA
DO VINHO
DO PONTO DE VISTA bioquímico, 
o vinho pode ser descrito como uma 
bebida no meio do caminho entre o 
mosto e o vinagre. Ou seja, ele não é 
um meio estável e está em constante 
estado de mudança. E, sim, corre o 
risco de estragar. Mas por que pensar 
nisso quando falamos de filtração dos 
vinhos? Porque filtrar ou não filtrar 
pode, em alguns casos, determinar o 
“grau de segurança” de uma garrafa 
e não ser apenas uma mera questão 
de deixar o líquido límpido ou turvo. 
Ou seja, nem sempre é uma decisão 
puramente “estética” do produtor, 
como podemos imaginar.
40 | Revista ADEGA - Ed.181
Saiba o que é
Brettanomyces e
seus efeitos no vinho
Entenda a
fermentação
malolática
ter alguma contaminação. Os 
microrganismos estão lá. Às vezes, 
uma vinícola está contaminada com 
Brett – ela está em todo o sistema, 
barricas, cubas etc., por exemplo. Mas, 
para estragar os vinhos, você tem 
que ter esquecido as lições básicas de 
enologia do século XVIII”, pondera.
A questão da malô
“A filtração tem a ver com visual, 
saúde, conservação, estilo. Você 
tem desde as filtrações clássicas 
até as nano filtrações, com uso 
de membranas, muito usadas em 
empresas de volume elevado, ou 
vinhos de valor agregado enorme. Nos 
vinhos que não fazem fermentação 
malolática (veja box), a filtração é 
uma questão mais crítica. Nesse caso, 
uma filtração bem-feita é essencial 
e algumas empresas, além de filtrar, 
na bebida, por exemplo), algumas 
garrafas podem estar espetaculares 
e outras completamente arruinadas. 
Quando a garrafa sai da vinícola, 
você não tem mais controle. Pode 
ser que, em uma produção pequena, 
que você vende no seu entorno, sabe 
que as garrafas não ficam em locais 
muito quentes, nenhuma apresente 
qualquer problema. Mas se a garrafa 
viaja, esquenta, pode desenvolver 
um problema microbiológico. E aí 
vão ter garrafas aleatórias que estarão 
sensacionais e outras contaminadas 
por Brettanomyces (veja box) ou 
alguma bactéria, que podem, sim, 
estar no vinho”.
Flávio Pizzato, por sua vez, afirma 
que os riscos sempre existem, mas 
podem ser relativamente controlados. 
“Risco sempre tem. Mesmo com 
as filtrações mais radicais, posso 
“Não é somente 
uma questão de 
aparência. A filtração 
dá segurança 
microbiológica”, atesta 
Alejandro Cardozo. 
Enólogo consultor de 
diversas vinícolas, ele 
é categórico ao afirmar 
que, dependendo do 
vinho (e de algumas 
outras técnicas de 
vinificação pelas quais ele pode 
passar), a filtração determina se duas 
garrafas de um mesmo rótulo serão 
iguais ou não. Ele explica:
“Em determinados casos, você 
pode querer apenas decantar e 
engarrafar, sem filtrar, ‘para não 
perder nada’. Mas, pode ser que, 
dependendo de alguns fatores (como 
microrganismos que ficaram latentes 
Revista ADEGA - Ed.181 | 41
usam agentes que evitam que 
bactérias lácticas se reativem”, conta 
Pizzato, que continua a explicação:
“Quando a malolática ocorre, as 
chances de problemas diminuem 
bastante. Quando não, as bactérias 
lácticas estão no vinho (elas sempre 
estão) e podem ser ativadas. Mas 
a reação em garrafa tem a ver 
com o que você fez antes. Se fez a 
malolática e segue os procedimentos 
de trasfegas, corrige SO2 etc., 
dificilmente vai ocorrer algo. A 
malolática era um dos principais 
problemas que aconteciam em 
garrafa anteriormente. Então, para 
os vinhos que não fazem malolática, 
você precisa ser mais rigoroso na 
filtração”.
Então, a malolática é um “fator 
de segurança”, mas, como se sabe, 
nem todos os vinhos tintos passam 
por essa segunda fermentação e 
menos ainda brancos e rosés. É aí 
que a filtração tem seu papel mais 
importante. “Se você quer entregar 
vinhos tintos límpidos e frutados, 
faz toda a filtração possível, pois o 
que interessa é a fruta”, diz Pizzato. 
“Nos brancos e rosés, o consumidor 
geralmente não aceita bem um 
vinho turvo, ele quer a limpidez, 
tanto que as garrafas comumente 
são transparentes, portanto, filtra-
se até ter limpidez e segurança 
microbiológica”, aponta Cardozo.
O que muda no vinho?
As filtrações podem ser mais ou 
menos radicais e tudo depende dos 
objetivos do enólogo. “Nos tintos, 
pode-se filtrar com membranas 
mais abertas, ou outras para reter 
Brett ou leveduras, por exemplo. 
Brett teoricamente tem 0,8 micra 
(unidade de medida que equivale ao 
milímetro dividido por mil partes) 
e as leveduras têm 0,5 micra. Então 
você pode filtrar com 0,65 micra para 
reter Brett. A próxima seria 0,45 micra, 
para reter leveduras. E lembrando que 
há filtrações nominais (pelas quais 
passam um certo escopo) e absolutas 
(pelas quais nada acima do tamanho 
indicado passa)”, diz Cardozo.
