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Laura Catarine – M4 Dislipidemia Metabolismo lipídico Os lipídios tem duas origens: o Dieta – Exógenos o Síntese celular – Endógenos Representados pelo colesterol, triglicerídeos, fosfolipídeos e ácidos graxos Apolipoproteínas (apo): o As apolipoproteínas são proteínas carreadoras de lipídeos, que podem ser de vários tipos e estão presentes nas lipoproteínas As lipoproteínas são partículas esféricas, composta de um centro hidrofóbico e uma superfície hidrofílica o Cada apolipoproteína é denominada com uma letra do alfabeto o Além de carreadoras, as apo possuem efeitos sobre reações enzimáticas (apo C2 e C3) e interação com receptores (B100 e E) o A apo (a) é considerada um fator de risco para aterosclerose Lipoproteínas (Lp): o Função: solubilização e transporte de lipídeos o Possuem vários tipos, que mudam de acordo com a densidade Lp com alto teor de gordura e baixo teor de proteínas possui baixa densidade (VLDL) o Tipos principais: Quilomícron (QM): Maior tamanho Rica em triglicerídeos – transporta eles do intestino para a circulação Não participa da aterosclerose por ser uma molécula muito grande VLDL – lipoproteína de densidade muito baixa: Menor que o QM Rica em triglicerídeos – transporta os TG do fígado para a circulação IDL – lipoproteína de densidade intermediárias: Resulta da remoção de TG do VLDL Possui TG e colesterol Tamanho menor que o VLDL LDL – lipoproteína de densidade baixa: Rica em colesterol Conhecida como mau colesterol HDL – lipoproteína de densidade alta: Retira colesterol dos tecidos e leva para o fígado Bom colesterol É a menor lipoproteína Transporte dos lipídeos até os tecidos periféricos pode acontecer por 2 caminhos: o Intestino – via exógena: Os lipídeos da dieta sofrem ação das lipases e formam micelas para entrar nos enterócitos NPC1-L1: proteína que permite a entrada dos lipídeos nos enterócitos Laura Catarine – M4 Após a absorção dos lipídeos da dieta, eles seguem pela linfa, na forma de quilomícron, até chegar na circulação Nos tecidos periféricos (principalmente músculo e tecido adiposo), existe uma enzima chamada de Lipoproteína Lipase (LPL) que quebra os triglicerídeos, ofertando muito ácidos graxos para os tecidos O QM sem triglicerídeos é removido rapidamente da circulação pelo fígado A apoE ajuda no reconhecimento dos quilomícrons remanescentes Os remanescentes dos QM são os que ao caminharem pela circulação vão perdendo TG e ficam ricos em ésteres de colesterol Esses remanescentes de QM podem estar associados à aterosclerose o Fígado – via endógena: O fígado produz VLDL, rico em triglicerídeos O VLDL também possui seus TG hidrolisados pela lipoproteína lipase Conforme, vai perdendo triglicerídeos ao longo do caminho, o VLDL se transforma em IDL, até perder todos os TG e sobrar apenas colesterol, quando se torna LDL A maior parte do LDL é removido da circulação pelo fígado, mas uma pequena parte pode penetrar no espaço subendotelial para formar placas ateromatosas O LDL demora 2 a 5 dias para ser retirado da circulação As principais moléculas aterogênicas nessa via é IDL e LDL Pode haver participação do VLDL remanescente Lipídeos em excesso causa lesão tecidual e por isso precisam ser removidos dos tecidos periféricos Essa remoção se chama transporte reverso de colesterol A remoção de colesterol é realizada pelo HDL, que é gerado pelo fígado e pelo intestino Para o colesterol ser colocado dentro da lipoproteína, no caso a HDL, ele precisa ser transformado em um éster o Essa transformação é feita pela enzima LCAT (lecitina- colesterol aciltransferase) Quando está cheio de colesterol, o HDL é retirado da circulação pelo fígado A taxa de produção de VLDL parece depender da disponibilidade de triglicerídeos Distúrbios do Metabolismo Lipídico As dislipidemias são classificadas em primárias e secundárias Dislipidemias primárias: Laura Catarine – M4 o São condições genéticas raras o Sinais clássicos das hipercolesterolemias primárias: Presença de depósitos cutâneos de colesterol Xantelasma – Pálpebras Xantomas – tendões extensores Arco córneo Doença arterial sistêmica o A forma mais comum é a hiperlipidemia familiar combinada É uma hipertrigliceridemia isolada – TGL maior ou igual a 175 mg/dL o Síndrome da hiperquilomicronemia: O plasma se apresenta leitoso, com triglicerídeos maior que 1000 mg/Dl, pancreatite aguda e dor abdominal recorrente Dislipidemias secundárias: o Mais importantes e mais frequentes o Principais causas: Hipertrigliceridemia – Álcool Redução do HDL – Tabagismo Hipertrigliceridemia + redução do HDL – Diabetes, HAS e glicocorticoides LDL elevado – hipotireoidismo o Pacientes infectados por HIV tem mais chance de ter dislipidemia Ocorre desenvolvimento de resistência insulínica, que cursa com hipertrigliceridemia e redução de HDL Esses pacientes precisam de acompanhamento do perfil metabólico Melhores drogas a serem usadas nesses pacientes: pravastatina e fluvastatina Diagnóstico Exames de rotina: o Colesterol total; triglicerídeos, LDL, HDL e colesterol CT – até 190 mg/dl TG – até 175 mg/dl HDL – maior que 40 mg/dl O rastreamento de dislipidemias tem maior respaldo a partir dos 35 anos em homens e 45 anos em mulheres com fator de risco A dosagem da apo(a) é recomendada apenas na estratificação de risco da hipercolesterolemia familiar e nos pacientes com alto risco de doença coronária aguda Tratamento Conceitos iniciais: o Os Triglicerídeos são alvo de terapia apenas quando estiverem acima de 500 mg/dL Terapia não medicamentosa: o Indicada para todos os pacientes com dislipidemia o Medidas: Cessar tabagismo Perda de peso Atividade física Terapia nutricional Dieta isenta de AG trans (ácidos graxos trans: aumentam o LDL, diminuem o HDL e aumentam os triglicerídeos) Menos de 10% do valor calórico total de AG saturados para indivíduos saudáveis, e menos de 7% para os que apresentam risco cardiovascular Fitosterois: São substâncias análogas ao colesterol que compete com este na sua absorção na luz intestinal Dose – 3 a 4 g/dia Proteína da soja: Reduz o colesterol plasmático Dose – 25g/dia Antioxidantes: Laura Catarine – M4 Flavanoides - encontrado nas frutas, verduras, vinho e suco de uva, responsáveis por inibirem a oxidação da LDL, diminuindo sua aterogenicidade Terapia medicamentosa: o Estatinas: Inibem a HMG-CoA redutase, enzima que limita a síntese do colesterol, o que diminui o conteúdo intracelular de colesterol, aumentando o número de receptores de LDL nos hepatócitos Reduz LDL e triglicerídeos, e aumenta o HDL Mais potente: atorvastatina e rosuvastatina Menos potente: fluvastatina e pravastatina Reações adversas: Elevação discreta das transaminases, miopatia, dor abdominal Contraindicação: hepatopatias agudas, gravidez e lactação Recomenda-se que as estatinas sejam administradas logo antes de dormir pois é durante o jejum prolongado que ocorre a maior produção de colesterol pelo fígado O efeito da estatina deve coincidir com o pico de produção hepática o Fibratos: Estimula o receptor alfa ativado de proliferação dos peroxissomos, o que ativa a LPL (lipoproteína lipase), responsável pela hidrólise intravascular de TG Reduz triglicerídeos e eleva HDL Indicado em TG > 500 mg/dL, principalmente acima de 100 mg/dL Genfibrozil, benzafibrato Reações adversas:gastrointestinais, litíase biliar, diminuição da libido Contraindicação: insuficiência renal ou hepática e colangite biliar primária o Resina de trocas: Reduzem a absorção intestinal de sais biliares e, consequentemente, de colesterol Reduz o LDL e eleva o HDL Reações adversas: sintomas grastrointestinais, obstrução intestinal e redução na absorção de outras drogas Contraindicada em triglicerídeos > 400mg/dL o Ácido nicotínico: Vitamina do complexo B que reduz a ação da lipase tecidual, diminuindo a oferta de ácidos graxos para a síntese hepática de TG Eleva o HDL, reduz o TG e LDL Reações adversas: rubor facial, urticária, hepatotoxicidade Contraindicação: hepatopatias, úlcera péptica, sangramento arterial e gota o Ezetimibe: Inibe a absorção do colesterol Reduz o LDL Reações adversas: hipersensibilidade, hepatite, dor abdominal o Ácidos graxos ômega 3: Contém ácidos graxos que reduzem os triglicerídeos Apresentam atividade anti- inflamatória Pode ser usado em crianças e gestantes Reações adversas: dispepsia e eructação Esquema de tratamento: o Reduzir LDL: Estatinas, Ezetimibe e/ou resina de troca Laura Catarine – M4 o Reduzir TG: dieta, fibratos, ácido nicotínico e/ou ácidos ômega 3 o Elevar HDL: exercício físico, vinho, ácido nicotínico e/ou fibratos Estratégias de tratamento: o Diretrizes AHA: As estatinas objetivam prevenir uma doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) em muitos pacientes de alto risco Grupos beneficiados por estatina: ASCVD clínica: pacientes com síndrome coronariana aguda, história do infarto, angina estável ou instável, revascularização de coronária ou outra artéria, AVE Elevações primárias do LDL maior ou igual a 190 mg/dl Diabéticos de 40 a 75 anos com LDL entre 70 e 189 mg/dl Indivíduos com LDL 70-189 mg/dl e risco estimado em 10 anos para doença cardiovascular aterosclerótica maior ou igual a 7,5% Terapia de alta intensidade – reduzir LDL maior ou igual a 50%: Atorvastatina 40 a 80 mg Rosuvastatina 20 a 40 mg Terapia de moderada intensidade – reduzir LDL aproximadamente 30 a 50%: Atorvastatina 10 a 20 mg Rosuvastatina 5 a 10 mg Sinvastatina 20 a 40 mg Terapia de baixa intensidade – reduzir LDL menos que 30%: Pravastatina 10 a 20 mg Lovastatina 20 mg o Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC): Estima o risco de infarto do miocárdio, AVE, insuficiência vascular periférica ou insuficiência cardíaca em dez anos Risco muito alto: Doença aterosclerótica significativa Alto risco: Aterosclerose na forma subclínica Aneurisma de aorta abdominal DRC em fase não dialítica LDL maior ou igual a 190 mg/dL DM 1 ou 2, com LDL entre 70 e 189 mg/dl Risco intermediário: Indivíduos com escore de risco global entre 5 a 20% nos homens e 5 a 10% nas mulheres Baixo risco: Risco menor que 5% no escore de risco global
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