Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tricomoníase, Giardíase Aula 9 – Parasitologia Tricomoníase Tricomoníase Doença causada pela infecção do protista Trichomonas vaginalis São protistas pertencentes ao Filo Parabasilida (muitos flagelos) Três espécies de Trichomonas parasitam o homem (T. vaginalis, T. tenax e T. hominis) mas apenas T. vaginalis é patogênica Apresenta um ciclo monoxeno no qual o homem é o único hospedeiro conhecido (antroponose) É a DST não-viral mais comum no mundo Morfologia de T. vaginalis Apresenta apenas uma forma (trofozoíto) São elipsóides ou ovais Quatro flagelos anteriores livres Membrana ondulante Presença de uma estrutura rígida ao longo do eixo longitudinal do corpo (axóstilo) Desprovido de mitocöndrias Núcleo elipsóide na porção anterior Ciclo biológico Evolução da tricomoníase O parasito é transmitido via relação sexual O parasito pode sobreviver sobre o prepúcio por mais de uma semana após o homem se infectar A mulher se infecta quando os parasitos na mucosa da uretra do homem são levados à vagina após a ejaculação Estabelecimento do parasito depende do aumento do pH vaginal Os parasitos necessitam de um pH entre 5 a 7,5 (pH vaginal normal fica entre 3,8 e 4,5) O período de incubação dura de 3 a 20 dias O parasito se estabelece aderido ao epitélio do trato genital Os sintomas surgem decorrentes do desenvolvimento de uma resposta imunológica local contra moléculas liberadas pelo parasito (adesinas, integrinas, glicosidases) Formação de pontos hemorrágicos Evolução da tricomoníase Principais sintomas Sintomas na mulher Muitos casos são assintomáticos Corrimento vaginal fluido, amarelo-esverdeado, bolhoso, fétido Prurido ou irritação vulvovaginal Dores no ventre e ao urinar Sintomas no homem Comumente assintomático Uretrite com fluido leitoso Prurido na uretra Desconforto ao urinar Tricomoníase e gravidez A resposta inflamatória pode causar alterações na membrana fetal As alterações na membrana fetal decorrentes da infecção podem causa sua ruptura precoce A ruptura precoce pode levar à partos prematuros, recém nascidos de baixo peso e até morte neonatal Sintomas pós-parto podem surgir como endometrite pós-parto A resposta inflamatória pode alterar estrutura tubária As alterações devido à resposta imunológica envolve destruição das células tubárias e células ciliadas da mucosa tubária Isto inibe o fluxo de espermatozóides ao longo da tuba uterina Mulheres com histórico de tricomoníase tem duas vezes mais casos de infertilidade do que mulheres não infectadas Tricomoníase e HIV A resposta inflamatória contra T. vaginalis aumenta a exposição e transmissão do vírus HIV A formação de pontos hemorrágicos na mucosa permite o acesso direto do vírus à corrente sanguínea A resposta imunológica ao parasito envolve a mobilização de linfócitos T do tipo CD4+ , célula alvo do vírus HIV O parasito pode degradar uma protease do trato genital que atua “atrapalhando” o ataque do HIV às células CD4+ Pessoas com tricomoníase tem oito vezes mais chance de se infectar e transmitir o HIV Epidemiologia É a DST não viral mais comum no mundo Incidencia anual é de 170 milhões de casos A incidência depende de fatores comuns a outras DSTs Idade Atividade sexual Número de parceiros sexuais Co-infecção com outras DSTs A prevalência é maior em grupos de nível socioeconômico mais baixo É incomum na infância Casos de transmissão no parto de mães infectadas chega a 5% Prevalência em homens é 50-60% menor que mulheres (eliminação mecânica por fluidos – urina e sêmen) Diagnóstico Clínico Inviável (se assemelha a outras DSTs) Laboratorial Homem Pesquisa de parasitos em material uretral coletado com swab Pesquisa de parasitos em amostra de sêmen Mulher Pesquisa de parasitos em material do trato vaginal coletado com swab Imunológicos ELISA (pesquisa de IgGs específicas) Não utilizado na rotina de diagnósticos Profixalia e tratamento Estratégia profilática similar às demais DSTs Conscientização da prática de sexo com preservativos Tratamento dos doentes Tratamento Metronidazol (Flagyl) Tinidazol (Fasigyn) Ornidazol (Tiberal) Nimorazol (Nagoxin) Carnidazol Secnidazol Giardíase Giardíase Doença causada pela infecção do parasito Giardia lamblia São parasitos protistas do filo Diplomonadida Os membros do gênero Giardia são parasitos do intestino delgado de muitas espécies de tetrápodes A taxonomia das espécies é muito difícil no qual ainda se discute se G. lamblia são uma ou três espécies (G. lamblia, G. duodenalis e G. intestinalis) A giardíase é uma das causas mais comuns de diarréia entre crianças no mundo Apresenta ciclo monoxeno no qual o homem é o hospedeiro de G. lamblia (antroponose) Morfologia de G. lamblia Apresenta duas formas morfológicas: Trofozoíto Forma de pêra Face ventral com “ventosa” chamada disco ventral Presença de par de estruturas em forma de vírgula chamadas corpos medianos Presença de dois núcleos (“olhos”) Quatro pares de flagelos Cisto Forma oval ou elipsóide Dois ou quatro núcleos Presença de fibrilas e corpos em forma de meia-lua em torno dos núcleos Ciclo biológico Transmissão A transmissão envolve a ingestão de cistos maduros Ingestão de água contaminada Ingestão de alimentos contaminados Cistos veiculados por moscas e baratas Cistos veiculados por mãos contaminadas Contato oral-anal (práticas sexuais) Contato com fezes de cães infectados Ainda se discute se a espécie que coloniza o homem é a mesma que circula em cães Evolução da Giardíase Ao ingerir os cistos, os parasitos colonizam intestino delgado A passagem pelo meio ácido do estômago estimula o desencistamento Trofozoítos não resistem ao suco gástrico Colonização da superfície da mucosa intestinal O encistamento ocorre no final do íleo O desenvolvimento de resposta imune contra a colonização promove o destacamento do parasito da parede do intestino delgado O destacamento do trofozoíto associado a mudanças do pH intestinal e a presença de sais biliares disparam o encistamento A resposta imune envolve produção de anticorpos (IgG, IgM e IgA) e migração de monócitos, macrófagos e granulócitos Processo inflamatório causa disfunção da mucosa levando à má absorção de nutrientes e diarréia Evolução da Giardíase Sintomatologia Vários casos assintomáticos Diarréia variando de aguda à persistente (gravidade maior em crianças) Diarréia aquosa, explosiva, fétida Formação de gases e dores abdominais Sintomas decorrentes da diarréia: Desidratação, Perda de peso Deficiência nutricional Epidemiologia É uma doença de distribuição global Faixa etária principal são crianças de 8 meses a 12 anos Altas prevalências em regiões tropicais e subtropicais Brasil: prevalência varia de 4 a 30% Frequentemente encontrados em ambientes coletivos: enfermarias, creches, internatos Cistos podem sobreviver por dois meses e são resistentes à cloração Diagnóstico Clínico Diarréia, fraqueza e dor abdominal Comum a várias outras doenças intestinais Laboratorial Pesquisa dos cistos nas fezes (“exame de fezes”) Imunológico Detecção de IgGs específicas por ELISA Profilaxia e tratamento Profilaxia Conscientização de higiene pessoal Destino correto das fezes (saneamento básico) Proteção dos alimentos e cuidados na manipulação Tratamento Metronidazol Tinidazol Furazolidona Secnidazol
Compartilhar