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| ANO XV - NO 181 - R$ 20,00 – € 4,00 IS S N 1 8 18 -3 72 2 Filtrar o vinho ou não? Muito além da estética DEGUSTAÇÃO EXCLUSIVA ÍCONES E SAFRAS HISTÓRICAS Qualimpor 25 anos Saint-Émilion Guia completo Vinhos antigos Cuidados ao conservar, abrir e servir Aldo Conterno O mais virtuoso do Piemonte Harmonização Receitas com vinho Questões familiares HÁ MUITAS EMPRESAS familiares no mundo do vinho. Um ancestral, que tinha uma pequena propriedade, passou a cultivar videiras e produzir vinhos e essa tradição é carregada de geração em geração até chegar aos nossos tempos. Famílias tradicionais, às vezes, criam verdadeiros impérios vitivinícolas, indo além do território onde nasceram. Um exemplo são os Roquette, de Portugal. A família está ligada ao vinho há bastante tempo, com propriedades principalmente no Alentejo e no Douro. Contudo, eles também têm boa parte de sua história ligada ao Brasil. Após a Revolução do Cravos, viveram aqui por alguns anos, retornando posteriormente. Um deles, no entanto, decidiu ficar. Anos mais tarde, seria responsável por distribuir os vinhos da família em todo o país. Foi assim que, há 25 anos, começou a história da Qualimpor, fundada por João Roquette. Para celebrar a data histórica, reuniram-se alguns dos maiores ícones de safras históricas das marcas representadas pela Qualimpor, que ADEGA provou com exclusividade. Além dessa prova espetacular, nesta edição ADEGA ficou de olho em uma das mais aclamadas regiões de Bordeaux: Saint-Émilion. Uma denominação marcada por alguns Editorial DIREÇÃO PUBLISHER Christian Burgos - christian@innereditora.com.br DIRETORA DE OPERAÇÕES Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br REDAÇÃO EDITOR Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br EDITOR CADERNO SABOR Robert Halfoun - robert@sabor.club CONSELHO EDITORIAL Guilherme Velloso e Robert Halfoun DIRETOR DE ARTE Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br EDITOR DE VINHO Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br COLABORADORES André Mendes, Christiane Miguez, Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Mauricio Leme e João Paulo Gentille (texto) PUBLICIDADE publicidade@innereditora.com.br +55 (11) 3876-8200 – ramal 11 REPRESENTANTES COMERCIAIS Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br MARKETING COORDENADOR Vinícius Araújo - vinicius@innereditora.com.br ARTE Leandro Soares - arte2@innereditora.com.br INTERNATIONAL SALES Estados Unidos Inner Publishing - sales@innerpublishing.net FINANCEIRO financeiro@innereditora.com.br CIRCULAÇÃO R.Scola Marketing Editorial ASSINATURAS assinaturas@innereditora.com.br +55 (11) 3876-8200 Distribuição nacional por SMLOG Soluções em Marketing e Logística. ASSESSORIA JURÍDICA Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br IMPRESSÃO Grass Indústria Gráfica Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda. A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e concei- tos emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). www.revistaadega.com.br nomes clássicos, mas também por produtores revolucionários, que ajudaram a dar origem ao movimento garagista, por exemplo. Então, preparamos um guia para você compreender melhor os vinhos desse local fantástico. Já que falamos de vinhos de safras históricas e de uma região capaz de produzir rótulos extremamente longevos, que tal entender os cuidados que devemos ter ao conservar, abrir e servir vinhos antigos? Confira nossas dicas e evite “sacrificar seus anciões”. Tratamos aqui também de um assunto que, à primeira vista, pode até parecer banal e sem grande relevância para o vinho: a filtração. Alguns podem pensar que ela serve apenas para deixar o líquido límpido, certo? Errado. Confira nosso artigo e descubra que há muito mais em jogo do que apenas uma questão estética. E há mais: a história do renomado produtor piemontês Aldo Conterno, uma prova de grandes Gevrey-Chambertin, o rótulo nacional que venceu prêmio de design, a vinícola em Provence que parece feita de bloquinhos de construção, pratos feitos com vinho e outras tantas histórias e vinhos selecionados para você. Saúde, Christian Burgos e Arnaldo Grizzo Família criou vinho especial em homenagem ao patriarca dos Roquette, Nica Sumário 06 Cartas e mais... 78 Harmonização 90 94 Grandi Cantine 66 Grandes degustações 54 DOC 34 Drops 38 44 36 86 Curiosidades99 ADEGA 52 Degustação 10 77 Saúde 107 Clube ADEGA Pontos James Suckling Para entender por que Don Melchor recebeu a pontuação perfeita, basta sentir seu aroma único, que equilibra flores, groselha negra, framboesa e pêssego, ou observar como seu corpo é amplo e refinado ao mesmo tempo. Ao apreciar, você sentirá taninos delicados, a beleza do terroir de Puente Alto e um final prolongado, que explica por que ele é um dos melhores Cabernet Sauvignon do mundo. Conheça o vinho perfeito Don Melchor 2018 B E B A C O M M O D E R A Ç Ã O 6 | Ed.181 Cartas Clássico desaparecido? Lendo a revista ADEGA número sobre o por que você deve provar os clássicos, minha pergunta é: “existe algum vinho que, como os demais, começou pequeno, tornou-se Caro Adauto, boa questão, que merece uma pesquisa mais detalhada, mas de bate-pronto poderíamos citar o Constantia, por exemplo, que foi um vinho aclamado no século XIX, quase desapareceu e só foi revivido recentemente na África do Sul. Seguindo essa linha de raciocínio, um ícone “medieval” foi o Commandaria do Chipre, que hoje ainda existe, mas sem a relevância que já teve. Se voltarmos mais ainda no tempo, acharemos alguns clássicos romanos que, estes sim, desapareceram por completo. Mais recentemente o Château Dubignon, que era um Troisième Bordeaux, deixou de existir, sendo incorporado pelo Château Malescot deve ter ainda outros exemplos. @jayme_souza_jr GUIA ADEGA PORTUGAL O NEGÓCIO DO VINHO DURANTE A PANDEMIA BON JOVI, CAMERON DIAZ, JOHN MALKOVICH FAMOSOS LANÇAM SEU ROSÉS O VINHO DOS TEMPLÁRIOS ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O NOVO CEO DE ALMAVIVA DOMAINE COCHE-DURY O ÍCONE BRANCO DA BORGONHA RAIO-X FRANÇA AS REGIÕES, DENOMINAÇÕES, CLASSIFICAÇÕES, UVAS E GRANDES PRODUTORES OS DESTAQUES DO NOVO AN O XV - NO 1 78 - R$ 2 0, 00 – € 4 ,0 0 IS SN 1 80 8 37 22 8 | Ed.181 O cacho todo “Vi que algumas vinícolas colocam apenas as uvas no tanque, mas outras colocam o cacho todo para fermentar. Por quê?”, pergunta o leitor Leonardo Rener estrutura tânica de um vinho. Essa técnica é geralmente usada em uvas que apresentam menor presença de antocianinas – um composto fenólico que, entre outras coisas, ajuda a dar intensidade de cor (no caso das tintas) – e taninos. Por isso, essa técnica é bastante usada na Borgonha, terra da Pinot Noir, por exemplo. Quando são usados cachos inteiros, pode ocorrer um fenômeno de fermentação intracelular – ou seja, uma fermentação anaeróbica que acontece dentro de um grão intacto que faz com que ele se decomponha sozinho. Isso produz sabores diferentes e altera a composição aromática do vinho. No entanto, a fermentação do cacho inteiro não é o mesmo que maceração carbônica (veja box), mesmo que alguma fermentação intracelular ocorra em ambos os processos. Vinhos tintos fermentados com cachos inteiros tendem a ter aromas mais herbáceos, especiados e, muitas vezes, com perfumes brancos, a utilização de uvas desengaçadas ou cachos inteiros também costuma alterar a estrutura do vinho. Com cachos inteiros, geralmente preserva-se melhor o frescor, pois (a não ser que haja muita pressão) poucos compostos fenólicos e potássio (que suaviza a acidez) são retirados da casca da uva. E, por outro lado, com uvas desengaçadas, costuma-se ter mais compostos aromáticos nesses brancos. Ou seja, a opção de usar os engaços ou não depende do estilo pretendido pelo produtor. Em muitas ocasiões, mesmo quando usam cachos inteiros, eles preferem mesclar, fermentando parte do vinho dessa forma e outra parte com engaços, buscando um equilíbrio. ADEGA Responde A TÉCNICA DE FERMENTAR COM cachos inteiros, sem tirar os engaços, não é incomum. Aliás, antigamente, o incomum era fermentar apenas os grãos de uva. Era bem mais fácil (e ainda é), cortar os cachos na videira e jogar tudo dentro do tanque para os frutos. Colocar somente as uvas para fermentar é algo trabalhoso e que só se tornou comum após o surgimento de mecanismos próprios para isso. Retirar os engaços antes da provavelmente terá uma carga tânica um pouco menos intensa (pois há maior concentração de taninos nas partes verdes da planta do que nas cascas, por exemplo) e tons menos herbáceos, fazendo com que apenas a essência da polpa das uvas apareça na bebida. Mas então por que se usam cachos inteiros? A fermentação com cachos inteiros afeta o aroma, a textura e a BRANDED CONTENT E m busca da expressão máxima do terroir Campanha Gaúcha, a Vinícola Aurora apresenta a linha Gran Reserva, nas variedades Tannat e Cabernet Sauvignon, ambos da histórica safra 2018. A linha Gran Reserva faz parte do projeto da empresa que mostrará a diversidade do vinho brasileiro, com castas emblemáticas de diferentes regiões do país. Os dois rótulos completam o portfólio que abrange 13 marcas, com 220 itens Com a potência característica da variedade, o Auro Gran Reserva Tannat 2018 tem coloração rubi intensa, aroma com intensidade média alta, lembrando frutas vermelhas como framboesa, groselha, ameixa e toque mentolado, além de notas de madeira tostada, já que o vinho tem passagem de 12 meses por barricas de carvalho francês. Apresenta boa acidez, tanino potente agradável, com bom volume de boca, boa estrutura e tem grande potencial de guarda. De coloração semelhante e mesmo potencial de guarda, o Aurora Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2018 