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Técnica Dietética: da sala de aula à cozinha A disciplina de Técnica Dietética (TD) é integrante do conjunto de matérias específicas presentes dos cursos de nutrição, gastronomia e demais áreas correlatas, esta representa um ponto chave e de forte influência sobre o perfil profissionalizante do indivíduo, uma vez que é por meio dessa que o acadêmico entra em contato com sua ferramenta de trabalho contínua: o alimento. Essa disciplina é elencada em matriz curricular, geralmente, subsequente às disciplinas de Bromatologia, Bioquímica e outras que discorrem a respeito da composição dos alimentos, visto que os conhecimentos abordados nestas são pré-requisito para entendimento pleno do conteúdo ministrado em TD, em virtude da diferente perspectiva empregada sobre o que já se sabe a respeito dos carboidratos, proteínas, lipídios e água. Em TD direciona-se o aprendizado para a manipulação do alimento durante as etapas de pré-preparo e preparo, incluindo a preservação do valor nutritivo, as mudanças em suas características específicas e em suas características sensoriais (MOREIRA, 2016; PHILIPPI, 2014). Facilmente visualiza-se a cozinha/laboratório de Técnica Dietética (LTD) como um espaço destinado à realização de experiências com alimentos, reproduzindo de maneira organizada e padronizada os processamentos que sofrem durante sua preparação em nível de cozinha doméstica e/ ou Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), objetivando sempre à preservação de sua qualidade nutricional, sensorial e microbiológica. Dito isso, é de se esperar que haja espaço suficiente para a execução das tarefas previstas de pré- preparo, cocção e distribuição, assim como facilidade de abastecimento e de remoção de lixo; boa iluminação, ventilação e exaustão; área de refrigeração adequada para a conservação de alimentos perecíveis; água encanada, quente e/ou fria; material de limpeza de preferência biodegradável; equipamento de cozinha de fácil limpeza, instalações de móveis e aparelhos em alturas cômodas e acessíveis ao operador (ergonomicamente adequadas); equipamento mecânico que ofereça toda a segurança ao operador, evitando acidentes. Pode-se observar que além dos cuidados com fornecimento de toda a estrutura necessária para o manuseio e operação dos alimentos também preocupa-se com a saúde e bem-estar do manipulador. Sabendo que essa é uma via de mão dupla, na sequência observaremos os cuidados exigidos dos manipuladores para com o laboratório e consequentemente, com o alimento (MOREIRA, 2016; PHILIPPI, 2014). Para um desenvolvimento fluido e sem imbróglios expressivos deve-se adotar uma sequência de atitudes e comportamentos que caracterizam o que podemos classificar de modus operandi ideal laboratório adentro. Dentre esses cuidados podemos citar: conduta pessoal; higiene pessoal e manipulação de alimentos; higienização de materiais, utensílios e equipamentos; planejamento e organização do trabalho. Quanto à conduta pessoal, cada discente é responsável por si, no entanto deve também preocupar-se e prezar pelo trabalho da equipe. Afim de cultivar bom convívio e integração entre todos do grupo os seguintes comportamentos devem ser valorizados e adotados: Felipe Spuldaro Felipe Spuldaro Pedro, 01 de Novembro de 2022 AV1 - Técnica Dietética I Nutrição - UNIAVAN Quadro 1.1 - Conduta pessoal Adaptado de: Moreira, 2016. Tratando-se da higiene pessoal e manipulação de alimentos, solicita-se a paramentação adequada para a proteção do discente, manipulador de alimentos em questão, dos riscos decorrentes das superfícies em elevadas temperaturas, úmidas ou da presença de resíduos mesmo que temporariamente existentes no piso ou no ambiente, além de propiciar proteção aos alimentos. A paramentação também está relacionada à higiene pessoal e consiste em: Quadro 1.2 - Higiene e proteção Fonte: Moreira, 2016. Vale citar que um fator de extrema importância consiste na higiene adequada das mãos, desta maneira deve-se lavar as mãos com água e sabão, completar a antissepsia com álcool a 70% ao entrar no LTD pode ser uma ótima opção; ao