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Universidade de Brasília Unidade: Departamento de Geografia Geografia Humana e Econômica Relatório do seminário sobre o conceito de Território e disputas territoriais na América Latina Maria Eduarda Souza Gonçalves Islaine Ribeiro Bernardo Barbosa Oliveira Lara Queiroz Tabatha Couto BRASÍLIA 2022 Universidade de Brasília Unidade: Departamento de Geografia Geografia Humana e Econômica Relatório do seminário sobre o conceito de Território e disputas territoriais na América Latina Relatório de seminário apresentado na matéria de Geografia Humana e Econômica, da Universidade de Brasília, como trabalho final no semestre de 2021.2. BRASÍLIA 2022 2 Introdução Realizamos um seminário, apresentado na matéria de Geografia Humana e Econômica, da Universidade de Brasília, como trabalho final no dia 03/05 do ano de 2022. Os integrantes produziram uma discussão com colegas de turma pela plataforma Teams, analisando o conceito de território visando um melhor entendimento do significado desse termo, e utilizando para tanto o referencial bibliográfico dos autores Manuel Correia de Andrade, Marcelo Lopes de Souza, Bernardo Mançano Fernandes, Claude Raffestin e Rogério Haesbaert. Além disso nos deteremos na exemplificação de alguns conflitos territoriais que ocorrem atualmente na América Latina, quais sejam as Ilhas Malvinas/Falklands, Ilhas de Navassa, Guatemala versus Belize e Essequibo. O relatório tem caráter de pesquisa bibliográfica, baseando-se em mapas, estudos e fontes jornalísticas que refletem esse contorno. Desenvolvimento Território Partindo do conceito de território para Manuel Correia de Andrade : O território está muito ligado à ideia de domínio ou de gestão de determinada área. Assim, deve-se ligar sempre a ideia de território à ideia de poder, quer se faça referência ao poder público, estatal, quer ao poder das grandes empresas que se estendem por grandes áreas territoriais, ignorando as fronteiras políticas. (Andrade, 2004, p. 19). Portanto, o território seria um recorte espacial no qual são exercidas relações de poder, onde determinados grupos ou organizações, vão se apossar dessa parte do espaço e exercer um controle sobre ele. O território pode ser classificado em: político, de espécies animais, pessoal, econômico (ligado às grandes empresas), território de um grupo organizado, cultural ou social. Nesse espaço, podem existir fronteiras fixas que representam os limites desse (s) poder (es), como também podem não possuí-las claramente. Marcelo Lopes de Souza em seu texto O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento, de 1995, grifa que seu interesse no território estaria localizado na possibilidade de saber "quem domina ou influencia quem nesse espaço, e como?" (1995, pp. 78-9). Afirma ainda que o território, “a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre 'nós' (o grupo, os membros da coletividade ou comunidade, os insiders) e os 'outros' (os de fora, os estranhos, os outsiders)" (1995, p. 86). 3 Ele aplica o conceito de território em estudos de casos no Rio de Janeiro (territórios “móveis” de prostitutas e travestis), demonstrando como os territórios podem existir em diversas escalas, não sendo associados apenas à figura do Estado. Declara ainda que: territórios são construídos (e desconstruídos) dentro de escalas temporais as mais diferentes...; podem ter um caráter permanente, mas também podem ter uma existência periódica, cíclica. (SOUZA, 2006, p. 81). Os territórios aparecem em escalas distintas não só no tempo, mas também no espaço. Nas escalas temporais remetem-se a territórios que se alteram em um determinado período de tempo, ou seja, em que num momento sua ocorrência representa um tipo de domínio, e em outro, já não é mais do mesmo modo. Nas escalas espaciais um território pode abranger níveis mais extensos, como o território nacional e áreas comandadas por um determinado bloco econômico, até pontos locais, como os territórios de controle de facções em bairros e ruas específicas de uma cidade, ou um lado do campo de futebol. Uma mesma área pode condizer com diferentes territórios, por exemplo, a sala de aula pode durante um período de tempo ser o território de um professor de química, pois ele exerce um certo tipo de poder ao controlar quem entra/sai da sala e ao influenciar