Pizzato, por exemplo, afirma que 
só filtra seus tintos à terra (veja os 
tipos de filtração no box). “O vinho 
passa por um filtro de estrutura 
mecânica, entre terras literalmente, 
e ali são absorvidas partículas 
indesejáveis, mas ainda pode sobrar 
SUR LIE NÃO SIGNIFICA
QUE NÃO FOI FILTRADO
Quando vemos os espumantes 
turvos, ditos sur lie, ou seja, que 
não passaram por dégorgement 
(retirada das borras após a segunda 
fermentação em garrafa), podemos 
pensar que são vinhos nos quais não 
foi feita filtração. Contudo, isso é um 
engano comum, pois a turbidez do 
líquido deve-se às leveduras mortas 
que ficam vagando pelo líquido. No 
entanto, o vinho base foi, sim, filtrado. 
No caso dos sur lie, as leveduras são 
adicionadas depois, exatamente para 
poderem desencadear a segunda 
fermentação. Já os Pét-Nat (Pétillant 
naturel), os espumantes de método 
ancestral (veja 
QR code), estes 
sim costumam 
não ser filtrados 
– apesar de 
alguns produtores 
filtrarem.
42 | Ed.181
bebida altamente estável. Aí faz 
filtrações mais radicais para ter vinhos 
estáveis sem uso de conservante. É a 
maneira mais barata de ter um vinho 
menos sujeito a tomar caminhos 
de reações bioquímicas que tiram a 
pureza”, aponta Pizzato, que lembra 
ainda que, em alguns países, faz-se 
nano filtrações que servem até mesmo 
para diminuir o volume alcoólico dos 
vinhos.
Filtrar ou não?
Como atestamos, a filtração não é 
apenas uma questão estética. “Todas 
as decisões dependem do objetivo. Se 
você trabalha com tudo certinho, uvas 
sãs, limpeza em dia, técnicas, acaba 
diminuindo os riscos. Mas sempre 
tem organismos lá dentro, eles podem 
alguma coisa. Então se passa em 
um outro filtro – não esterilizante 
no nosso caso. Nos brancos que não 
fazem malolática, também fazemos 
outra filtração à terra e depois um 
cartucho um pouco mais fino, mas 
sem radicalizar”, explica.
O que uma filtração mais radical 
representaria no vinho? “Ela tende a 
roubar estrutura e também aromas. 
Nos tintos, dependendo da filtração, 
às vezes, tira taninos, algumas cadeias 
de açúcares não fermentescíveis, 
que dão sensação de estrutura – e 
nos tintos é importante manter, pois 
dá textura. Então, nesse caso, faz-se 
filtrações tangenciais,
membranas 
não tão finas. Mas tem filtrações 
super-radicais. Nos vinhos de volume 
altíssimo, você precisa entregar uma 
não ser prejudiciais ao homem, mas, 
às vezes, são ao vinho”, diz Pizzato. 
Ou seja, filtrar ou não, como filtrar, 
o quanto filtrar, em que etapa filtrar, 
são decisões mais importantes do 
que apenas deixar o vinho límpido 
na garrafa. Filtrado é melhor que 
não filtrado, ou o contrário? Essa é 
uma questão que já foi respondida 
pelo enólogo que produziu o vinho 
no estilo que ele achou melhor e só 
cabe ao consumidor desfrutar, seja 
de um jeito ou de outro. Mas devo 
suspeitar que todos os vinhos não 
filtrados podem estar contaminados? 
Como explicado, se o enólogo optou 
por não filtrar, ele certamente tem 
segurança no seu produto e, hoje, há 
pouca margem para erro no mercado, 
portanto, não é preciso ter receio.
44 | Ed.181
Manobras 
delicadas
Os cuidados que você precisa ter 
na hora de abrir vinhos antigos
por Arnaldo Grizzo
QUANDO SE É JOVEM, 
VOCÊ SAI para jogar bola 
com os amigos em um dia, faz 
academia no seguinte, depois 
pega 500 quilômetros de estrada 
com sua moto, faz um trekking 
na serra, pega sua bicicleta 
e pedala pela cidade e por aí 
vai. Mas, a partir de uma certa 
idade, você sai para jogar bola 
com os amigos em um dia e, no 
seguinte, está todo dolorido. 
Faz academia e, no seguinte, 
sua moto e depois só pensa em 
relaxar. Sobe de carro até um 
a paisagem das montanhas. 
Pega a bicicleta e, no máximo, 
dá uma volta no quarteirão com 
muda, nosso ritmo muda e, com 
certeza, os cuidados aumentam.
Com o vinho, a história é 
parecida, ou você acha mesmo 
que uma garrafa com 20, 30, 40, 
50 anos ou mais vai suportar, sem 
qualquer mácula, tratamentos 
bruscos? Quanto mais velhos, 
mais cuidados devemos ter 
com os vinhos para que, por 
um descuido qualquer, eles não 
venham a sucumbir. Como dizem 
os médicos: com idosos, todo 
cuidado é pouco. Sendo assim, é 
deve evitar para que uma garrafa 
preciosa não se perca de bobeira.
ESCOLA
DO VINHO
Caso a rolha se despedace, 
uma solução é passar o 
vinho por um filtro
46 | Revista ADEGA - Ed.181
COMO DECANTAR?
