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ENSINO E APRENDIZAGEM DOIS PROCESSOS BÁSICOS DA DIDÁTICA

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33 
 
Nesses espaços, aquele que se interessa em aprender algo (aprendiz) tem a 
possibilidade de escolher o assunto objeto do conhecimento de que necessita, 
estipulando o seu roteiro, horários e formatos a aprender, muitas vezes sem a 
mediação de um terceiro. 
5 ENSINO E APRENDIZAGEM: DOIS PROCESSOS BÁSICOS DA DIDÁTICA 
O ensino e a aprendizagem exercem papéis centrais na didática. Eles 
fornecem subsídios para que o professor possa atuar em sala de aula e preparar os 
seus alunos para viverem numa sociedade balizada pelo aprender, não só na escola 
e durante a infância, mas em todos os campos sociais e ao longo de toda a vida. 
Entender o que é o processo de ensino e aprendizagem e como esses conceitos se 
encontram presentes em nosso cotidiano de professores significa perceber que 
seguimos alguma tendência pedagógica que vai alicerçar as nossas práticas. 
5.1 O conceito de ensino 
O ser humano tem se dedicado a compreender como ocorre o ensino desde a 
Antiguidade Clássica, procurando maneiras, formatos, técnicas e métodos mais 
eficazes para fazer com que os conhecimentos produzidos e acumulados da cultura 
humana possam ser transmitidos, repassados e ensinados aos demais membros da 
sociedade. 
Piletti (2010, p. 23) reforça que “[...] o ensino e a aprendizagem são tão 
antigos quanto a própria humanidade”, referindo-se à necessidade de as tribos 
primitivas ensinarem os seus filhos a caçar e sobreviver num ambiente hostil. Fazer 
com que esse acúmulo de informações e conhecimentos se perpetue através do 
tempo passa a ser entendido, então, a partir da ideia de ensinar, ou seja, da ação de 
transmitir ao outro esses saberes. 
Daí vem a primeira característica importante sobre o ensino: ele é realizado 
por alguém que tem o conhecimento. Essa pessoa, partindo de um objeto que 
deseja ensinar, vai transmitir o que sabe a alguém. Piletti (2010, p. 26) traz o 
seguinte complemento: “[...] segundo o conceito etimológico, ensinar (do latim 
signare) é ‘colocar dentro, gravar no espírito’. De acordo com esse conceito, ensinar 
 
34 
 
é gravar ideias na cabeça do aluno. Nesse caso, o método de ensino é o de marcar 
e tomar a lição”. Assim, podemos entender, a partir dessa ideia inicial sobre o ensino 
visto numa perspectiva pedagógica tradicional, que ensinar segue um processo que 
envolve três elementos, conforme a Figura abaixo. 
 
 
 
Podemos perceber que os assuntos que envolvem o ensino para a área da 
educação são muito pertinentes. Com base na sua conceituação, há inúmeras 
problematizações possíveis. Qual é a relação existente entre o preparo técnico do 
professor para que ensine de forma mais eficiente? Quais as técnicas (didática) mais 
adequadas para ensinar determinados objetos de conhecimentos? Como são eleitos 
os conteúdos que serão ensinados (currículo)? O ensino que está sendo proposto 
tem gerado aprendizagem? 
Você poderá constatar que nem todos os esforços em torno do ensino, com 
conteúdos ricos, ambiente estimulante, boas técnicas didáticas e preparo do 
professor que os ministra poderão garantir que a aprendizagem ocorra. É importante 
destacar que considerar o ensino como algo dissociado do aprender e da 
aprendizagem em si remonta aos primórdios do surgimento da didática, identificada 
como a “arte de ensinar”. Ela propõe técnicas diversas, as quais vão facilitar a 
condução e o desenvolvimento das aulas pelo docente (BES, 2017). Para contribuir 
com esse argumento, podemos resgatar as ideias propostas por Comenius (1657) 
em sua obra Didáctica Magna: 
 
35 
 
Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal de 
ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo, para obter resultados, de 
ensinar de modo fácil [...] de ensinar de modo sólido, não superficialmente, 
de qualquer maneira, massa para conduzir à verdadeira cultura, aos bons 
costumes [...] (COMENIUS, 1976, p. 13). 
É claro que a forma como o ensino é entendido fará com que as ações do 
professor levem à finalidade de ensinar. Esse conceito se reconfigura com o passar 
dos séculos, indo ao encontro das tendências pedagógicas (e até mesmo 
psicológicas) que emergem, possibilitando ao docente se posicionar e optar por 
aquelas com as quais mais se identifica. Ainda assim, segundo Luck (1994, p. 39), 
“[...] o ensino, em geral, centra-se na reprodução do conhecimento já produzido”. 
Damis (2010), ao estudar as transformações ocorridas na didática e as ênfases que 
recaem sobre o ensinar, comenta que elas seguem as mudanças apresentadas na 
Figura abaixo: 
 