no comportamento dos alunos, e durante outro período, se torna território de um professor de história. De acordo com Bernardo Mançano Fernandes, As disputas territoriais ocorrem nos planos materiais e imateriais , e se desdobram em várias dimensões como econômica, política, teórica e ideológica [...] a partir de diferentes relações sociais e políticas, os territórios são produzidos e destruídos em permanentes conflitos, gerando complexas conflitualidades. (FERNANDES, 2008, p. 05). Um tipo de território imaterial, podem ser os pensamentos de determinado autor. Quando essas ideias são desqualificadas, existe aí uma disputa por territórios. Todos nós produzimos territórios, a partir da construção de concepções, ou de ações que tomamos no dia a dia. Ademais, Claude Raffestin acrescenta que: É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator "territorializa" o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143). Haesbaert define a desterritorialização como um processo voluntário ou forçado, violento, de perda de território, de quebra de controle das territorialidades pessoais ou coletivas, de fratura no acesso a territórios econômicos, simbólicos, a recursos, a bens (2004). Pelo fato de existir como um ser social, o gênero humano precisa se adaptar a novas circunstâncias, aos novos territórios, de modo a se tornar um agente ativo desse novo espaço. Esse é o processo de reterritorialização (2004). Deste modo, subentende-se que junto ao processo de desterritorialização, está contido sempre um processo de reterritorialização. 4 Os autores anteriormente citados (Manuel Correia de Andrade, Marcelo Lopes de Souza, Bernardo Mançano Fernandes, Claude Raffestin e Rogério Haesbaert) nos dão referências importantes para o entendimento do território. A seguir, citamos outros exemplos de territórios. Ilhas Malvinas/Falklands - Território Ultramarino Britânico As Malvinas/Falklands são um arquipélago no extremo-sul do Atlântico (fig. 1.1), tendo duas ilhas principais e outras pequenas ilhas em volta. Essa região era importante estrategicamente nas navegações dos séculos passados, pois controlavam a passagem entre o Atlântico e o Pacífico (à época, única passagem entre esses dois oceanos). As ilhas eram reivindicadas pela Espanha desde o período colonial, embora esta nunca tenha efetivamente ocupado o território, apenas formado pequenas comunidades. Conforme o Império Britânico (Reino Unido atualmente) foi se projetando, o domínio de ilhas passou a ser uma importante arma para a marinha britânica. Em 1833 os britânicos tomaram posse das Malvinas/Falklands e começaram uma ocupação com pessoas e carneiros, gerando uma revolta na Argentina recém independente, que havia herdado esse território da Espanha por meio do Tratado de Tordesilhas e o reivindicava também. Algumas décadas depois, a importância da ilhas se reduziu, por fatores como a construção do Canal do Panamá em 1914, que abriu outro canal de ligação entre os oceanos, a extinção do Império Britânico em 1997, e pelo aumento de uma dependência da Argentina por parte dos Kelpers (moradores das ilhas), que precisavam de suprimentos. No começo dos anos 1980, com as sucessivas crises no petróleo em 1973 e 1979, surge um cenário que vai gerar o conflito. O governo da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, vinha sendo mal avaliado, havia uma crise econômicaem andamento, além de uma eleição parlamentar se aproximando. Na Argentina ocorria uma ditadura que tomou o poder em 1976 e também enfrentava bastante críticas nos sentidos econômico e político, estando a presidência da época nas mãos do general Galtieri. Portanto, ambos governos precisavam de um discurso que estimulasse a população. Para a Argentina, havia a ideia de que o Reino Unido não lutaria para recuperar essas ilhas devido à distância entre eles (mais de 12.900 km de distância das Ilhas Falklands até o Reino Unido) e por essa retomada precisar de uma operação militar complexa. O Reino Unido tem uma série de outros territórios ultramarinos pelo mundo (fig. 1.2), nos quais poderiam surgir contestações caso ele abrisse mão das Malvinas, ou no caso de uma tomada desse território por parte da Argentina sem uma contrarreação britânica. Em 2 de abril de 1982 ocorreu a invasão. A guarnição britânica era ínfima, com 50 soldados na capital Port Stanley, o