Se seu intuito ao decantar um
vinho for livrá-lo dos sedimentos,
primeiramente deixe a garrafa
na vertical por algumas horas ou
dias dependendo da idade. Se
não for possível, tente sempre
fazer movimentos sutis, para que
o sedimento se mexa o mínimo
possível. Abra a garrafa. Pegue uma
vela ou uma outra fonte de luz e a
coloque em uma posição na qual,
enquanto estiver derramando o vinho
no decanter, você possa observar
a luz através do líquido que passa
pelo gargalo. Derrame o líquido até
perceber os sedimentos. Quando
notá-los, pare. O líquido que sobrar
na garrafa ficará com os resíduos.
Caso ainda queria aproveitar o
restante da bebida, use um coador,
mas evite misturar essa sobra com o
que está no decanter.
Revista ADEGA - Ed.181 | 47
Cuidados na guarda
Se você compra vinhos jovens 
e os deixa envelhecer, sabe que 
precisa de uma boa adega – que 
esteja sempre bem regulada, 
com temperatura e umidade 
constantes. Manter uma garrafa 
armazenada durante anos e anos 
é um exercício que precisa ser 
recompensador, não? Você não 
gostaria de, após 30 anos, abrir 
um vinho que se deteriorou por 
um descuido com a temperatura 
ou a umidade da adega. Portanto, 
manter o vinho em um local 
adequado é o primeiro ponto.
E lembre-se de outro detalhe 
importante enquanto o vinho está 
lá guardado esperando a vez de ser 
consumido: não fique mexendo nele 
toda hora, tirando e ponto no lugar, 
mudando de posição, deitando e 
levantando etc. Quanto menos você 
mexer nele, melhor. Quer mostrar sua 
raridade para algum amigo que veio 
lhe visitar? Mova a garrafa o mínimo 
possível. Evite movimentos a todo 
custo.
Se você, por outro lado, compra 
garrafas antigas, além de, obviamente, 
também precisar de uma boa adega 
para mantê-las pelo tempo que desejar 
antes de consumi-las, precisa tomar 
alguns cuidados na hora de armazená-
las. Como se sabe, mudanças bruscas 
de temperatura e trepidações são 
as maiores inimigas dos vinhos. 
Portanto, após o transporte (por mais 
delicado que ele tenha sido), vale a 
pena voltar a garrafa prontamente 
para um lugar “pacato” da sua adega, 
deixando-a descansar por alguns dias 
antes de ser consumido.
Se você acabou de receber uma 
garrafa de um tinto antigo e planeja 
bebê-la em breve, deixe-a em pé para 
permitir que o sedimento assente no 
fundo e para que o vinho recupere 
o equilíbrio. Segundo um dos mais 
prestigiados distribuidores de vinho 
dos Estados Unidos, a loja Rare Wine, 
um tinto de 20 anos deve recuperar 
seu equilíbrio dentro de uma ou duas 
semanas após o transporte, enquanto 
um vinho de 30 anos pode precisar 
de até um mês. Para um tinto com 
mais de 40 anos, é interessante deixar 
a garrafa repousar de quatro a seis 
semanas – ou até que o vinho fique 
perfeitamente translúcido.
Nenhum vinho antigo deve ser 
aberto até que esteja com o sedimento 
completamente assentado. Para 
verificar a clareza do vinho, acenda 
uma pequena lanterna de alta 
intensidade e olhe através da garrafa 
em diferentes alturas. Um vinho que 
parece perfeitamente límpido no 
ombro pode ter sedimentos suspensos 
na parte inferior. 
Cuidados no serviço
Decidiu abrir a garrafa? Ótimo. 
Primeiramente, se ela estava 
Antes de abrir, 
o ideal é deixar 
a garrafa em 
pé por algumas 
horas, ou dias
48 | Revista ADEGA - Ed.181
guardada na horizontal, deixe-a 
na vertical por algumas horas 
ou dias – mesmo que você não 
queira ou ache melhor (por 
diversas razões) não decantar 
o vinho. Dessa forma, as borras 
tenderão a se concentrar no 
fundo.
Mas antes até de pensar em 
decantação, a preocupação deve ser 
em como abrir a garrafa. Em vinhos 
muito antigos, as rolhas tendem 
a esfarelar ou até grudar no vidro. 
Abrir com um saca-rolhas comum 
provavelmente vai ser improdutivo 
e, caso a rolha ainda assim consiga 
ser retirada, provavelmente deixará 
resquícios no líquido. Dessa forma, 
opte por outras formas de abrir.
A mais indicada provavelmente 
é com o saca-rolhas tipo pinça (veja 
no box como usar). Outra alternativa 
é com um saca-rolhas de pressão, que 
injeta ar dentro da garrafa através de 
uma agulha. Esse processo precisa 
ser feito com muita delicadeza. Por 
último, caso tenha instrumentos e 
habilidade para isso, pode tentar usar 
as famosas tenazes, técnica clássica 
para abrir Vinhos do Porto antigos 
(que foi detalhada na edição 179).
Cuidados na decantação
Enfim, dependendo da técnica 
que usar e da sua perícia, pode ser 
que resquícios da rolha caiam no 
vinho. Se isso ocorrer, a solução 
será decantar ou mesmo servir o 
vinho por meio de uma gaze, ou 
um filtro de café, ou musselina 
crua, ou, melhor ainda, um funil 
com uma peneira embutida. Só 
dessa forma os pedaços de rolha 
não ficarão no líquido.