iniciar o trabalho e sempre que se fizer necessário. Nesta mesma linha de raciocínio reprova-se o ato de levar à boca talheres, espátulas ou as mãos que manipularam alimentos, bem como lavar os talheres utilizados para provar tempero ou verificar “o ponto de cocção” dos alimentos imediatamente após o uso. Tratando-se da utilização de utensílios e equipamentos, deve-se sempre mantê-los a disposição para manuseio, para isso elenca-se os seguintes deveres: Quadro 1.3 - Manejo de utensílios Fonte: Philippi, 2014. Discorrendo a respeito da conservação da integridade e organização da bancada pré, intra e pós-preparo, é de extrema importância que os grupos de discentes arranjem- Seja pontual: a falta de pontualidade atrapalha o ritmo do trabalho e a sequência das operações. Colabore nas tarefas durante a preparação e degustação dos alimentos; Lembre que degustar é “experimentar” o alimento apenas para poder avaliá-lo, portanto não é necessário comer exageradamente. Não coma alimentos, principalmente aqueles que estiverem sendo preparados, antes da degustação. Não use joias, adereços, bijuterias, acessórios, maquiagem e unhas esmaltadas, além de sapatos de salto alto, que possam prejudicar a manipulação dos alimentos. Mantenha um bom relacionamento pessoal com os colegas, professores e funcionários. Empenhe-se em aprender a organizar e distribuir as porções de alimentos para degustação e avaliação. Usar, obrigatoriamente, avental branco (jaleco) com mangas longas e touca branca descartável, prendendo todo o cabelo. Usar calças compridas e sapatos fechados (de preferência com solado antiderrapante). Os homens devem estar devidamente barbeados. Entrar no LTD já uniformizado e com os cabelos presos e protegidos por toucas descartáveis; deve- se evitar o uso de rede nos cabelos, pois não são eficientes. Retirar os restos de alimentos e o excesso de gordura dos utensílios antes do início da lavagem. Seca r t odos os ma te r i a i s , u t ens í l i o s e equipamentos antes de guardá-los. Lavar todos os materiais, utensílios e equipamentos imediatamente após o uso. Ser responsável pela limpeza total de sua área de trabalho, área de pesagem e área de degustação. se de maneira organizada, conversem a respeito do preparo e do rumo que será tomado frente a atividade proposta. Em outras palavras, é necessário aguardar a divisão dos trabalhos, ler atentamente as instruções contidas em cada receita ou protocolo e planejar o afazer antes de iniciá-lo. Feita a esquematização de ideias e entendimento do estudo proposto é chegada hora de retirá-lo do papel, deve-se então reunir todos os ingredientes, equipamentos e utensílios necessários para o preparo, bem como acondicionar e transportar os alimentos que serão utilizados com o auxílio dos utensílios apropriados — sempre aparados em pratos ou bandejas. Relembrando o mencionado no §6, é de suma relevância o desprendimento de máxima atenção quanto a manipulação e acondicionamento dos utensílios em seu devido lugar após a utilização, desta forma o mesmo torna a ficar disponível para uso. Sendo assim, facilmente correlaciona-se o cultivo das boas práticas de manuseio de alimentos, a boa organização e manutenção dos utensílios e da bancada com a preservação do valor nutritivo e das características sensoriais do preparo em questão. Compreendido que no LTD é onde decorrem-se diversas operações de preparo e manuseio de alimentos, falaremos mais a respeito a seguir. Pós tomada de conhecimento acerca do objetivo da sua aula, dar-se-á início ao acompanhamento e separação dos ingredientes de acordo com o tema central da aula, antes de abrir a embalagem do produto que irá ser manipulado você deve analisar a validade do alimento e passar álcool na embalagem, ainda, se precisar descartar a embalagem ou parte da embalagem, deve- se colocá-lo emum bowl específico. Vale citar que após a abertura de embalagens, caso o alimento seja acondicionado em outro recipiente, é necessário identificar o recipiente com as seguintes informações: nome do alimento, data de abertura e data de validade (MAFRA, 2021). Os procedimentos neste instante citados combinados com