tem aroma que lembra frutas negras maduras, especiarias, cravo e eucalipto, notas de madeira tostada, café e chocolate. No paladar é um vinho de excelente equilíbrio álcool/acidez, com tanino maduro aveludado, de corpo médio alto e boa estrutura. O enólogo-chefe da Aurora, Flávio Zilio, adianta que os vinhos Aurora Gran Reserva foram elaborados com uvas de excelente maturação, sem uso de chaptalização (que é a adição de açúcar no mosto utilizada para elevar a graduação de álcool), e com as variedades que mais se adaptaram à Campanha Gaúcha. Em maio deste ano, a região foi reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) com a Indicação Geográfica (IG) para os vinhos e espumantes, se juntando às outras seis IGs de vinhos no Rio e do Sul. stamos escrevendo mais uma página muito importante tória de quase 90 anos da vinícola, com dois grandes tos que vão surpreender o consumidor que busca ades e vinhos especiais, de uma grande safra”, garante. Zilio acrescenta que a empresa levou em conta a a aceitação do mercado brasileiro para as variedades annat e Cabernet Sauvignon. jetivo da Vinícola Aurora. Queremos levar vinhos de alidade cada vez maior para os consumidores, propor periências diferentes em cada garrafa e estarmos abertos evolução que o universo do vinho nos proporciona”, diz. Os vinhos Gran Reserva 2018 tem edição limitada e 27,5 mil garrafas de cada variedade. O preço de ferência (na loja da vinícola, em Bento Gonçalves) é e R$ 69,90. Os rótulos já podem ser encontrados em jas especializadas nos estados de São Paulo (SP), Rio rande do Sul (RS), Paraná (PR) e Santa Catarina (SC). ora , e Grande “E na hist produt novida boa Ta obj qu exp à e de ref de loj Gr VINÍCOLA AURORA LANÇA LINHA GRAN RESERVA COM RÓTULOS DA CAMPANHA GAÚCHA Empresa expande fronteiras com os vinhos Tannat e Cabernet Sauvignon, variedades que expressam o terroir da região que recentemente recebeu o certifi cado de Indicação Geográfi ca (I.G.) Aurora Gran Reserva são vinhos que harmonizam com carnes e têm ótimo potencial de guarda e chegam nas variedades Cabernet Sauvignon e Tannat Ed ua rd o Be ni ni 10 | Ed.181 Mundovino Uma troca incomum Um caso revelado anos depois deu o que falar no mundo do vinho. Durante uma refeição, em 2002, no restaurante Balthazar, em Nova York, a equipe de sommeliers teria cometido um equívoco que repercutiu no mundo todo. Segundo Keith McNally, dono do restaurante, na época, um casal solicitou uma garrafa de um Pinot Noir de US$ 18, mas foi servido com uma de Mouton Rothschild 1989 de US$ 2000. A confusão teria sido causada pelo vinhos terem sido servidos em decanteres idênticos já que, na mesa ao lado, um grupo de quatro empresários havia solicitado uma garrafa do château bordalês. De acordo com McNally, nenhum dos clientes pareceu inicialmente detectar o erro e o gerente do Balthazar jantar de negócios elogiou a pureza do vinho mais barato. O gerente, contudo, percebeu o erro depois de cinco minutos. O dono então disse que correu para o restaurante e decidiu confessar, apesar de ambas as mesas estarem desfrutando de sua noite com os o Mouton do casal. “O casal estava em êxtase com o erro do restaurante e me disse que era como se o banco cometesse um erro a seu favor. O problema é que fui eu O VINHO CERTO EM QUALQUER MOMENTO. Há 20 anos a Word Wine se dedica a pesquisar, em cada lugar do mundo, os melhores vinhos, aqueles capazes de transformar momentos comuns em experiências únicas. São mais de 1.500 rótulos de 13 países produtores, para que você possa escolher aquele que melhor combina com seu estilo, companhia e momento. Para quem já nos conhece, ou ainda não, queremos ser a referência do mundo dos vinhos, verdadeiros curadores de experiências. VISITE NOSSAS LOJAS Acesse o QRCODE e encontre a loja mais próxima. PEÇA PELO DELIVERY OU RETIRE POR DRIVE-THRU E-COMMERCE TELEVENDAS worldwine.com.br (11) 4003-9463 APROVEITE frete grátis para SP e RJ, nas compras acima de R$ 300,00, por tempo limitado ES TE P R O D U TO É D ES TI N AD O A A D U LT O S /worldwine /worldwinebrasil 12 | Revista ADEGA - Ed.181 UVAS Sobe e desce das variedades As castas de uvas que mais aumentaram e mais caíram no novo milênio Variedades que mais cresceram entre 2000 e 2016 Tempranillo – de 93.370 ha para 219.379 ha – aumento de 126.009 ha Cabernet Sauvignon – de 223.074 ha para 310.671 ha – aumento de 87.597 ha Syrah – de 102.490 ha para 181.185 ha – aumento de 78.695 ha Sauvignon Blanc – de 65.190 ha para 124.700 ha – aumento de 59.510 ha Chardonnay – de 145.543 ha para 201.649 há – aumento de 56.106 ha Variedades que mais encolheram entre 2000 e 2016 Airén – de 387.978 ha para 203.801 ha – diminuição de 184.177 ha Mazuelo – de 127.692 ha para 47.312 ha – diminuição de 80.380 ha Graševina – de 92.306 ha para 24.384 ha – diminuição de 67.922 ha Garnacha Tinta – de 216.349 ha para 150.096 ha – diminuição de 66.253 ha Bobal – de 100.128 ha para 59.189 ha – diminuição de 40.939 ha A publicação Which Winegrape Varieties are Grown Where aponta que “a extensão da diversidade varietal diminuiu globalmente” e atribuiu isso a “mudanças dramáticas” na composição da variedade de uva em certos países, e ao declínio nas variedades de qualidade inferior, outrora amplamente cultivadas. Em termos de origem da variedade de uva, os autores Kym Anderson e Signe Nelgen descobriram que os vinhedos no Novo Mundo compreendiam em média 68% de variedades de origem francesa (dados de 2016), em comparação com 59% em 2000. No entanto, as plantações de variedades espanholas no Novo Mundo caíram de 5% para 3%, enquanto as variedades italianas continuaram a constituir 2% das plantações. Quando visto em um nível global, as variedades de origem francesa permanecem dominantes. Em 2000, as uvas francesas e espanholas representavam quase três quintos da área de vinhedos do mundo. Entre 2000 e 2016, o plantio de variedades de origem francesa aumentou de 29% para 39%, e as espanholas diminuíram de 29% para 21%. Confira as cinco variedades de uvas que mais se expandiram e contraíram no mundo. Digno heredero de Baron Philippe de Rothschild en tierras Chilenas I M P O R TA D O R A O F I C I A L W O R L D W I N E . C O M . B R Escudo Rojo, a tradução literal do nome Rothschild em espanhol. Nascido no Valle del Maipo, Escudo Rojo é o resultado do encontro entre os terroirs chilenos e o savoir-faire francês da Baron Philippe de Rothschild. www.escudo-rojo.com / @escudorojo.official / @EscudoRojo.official E ST E PR O D U TO É D ES TI N A D O A A D U LT O S 14 | Ed.181 Magnum e safrada Criada em 1998 para celebrar os 25 anos de presença da Chandon no Brasil, segundo Philippe Mével, enólogo chefe da casa, a linha Excellence sempre é safrada, mas nunca ostentou isso em seu rótulo. Em uma reunião com ele, degustamos o Chandon Excellence Magnum 2008, a primeira Chandon vintage. Foram elaboradas apenas 800 garrafas numeradas e assinadas pelo enólogo. A escolha do formato magnum foi justamente para privilegiar a evolução em outras séries limitadas em safras especiais. A safra de 2008 se iniciou com o rigoroso inverno de 2007, que terminou de maneira perfeita e as videiras escaparam das chuvas na foram secos e noites frias. Conversamos também sobre as duas safras badaladas mais recentes e Mével avalia que 2018 foi especial para os vinhos tranquilos, mas que 2020 foi excepcional para tranquilos e espumantes. CHANDON EXCELLENCE CUVÉE Chandon, Rio Grande do Sul, Brasil (R$ 500). Um corte de Pinot Noir (50,7%) e Chardonnay (49,3%), oriundos de vinhedos de Garibaldi charmat longo com dois anos sobre as lias, mais Chandon no território dos espumantes de autor. Tem 12,5% de álcool. CB AD 92 Os rótulos da Domno Importadora foram premiados com medalhas de Ouro e Grande Ouro no Brazil Wine Challenge, um dos mais importantes concursos do cenário vitivinícola brasileiro. A excelência faz parte do nosso DNA by A ld ei a .b iz A p re ci e c om m od er aç ão www.domno.com.br 16 | Ed.181 *KLINGON Um ano após o lançamento dos Star Trek Wines, a empresa por trás de sua criação expandiu sua gama com o Klingon Bloodwine 2018 e um vinho branco. Envasado em uma garrafa mergulhada em cera, ele é feito de Cabernet Sauvignon e produzido pela E2 Family Winery em Lodi, Califórnia. que aparece na série Star Trek – Jornada nas consultaram membros do KAG (Klingon Assault Group) e do KLI (Klingon Language Institute) ao criar a embalagem e o material de marca relacionado. Cada garrafa custa US$ 50 e o lançamento foi feito em 17 de A segunda adição à linha é o United Federation of Planets Sauvignon Blanc, uma edição limitada projetada para acompanhar o United Federation of Planets Old Vine Zinfandel, que foi lançado no ano passado. A garrafa que traz detalhes de design dos uniformes usados em Star Trek: The Next Generation, e custa US$ 40. A linha está disponível exclusivamente em startrekwines.com e foi criada pela empresa americana de estilo de vida Wines That Rock em colaboração com a ViacomCBS Consumer Products. Os vinhos são produzidos pela Vinícola Família E2 e também pelo Château Picard em St- Estèphe. bIjatlh ‘e’ yImev. yItlhutlh! a Perdeu o trem O proprietário do Château Tanunda, John Geber, perdeu uma batalha judicial para tentar manter uma pequena linha ferroviária em Barossa Valley, na Austrália, na qual esperava operar um trem turístico. Ele e Stephan Knoll, ex-ministro dos Transportes, estavam em desacordo sobre um trecho da via, com cerca de 120 metros de comprimento. Os tribunais, contudo, decidiram a favor de Knoll. Geber esperava administrar um para turistas na antiga trilha para levá-los para cima e para baixo na famosa região vinícola, mas uma rotatória proposta por Knoll colocou tudo a perder. Geber possui os