Mas devo decantar? O debate 
é longo. Há quem aponte que 
vinhos com mais de 30 anos, por 
exemplo, especialmente os feitos 
com variedades mais delicadas, 
não deveriam decantar para não 
perderem rapidamente algumas das 
propriedades aromáticas que lhes 
restam. Outros, contudo, acreditam 
que mesmo vinhos mais antigos 
merecem ser decantados para 
poderem exprimir melhor toda a sua 
complexidade sensorial. Há ainda 
quem prefira, em vez de decantar, 
apenas retirar a rolha algumas horas 
antes de servir para deixar o vinho 
respirar lentamente e abrir seus 
aromas.
Se a questão é retirar sedimentos 
(borras ou pedaços de rolha 
indesejados), mas não deixar o vinho 
respirar por muito tempo, faça o 
procedimento o mais brevemente 
possível (veja como decantar no box) 
e logo sirva a bebida. Se preferir, faça 
Talvez o 
saca-rolhas 
convencional 
não seja 
a melhor 
alternativa em 
alguns casos
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50 | Revista ADEGA - Ed.181
a dupla decantação e, após retirados 
os sedimentos, retorne o líquido 
para a garrafa original, assim você 
pode servir o vinho em seu invólucro 
original. Essa técnica, contudo, 
não é a mais indicada para vinhos 
demasiadamente antigos, por expô-los 
a um contato maior com o oxigênio.
Desfrutando
Vinho aberto, decantado ou não, 
uma sugestão é não demorar 
muito para consumi-lo. A cada 
minuto que passa, a interação 
COMO
USAR A PINÇA
Apesar da forma um
pouco intimidadora, usar o
saca-rolhas tipo pinça não
é tão complicado quanto
parece. Primeiramente,
tire o lacre do vinho e
assegure-se de limpar
os resíduos que possam
haver sobre a rolha. Em
seguida, pegue o lado
maior da lâmina e comece
a inseri-la sutilmente entre
a cortiça e o vidro com
movimentos leves. Tome
cuidado apenas para
não forçar a rolha para
dentro da garrafa. Assim
que essa ponta estiver
dentro, insira a ponta da
outra lâmina. Para descer
ambas as lâminas, faça
um movimento de vai e
vem lateral com o punho,
forçando levemente para
baixo. Dessa forma, as
lâminas devem descer
facilmente pelo gargalo.
Pinça colocada, é hora de
retirar a rolha. Para isso,
você deve girar e subir o
saca-rolha em pequenos
movimentos (não puxe
direto para cima, pois,
dessa forma, as lâminas
vão sair sem nada). Assim,
a rolha ficará presa entre
as duas lâminas e sairá
do gargalo sem maiores
problemas.
com o oxigênio vai revelando 
facetas diferentes em vinhos 
antigos, aromas e sabores que 
se sucedem. Eles tendem a se 
revelar relativamente rápido e 
permanecer por pouco tempo. 
É como apreciar a sabedoria de 
um ancião, você sabe que precisa 
sorver o máximo que puder no 
menor tempo possível, mas 
sem forçá-lo a nada, correndo 
o risco de perder essa fonte 
prematuramente caso não cuide 
bem dela. Fique atento e desfrute.
Usar a tenaz 
ou, ainda 
melhor, o 
saca-rolha tipo 
pinça podem 
ser uma boa 
solução
Deguste 
a mesma garrafa,
taça a taça 
durante meses.
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e propriedades de seu vinho 
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Coloque o Coravin® 
na parte superior da garrafa. 
Pressione para baixo 
para que a agulha atravesse 
a rolha.
Incline a garrafa como faria 
normalmente ao servir. 
Pressione e solte o gatilho 
para servir o vinho. Retorne 
a garrafa à posição vertical 
para parar de servir.
Retire o Coravin® puxando-o 
para cima. A rolha voltará 
ao seu estado original e sua 
garrafa pode voltar à 
sua adega.
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52 | Ed.181
Vinhos do centro 
do universo
(como os borgonheses definem sua terra)
Uma prova de Gevrey-Chambertin 
do Domaine Guillon et Fils
por Christian Burgos
JEAN-MICHEL GUILLON 
não seguiu um plano de carreira 
usual para se tornar produtor na 
tradicional Borgonha. Não herdou 
sua vinícola, não é dono de uma 
bilionária empresa de produtos 
de luxo... Poderíamos brincar que 
em 1980, o parisiense Jean-Michel se 
em Gevrey-Chambertin para fazer 
vinhos. Inicialmente, o Domaine 
Guillon et Fils se estabeleceu com 2,3 
hectares, que hoje se converteram em 
15 hectares de vinhedos conduzidos 
por Jean-Michel com o apoio de seu 
Gevrey-Chambertin é uma das 
denominações mais ao norte da Côte de 
Nuits. Vem desta AOC o tinto favorito 
de Napoleão Bonaparte, talvez o mais 
longevo da Borgonha, e certamente 
entre os tintos mais carnudos e 
marcantes da Côte d’Or. Degustar bons 
Noir pode conjugar força e elegância na 
mesma taça. 
Jean-Michel Guillon tem uma 
verdadeira obsessão pela perfeição 
no uso de madeira em seus vinhos. 
Para ele, “a importância dos barris 
escolher pessoalmente as árvores que 
farão suas barricas em três anos. A 
o clima de cada safra. Os solos com 
carbonato marinho exercem profunda 
que se encontram entre 260 e 300 
metros de altitude.