os que serão descritos a seguir caracterizam o que no ramo gastronômico denominados “mise en place” — termo de origem francesa que significa "pôr em ordem, fazer a disposição". É também uma forma de dizer para arrumar e preparar a cozinha para começar a confecção dos pratos. São chamadas de operações preliminares aquelas a que são submetidos os alimentos antes de sua cocção final ou não. Compreendem as operações de limpeza — lavar, limpar, desinfetar; divisão — separar, picar, cortar; e mistura (PHILIPPI, 2014). O método de divisão apresenta como aspecto positivo relevante o fato de que melhora a digestibilidade do alimento ao antecipar o processo de mastigação, contudo possui os seguintes aspectos negativos: exposição do alimento a perdas e alterações por oxidação, tornando-o mais susceptível à contaminação e deterioração (MOREIRA,2016). Tratando-se dos métodos de divisão (Quadros 1.4 - 1.7), integram esta categoria os seguintes tipos de separação: separação simples, separação de sólidos e líquidos, separação de sólidos, separação de líquidos. Acerca desses, o alimento é fragmentado, porém mantido, aparentemente, como um todo. Nesta categoria, a divisão pode variar em grau e ser feita com uso de instrumento cortante ou com o auxílio de máquinas (moedor, liquidificador, processador, mixer, entre outros) (PHILIPPI, 2014). Com base no aludido nesta composição, faz-se descomplicadamente compreensível as razões pelas quais os procedimentos e condutas de comportamento, ingresso em ambiente próprio; manuseio, corte, higienização e organização dos alimentos, bem como da área de trabalho fazem-se fundamentais para a inocuidade alimentar, segurança do manipulador, bem como do consumidor final. Quadro 1.4 - Separação simples Adaptado de: Moreira, 2016 Quadro 1.5 - Separação de sólidos e líquidos Adaptado de: Moreira, 2016 Quadro 1.6 - Separação de sólidos Adaptado de: Moreira, 2016 Quadro 1.7 - Separação de líquidos Adaptado de: Moreira, 2016 MÉTODO DEFINIÇÃO CORTAR Dividir o alimento em pedaços menores, utilizando facas ou lâminas. PICAR Dividir o alimento em pedaços menores, utilizando meios manuais ou máquinas. TRITURAR Dividir o alimento em pequenos pedaços, tornando-o homogêneo, usando meios manuais ou máquinas. HOMOGENIZAR Dividir o alimento em pedaços muito pequenos por meio de homogeneizadores. MÉTODO DEFINIÇÃO ESPREMER Extrair líquido de um sólido, utilizando agentes de pressão (espremedor manual ou elétrico). COAR/FILTRAR Separar partículas sólidas de um líquido através de filtro ou coador. SEDIMENTAR Deixar o líquido em repouso para que as partículas sólidas nele contidas depositem-se no fundo do recipiente CENTRIFUGAR Separar sólidos e líquidos por força centrífuga. MÉTODO DEFINIÇÃO PELAR/DESCASCAR Retirar a pele ou casca usando ou não instrumento cortante. PENEIRAR/TAMIZAR Separar partículas sólidas de diversos tamanhos através de peneiras. MOER Retirar partes de um alimento (pode usar moinho). MÉTODO DEFINIÇÃO DECANTAR Separar líquidos imiscíveis em razão das diferentes dens idades ou só l idos p rec ip i t ados ou sobressalientes num líquido CENTRIFUGAR Separar líquidos de densidade diferentes usando a centrífuga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOREIRA, Leise Nascimento. Técnica Dietética. Rio de Janeiro: Seses, 2016. 240 p. Disponível em: < https://www.ibb.unesp.br/Home/ensino/departamentos/educacao/ laboratorios/legislacaosanitaria/tecnica_dietetica.pdf >. Acesso em: 01 nov. 2022. PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Nutrição e Técnica Dietética. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 427 p. MAFRA, Rafaella. Técnica Dietética I./EAD/[Caderno pedagógico]. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2021. https://www.ibb.unesp.br/Home/ensino/departamentos/educacao/laboratorios/legislacaosanitaria/tecnica_dietetica.pdf https://www.ibb.unesp.br/Home/ensino/departamentos/educacao/laboratorios/legislacaosanitaria/tecnica_dietetica.pdf https://www.ibb.unesp.br/Home/ensino/departamentos/educacao/laboratorios/legislacaosanitaria/tecnica_dietetica.pdf
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