três vagões do Barossa Wine Train que costumavam percorrer os trilhos, bem como a antiga estação do Château Tanunda, que costumava ser uma parada na antiga linha Adelaide-Truro. A linha ferroviária agora passa por muitos vinhedos, bem como por cidades como Tanunda e Nuriootpa, onde muitos dos produtores famosos da região estão baseados; incluindo Penfolds e Jacobs Creek. Tanunda e parece que há planos de operá-lo no trecho restante da linha, parando antes de Nuriootpa. “Estou esperançoso agora de ter uma experiência ferroviária cênica mais curta. Um trem histórico sem de 87 vinícolas de Barossa e dar um 18 | Ed.181 ROLHA INTELIGENTE Cientista português cria vedante capaz de evitar fraudes A Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma rolha que vai permitir, através de um smartphone ou computador, receber informações sobre o vinho inseridas dentro do vedante de cortiça. Nome da bebida, números de série, do lote e da produção e a origem são apenas alguns dos dados a que o consumidor poderá ter acesso com um simples clique. O segredo da está no interior onde, envolvida pela cortiça, há um circuito eletrônico e uma minúscula antena que emite a informação. O projeto da UA pretende contornar as fraudes a que os rótulos das garrafas podem estar sujeitos. “A rolha tem uma antena que integra um chip RFID mesmo que é utilizado, por exemplo, nos acessos a transportes públicos, gestão de acesso a edifícios ou nos explica Ricardo Gonçalves, inventor do dispositivo. Ele garante que o sistema, garrafas através da rolha sem depender de rótulos que podem ser removidos Para obter o número de informações sobre o líquido é preciso um leitor RFID compatível. Mas a ideia é que, brevemente, os dados possam também ser acessados através de um smartphone ou tablet sem necessidade de outro equipamento. Gonçalves ainda pretende instalar na cortiça um sensor de temperatura através do qual “vai ser possível criar um histórico das temperaturas a que a bebida esteve Opus One nomeia novo CEO Christopher Lynch vai suceder a David Pearson no comando da vinícola Opus One, no Napa Valley. Lynch tem mais de 30 anos de experiência na indústria de vinhos em empresas como E&J Gallo, Chandon Estates da LVMH, Pernod Ricard, Beam Wine Estates e Terlato Wine Group. “Eu desenvolvi uma paixão por vinho enquanto vivia França nos primeiros estágios da minha “Tenho a honra de ser selecionado como o próximo CEO para esta marca de vinho icônica e espero trabalhar com a equipe da Opus One para continuar a construir algo sobre o legado e a visão dos cofundadores barão Philippe de Pearson estava na empresa desde 2004, quando a Constellation Brands se tornou a nova parceira da joint venture após comprar a parte de Mondavi. “Estou com sua experiência, seu know-how e seu vasto conhecimento do mundo dos e continuará a impulsionar o sucesso Philippe Sereys de Rothschild, membro do conselho e presidente do Opus One. 20 | Ed.181 Sting e Cotarella Il Palagio, a propriedade toscana do músico Sting e sua esposa, a atriz Trudie Styler, contratou o enólogo Riccardo Cotarella para supervisionar os vinhedos e a produção de seu vinho. Cotarella, de 72 anos, é enólogo consultor e planeja se concentrar em fazer vinhos com as designações Chianti e (IGT), começando com a colheita 2020. “É importante na vida mesmo e às suas decisões e sempre buscar maneiras de se desenvolver, crescer e se Sting e Styler em nota divulgada pela vinícola. “O objetivo é fazer grandes vinhos atendendo ao potencial do A atual variedade de vinhos inclui o Sister Moon, uma mistura de 60% de Sangiovese, 30% de Cabernet Sauvignon e 10% de Merlot; Casino delle Vie, com 95% de Sangiovese e 5% de Cabernet; e Chianti When We Dance, 90% Sangiovese mais partes iguais de Colorino e Canaiolo. Cotarella planeja revisar os blends. Há também alguns novos projetos em andamento, além de um novo visual para a marca que será lançado no próximo ano. Uma edição limitada 100% Merlot da safra de 2017 chamada Il Palagio 1530 está programada para ser lançada na Vinitaly 2021; há também uma mistura de estilo Bordeaux e um espumante rosé de método tradicional baseado em Sangiovese que será lançado após quatro anos. Sting e Styler compraram a propriedade Il Palagio em 1997. O casal investiu milhões restaurando a villa, seus jardins e vinhedos, e está comprometido com a produção de vinho. 22 | Revista ADEGA - Ed.181 Durante uma batida em um armazém perto de Milão, a polícia italiana apreendeu 80.000 itens, incluindo rótulos, tampas, garrafas e caixas de madeira, que se acreditava destinadas a falsifica cerca de 6.600 garrafas de Sassicaia 2015. Segundo as autoridades, se os vinhos fossem reais, o valor de mercado teria sido de quase € 2 milhões. A polícia também diz ter interceptado uma entrega de 41 caixas da safra 2015 “pronta para ser vendida”. Ela afirmou acreditar que os falsificadores produziam cerca de 700 caixas de vinho falsificado por mês, o que renderia cerca de 400 mil euros. Não ficou claro, contudo, há quanto tempo a operação está em andamento, mas supõe-se que há mais de um ano. Segundo a polícia, um vinho da Sicília estava sendo usado nas garrafas, que vieram da Turquia, enquanto os rótulos, tampas, engradados e papel de seda para imitar a embalagem vieram principalmente da Bulgária. Houve evidências de clientes fazendo pedidos para os vinhos, especialmente compradores coreanos, russos e chineses. Onze pessoas suspeitas de envolvimento na operação de falsificação estavam sob investigação. Sassicaia falso Rede de falsificação é desbaratada pela polícia italiana Nova denominação Nyons é a mais nova denominação de Côtes du Rhône Villages Uma nova denominação de Côtes du Rhône Villages, chamada Nyons, foi oficialmente concedida pelo Institut National des Appellations d’Origine (INAO) em 15 de outubro. Assim, agora há 22 denominações com o nome geográfico de Côtes du Rhône Villages. A nova denominação está sendo elaborada há 22 anos desde que a associação de produtores locais fez seu pedido original em 1998. O presidente da denominação, Pierre-Michel More, diz que “o dossiê foi apresentado várias vezes, mas em cada ocasião, havia um pequeno detalhe que precisávamos trabalhar”. O principal problema era uma dependência excessiva da Grenache, então os produtores aumentaram as plantações de Syrah. A outra variedade de uva principal cultivada é a Mourvèdre, com muito pouca Cinsault ou Carignan. A denominação faz apenas vinhos tintos secos. A nova denominação cobre uma área de aproximadamente 300 hectares na parte nordeste do Rhône Meridional. A área de cultivo está distribuída por quatro comunas no sul do Rhône: Nyons, Mirabel-aux-Baronnies, Piégon e Venterol. A maioria dos vinhedos fica em encostas, chegando a 300 metros de altitude. Os solos são predominantemente argilo-calcários resultantes da erosão das encostas. Os enólogos terão permissão para usar a denominação a partir da safra de 2020, e os primeiros vinhos serão lançados no mercado em 2021. Antes de Nyons, Saint-Andéol havia sido a última comuna a receber a denominação Côtes du Rhône Villages, em 2018. SE JA R ES PO N SÁ V EL , B EB A C O M M O D ER AÇ ÃO Fo to gr afi a de u m a m an ta tí pi ca d a Fá br ic a A le nt ej an a de L an i� ci os d e Re gu en go s de M on sa ra z. Pa rt e da id en tid ad e cu ltu ra l d a Re gi ão d o A le nt ej o. E SP O R A O �C O M @ ES P O R A O W O R LD #O A LE N TE JO M O N TE V EL H O #I ST O ÉE SP O R Ã O IMPORTADO EXCLUSIVAMENTE PELA QUALIMPOR WWW.QUALIMPOR.COM.BR (11) 5181-4492 24 | Ed.181 Sem luz Um produtor esloveno chamado Radgonske Gorice decidiu inovar e criar um rótulo de espumante intitulado Untouched by Light (não tocado pela que esse é o primeiro produto do gênero, colhido e amadurecido na escuridão. Radgonske Gorice se inspirou nas pesquisas conduzidas em 1989 pela professora Ann C. espumante e seu vinho base. Vários estudos mostraram que os raios ultravioleta do sol ou das frutas e adicionar notas desagradáveis. Embora esses sabores sejam semelhantes aos causados pela redução, “a redução é reversível, o Ao fazer um vinho espumante com exposição mínima à luz, visa-se “preservar os componentes aromáticos originais do vinho, tanto quanto o mínimo de luz possível, as uvas são colhidas à noite usando óculos de visão noturna. Durante o transporte, elas são cobertas pela lona. O enólogo Klavdija Topolovec Špur observou que às vezes os trabalhadores precisam usar o sentido do tato para concluir o trabalho na adega, que inclui remuage e dégorgement. O vinho base é colocado em garrafas feitas de 99,8% de vidro preto e amadurecido na escuridão na adega de 166 anos da propriedade localizada em cavernas naturais. Antes da liberação, as garrafas são seladas a vácuo em uma folha negra. Apenas 2.000 garrafas foram feitas, mas o produtor pensa em expandir para 3.000 no próximo, produtor sugere que os sommeliers sirvam o vinho em um ambiente escuro e em taças pretas, embora admita Uvas são colhidas os trabalhadores usando óculos de visão E 8 ||| 25 miolo.com.br | @grupomiolo Sua nova sensação. 