A propriedade é manejada segundo 
os herbicidas, fungicidas ou pesticidas 
só são usados quando se fazem 
absolutamente necessários. O solo é 
cultivado por trabalhos manuais, com 
uso de animais (cavalos).
Seu estilo recebeu recente 
reconhecimento ao ser premiado como 
Produtor do Ano 2020 pelo reputado 
Le Guide Hachette des Vins. E nós 
pudemos atestar sua genialidade em 
uma degustação por Zoom com Michael 
Schutte, proprietário da importadora 
Vind’Ame, o premiado sommelier 
Diego Arrebola e alguns clientes da 
importadora.
 Ed.181 | 53
VINHOS AVALIADOS
 
 
AD
94
AD
95 AD
96
AD
93
Revista ADEGA - Ed.181 | 55
Saint-Émilion
Clássicos e rebeldes convivem em uma das 
denominações mais badaladas de Bordeaux
por Arnaldo Grizzo
NAS ENCOSTAS DO RIO DORDOGNE, no que consideramos 
a margem direita de Bordeaux, perto de Libourne (cerca de uma 
hora de distância da cidade de Bordeaux propriamente), estão 
localizados alguns dos mais célebres châteaux da região e uma das 
denominações mais cultuadas também. Saint-Émilion é a terra de 
propriedades como Ausone, Angélus, Cheval Blanc, Pavie, Figeac, 
Canon, Valandraud etc., numa mistura de tradição com revolução 
que dá origem a cult wines bastante singulares.
Saint-Émilion é famosa por seus blends geralmente com 
predominância da variedade Merlot, juntamente com Cabernet 
Sauvignon e Cabernet Franc, mas também com Malbec, Petit 
Verdot e Carménère. Mas para entender como esses vinhos 
se tornaram os clássicos que são hoje, é preciso entender suas 
origens. Confira a seguir.
DOC
56 | Revista ADEGA - Ed.181
Floresta deu lugar às vinhas
Acredita-se que a história da 
vinificação em Saint-Émilion 
remonte a 56 a.C. quando a floresta 
de Cumbis foi derrubada para plantar 
as primeiras vinhas. As variedades 
de uvas usadas em torno de Massilia 
(Marselha) foram enxertadas em cepas 
locais, vitis biturica. Mas, antes disso, 
um nome foi crucial na história da 
região: Aemilianus (Emiliano).
Acredita-se que Aemilianus 
tenha nascido no início do século 
VIII na Bretanha, em Morbihan. Ele 
começou sua carreira 
como o intendente 
do Conde de Vannes 
e foi acusado de 
fazer caridade 
demais aos pobres. 
Consequentemente, 
fugiu para o sul, 
através da área 
de Saintonge, até 
acampar em uma caverna na floresta 
de Cumbis (latim para a palavra 
francesa combes, que se refere a uma 
caverna), no coração do que seria mais 
tarde a cidade de Saint-Émilion. Sua 
caverna foi transformada em oratório 
e, devido à sua fama de santidade, 
atraiu muitos discípulos que passaram 
a residir nas redondezas. Aemilianus 
morreu em 767 e assim a Grotte de 
Saint-Émilion surgiu. Em homenagem 
ao eremita, a população local escavou 
a rocha logo acima de sua caverna e 
esculpiu uma basílica, que hoje é a 
Igreja Monolítica.
Voltando ao cultivo da vinha, 
a prática foi introduzida na região 
da Aquitânia pelos romanos e 
intensificada durante a Idade Média. 
A miríade de parcelas de vinhedos 
hoje é uma relíquia desse período, 
já que as propriedades medievais 
eram pequenas. Os terrenos que 
circundam Saint-Émilion ficam no 
Caminho de Santiago de Compostela 
e, para acolher os peregrinos, foram 
construídas várias igrejas, mosteiros e 
hospitais a partir do século XI.
Ingleses e selo de qualidade
Quando Leonor da Aquitânia se casou 
com Henri Plantagenet, que se tornou 
o rei Henrique II da Inglaterra, a cidade 
fortificada de Saint-Émilion ficou 
sob o domínio da coroa inglesa. Em 
1199, o rei John Lackland concedeu à 
cidade algumas liberdades e fundou 
um organismo regulador denominado 
“Jurade” ao qual foram delegados 
poderes econômicos, políticos e 
jurídicos que permitiram a alguns 
magistrados assumir a administração 
geral da cidade. O Jurade também 
supervisionava a qualidade do vinho de 
Saint-Émilion e marcava com um selo
os barris de vinho considerados dignos 
de ostentar o nome Saint-Émilion e 
serem comercializados.
VINHOS DE 
SAINT-ÉMILION
Igreja foi construída 
sobre a gruta de um 
notório eremita
Revista ADEGA - Ed.181 | 57
Durante o século XVIII, alguns 
proprietários ajudaram a desenvolver 
novos métodos vitivinícolas. Combret 
de la Nauze e Jacques Kanon, em 
particular, foram engenheiros 
agrônomos que realizaram um 
trabalho importante que resultou na 
seleção de certas variedades de uvas. 
Foi com esta atenção às características 
do terroir que começou a nascer o 
conceito de “cru” para os melhores 
vinhos.