 
 
Dessa maneira, um professor alinhado com as tendências pedagógicas 
liberais tradicionais, por exemplo, é visivelmente identificado como aquele que se 
porta como o único detentor do conhecimento. Por essa razão, ele vai transmitir os 
conteúdos a serem ensinados, também por considerar que os alunos não possuem 
conhecimento algum sobre eles. Os alunos, nesse caso, recebem o ensino de forma 
passiva, memorizando informações e não interagindo entre si ou com o docente. 
Nessa visão pedagógica tradicional, ensinar é transmitir conhecimentos. 
Já se o docente segue uma tendência pedagógica progressista, entenderá 
que, ao ensinar, deverá envolver outros elementos no processo, como as vivências e 
experiências do aluno sobre os conteúdos abordados, bem como a problematização 
 
36 
 
das realidades sociais nas quais ele se encontra envolvido. Essa maneira de 
posicionar-se pedagogicamente propõe que o ensino possa ser visto como uma 
relação horizontal entre o professor e os alunos, em que ambos podem ter 
conhecimento e aprender juntos. 
É conveniente destacar ainda que o movimento da Escola Nova, que 
despontou no Brasil na década de 1930, propõe algumas modificações interessantes 
em relação ao ensino, deslocando-o da visão pedagógica tradicional, conforme 
propõe Piletti (2010, p. 27): 
Com a Escola Nova, o eixo da questão pedagógica passa do intelecto 
(ensino tradicional), para o sentimento; do aspecto lógico, para o 
psicológico; dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos 
pedagógicos; do professor para o aluno; do esforço para o interesse; da 
disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para o não-diretivismo; da 
quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração filosófica 
centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração 
experimental baseada principalmente na Biologia e na Psicologia. 
Como podemos perceber, as formas como o ensino é entendido pertencem a 
cada época histórica e seus acontecimentos. Assim, a escola também se modifica e 
apresenta novas maneiras de desenvolver os seus processos de ensino e 
aprendizagem, visando dar conta de um mundo em constante transformação. É 
importante perceber que as teorias produzidas por outras áreas das ciências, como 
a psicologia, a filosofia e a sociologia, repercutem na pedagogia, que incorpora 
novos conceitos sobre as maneiras como se deve ensinar e aprender, modificando 
as condutas docentes. 
Um exemplo dessas contribuições da psicologia sobre o entendimento do 
ensino é a definição de aprendizagem como “[...] mudança de comportamento 
resultante do treino ou da experiência” (GIUSTA, 2013, p. 22). Essa ideia, que surge 
nos trabalhos de psicólogos da corrente conhecida como behaviorismo, entre eles 
Skinner, Pavlov e Watson, altera a compreensão do ensino em que o professor era 
considerado o centro do processo, passando à percepção de outros elementos, 
como a experiência ou o condicionamento. 
Já as pesquisas desenvolvidas por Jean Piaget, com a sua epistemologia 
genética, propõem a ideia de que “[...] o conhecimento não procede nem da 
experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no 
sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas 
 
37 
 
novas” (PIAGET, 1976, p. 4). Da mesma maneira, as teorias de Vygotsky (1977) a 
respeito do processo sócio-históricoe cultural e da aprendizagem contribuem de 
forma significativa para os conceitos de ensino e aprendizagem, uma vez que, de 
acordo com esse autor: 
[...] a aprendizagem não é em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta 
organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento 
mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e está 
ativação não poderia produzir-se sem a aprendizagem. Por isso, a 
aprendizagem é um momento intrinsecamente necessário e universal para 
que se desenvolvam na criança essas características humanas não 
naturais, mas formadas historicamente (VYGOTSKY, 1977, p. 47). 
Como podemos verificar, as ideias da área da psicologia contribuem para que 
a pedagogia se renove e passe a entender o ensino a partir de outras lentes. 
 