26 | Ed.181 Fênix Para a safra 2018, o Château Angélus, virá com uma fênix vermelha gravada em suas garrafas. “Assim como a fênix, a videira está em renovação perpétua. Porém, em cada ciclo, o que isso nos dá é diferente. E às vezes um comunicado. A safra 2018 foi também o primeiro ano em que Angélus trabalhou de forma totalmente orgânica e introduziu ânforas para o envelhecimento dos seus vinhos. A safra de 2018 foi difícil em Bordeaux, marcada por um inverno úmido e primavera chuvosa que causou uma dar lugar a um verão glorioso e início do outono que ajudou a recuperar a safra. “Naquele ano, as condições climáticas eram tais que nossas mentes se encheram de dúvidas e preocupações até meados de julho. Vigilância, determinação e rigor no dia a dia permitiram-nos ultrapassar essas completamente. De repente, os obstáculos desapareceram e se estabeleceram condições gloriosas que permitiam que as uvas amadurecessem sem nunca serem queimadas pelo sol; e assim como a fênix que ressuscitou das cinzas, 2018 produziu uma safra tão improvável quanto generosa e Contra as pragas do homem e do vinhedo Cientistas e vinicultores estão explorando o uso de lâmpadas ultravioleta, que vêm sendo empregadas em sistemas HVAC para reduzir a ameaça do COVID-19, como uma arma contra o mofo nas vinhas. Embora os cientistas já saibam há vários anos que a luz ultravioleta mata bactérias, vírus e fungos, a maneira exata de aplicar seus achados em um campo de trabalho ou vinhedo “A pesquisa sobre o uso de luz ultravioleta para matar os patógenos do oídio não é nova. Mas acelerou com a descoberta de que o UV é muito patologista de plantas da Cornell AgriTech. Gadoury e sua equipe descobriram que montar lâmpadas ultravioleta em tratores ou enviar robôs autônomos aos vinhedos à noite pode embaralhar o DNA do mofo e matá-lo com mais rapidez, segurança e o DNA de muitos organismos, mas o bolor desenvolveu defesas bioquímicas contra esse dano, usando um processo de reparo que requer o componente de luz azul da luz solar. “O que nos possibilita usar UV para controlar esses patógenos de plantas é que o aplicamos à noite, quando os patógenos não recebem luz azul e o mecanismo de reparo do DNA não Gadoury disse que o tratamento UV requer cerca de quatro horas de escuridão após a Ele acrescenta que em mais de três anos de testes, as aplicações de luz ultravioleta funcionaram tão bem ou melhor do que as aplicações comerciais de fungicidas comumente usadas contra o oídio. 28 | Revista ADEGA - Ed.181 Fogo novamente Novo incêndio na Califórnia pode comprometer a safra 2020 Desde setembro, um incêndio de grandes proporções, chamado Glass, vem assolando regiões vinícolas da Califórnia, especialmente em Napa e Sonoma. Muitos acreditam que, devido à fumaça e ao fogo, poucos vinhos serão feitos neste ano. “É um dos anos mais tristes de todos os tempos. Normalmente, a colheita é uma época feliz. Temos muito, muito pouca esperança”, disse o enólogo Phillipe Melka, consultor de mais de 20 propriedades na região. Ele estima “possivelmente 70% dos vinhos serão desclassificados”. Outro enólogo, Thomas Rivers Brown, acredita que apenas 20% da safra de Napa seja engarrafada. “Temos clientes que não vinificaram uvas este ano”, diz. “Algumas vinícolas de Napa Valley fizeram anúncios sobre sua safra de 2020, mas muitas ainda estão em processo de avaliação do impacto potencial da fumaça em suas uvas. Ainda é muito cedo para prever o impacto geral que a fumaça e os incêndios florestais terão em 2020”, afirmou Teresa Wall, vice-presidente sênior de comunicações de marketing da Napa Valley Vintners (NVV). Pete Richmond, fundador da Silverado Farming Company, diz que dos cerca de 800 hectares que sua empresa administra, eles normalmente colhem 3.500 toneladas anuais, mas este ano, cerca de 1.300 toneladas não serão colhidas. “Durante o primeiro incêndio, fizemos análises em todos os vinhedos e 98% voltaram sem problemas de fumaça”, disse Richmond. Mas essas amostras foram coletadas em 23 e 24 de agosto. Mas “então as uvas ficaram defumando por mais duas semanas”. Ele ainda está esperando alguns resultados de contaminação por fumaça dos testes de laboratório. “Quase todas as denominações de Napa foram afetadas – até mesmo Carneros, mas um pouco menos”, disse Melka. Ele aponta este ano como um grande experimento científico para avaliar os efeitos do odor de fumaça. “Percebemos que poderíamos estar bem depois de três, quatro ou cinco dias de fumaça. Mas, depois de 10 dias, não há dúvida de que haverá danos”. Brown disse que a única comparação com a devastação deste ano que ele consegue pensar é a luta do vale com a filoxera na década de 1990. “Não acho que ninguém vivo hoje tenha visto algo tão significativo em um único ano”, disse ele, observando que embora a filoxera tenha causado uma queda significativa nos vinhos produzidos, ela se espalhou por uma década. Ainda não se sabe o número vinícolas do Napa que optaram por não fazer vinho em 2020. 30 | Revista ADEGA - Ed.181 Gin com Sauternes Château Climens colaborou com produtor de gin para fazer uma nova bebida destilada O Château Climens de Sauternes colaborou com a Salcombe Gin para produzir uma nova bebida destilada envelhecida em barril. Batizada de “Phantom” em homenagem a uma das escunas construídas no porto de Devonshire em 1867, este é o sexto lançamento da edição limitada da Voyager Series de gins da destilaria. Inspirado pelos nevoeiros que ajudam a criar as condições para a podridão nobre e pelas escunas locais que navegavam nos mares com cargas de frutas, especiarias e vinho, o cofundador da Salcombe Gin, Angus Lusgdin, abordou a dona do Château Climens, Bérénice Lurton, com a ideia de uma colaboração. “Como um admirador de longa data dos vinhos Sauternes, foi um enorme privilégio trabalhar em colaboração com Bérénice Lurton e Frédéric Nivelle do Château Climens”, disse Lusgdin. “Quando Angus visitou Climens pela primeira vez e explicou sua ideia, ficamos totalmente fascinados. Ambos compartilhamos um profundo respeito pela história da vinificação e destilação, e um compromisso com um artesanato excepcional”, afirmou Lurton. Na vinícola foram escolhidos seis barris, cinco utilizados para envelhecer a safra 2016 e um da safra 2015. Eles foram enviados para Salcombe e preenchidos com o gin “Phantom” e, em seguida, deixados para maturação de oito meses. O gin usa uma ampla variedade de produtos botânicos, 16 no total. Sete deles foram escolhidos porque se encontram na propriedade de Climens; flores de calêndula, louro, saboroso, cipreste, erva-doce, urtigas e pétalas de rosa. Os outros foram escolhidos para complementar os aromas e perfil de sabor do Château Climens. Apenas 3.500 garrafas de 500 ml foram produzidas. Sauternes nos drinques? No começo deste ano, o conde Alexandre de Lur Saluces, ex-proprietário do Château d’Yquem, condenou o uso de vinho Sauternes em drinques em um carta enviada a uma publicação francesa. Segundo ele, Sauternes não deveria ser mistura. Confira: OUTRAS BEBIDAS Aumento de portfólio Donos de Calon Ségur compram três château em Bordeaux Um grupo segurador francês proprietário do Château Calon Ségur adquiriu três propriedades na margem direita de Bordeaux. O Château Le Prieuré, de Saint-Émilion, o Château Vray Croix de Gay, de Pomerol, e o Château Siaurac, de Lalande-de-Pomerol foram comprados da família Pinault (dona de Latour) pela empresa Suravenir. Pénélope Godefroy, ex-Latour, é diretora técnica nas três propriedades, com o ex-enólogo da Petrus Jean- Claude Berrouet como consultor. Siaurac é a maior das três propriedades, com 46 hectares em um local de vinha no planalto de Néac, plantado com 75% de Merlot, 20% de Cabernet Franc e 5% de Malbec. Os três châteaux haviam sido comprados em 2014 pelo Artémis Domaines, controlado pela família Pinault. Já a Suravenir adquiriu participações majoritárias nos Châteaux Calon Ségur e Capbern, em St-Estèphe, da família Gasqueton em 2012. O PODER DO RÓTULO Miolo Íride Sur Lie Nature ganha importante prêmio de design de embalagem Geralmente se fala de premiação de um vinho quando ele recebe uma nota alta de algum crítico famoso ou então uma medalha em um concurso de relevância internacional, certo? Mas e quando ele recebe uma premiação ligada à sua embalagem, qual a importância disso? Alguns dirão: “Nada, não compro vinho pelo Um estudo da Nielsen de 2015 já apontava o seguinte: “o design da embalagem tem enorme no momento crítico da tomada consumidores experimentam um novo produto simplesmente porque a embalagem chama sua atenção, e 41% disseram que continuarão a comprar um produto porque gostam de seu design. da premiação, recentemente um novo ícone do vinho brasileiro, o Miolo Íride Sur Lie Nature, recebeu o “Prêmio Grandes Cases de Academy. Para quem não sabe, esse é o maior reconhecimento que um produto pode ter em termos de design de embalagem no Brasil e, deve-se dizer, ele serve ainda como UNT Intelligence Design. Para se ter ideia do tipo de ano, além do rótulo da Miolo, outros contemplados foram empresas como Ambev, Nestlé, Unilever, Natura, PepsiCo etc. “É um prêmio de ‘gente grande’. Geralmente são empresas com agências de marketing internacionais, grandes multinacionais. A triagem é enorme, já recebeu o prêmio nacional outras vezes (por outras empresas), assim como também uma vez o mundial com uma embalagem de suco de uva. celebrou os 30 anos da vinícola Miolo, a ideia foi trazer a informação para a parte alta da garrafa, além de exibir, ao invés do usual papel, um acabamento em metal dourado. O formato adotado permite que, lado a lado, as garrafas formem uma sequência estética moderna, com linhas delgadas e contemporâneas. Assim, o Miolo Íride expressa tanto os seus 10 anos de maturação na cave quanto os 30 anos da vinícola, além de homenagear a matriarca da família, a nona Íride. “O Miolo Íride é um sucesso por dentro e por fora. Como enólogo, meu trabalho é transformar a uva no melhor vinho, no melhor espumante. E quando todo este processo é alcançado e compreendido também por quem dá forma ao todo, o resultado é sempre positivo e merece diretor superintendente da vinícola. DESIGN 34 | Ed.181 36 | Ed.181 Nero d’Avola Curiosidades sobre uma variedade siciliana de excelência por Arnaldo Grizzo A Nero d’Avola vem recebendo cada vez mais atenção nos últimos anos. Considerada uma alternativa para os apreciadores de vinhos frutados e encorpados, no