Em 1884, os viticultores de Saint-
Émilion fundaram a primeira União 
de Viticultores na França, que se 
tornou a primeira cooperativa vinícola 
na área de Bordeaux em 1931. E em 
1948, os viticultores restauraram o 
famoso Jurade – dissolvido durante 
a Revolução Francesa – que ainda 
hoje funciona e preserva algumas 
das tradições medievais, como suas 
vestimentas com robes vermelhos 
durante algumas festas da cidade.
Classificação e divisão
A primeira classificação dos vinhos 
Saint-Émilion pelo INAO, o Instituto 
Nacional Francês, que regulamenta 
as denominações, ocorreu em 1954, 
quando quatro denominações foram 
definidas: Lussac Saint-Émilion, 
Puisseguin Saint-Émilion, Saint-
Émilion e Saint-Émilion Grand Cru.
GARAGISTAS
Em 1989, junto com sua esposa, 
Murielle Andraud, o ex-bancário 
Jean-Luc Thunevin adquiriu uma 
pequena parcela de vinhedos 
de aproximadamente 2 hectares, 
chamada originalmente de Vallon 
de Fongaban, que continha vinhas 
de 30 anos. Em 1991, depois de 
uma geada em que mais de 75% 
das frutas foi perdida e de ter 
empregado muito trabalho, o casal 
produziu 106 caixas de um tinto 
cujo nome é a combinação entre 
o nome original da propriedade e 
o sobrenome de Murielle: Château 
Valandraud. Até aí, nada de mais. 
Ocorre que, naquela safra, as uvas 
foram colhidas manualmente e 
levadas para a garagem do vizinho 
de Thunevin. O vinho foi elaborado 
através de técnicas que definiriam 
o estilo de garagem, todas elas 
empregadas por necessidade e falta 
de recursos, e não exatamente por 
uma veia revolucionária de Thunevin. 
Tudo foi feito manualmente desde a 
colheita, até a seleção, o desengaço 
e a prensa das uvas, bem como o 
pigéage (rompimento do chapéu 
de massa sólida do vinho durante o 
processo de fermentação). Somente 
em uma coisa Thunevin não 
economizou, no uso de carvalho 
novo, onde o vinho permaneceu por 
12 meses antes de ser engarrafado. 
Essas técnicas nunca tinham sido 
executadas de forma conjunta antes 
em Bordeaux. Por essas e outras, 
ele teve até mesmo vinho “proibido”. 
Tamanho sucesso assombrou e 
incomodou a velha guarda de 
Bordeaux, tornando o viticultor uma 
espécie de “ovelha negra” da região. 
Robert Parker, ao degustar seus 
vinhos, o apelidou de “o Bad Boy 
de Bordeaux”. E assim criaram-se 
as bases para o movimento que se 
denominaria de “garagista”.
Região une produtores 
tradicionais e também 
inovadores, como Jean-
Luc Thunevin (abaixo)
58 | Revista ADEGA - Ed.181
TERRA DA MERLOT
Esta variedade precoce
gosta de solos com textura
de argila, nos quais pode
expressar seu potencial. Ela
produz grãos maiores, mas
com cascas mais finas que
a Cabernet Sauvignon, por
exemplo. Contribui para
os vinhos com muita cor e
aromas picantes e também
frutados, com destaque
para frutas vermelhas:
morango, groselha preta,
amora, framboesa e cereja.
Dependendo da safra e do
clima, esses aromas podem
adquirir nuances de compota
e notas tostadas após alguns
anos em garrafa. O Merlot
se presta especialmente
bem para ser envelhecido
em barricas, a partir das
quais incorpora notas
amadeiradas, picantes e
aromas de baunilha.
As áreas das duas últimas 
denominações incluem os territórios 
de nove cidades, com Saint-
Christophe-des-Bardes, Saint-
Etienne-de-Lisse, Saint-Hippolyte, 
Saint-Laurent-des-Combes, 
Saint-Pey-d’Armens, Saint-Sulpice-
de-Faleyrens e Vignonet e partes 
da cidade de Libourne. As duas 
denominações estão geograficamente 
interligadas e se beneficiam de 
uma incrível diversidade de tipos 
de solo e subsolo. Embora as duas 
áreas sejam difíceis de distinguir 
geograficamente, apenas os melhores 
vinhos têm direito à denominação 
Grand Cru, que permite os seguintes 
títulos: “Grand Cru Classé” e “Premier 
Grand Cru Classé”.
“As mil propriedades”
Uma característica marcante dos 
vinhedos de Saint-Émilion é seu 
mosaico de parcelas, resultado da 
organização das propriedades no 
final da Idade Média. As quatro 
denominações possuem quase 
970 viticultores e, por isso, Saint-
Émilion é chamada de “a colina das 
mil propriedades”.
A região apresenta um 
microclima temperado oceânico 
com chuvas uniformemente 
distribuídas ao longo do ano 
e verões quentes e secos, sob 
a influência dos rios Isle e 
Dordogne. Eles moderam o calor 
do verão e também o rigor do 
inverno, protegendo contra o 
risco de geadas. A temperatura 
média anual é de 12,8°C. No 
entanto, a variação de temperatura 
e precipitação de um ano para 
o outro pode ser considerável, 
tornando as safras muito 
diferentes entre si.