que tornou a conquista argentina fácil, mas causou uma reação imediata do Reino Unido, que montou uma operação naval 5 complicada, sem o apoio dos países mais próximos da região - com um destaque do Brasil -, que não permitiram o uso do seu espaço aéreo e do seu litoral para abastecimento das frotas. A frota saiu de Gibraltar e de outras ilhas britânicas, se reuniu no meio do caminho, usando a ilha de Ascensão como ponto de reabastecimento, e de lá partiram para reconquistar as Malvinas/Falklands , dando início a guerra. No dia 26 de abril, os britânicos retomaram a ilha Geórgia do Sul, que não era uma área estratégica, mas demonstrava o poderio do Reino Unido na recuperação de seus territórios. Ao final de maio, 10.000 soldados ingleses desembarcam na ilha principal das Malvinas, iniciando uma campanha por terra, ar e mar para fazer essa reconquista. O Reino Unido optou por uma guerra localizada na ilha, sem ataques à Argentina. Eles desembarcaram em um dos extremos da ilha, San Carlos, avançaram para um povoado chamado Goose Green e aí conseguiram chegar a capital Port Stanley para a retomada da ilha (fig.1.3). No dia 13 de junho, a guarnição Argentina se rendeu, e no dia seguinte já se considerou que a crise estava encerrada. Os argentinos perderam cerca de 700 soldados, e os britânicos em torno de 255 pessoas. O conflito teve efeitos importantes na política da época: o que era pra ser a grande vitória da ditadura Galtieri, se tornou o estopim para o fim do regime em 1983, ajudando na redemocratização Argentina. No Reino Unido, os conservadores que iam mal nas pesquisas de intenção de voto, conseguiram angariar apoio popular e continuar no poder até 1990, por meio do governo Thatcher. Atualmente, o governo argentino reivindica as ilhas por questões históricas e de soberania. Segundo Rogério do Nascimento Carvalho , O interesse do Reino Unido sobre as Ilhas Malvinas como uma possível alternativa de riquezas, é confirmado pela recém-descoberta de petróleo e gás na região, e por isso, o controle e a presença no Atlântico Sul é vital para o acesso (e defesa) a estas descobertas [...]. Há de se ressaltar aqui o interesse que o arquipélago proporciona no tocante à projeção de poder sobre o continente antártico." (Carvalho, 2015, p. 5). Essa rixa é percebida também dentro dos campos de futebol. Em 2014, a federação argentina (AFA) foi multada pela Fifa e recebeu uma reprimenda pelos jogadores da seleção terem entrado com uma faixa dizendo "Las Malvinas son argentinas" no amistoso pré-Copa do Mundo contra a Eslovênia. (fig. 1.4) Em 2013 houve um plebiscito, para saber dos habitantes da ilha a quem queriam pertencer, e a decisão foi pela continuação dos domínios britânicos, o que não foi reconhecido como válido pelos argentinos nem pela ONU pois ambos não reconhecem esses britânicos que vivem nas Malvinas como população autóctone. O advogado argentino Ramiro explica a partir de um exemplo: “Os ingleses em 1833 expulsaram os habitantes locais das Malvinas e colocaram britânicos em seu lugar. É como se eu expulsasse você de sua casa, colocasse minha família para morar aí e depois fizesse um referendo com ela perguntando se querem você de volta.”. A guerra deixou na Argentina veteranos que carregam as marcas corporais dessa disputa, e ainda hoje é uma 6 ferida no orgulho nacional, por vezes utilizada politicamente como algo que mexe com o nacionalismo Argentino. Ilha Navassa- Eua vs Haiti Ilha Navassa, uma pequena ilha desabitada no mar caribenho (fig.1.5). Ela está submetida a uma disputa territorial entre o Haiti e os Estados Unidos, que administra a ilha. Em 1857 os EUA tomaram posse da ilha com base na lei das ilhas guano, que consiste na permissão de qualquer cidadão dos EUA, poder tomar posse de uma ilha não reclamada que tivesse um depósito de guano, não importa onde esteja localizada, não estando ocupada nem sob a jurisdição de outro governo. A tomada de posse pelo Haiti retoma 1697, durante o Tratado de Ryswick. Porém, a ilha só é citada como ‘’outras ilhas adjacentes''. Em 1801, durante a Revolução Haitiana, foi feita uma nova constituição em que mais uma vez a ilha só é citada como ‘’outras ilhas adjacentes’’. Somente em uma nova Constituição, em 1857, que a ilha é citada explicitamente. Em 1857, o capitão americano Peter Duncan reclamou a ilha em nome dos