estilo dos Cabernet Sauvignon, por exemplo, essa variedade de origem siciliana tem se destacado, ganhado espaço na carta de restaurantes e ampliado seu território além de Avola, uma pequena aldeia no sudeste da ilha da Sicília, província de Siracusa, onde teoricamente a variedade sobre esta cepa. AD 94 AD 89 Nero . Tinto 100% Nero d’Avola, sem passagem por madeira. Cheio de frutas vermelhas seguidas de notas terrosas, florais e de Calabresa? Varietal ou blend Cor UVAS Vale Cada Momento Das tradicionais às mais requintadas combinações gourmet, as geleias Casa Madeira são elaboradas para garantir o mais alto padrão de sabor e qualidade. Vale dos Vinhedos - Bento Gonçalves/RS Filtração pode dar segurança ao vinho, evitando problemas futuros Revista ADEGA - Ed.181 | 39 Filtração Uma questão estética? Entenda porque a filtração não tem a ver somente com a limpidez da bebida e pode ser essencial em alguns vinhos por Arnaldo Grizzo ESCOLA DO VINHO DO PONTO DE VISTA bioquímico, o vinho pode ser descrito como uma bebida no meio do caminho entre o mosto e o vinagre. Ou seja, ele não é um meio estável e está em constante estado de mudança. E, sim, corre o risco de estragar. Mas por que pensar nisso quando falamos de filtração dos vinhos? Porque filtrar ou não filtrar pode, em alguns casos, determinar o “grau de segurança” de uma garrafa e não ser apenas uma mera questão de deixar o líquido límpido ou turvo. Ou seja, nem sempre é uma decisão puramente “estética” do produtor, como podemos imaginar. 40 | Revista ADEGA - Ed.181 Saiba o que é Brettanomyces e seus efeitos no vinho Entenda a fermentação malolática ter alguma contaminação. Os microrganismos estão lá. Às vezes, uma vinícola está contaminada com Brett – ela está em todo o sistema, barricas, cubas etc., por exemplo. Mas, para estragar os vinhos, você tem que ter esquecido as lições básicas de enologia do século XVIII”, pondera. A questão da malô “A filtração tem a ver com visual, saúde, conservação, estilo. Você tem desde as filtrações clássicas até as nano filtrações, com uso de membranas, muito usadas em empresas de volume elevado, ou vinhos de valor agregado enorme. Nos vinhos que não fazem fermentação malolática (veja box), a filtração é uma questão mais crítica. Nesse caso, uma filtração bem-feita é essencial e algumas empresas, além de filtrar, na bebida, por exemplo), algumas garrafas podem estar espetaculares e outras completamente arruinadas. Quando a garrafa sai da vinícola, você não tem mais controle. Pode ser que, em uma produção pequena, que você vende no seu entorno, sabe que as garrafas não ficam em locais muito quentes, nenhuma apresente qualquer problema. Mas se a garrafa viaja, esquenta, pode desenvolver um problema microbiológico. E aí vão ter garrafas aleatórias que estarão sensacionais e outras contaminadas por Brettanomyces (veja box) ou alguma bactéria, que podem, sim, estar no vinho”. Flávio Pizzato, por sua vez, afirma que os riscos sempre existem, mas podem ser relativamente controlados. “Risco sempre tem. Mesmo com as filtrações mais radicais, posso “Não é somente uma questão de aparência. A filtração dá segurança microbiológica”, atesta Alejandro Cardozo. Enólogo consultor de diversas vinícolas, ele é categórico ao afirmar que, dependendo do vinho (e de algumas outras técnicas de vinificação pelas quais ele pode passar), a filtração determina se duas garrafas de um mesmo rótulo serão iguais ou não. Ele explica: “Em determinados casos, você pode querer apenas decantar e engarrafar, sem filtrar, ‘para não perder nada’. Mas, pode ser que, dependendo de alguns fatores (como microrganismos que ficaram latentes Revista ADEGA - Ed.181 | 41 usam agentes que evitam que bactérias lácticas se reativem”, conta Pizzato, que continua a explicação: “Quando a malolática ocorre, as chances de problemas diminuem bastante. Quando não, as bactérias lácticas estão no vinho (elas sempre estão) e podem ser ativadas. Mas a reação em garrafa tem a ver com o que você fez antes. Se fez a malolática e segue os procedimentos de trasfegas, corrige SO2 etc., dificilmente vai ocorrer algo. A malolática era um dos principais problemas que aconteciam em garrafa anteriormente. Então, para os vinhos que não fazem malolática, você precisa ser mais rigoroso na filtração”. Então, a malolática é um “fator de segurança”, mas, como se sabe, nem todos os vinhos tintos passam por essa segunda fermentação e menos ainda brancos e rosés. É aí que a filtração tem seu papel mais importante. “Se você quer entregar vinhos tintos límpidos e frutados, faz toda a filtração possível, pois o que interessa é a fruta”, diz Pizzato. “Nos brancos e rosés, o consumidor geralmente não aceita bem um vinho turvo, ele quer a limpidez, tanto que as garrafas comumente são transparentes, portanto, filtra- se até ter limpidez e segurança microbiológica”, aponta Cardozo. O que muda no vinho? As filtrações podem ser mais ou menos radicais e tudo depende dos objetivos do enólogo. “Nos tintos, pode-se filtrar com membranas mais abertas, ou outras para reter Brett ou leveduras, por exemplo. Brett teoricamente tem 0,8 micra (unidade de medida que equivale ao milímetro dividido por mil partes) e as leveduras têm 0,5 micra. Então você pode filtrar com 0,65 micra para reter Brett. A próxima seria 0,45 micra, para reter leveduras. E lembrando que há filtrações nominais (pelas quais passam um certo escopo) e absolutas (pelas quais nada acima do tamanho indicado passa)”, diz Cardozo. Pizzato, por exemplo, afirma que só filtra seus tintos à terra (veja os tipos de filtração no box). “O vinho passa por um filtro de estrutura mecânica, entre terras literalmente, e ali são absorvidas partículas indesejáveis, mas ainda pode sobrar SUR LIE NÃO SIGNIFICA QUE NÃO FOI FILTRADO Quando vemos os espumantes turvos, ditos sur lie, ou seja, que não passaram por dégorgement (retirada das borras após a segunda fermentação em garrafa), podemos pensar que são vinhos nos quais não foi feita filtração. Contudo, isso é um engano comum, pois a turbidez do líquido deve-se às leveduras mortas que ficam vagando pelo líquido. No entanto, o vinho base foi, sim, filtrado. No caso dos sur lie, as leveduras são adicionadas depois, exatamente para poderem desencadear a segunda fermentação. Já os Pét-Nat (Pétillant naturel), os espumantes de método ancestral (veja QR code), estes sim costumam não ser filtrados – apesar de alguns produtores filtrarem. 42 | Ed.181 bebida altamente estável. Aí faz filtrações mais radicais para ter vinhos estáveis sem uso de conservante. É a maneira mais barata de ter um vinho menos sujeito a tomar caminhos de reações bioquímicas que tiram a pureza”, aponta Pizzato, que lembra ainda que, em alguns países, faz-se nano filtrações que servem até mesmo para diminuir o volume alcoólico dos vinhos. Filtrar ou não? Como atestamos, a filtração não é apenas uma questão estética. “Todas as decisões dependem do objetivo. Se você trabalha com tudo certinho, uvas sãs, limpeza em dia, técnicas, acaba diminuindo os riscos. Mas sempre tem organismos lá dentro, eles podem alguma coisa. Então se passa em um outro filtro – não esterilizante no nosso caso. Nos brancos que não fazem malolática, também fazemos outra filtração à terra e depois um cartucho um pouco mais fino, mas sem radicalizar”, explica. O que uma filtração mais radical representaria no vinho? “Ela tende a roubar estrutura e também aromas. Nos tintos, dependendo da filtração, às vezes, tira taninos, algumas cadeias de açúcares não fermentescíveis, que dão sensação de estrutura – e nos tintos é importante manter, pois dá textura. Então, nesse caso, faz-se filtrações tangenciais, membranas não tão finas. Mas tem filtrações super-radicais. Nos vinhos de volume altíssimo, você precisa entregar uma não ser prejudiciais ao homem, mas, às vezes, são ao vinho”, diz Pizzato. Ou seja, filtrar ou não, como filtrar, o quanto filtrar, em que etapa filtrar, são decisões mais importantes do que apenas deixar o vinho límpido na garrafa. Filtrado é melhor que não filtrado, ou o contrário? Essa é uma questão que já foi respondida pelo enólogo que produziu o vinho no estilo que ele achou melhor e só cabe ao consumidor desfrutar, seja de um jeito ou de outro. Mas devo suspeitar que todos os vinhos não filtrados podem estar contaminados? Como explicado, se o enólogo optou por não filtrar, ele certamente tem segurança no seu produto e, hoje, há pouca margem para erro no mercado, portanto, não é preciso ter receio. 