Lussac Saint-Émilion
Os terroirs de Lussac Saint-Émilion 
são os mais setentrionais das 
denominações Saint-Émilion. A 
colina é composta por calcário 
argiloso ao sul e silte argiloso ao 
norte. A região se beneficia de um 
microclima propício, com chuvas 
moderadas e temperaturas quentes 
de verão. Em Lussac, os vinhedos 
povoam um anfiteatro de planaltos 
e vales com exposição sul, o que 
promove uma boa drenagem 
natural. Eles cobrem uma área total 
de 1.450 hectares ao norte da colina 
Saint-Émilion e produzem 72.000 
hectolitros de vinho anualmente. 
Os vinhos Lussac Saint-Émilion 
são blends com maioria de Merlot 
e proporções menores de Cabernet 
Franc. Estes vinhos geralmente 
apresentam aromas intensos com 
fruta vermelha e notas de alcaçuz, 
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ser bem pequenas
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argiloso
Solo de cascalhoSolo areno-
argiloso da 
base das 
colinas
Solo 
argilo-calcário
ameixa e especiarias. Na boca, 
são elegantes e com boa estrutura 
tânica.
Puisseguin Saint-Émilion
Os vinhedos de Puisseguin Saint-
Émilion estão localizados entre 
a denominação de Lussac Saint-
Émilion e o pequeno rio Barbanne. 
Esta área, que se estende no 
famoso planalto de Saint-Émilion, 
tem uma gama uniforme de solos 
calcários argilosos, com algumas 
manchas de aluvião de cascalho. 
A subcamada é de calcário, 
ideal durante períodos de seca, 
liberando um suprimento de 
água para as videiras. As vinhas 
crescem principalmente em solos 
calcários argilosos com um pouco 
de areia siltosa. A base rochosa 
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62 | Revista ADEGA - Ed.181
é relativamente uniforme e serve 
para conservar a umidade do solo 
de que a Merlot gosta, mesmo 
durante os períodos de seca. A 
Merlot é responsável por 80% das 
vinhas na denominação. A área total 
de vinhedos atinge 730 hectares 
com produção de cerca de 35.000 
hectolitros por ano. Puisseguin 
Saint-Émilion produz tintos que 
apresentam cor densa e profunda 
e uma vasta gama de aromas, com 
textura carnuda e suculenta, mas 
sem ser pesada. 
Saint-Émilion e a Merlot
Por fim, Saint-Émilion e Saint-
Émilion Grand Cru estão em um 
planalto de calcário ao redor da 
cidade. Um vasto terraço de camadas 
de cascalho com argila siliciosa se 
estende em direção a Libourne, com 
as colinas e vales de calcário argiloso 
e a planície de cascalho arenoso 
do vale do Dordogne. Uma grande 
variedade de solos se desenvolveu
em duas formações geológicas 
que deram à região um relevo 
característico: da era terciária (argila 
siltosa, muitas vezes calcária) e da 
era quaternária (cascalho e/ou areia). 
Cinco tipos se destacam. Veja box.
Os vinhos tendem a ter a Merlot 
como protagonista, mas outras duas 
variedades coadjuvantes (Cabernet 
Franc e Cabernet Sauvignon) e outras 
três menores (Malbec – também 
conhecida como Côt ou Pressac –, 
Petit Verdot e Carménère) podem 
aparecer. A maior proporção de 
Merlot na mistura dá um tom 
elegante e refinado aos vinhos. 
Combinada com a Cabernet Franc, 
produz vinhos mais tânicos e muito 
aromáticos. A Franc, por sinal, é 
responsável por quase um terço 
dos vinhedos. Ela amadurece cerca 
de duas semanas após a Merlot. Já 
em composição com a Cabernet 
Sauvignon, tende a gerar um blend 
mais tânico e repleto de sabores de 
frutas vermelhas na juventude. Cerca 
de 10% dos vinhedos da região são de 
Cabernet Sauvignon.
Classificação
Saint-Émilion foi uma das 
primeiras denominações do 
mundo a implementar o controle 
de qualidade através de prova em 
1948. Em 1955, foi estabelecida 
uma classificação de Grands Crus 
para os melhores vinhos sob a 
supervisão do INAO e do Ministério 
da Agricultura francês. Ela foi 
revisada a cada dez anos desde 
então e, portanto, seis classificações 
foram implementadas.
Em 1984, os produtores 
reconheceram que a denominações 
“Saint-Émilion Grand Cru Classé” e 
“Saint-Émilion Premier Grand Cru 
Classé” não correspondiam mais 
à definição comunitária de uma 
denominação. Então seguiu-se um 
processo para revisar como as áreas 
Saint-Émilion e Saint-Émilion Grand 
Cru deveriam ser delimitadas e os 
requisitos para poder aplicar os títulos 
Grand Cru Classé e Premier Grand 
Cru Classé. Em 2006, a classificação 
foi contestada. A batalha jurídica 
gerou diversos problemas para Saint-
Émilion e levou à implementação de 
uma série de medidas para melhor 
regular o processo.