 
5.2 O conceito de aprendizagem 
Destacamos até aqui o caráter originário do ensinar, que enfatiza as ações 
iniciais da didática, traduzido como o ato de repassar a alguém os conhecimentos 
produzidos pela humanidade em todas as suas esferas: cultural, científica, religiosa 
ou até mesmo do senso comum. 
Inicialmente, o ensinar estava associado direta e exclusivamente com a figura 
do professor; já o aprender estava relacionado com o aluno (alvo das técnicas de 
ensino), devendo apropriar-se dos conhecimentos propostos. Em outras palavras, 
aprende-se alguma coisa quando aquilo que foi ensinado a partir de alguém é de 
fato apreendido e compreendido pelo aluno ou aprendiz. A partir de então, esse 
conhecimento passa a fazer parte do indivíduo, mudando os seus pensamentos ou a 
sua conduta. Pilletti (2010) comenta que existem três tipos de aprendizagem: 
 aprendizagem motora ou motriz; 
 
38 
 
 aprendizagem cognitiva; 
 aprendizagem afetiva ou emocional. 
 
A aprendizagem motriz refere-se ao desenvolvimento das habilidades 
motoras necessárias para a vida, como andar, correr, dirigir, falar, escrever, etc. A 
aprendizagem cognitiva baseia-se no aprender, assimilar e interpretar todas as 
informações e os conhecimentos recebidos. A aprendizagem afetiva, por sua vez, 
envolve os sentimentos e as emoções que existem e fazem parte dos processos de 
ensino e aprendizagem. É importante destacar que essas aprendizagens ocorrem 
simultaneamente, de forma interdependente. (PILLETTI, 2010). 
Podemos constatar ainda que inúmeros outros fatores intervêm na 
aprendizagem de nossos alunos no interior da escola, conforme a Figura abaixo: 
 
 
 
Como podemos perceber, o aprender, segundo as concepções pedagógicas e 
psicológicas que circulam na atualidade, envolve aspectos que fogem do ambiente 
escolar. Por exemplo, a partir da realidade social que os alunos vivenciam, da sua 
estrutura de vida, da classe social que ocupam, tanto poderão ter maior dificuldade 
em aprender quanto ser mais favorecidos. Os aspectos nutricionais (desde a 
gestação) proporcionarão o desenvolvimento neuronal pleno e, assim, a capacidade 
para aprender ocorrerá de forma tranquila. Já crianças que tiveram uma nutrição 
precária na gestação e na infância poderão apresentar maiores dificuldades de 
aprendizagem. 
O ambiente familiar no qual a criança passa a viver a sua infância e a sua 
escolarização inicial também afeta a maneira como aprende. Pais ou responsáveis 
que se preocupam com um ambiente harmônico, não violento e pautado no diálogo, 
 
39 
 
por exemplo, produzem melhores condições psicológicas para que essa criança 
possa aprender em casa e na escola. Da mesma forma, crianças que vivenciaram 
ambientes familiares agressivos e violentos tendem a ter maiores dificuldades no 
aprender. Os aspectos culturais, e até mesmo étnicos que envolvem as experiências 
e vivências nos grupos sociais que as crianças participam desde o seu nascimento 
também serão importantes para que possam desenvolver a sua visão de mundo e 
valorizar ou não o aprender escolar. 
Nesse sentido, a didática utilizada pelo professor e os estímulos que este 
adota para ensinar vão motivar e interferir diretamente na aprendizagem de seus 
alunos. Podemos admitir uma relação muito estreita entre a motivação para 
aprender ou o interesse pela aprendizagem com a maneira como o professor 
procura planejar e desenvolver as suas aulas. Segundo Brousseau (apud 
ALMOULOUD, 2007, p. 31): 
Um processo de aprendizagem pode ser caracterizado de modo geral (se 
não determinado) por um conjunto de situações identificáveis (naturais ou 
didáticas) reprodutíveis, conduzindo frequentemente à modificação de 
comportamentos de alunos, modificação característica da aquisição de um 
determinado conjunto de conhecimentos. 
O autor entende que há outras situações, além das didáticas, que poderão 
proporcionar a aprendizagem e aponta algo muito importante, que atesta que algo 
foi aprendido: a mudança de comportamento. 
Logo, se você quiser verificar se algum conteúdo ou conhecimento foi 
aprendido pelos seus alunos, também precisará pensar em um formato de avaliação 
que permita visualizar se o comportamento anterior se alterou ou não. Veja um 
exemplo bem típico das instituições de ensino da atualidade: as ações educacionais 
que procuram evitar o preconceito, a discriminação ou o bullying no interior das 
escolas. 
O professor prepara-se para essa atividade e planeja as mais diversas ações 
e metodologias que possam conduzir ao objetivo de acabar com tais situações na 
escola. Após colocá-las em prática com o seu grupo de alunos, vai verificar se estes 
aprenderam o que foi proposto a partir da modificação de suas condutas em relação 
ao tema. Se as ações continuarem apontando atitudes preconceituosas e 
discriminatórias ou o próprio bullying, é provável que a aprendizagem não tenha 
ocorrido a todos como deveria, pois não atingiu os seus objetivos iniciais. 
 