44 | Ed.181 Manobras delicadas Os cuidados que você precisa ter na hora de abrir vinhos antigos por Arnaldo Grizzo QUANDO SE É JOVEM, VOCÊ SAI para jogar bola com os amigos em um dia, faz academia no seguinte, depois pega 500 quilômetros de estrada com sua moto, faz um trekking na serra, pega sua bicicleta e pedala pela cidade e por aí vai. Mas, a partir de uma certa idade, você sai para jogar bola com os amigos em um dia e, no seguinte, está todo dolorido. Faz academia e, no seguinte, sua moto e depois só pensa em relaxar. Sobe de carro até um a paisagem das montanhas. Pega a bicicleta e, no máximo, dá uma volta no quarteirão com muda, nosso ritmo muda e, com certeza, os cuidados aumentam. Com o vinho, a história é parecida, ou você acha mesmo que uma garrafa com 20, 30, 40, 50 anos ou mais vai suportar, sem qualquer mácula, tratamentos bruscos? Quanto mais velhos, mais cuidados devemos ter com os vinhos para que, por um descuido qualquer, eles não venham a sucumbir. Como dizem os médicos: com idosos, todo cuidado é pouco. Sendo assim, é deve evitar para que uma garrafa preciosa não se perca de bobeira. ESCOLA DO VINHO Caso a rolha se despedace, uma solução é passar o vinho por um filtro 46 | Revista ADEGA - Ed.181 COMO DECANTAR? Se seu intuito ao decantar um vinho for livrá-lo dos sedimentos, primeiramente deixe a garrafa na vertical por algumas horas ou dias dependendo da idade. Se não for possível, tente sempre fazer movimentos sutis, para que o sedimento se mexa o mínimo possível. Abra a garrafa. Pegue uma vela ou uma outra fonte de luz e a coloque em uma posição na qual, enquanto estiver derramando o vinho no decanter, você possa observar a luz através do líquido que passa pelo gargalo. Derrame o líquido até perceber os sedimentos. Quando notá-los, pare. O líquido que sobrar na garrafa ficará com os resíduos. Caso ainda queria aproveitar o restante da bebida, use um coador, mas evite misturar essa sobra com o que está no decanter. Revista ADEGA - Ed.181 | 47 Cuidados na guarda Se você compra vinhos jovens e os deixa envelhecer, sabe que precisa de uma boa adega – que esteja sempre bem regulada, com temperatura e umidade constantes. Manter uma garrafa armazenada durante anos e anos é um exercício que precisa ser recompensador, não? Você não gostaria de, após 30 anos, abrir um vinho que se deteriorou por um descuido com a temperatura ou a umidade da adega. Portanto, manter o vinho em um local adequado é o primeiro ponto. E lembre-se de outro detalhe importante enquanto o vinho está lá guardado esperando a vez de ser consumido: não fique mexendo nele toda hora, tirando e ponto no lugar, mudando de posição, deitando e levantando etc. Quanto menos você mexer nele, melhor. Quer mostrar sua raridade para algum amigo que veio lhe visitar? Mova a garrafa o mínimo possível. Evite movimentos a todo custo. Se você, por outro lado, compra garrafas antigas, além de, obviamente, também precisar de uma boa adega para mantê-las pelo tempo que desejar antes de consumi-las, precisa tomar alguns cuidados na hora de armazená- las. Como se sabe, mudanças bruscas de temperatura e trepidações são as maiores inimigas dos vinhos. Portanto, após o transporte (por mais delicado que ele tenha sido), vale a pena voltar a garrafa prontamente para um lugar “pacato” da sua adega, deixando-a descansar por alguns dias antes de ser consumido. Se você acabou de receber uma garrafa de um tinto antigo e planeja bebê-la em breve, deixe-a em pé para permitir que o sedimento assente no fundo e para que o vinho recupere o equilíbrio. Segundo um dos mais prestigiados distribuidores de vinho dos Estados Unidos, a loja Rare Wine, um tinto de 20 anos deve recuperar seu equilíbrio dentro de uma ou duas semanas após o transporte, enquanto um vinho de 30 anos pode precisar de até um mês. Para um tinto com mais de 40 anos, é interessante deixar a garrafa repousar de quatro a seis semanas – ou até que o vinho fique perfeitamente translúcido. Nenhum vinho antigo deve ser aberto até que esteja com o sedimento completamente assentado. Para verificar a clareza do vinho, acenda uma pequena lanterna de alta intensidade e olhe através da garrafa em diferentes alturas. Um vinho que parece perfeitamente límpido no ombro pode ter sedimentos suspensos na parte inferior. Cuidados no serviço Decidiu abrir a garrafa? Ótimo. Primeiramente, se ela estava Antes de abrir, o ideal é deixar a garrafa em pé por algumas horas, ou dias 48 | Revista ADEGA - Ed.181 guardada na horizontal, deixe-a na vertical por algumas horas ou dias – mesmo que você não queira ou ache melhor (por diversas razões) não decantar o vinho. Dessa forma, as borras tenderão a se concentrar no fundo. Mas antes até de pensar em decantação, a preocupação deve ser em como abrir a garrafa. Em vinhos muito antigos, as rolhas tendem a esfarelar ou até grudar no vidro. Abrir com um saca-rolhas comum provavelmente vai ser improdutivo e, caso a rolha ainda assim consiga ser retirada, provavelmente deixará resquícios no líquido. Dessa forma, opte por outras formas de abrir. A mais indicada provavelmente é com o saca-rolhas tipo pinça (veja no box como usar). Outra alternativa é com um saca-rolhas de pressão, que injeta ar dentro da garrafa através de uma agulha. Esse processo precisa ser feito com muita delicadeza. Por último, caso tenha instrumentos e habilidade para isso, pode tentar usar as famosas tenazes, técnica clássica para abrir Vinhos do Porto antigos (que foi detalhada na edição 179). Cuidados na decantação Enfim, dependendo da técnica que usar e da sua perícia, pode ser que resquícios da rolha caiam no vinho. Se isso ocorrer, a solução será decantar ou mesmo servir o vinho por meio de uma gaze, ou um filtro de café, ou musselina crua, ou, melhor ainda, um funil com uma peneira embutida. Só dessa forma os pedaços de rolha não ficarão no líquido. Mas devo decantar? O debate é longo. Há quem aponte que vinhos com mais de 30 anos, por exemplo, especialmente os feitos com variedades mais delicadas, não deveriam decantar para não perderem rapidamente algumas das propriedades aromáticas que lhes restam. Outros, contudo, acreditam que mesmo vinhos mais antigos merecem ser decantados para poderem exprimir melhor toda a sua complexidade sensorial. Há ainda quem prefira, em vez de decantar, apenas retirar a rolha algumas horas antes de servir para deixar o vinho respirar lentamente e abrir seus aromas. Se a questão é retirar sedimentos (borras ou pedaços de rolha indesejados), mas não deixar o vinho respirar por muito tempo, faça o procedimento o mais brevemente possível (veja como decantar no box) e logo sirva a bebida. Se preferir, faça Talvez o saca-rolhas convencional não seja a melhor alternativa em alguns casos Aprecie os grandes vinhos, paisagens deslumbrantes e a alta gastronomia do país dourado Hospedagens no Convento Las Claras e na vinícola Marquês de Riscal Almoços harmonizados privados na Muga Rioja, e entre os vinhedos da Viñedo del Contino Visita e degustação exclusiva na mítica Vega Sicília Banquete harmonizado com o tradicional “lechazo” na Emilio Moro E muito mais! DATA CONFIRMADA: 18 a 26/04/2021 ÚLTIMAS VAGAS Saiba mais em: WWW.VSXCLUB.COM Viagens exclusivas Vinhos incríveis Experiências inesquecíveis espanha 50 | Revista ADEGA - Ed.181 a dupla decantação e, após retirados os sedimentos, retorne o líquido para a garrafa original, assim você pode servir o vinho em seu invólucro original. Essa técnica, contudo, não é a mais indicada para vinhos demasiadamente antigos, por expô-los a um contato maior com o oxigênio. Desfrutando Vinho aberto, decantado ou não, uma sugestão é não demorar muito para consumi-lo. A cada minuto que passa, a interação COMO USAR A PINÇA Apesar da forma um pouco intimidadora, usar o saca-rolhas tipo pinça não é tão complicado quanto parece. Primeiramente, tire o lacre do vinho e assegure-se de limpar os resíduos que possam haver sobre a rolha. Em seguida, pegue o lado maior da lâmina e comece a inseri-la sutilmente entre a cortiça e o vidro com movimentos leves. Tome cuidado apenas para não forçar a rolha para dentro da garrafa. Assim que essa ponta estiver dentro, insira a ponta da outra lâmina. Para descer ambas as lâminas, faça um movimento de vai e vem lateral com o punho, forçando levemente para baixo. Dessa forma, as lâminas devem descer facilmente pelo gargalo. Pinça colocada, é hora de retirar a rolha. Para isso, você deve girar e subir o saca-rolha em pequenos movimentos (não puxe direto para cima, pois, dessa forma, as lâminas vão sair sem nada). Assim, a rolha ficará presa entre as duas lâminas e sairá do gargalo sem maiores problemas. com o oxigênio vai revelando facetas diferentes em vinhos antigos, aromas e sabores que se sucedem. Eles tendem a se revelar relativamente rápido e permanecer por pouco tempo. É como apreciar a sabedoria de um ancião, você sabe que precisa sorver o máximo que puder no menor tempo possível, mas sem forçá-lo a nada, correndo o risco de perder essa fonte prematuramente caso não cuide bem dela. Fique atento e desfrute. Usar a tenaz ou, ainda melhor, o saca-rolha tipo pinça podem ser uma boa solução Deguste a mesma garrafa, taça a taça durante meses. Mantenha as características e propriedades de seu vinho com o moderno sistema Coravin® Compre em: WWW.SELECAOADEGA.COM.BR Coloque o Coravin® na parte superior da garrafa. Pressione para baixo para que a agulha atravesse a rolha. Incline a garrafa como faria normalmente ao servir. Pressione e solte o gatilho para servir o vinho. Retorne a garrafa à posição vertical para parar de servir. Retire o Coravin® puxando-o para cima. A rolha voltará ao seu estado original e sua garrafa pode voltar à sua adega. Como usar o seu Coravin® B E B A C O M M O D E R A Ç Ã O 52 | Ed.181 Vinhos do centro do universo (como os borgonheses definem sua terra) Uma prova de Gevrey-Chambertin do Domaine Guillon et Fils por Christian Burgos JEAN-MICHEL GUILLON não seguiu um plano de carreira usual para se tornar produtor na tradicional Borgonha. Não herdou sua vinícola, não é dono de uma bilionária empresa de produtos de luxo... Poderíamos brincar que em 1980, o parisiense Jean-Michel se em Gevrey-Chambertin para fazer vinhos. Inicialmente, o Domaine Guillon et Fils se estabeleceu com 2,3 hectares, que hoje se converteram em 15 hectares de vinhedos conduzidos por Jean-Michel com o apoio de seu Gevrey-Chambertin é uma das denominações mais ao norte da Côte de Nuits. Vem desta AOC o tinto favorito de Napoleão Bonaparte, talvez o mais longevo da Borgonha, e certamente entre os tintos mais carnudos e marcantes da Côte d’Or. Degustar bons Noir pode conjugar força e elegância na mesma taça. Jean-Michel Guillon tem uma verdadeira obsessão pela perfeição no uso de madeira em seus vinhos. Para ele, “a importância dos barris escolher pessoalmente as árvores que farão suas barricas em três anos. A o clima de cada safra. Os solos com carbonato marinho exercem profunda que se encontram