Merlot é a variedade 
que dá o tom dos 
vinhos de Saint-Émilion
EE .11 11 || 666
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64 | Revista ADEGA - Ed.181
CLASSIFICAÇÃO DE
SAINT-ÉMILION 2012
Premiers Grands
Crus Classés
• Château Angélus (A)
• Château Ausone (A)
• Château Cheval Blanc
(A)
• Château Pavie (A)
• Château Beau-Séjour
Bécot
• Château Beauséjour
(Héritiers Duffau-
Lagarrosse)
• Château Bélair-Monange
• Château Canon
• Château Canon la
Gaffelière
• Clos Fourtet
• Château Figeac
• Château la Gaffelière
• La Mondotte
• Château Larcis Ducasse
• Château Pavie Macquin
• Château Trolong Mondot
• Château Trottevieille
• Château Valandraud
Grands Crus Classés
• Château Balestard la
Tonnelle
• Château Barde-Haut
• Château Bellefont
Belcier
• Château Bellevue
• Château Berliquet
• Château Cadet-Bon
• Château Capdemourlin
• Château Chauvin
• Château Clos de Sarpe
• Château Corbin
• Château Côte de Baleau
• Château Dassault
• Château Destieux
• Château Faugères
• Château Faurie de
Souchard
• Château Fleur Cardinale
• Château Fombrauge
• Château Fonplégade
• Château Fonroque
• Château Franc Mayne
• Château Grand Corbin
• Château Grand
Corbin-Despagne
• Château Grand Mayne
• Château Grand-Pontet
• Château Guadet
• Château Haut-Sarpe
• Château Jean Faure
• Château La Fleur
Morange
• Château Laniote
• Château Larmande
• Château Laroque
• Château Laroze
• Château Le Prieuré
• Château Monbousquet
• Château Moulin du
Cadet
• Château Pavie Decesse
• Château Peby Faugères
• Château Petit Faurie de
Soutard
• Château Quinault
l’Enclos
• Château Ripeau
• Château Rochebelle
• Château Saint-Georges-
Cote-Pavie
• Château Sansonnet
• Château Soutard
• Château Tertre Daugay
• Château Villemaurine
• Château Yon-Figeac
• Château de Ferrand
• Château de Pressac
• Château l’Arrosée
• Château la Clotte
• Château la
Commanderie
• Château la Couspaude
• Château la Dominique
• Château la Marzelle
• Château la Serre
• Château la Tour Figeac
• Château le Chatelet
• Château les Grandes
Murailles
• Clos Saint-Martin
• Clos de l’Oratoire
• Clos des Jacobins
• Clos la Madeleine
• Couvent des Jacobins
A sexta e última classificação, 
publicada em 6 de setembro 
de 2012, resultou de um 
novo procedimento que foi 
inteiramente regulado por 
organismos de certificação 
externos e a degustação dos 
vinhos é uma parte substancial. 
Para averiguar o nível de 
qualidade e regularidade 
dos rótulos, foram avaliadas 
10 safras dos candidatos ao 
título “Grand Cru Classé” e 
15 para os que pretendem ser 
reconhecidos como “Premier 
Grand Cru Classé”. Após 10 meses 
de trabalho, a lista apontou 
82 propriedades, incluindo 
64 Grands Crus Classés e 18 
Premiers Grands Crus Classés 
(sendo quatro agraciados com 
o nível “A”). Confira no box os 
classificados.
Patrimônio inestimável
Em 1999, Saint-Émilion se 
tornou a primeira região 
vitivinícola a ganhar o 
status de Patrimônio 
Mundial da UNESCO. 
Depois dela, outras tantas se 
candidataram e acabaram 
sendo reconhecidas. A região 
ostenta alguns châteaux 
históricos de Bordeaux, como 
Cheval Blanc e Ausone, por 
exemplo, mas também outros 
inovadores, como o “garagista” 
Valandraud, de Jean-Luc 
Thunevin, por exemplo. Foi 
nesta denominação, aliás, 
que surgiram as bases do 
“garagismo” (veja box). Em 
uma área de quase 5,5 mil 
hectares, tradição e inovação 
convivem e dão sustento a 
uma denominação singular.
“Jurade” de Saint-
Émilion até hoje 
ajuda a controlar 
a qualidade dos 
vinhos locais e 
preserva suas 
tradições
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GRANDES
 Ed.181 | 67
UMA 
GRANDE 
JORNADA
Qualimpor comemora 25 anos e celebra com degustação 
especial e vinho para homenagear seu patriarca
por Arnaldo Grizzo
UM MENINO FRANZINO QUE, QUANDO 
adulto, provou seu valor, entre outros lugares, 
numa quadra de tênis. Durante os anos 1940 e 
1950, José Roquette, o Nica, pai dos irmãos José, 
Jorge e João, foi um dos melhores jogadores 
de tênis de Portugal, disputando torneios 
internacionais. Anos depois, três de seus oito 
nome da família para além dos limites das terras 
portuguesas, desta vez com vinho.
Muito desse sucesso deve-se ao trabalho 
feito no Brasil, que não foi por acaso. Após a 
Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974, 
os Roquette atravessaram o Atlântico e aqui 
viveram por cinco anos. Após esse período, 
João, o mais novo dos irmãos (hoje com 64 
terra que os acolheu. Anos mais tarde, quando a 
vinícola de José, a Herdade do Esporão, visava 
importadora foi lançado.
Assim, João criou a Qualimpor em 1995. No 
início, além do vinho, sugeriu a José (com 84 
anos) que produzisse também azeites. A fórmula 
deu resultado e, poucos anos depois, a empresa 
passou também a representar a Quinta do Crasto 
– de seu outro irmão, Jorge (com 83 anos). No 
entanto, o que poderia ter muito bem estagnado 
como um negócio familiar com duas grandes 
marcas, mostrou-se promissor e consolidou a 
empresa como um dos 25 maiores importadores 
de vinho do Brasil, e 3º maior importador de 
vinhos

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