EUA, apoiado pela lei das ilhas de guano, devido aos imensos depósitos de guano encontrados no local. Em 1858 o Haiti protestou contra a anexação, mas o presidente dos Estados Unidos, James Buchanan, emitiu uma Ordem Executiva que deu sustentação à reivindicação americana. Houve um julgamento em 1890, que confirmou a ‘’posse’’ da ilha pelos Estados Unidos. Duncan transferiu seus direitos de descobridor para um comerciante de guano, ele investiu em uma empresa de mineração que não demorou a investir na ilha. Com péssimas condições de trabalho, houve uma revolta em 1889 em que 18 escravos foram presos, então uma sociedade fraterna negra, a Ordem dos Pescadores da Galiléia, levantou dinheiro para defender os mineiros no tribunal federal, e a defesa baseou-se na alegação de que os homens agiram em legítima defesa ou no calor da paixão, e que os Estados Unidos não tinha jurisdição sobre a ilha. EJ Waring, o primeiro advogado negro a passar no tribunal de Maryland , fazia parte da equipe jurídica de defesa.Os casos, incluindo Jones v. Estados Unidos , 137 U.S. 202 (1890), foram para a Suprema Corte dos EUA em outubro de 1890, que julgou constitucional a Lei de Guano, e três dos mineiros estavam programados para execução na primavera de 1891. A petição popular dirigida por igrejas negras em todo o país, também assinada por jurados brancos dos três julgamentos, chegou ao presidente Benjamin Harrison , que substituiu as sentenças para prisão e mencionou o caso em um discurso do Estado da União. A mineração de Guano foi retomada em Navassa em um nível muito reduzido. A Guerra Hispano-Americana de 1898 forçou a Phosphate Company a evacuar a ilha e declarar falência, e os novos proprietários abandonaram a ilha após 1901. Navassa volta a ter significância com a abertura do Canal do Panamá em 1914. E conforme listado em sua constituição de 1987, o Haiti mantém sua reivindicação à ilha. 7 Guatemala VS Belize A disputa territorial entre a Guatemala e Belize ocorre desde o período colonial e pode ser dividida em duas partes: Primeiro, o embate entre a Espanha e a Coroa Britânica; e depois, a disputa direta entre Guatemala e Belize. Belize é um país da América Central com fronteiras com o México, o mar do Caribe e com a Guatemala, ao sul e ao oeste. Sua língua oficial é o inglês, sendo que o espanhol também é muito usado. Os primeiros 150 anos de Belize como colônia inglesa e espanhola foi marcado pela disputa territorial entre as duas coroas, e somente em 1862 tornou-se uma colônia da coroa britânica, sendo assim o único país da América Central a ser dominado pelos ingleses. Sua independência total se deu apenas em1981, apesar de ainda fazer parte da Comunidade Britânica. Já a Guatemala é uma ex-colônia espanhola situada na América Central, fazendo fronteiras com El Salvador, México, Belize e Honduras. A maioria da população está situada em áreas rurais, e seu IDH é de 0,560. Sua língua oficial é o espanhol e sua independência se deu em 1821. No período que segue entre o século XVI e XVIII, há uma disputa entre a Espanha e a Grã-Bretanha, potências que buscavam dominar colônias e seguir o caminho expansionista da época. O objetivo era controlar o maior número possível de territórios, já que possuir muitos territórios era sinônimo de crescimento econômico e influência internacional. Esse embate se dá até o século XIX, quando a Espanha finalmente deixa de controlar suas colônias na América Central, implicando em diversos movimentos pela independência. Nesse contexto, Guatemala se tornou independente da Espanha em 1821, enquanto Belize ainda se encontrava sob o controle do império britânico, que continuava avançando sobre as regiões do Rio Sibún e do Rio Sarstún, que estão situados no território guatemalteco e foram reivindicados pelo país. A região possui mais de 11 mil km2 de extensão, equivalendo a quase metade do território de Belize, além de ser uma região turística que ajuda a movimentar a economia do país. Nesse contexto, o governo da Guatemala propôs o Tratado Aycinena-Wyke, que aceitava o domínio britânico das regiões dos rios Sibún e Sarstún em troca de uma via de comunicação entre Belize e Guatemala. No entanto, a Grã Bretanha não cumpriu o acordo. Posteriormente foram feitas diversas tentativas guatemaltecas com o objetivo de chegar a um acordo que agradasse as duas partes; no entanto, o governo britânico não cumpriu os acordos e não se mostrava disposto a chegar a um consenso. Por exemplo, em 1859 foi feita uma convenção que obrigava a Grã Bretanha a pagar à Guatemala o valor de cinquenta mil libras em troca da posse dos territórios disputados, porém o valor não foi acatado. Com a independência total de Belize, a situação não pareceu melhorar. 