entre 260 e 300 metros de altitude. A propriedade é manejada segundo os herbicidas, fungicidas ou pesticidas só são usados quando se fazem absolutamente necessários. O solo é cultivado por trabalhos manuais, com uso de animais (cavalos). Seu estilo recebeu recente reconhecimento ao ser premiado como Produtor do Ano 2020 pelo reputado Le Guide Hachette des Vins. E nós pudemos atestar sua genialidade em uma degustação por Zoom com Michael Schutte, proprietário da importadora Vind’Ame, o premiado sommelier Diego Arrebola e alguns clientes da importadora. Ed.181 | 53 VINHOS AVALIADOS AD 94 AD 95 AD 96 AD 93 Revista ADEGA - Ed.181 | 55 Saint-Émilion Clássicos e rebeldes convivem em uma das denominações mais badaladas de Bordeaux por Arnaldo Grizzo NAS ENCOSTAS DO RIO DORDOGNE, no que consideramos a margem direita de Bordeaux, perto de Libourne (cerca de uma hora de distância da cidade de Bordeaux propriamente), estão localizados alguns dos mais célebres châteaux da região e uma das denominações mais cultuadas também. Saint-Émilion é a terra de propriedades como Ausone, Angélus, Cheval Blanc, Pavie, Figeac, Canon, Valandraud etc., numa mistura de tradição com revolução que dá origem a cult wines bastante singulares. Saint-Émilion é famosa por seus blends geralmente com predominância da variedade Merlot, juntamente com Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, mas também com Malbec, Petit Verdot e Carménère. Mas para entender como esses vinhos se tornaram os clássicos que são hoje, é preciso entender suas origens. Confira a seguir. DOC 56 | Revista ADEGA - Ed.181 Floresta deu lugar às vinhas Acredita-se que a história da vinificação em Saint-Émilion remonte a 56 a.C. quando a floresta de Cumbis foi derrubada para plantar as primeiras vinhas. As variedades de uvas usadas em torno de Massilia (Marselha) foram enxertadas em cepas locais, vitis biturica. Mas, antes disso, um nome foi crucial na história da região: Aemilianus (Emiliano). Acredita-se que Aemilianus tenha nascido no início do século VIII na Bretanha, em Morbihan. Ele começou sua carreira como o intendente do Conde de Vannes e foi acusado de fazer caridade demais aos pobres. Consequentemente, fugiu para o sul, através da área de Saintonge, até acampar em uma caverna na floresta de Cumbis (latim para a palavra francesa combes, que se refere a uma caverna), no coração do que seria mais tarde a cidade de Saint-Émilion. Sua caverna foi transformada em oratório e, devido à sua fama de santidade, atraiu muitos discípulos que passaram a residir nas redondezas. Aemilianus morreu em 767 e assim a Grotte de Saint-Émilion surgiu. Em homenagem ao eremita, a população local escavou a rocha logo acima de sua caverna e esculpiu uma basílica, que hoje é a Igreja Monolítica. Voltando ao cultivo da vinha, a prática foi introduzida na região da Aquitânia pelos romanos e intensificada durante a Idade Média. A miríade de parcelas de vinhedos hoje é uma relíquia desse período, já que as propriedades medievais eram pequenas. Os terrenos que circundam Saint-Émilion ficam no Caminho de Santiago de Compostela e, para acolher os peregrinos, foram construídas várias igrejas, mosteiros e hospitais a partir do século XI. Ingleses e selo de qualidade Quando Leonor da Aquitânia se casou com Henri Plantagenet, que se tornou o rei Henrique II da Inglaterra, a cidade fortificada de Saint-Émilion ficou sob o domínio da coroa inglesa. Em 1199, o rei John Lackland concedeu à cidade algumas liberdades e fundou um organismo regulador denominado “Jurade” ao qual foram delegados poderes econômicos, políticos e jurídicos que permitiram a alguns magistrados assumir a administração geral da cidade. O Jurade também supervisionava a qualidade do vinho de Saint-Émilion e marcava com um selo os barris de vinho considerados dignos de ostentar o nome Saint-Émilion e serem comercializados. VINHOS DE SAINT-ÉMILION Igreja foi construída sobre a gruta de um notório eremita Revista ADEGA - Ed.181 | 57 Durante o século XVIII, alguns proprietários ajudaram a desenvolver novos métodos vitivinícolas. Combret de la Nauze e Jacques Kanon, em particular, foram engenheiros agrônomos que realizaram um trabalho importante que resultou na seleção de certas variedades de uvas. Foi com esta atenção às características do terroir que começou a nascer o conceito de “cru” para os melhores vinhos. Em 1884, os viticultores de Saint- Émilion fundaram a primeira União de Viticultores na França, que se tornou a primeira cooperativa vinícola na área de Bordeaux em 1931. E em 1948, os viticultores restauraram o famoso Jurade – dissolvido durante a Revolução Francesa – que ainda hoje funciona e preserva algumas das tradições medievais, como suas vestimentas com robes vermelhos durante algumas festas da cidade. Classificação e divisão A primeira classificação dos vinhos Saint-Émilion pelo INAO, o Instituto Nacional Francês, que regulamenta as denominações, ocorreu em 1954, quando quatro denominações foram definidas: Lussac Saint-Émilion, Puisseguin Saint-Émilion, Saint- Émilion e Saint-Émilion Grand Cru. GARAGISTAS Em 1989, junto com sua esposa, Murielle Andraud, o ex-bancário Jean-Luc Thunevin adquiriu uma pequena parcela de vinhedos de aproximadamente 2 hectares, chamada originalmente de Vallon de Fongaban, que continha vinhas de 30 anos. Em 1991, depois de uma geada em que mais de 75% das frutas foi perdida e de ter empregado muito trabalho, o casal produziu 106 caixas de um tinto cujo nome é a combinação entre o nome original da propriedade e o sobrenome de Murielle: Château Valandraud. Até aí, nada de mais. Ocorre que, naquela safra, as uvas foram colhidas manualmente e levadas para a garagem do vizinho de Thunevin. O vinho foi elaborado através de técnicas que definiriam o estilo de garagem, todas elas empregadas por necessidade e falta de recursos, e não exatamente por uma veia revolucionária de Thunevin. Tudo foi feito manualmente desde a colheita, até a seleção, o desengaço e a prensa das uvas, bem como o pigéage (rompimento do chapéu de massa sólida do vinho durante o processo de fermentação). Somente em uma coisa Thunevin não economizou, no uso de carvalho novo, onde o vinho permaneceu por 12 meses antes de ser engarrafado. Essas técnicas nunca tinham sido executadas de forma conjunta antes em Bordeaux. Por essas e outras, ele teve até mesmo vinho “proibido”. Tamanho sucesso assombrou e incomodou a velha guarda de Bordeaux, tornando o viticultor uma espécie de “ovelha negra” da região. Robert Parker, ao degustar seus vinhos, o apelidou de “o Bad Boy de Bordeaux”. E assim criaram-se as bases para o movimento que se denominaria de “garagista”. Região une produtores tradicionais e também inovadores, como Jean- Luc Thunevin (abaixo) 58 | Revista ADEGA - Ed.181 TERRA DA MERLOT Esta variedade precoce gosta de solos com textura de argila, nos quais pode expressar seu potencial. Ela produz grãos maiores, mas com cascas mais finas que a Cabernet Sauvignon, por exemplo. Contribui para os vinhos com muita cor e aromas picantes e também frutados, com destaque para frutas vermelhas: morango, groselha preta, amora, framboesa e cereja. Dependendo da safra e do clima, esses aromas podem adquirir nuances de compota e notas tostadas após alguns anos em garrafa. O Merlot se presta especialmente bem para ser envelhecido em barricas, a partir das quais incorpora notas amadeiradas, picantes e aromas de baunilha. As áreas das duas últimas denominações incluem os territórios de nove cidades, com Saint- Christophe-des-Bardes, Saint- Etienne-de-Lisse, Saint-Hippolyte, Saint-Laurent-des-Combes, Saint-Pey-d’Armens, Saint-Sulpice- de-Faleyrens e Vignonet e partes da cidade de Libourne. As duas denominações estão geograficamente interligadas e se beneficiam de uma incrível diversidade de tipos de solo e subsolo. Embora as duas áreas sejam difíceis de distinguir geograficamente, apenas os melhores vinhos têm direito à denominação Grand Cru, que permite os seguintes títulos: “Grand Cru Classé” e “Premier Grand Cru Classé”. “As mil propriedades” Uma característica marcante dos vinhedos de Saint-Émilion é seu mosaico de parcelas, resultado da organização das propriedades no final da Idade Média. As quatro denominações possuem quase 970 viticultores e, por isso, Saint- Émilion é chamada de “a colina das mil propriedades”. A região apresenta um microclima temperado oceânico com chuvas uniformemente distribuídas ao longo do ano e verões quentes e secos, sob a influência dos rios Isle e Dordogne. Eles moderam o calor do verão e também o rigor do inverno, protegendo contra o risco de geadas. A temperatura média anual é de 12,8°C. No entanto, a variação de temperatura e precipitação de um ano para o outro pode ser considerável, tornando as safras muito diferentes entre si. Lussac Saint-Émilion Os terroirs de Lussac Saint-Émilion são os mais setentrionais das denominações Saint-Émilion. A colina é composta por calcário argiloso ao sul e silte argiloso ao norte. A região se beneficia de um microclima propício, com chuvas moderadas e temperaturas quentes de verão. Em Lussac, os vinhedos povoam um anfiteatro de planaltos e vales com exposição sul, o que promove uma boa drenagem natural. Eles cobrem uma área total de 1.450 hectares ao norte da colina Saint-Émilion e produzem 72.000 hectolitros de vinho anualmente. Os vinhos Lussac Saint-Émilion são blends com maioria de Merlot e proporções menores de Cabernet Franc. Estes vinhos geralmente apresentam aromas intensos com fruta vermelha e notas de alcaçuz, Propriedades costumam ser bem pequenas R. Jaques Félix, 626A - Vila Nova Conceição/enosteriaspwww.enosteria.com.br DEL IVERY & TAKE AWAY 11 2774-1710 60 | Ed.181 Chão calcário Solo muito argiloso Solo de cascalhoSolo areno- argiloso da base das colinas Solo argilo-calcário ameixa e especiarias. Na boca, são elegantes e com boa estrutura tânica. Puisseguin Saint-Émilion Os vinhedos de Puisseguin Saint- Émilion estão localizados entre a denominação de Lussac Saint- Émilion e o pequeno rio Barbanne. Esta área, que se estende no famoso planalto de Saint-Émilion, tem uma gama uniforme de solos calcários argilosos, com algumas manchas de aluvião de cascalho. A subcamada é de calcário, ideal durante períodos de seca, liberando um suprimento de água para as videiras. As vinhas crescem principalmente em solos calcários argilosos com um pouco de areia siltosa. A base rochosa EdEdEd 11.1818181 ||| 616161 Agenda completa de cursos presenciais 2021 já está disponível em THEWINESCHOOL.COM.BR @thewineschoolbrasil thewineschoolbrasil The Wine School ÚLTIMAS TURMAS DE 2020 N1 e N2 (11) 99680-2460 vendas@thewineschool.com.br 08, 10, 14 e 16 de dezembroN1 N2 30 de novembro 02, 04, 07, 09 e 11 de dezembro ÚLTIMAS VAGAS 62 | Revista ADEGA - Ed.181 é relativamente uniforme e serve para conservar a umidade do solo de que a Merlot gosta, mesmo durante os períodos de seca. A Merlot é responsável por 80% das vinhas na denominação. A área total de vinhedos atinge 730 hectares com produção de cerca de 35.000 hectolitros por ano. Puisseguin Saint-Émilion produz tintos que apresentam cor densa e profunda e uma vasta gama de aromas, com textura carnuda e suculenta, mas sem ser pesada. Saint-Émilion e a Merlot Por fim, Saint-Émilion e Saint- Émilion Grand Cru estão em um planalto de calcário ao redor da cidade. Um vasto terraço de camadas de cascalho com argila siliciosa se estende em direção a Libourne, com as colinas e vales de calcário argiloso e a planície de cascalho arenoso do vale do Dordogne. Uma grande variedade de solos se desenvolveu em duas formações geológicas que deram à região um relevo característico: da era terciária (argila siltosa, muitas vezes calcária) e da era quaternária (cascalho e/ou areia). Cinco tipos se destacam. Veja box. Os vinhos tendem a ter a Merlot como protagonista, mas outras duas variedades coadjuvantes (Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon) e outras três menores (Malbec – também conhecida como Côt ou Pressac –, Petit Verdot e Carménère) podem aparecer. A maior proporção de Merlot na mistura dá um tom elegante e refinado aos vinhos. Combinada com a Cabernet Franc, produz vinhos mais tânicos e muito aromáticos. A Franc, por sinal, é responsável por quase um terço dos vinhedos. Ela amadurece cerca de duas semanas após a Merlot. Já em composição com a Cabernet Sauvignon, tende a gerar um blend mais tânico e repleto de sabores de frutas vermelhas na juventude. Cerca de 10% dos vinhedos da região são de Cabernet Sauvignon. Classificação Saint-Émilion foi uma das primeiras denominações do mundo a implementar o controle de qualidade através de prova em 1948. Em 1955, foi estabelecida uma classificação de Grands Crus para os melhores vinhos sob a supervisão do INAO e do Ministério da Agricultura francês. Ela foi revisada a cada dez anos desde então e, portanto, seis classificações foram implementadas. Em 1984, os produtores reconheceram que a denominações “Saint-Émilion Grand Cru Classé” e “Saint-Émilion Premier Grand Cru Classé” não correspondiam mais à definição comunitária de uma denominação. Então seguiu-se um processo para revisar como as áreas Saint-Émilion e Saint-Émilion Grand Cru deveriam ser delimitadas e os requisitos para poder aplicar os títulos Grand Cru Classé e Premier Grand Cru Classé. Em 2006, a classificação foi contestada. A batalha jurídica gerou diversos problemas para Saint- Émilion e levou à implementação de uma série de medidas para melhor regular o processo. Merlot é a variedade que dá o tom dos vinhos de Saint-Émilion EE .11 11 || 666 Adquira o seu guia nas melhores livrarias ou pelo site: SELECAOADEGA.COM.BR Edição CAPA DURA com 240 páginas Leia o QR CODE e COMPRE AGORA! Esta é uma publicação da Inner Editora Ltda. @revistaadega revistaadega tvadega revistaadega.com.br + DICAS DE TURISMO das principais regiões portuguesas + de 80 VINÍCOLAS com curiosidades e informações + de 500 VINHOS degustados ADEGA portugal guia DE VINHOS 64 | Revista ADEGA - Ed.181 CLASSIFICAÇÃO DE SAINT-ÉMILION 2012 Premiers Grands Crus Classés • Château Angélus (A) • Château Ausone (A) • Château Cheval Blanc (A) • Château Pavie (A) • Château Beau-Séjour Bécot • Château Beauséjour (Héritiers Duffau- Lagarrosse) • Château Bélair-Monange • Château Canon • Château Canon la Gaffelière • Clos Fourtet • Château Figeac • Château la Gaffelière • La Mondotte • Château Larcis Ducasse • Château Pavie Macquin • Château Trolong Mondot • Château Trottevieille • Château Valandraud Grands Crus Classés • Château Balestard la Tonnelle • Château Barde-Haut • Château Bellefont Belcier • Château Bellevue • Château Berliquet • Château Cadet-Bon • Château Capdemourlin • Château Chauvin • Château Clos de Sarpe • Château Corbin • Château Côte de Baleau • Château Dassault • Château Destieux • Château Faugères • Château Faurie de Souchard • Château Fleur Cardinale • Château Fombrauge • Château Fonplégade • Château Fonroque • Château Franc Mayne • Château Grand Corbin • Château Grand Corbin-Despagne • Château Grand Mayne • Château Grand-Pontet • Château Guadet • Château Haut-Sarpe • Château Jean Faure • Château La Fleur Morange • Château Laniote • Château Larmande • Château Laroque • Château Laroze • Château Le Prieuré • Château Monbousquet • Château Moulin du Cadet • Château Pavie Decesse • Château Peby Faugères • Château Petit Faurie de Soutard • Château Quinault l’Enclos • Château Ripeau • Château Rochebelle • Château Saint-Georges- Cote-Pavie • Château Sansonnet • Château Soutard • Château Tertre Daugay • Château Villemaurine • Château Yon-Figeac • Château de Ferrand • Château de Pressac • Château l’Arrosée • Château la Clotte • Château la Commanderie • Château la Couspaude • Château la Dominique • Château la Marzelle • Château la Serre • Château la Tour Figeac • Château le Chatelet • Château les Grandes Murailles • Clos Saint-Martin • Clos de l’Oratoire • Clos des Jacobins • Clos la Madeleine • Couvent des Jacobins A sexta e última classificação, publicada em 6 de setembro de 2012, resultou de um novo procedimento que foi inteiramente regulado por organismos de certificação externos e a degustação dos vinhos é uma parte substancial. Para averiguar o nível de qualidade e regularidade dos rótulos, foram avaliadas 10 safras dos candidatos ao título “Grand Cru Classé” e 15 para os que pretendem ser reconhecidos como “Premier Grand Cru Classé”. Após 10 meses de trabalho, a lista apontou 82 propriedades, incluindo 64 Grands Crus Classés e 18 Premiers Grands Crus Classés (sendo quatro agraciados com o nível “A”). Confira no box os classificados. Patrimônio inestimável Em 1999, Saint-Émilion se tornou a primeira região vitivinícola a ganhar o status de Patrimônio Mundial da UNESCO. Depois dela, outras tantas se candidataram e acabaram sendo reconhecidas. A região ostenta alguns châteaux históricos de Bordeaux, como Cheval Blanc e Ausone, por exemplo, mas também outros inovadores, como o “garagista” Valandraud, de Jean-Luc Thunevin, por exemplo. Foi nesta denominação, aliás, que surgiram as bases do “garagismo” (veja box). Em uma área de quase 5,5 mil hectares, tradição e inovação convivem e dão sustento a uma denominação singular. “Jurade” de Saint- Émilion até hoje ajuda a controlar a qualidade dos vinhos locais e preserva suas tradições F O R M A N D O O S M E L H O R E S P R O F I S S I O N A I S D O B R A S I L . Filiada à Association de la Sommelerie Internationale (ASI), a Associação Brasileira de Sommeliers - São Paulo (ABS-SP) oferece ampla gama de cursos para profissionais e enófilos, sendo hoje a principal escola de formação de sommeliers no país. São mais de 1500 formados entre profissionais que atuam como sommeliers, consultores de bares e restaurantes ou nas áreas de marketing e vendas, em lojas especializadas e importadoras. 3 anos RUA GOM E S DE C A R VA LHO, 1327 2 º A N DA R , V IL A OL Í M PI A 11 3814 - 7853 W W W. A B S - S P. C O M . B R abs.saopaulo @abs_sp GRANDES Ed.181 | 67 UMA GRANDE JORNADA Qualimpor comemora 25 anos e celebra com degustação especial e vinho para homenagear seu patriarca por Arnaldo Grizzo UM MENINO FRANZINO QUE, QUANDO adulto, provou seu valor, entre outros lugares, numa quadra de tênis. Durante os anos 1940 e 1950, José Roquette, o Nica, pai dos irmãos José, Jorge e João, foi um dos melhores jogadores de tênis de Portugal, disputando torneios internacionais. Anos depois, três de seus oito nome da família para além dos limites das terras portuguesas, desta vez com vinho. Muito desse sucesso deve-se ao trabalho feito no Brasil, que não foi por acaso. Após a Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974, os Roquette atravessaram o Atlântico e aqui viveram por cinco anos. Após esse período, João, o mais novo dos irmãos (hoje com 64 terra que os acolheu. Anos mais tarde, quando a vinícola de José, a Herdade do Esporão, visava importadora foi lançado. Assim, João criou a Qualimpor em 1995. No início, além do vinho, sugeriu a José (com 84 anos) que produzisse também azeites. A fórmula deu resultado e, poucos anos depois, a empresa passou também a representar a Quinta do Crasto – de seu outro irmão, Jorge (com 83 anos). No entanto, o que poderia ter muito bem estagnado como um negócio familiar com duas grandes marcas, mostrou-se promissor e consolidou a empresa como um dos 25 maiores importadores de vinho do Brasil, e 3º maior importador de vinhos
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