8 Por fim. Depois de tantas tentativas sem sucesso, Belize e Guatemala fizeram consultas populares e levaram a questão à Corte Internacional de Justiça, com o objetivo de estabelecer uma fronteira definitiva entre os dois países. Atualmente não foi encontrada nenhuma solução para o embate político, e a situação se estende até os dias de hoje. É notório que essa disputa traz um clima de tensão diplomática na fronteira, além de favorecer o tráfico de drogas e de mercadorias, acarretando num aumento da violência e da instabilidade política na região. Conclusão Podemos ter vários usos do espaço e diferentes interpretações sobre esses usos. Na análise do conceito de território, percebemos este como sendo uma área delimitada no espaço, seja ele material ou imaterial, onde há um exercício de poder, de domínio, de comando, de soberania. Não por acaso, o conceito está quase sempre ligado à noção de Estado, que não pode existir sem o seu respectivo território. Mas é importante deixar claro que ele se manifesta nas mais diferentes escalas, como por exemplo: o território do corpo ou a área comandada pelos países-membros da própria América Latina. Já a territorialização seria um processo contínuo de criação de territórios por um grupo social. Se porventura, esse exercício de poder é limado, nós identificamos a ocorrência da desterritorialização. Junto desse processo, temos a reterritorialização, um movimento de fundação de um novo território. A partir das conceituações de alguns geógrafos e dos exemplos apresentados, procuramos definir uma significação aproximada do conceito de território, demonstrando como este é um processo de criação humana e não apenas o espaço absoluto, o espaço entendido como área, como superfície. Buscou-se fazer uma reflexão teórica sobre o conceito e considerar sua importância como categoria de análise das dinâmicas espaciais. 9 Referências Alves, Flamarion Dutra; Ferreira, Enéas Rente. PANORAMA DOS MÉTODOS E TÉCNICAS EM GEOGRAFIA HUMANA: retrospectiva e tendências. p. 1-11. In: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2009. ANDRADE, Manuel Correia de. A questão do território no Brasil. – São Paulo: Editora Hucitec, 2004. RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do poder. – São Paulo: Ática, 1993. SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato. (Org.). Geografia: Conceitos e temas. – 8ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. Carvalho, Rogério Nascimento. ILHAS MALVINAS: A INFLUÊNCIA DA GEOPOLÍTICA BRITÂNICA E A POLÍTICA EXTERNA DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL. Anais do I Encontro Internacional de Política Externa Latino-Americana: Mapeando a Política Externa do Cone Sul. Foz do Iguaçu, págs. 320-331, 2015. FERNANDES, Bernardo Mançano. Entrando nos territórios do Território. In: Campesinato e territórios em disputa. São Paulo: Expressão Popular, 2008b, p. 273-302. SMINK, Verônica, et al. Mapas mostram disputas territoriais ativas nos países da América Latina — inclusive no Brasil. BBC, São Paulo, 2 de janeiro de 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-59585669>. Acesso em: 25 de abril de 2022. Centro de Estudios Internacionales Gilberto Bosques, "Disputa territorial entre Guatemala y Belice: Origen y expectativa del conflicto en el marco de las consultas populares”, Monitor Electoral, México, Senado de la República, 20 de abril del 2018. Belize (em inglês). Disponível em: <http://www.state.gov/outofdate/bgn/belize/191353.htm>. Acesso em: 26 de abril de 2022. 10 http://www.state.gov/outofdate/bgn/belize/191353.htm Anexos Figura 1.1) Ilhas Malvinas mapa-mundi. Fonte: Wikipédia Figura 1.2) Territórios Britânicos ultramarinos. Fonte: Wikipédia 11 Figura 1.3) Mapa das Malvinas. Fonte: Wikipédia Figura 1.4) Fifa multa Argentina por faixa sobre as Malvinas durante jogo. Fonte: Revista Época 12 Figura 1.5) Mapa da ilha Navassa. Fonte: BBC News 13
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