40 
 
Logo, podemos perceber que desenvolver a aprendizagem não é tarefa 
simples, uma vez que: 
[...] aprendizagem não é somente um processo de aquisição de 
conhecimentos, conteúdos ou informações. As informações são 
importantes, mas precisam passar por um processamento muito complexo, 
a fim de se tornarem significativos para a vida das pessoas (PILETTI, 2010, 
p. 29). 
É nesse processamento complexo citado pelo autor que se encontram as 
capacidades individuais e as questões afetivas e motoras existentes naquele que 
aprende. 
A aprendizagem também tem sido muito enfatizada na atualidade, uma vez 
que vivemos numa sociedade que se encontra com grande profusão de informações 
advindas do universo digital e que contribui para que o seu conceito se reconfigure. 
Embora seja contestável que as informações disponíveis na internet possam sempre 
traduzir-se em qualidade de aprendizagem, ainda assim sabe-se que é possível 
aprender de forma autônoma a partir da rede. 
Essas possibilidades de aprendizagem que surgiram a partir da globalização 
e das novas formas de comunicação também modificam o papel do professor nas 
instituições de ensino: é visto agora como mediador do conhecimento. Conforme 
Moran (1997, p. 151): 
[...] precisamos de mediadores, de pessoas que saibam escolher o que é 
mais importante para cada um de nós em todas as áreas da nossa vida, que 
garimpem o essencial, que nos orientem sobre as suas consequências, que 
traduzam os dados técnicos em linguagem acessível e contextualizada. 
Das novas associações que falam da aprendizagem, relacionando-a com a 
sociedade da informação ou com a sociedade aprendente atual, fica a ideia de que 
esse conceito é visto como algo novo, quase que incontrolável em relação aos seus 
resultados finais. Da mesma forma, a aprendizagem via internet, por meio da 
intertextualidade proposta pelos hipertextos, com suas camadas de informações 
sobrepostas e complementares, produz um novo modo de aprender, mais dinâmico 
e instável. Dessa forma, podemos entender que, na atualidade, o: 
[...] aprender não pode aludir, nunca, a uma tarefa completa, a um 
procedimento acabado ou a uma pretensãototalmente realizada; ao 
contrário, indica vivamente, à dinâmica da realidade complexa, a finitude 
das soluções e a incompletude do conhecimento (DEMO, 2000, p. 49). 
 
41 
 
 
5.3 Os quatro pilares da educação e o ensino e a aprendizagem 
As questões que envolvem a educação e, consequentemente, os aspectos 
relacionados ao ensino e à aprendizagem têm um destaque muito grande no mundo 
inteiro na contemporaneidade, sobretudo pelos aspectos relacionados a uma 
sociedade que passa de pautada na informação para aprendente fenômeno 
verificado principalmente nas últimas décadas. 
Assmann (1998) faz uma interessante constatação ao analisar que, com a 
universalização da internet e das tecnologias da informação e comunicação, que 
caracterizam a chamada sociedade da informação, tivemos uma mudança radical 
nas questões de tempo/espaço. Isso também altera as exigências no mercado de 
trabalho, principalmente nos aspectos relacionados a uma maior 
formação/qualificação e flexibilidade por parte dos colaboradores que atuam nas 
empresas globais. 
Dessa forma, percebemos que a denominada sociedade aprendente surgiu 
nos ambientes organizacionais e, posteriormente, deslocou-se para as escolas, que 
mudaram as suas ênfases também para a aprendizagem. Para darmos apenas um 
pequeno exemplo dessa argumentação, em 1990, Peter Senge lançava o seu livro A 
Quinta Disciplina, que se tornou um best seller seguido e praticado em muitas das 
grandes organizações públicas e privadas mundiais. Ele argumenta: 
Muitos se referem às organizações emergentes como “organizações 
baseadas no conhecimento” ou como “organizações que aprendem”: 
organizações inerentemente mais flexíveis, adaptáveis e mais capazes de 
constantemente “reinventarem-se”. Tais organizações terão por base a 
crença de que, em um mundo de mudanças cada vez mais aceleradas e 
crescente interdependência (…) a fonte básica de toda vantagem 
competitiva está na capacidade de aprender mais rápido do que seus 
concorrentes (SENGE, 2002, p. 12, grifo nosso). 
 
42 
 
Como podemos verificar, alguns fatores econômicos, políticos e sociais 
contribuem para essa mudança de ênfase. O aprender ganha destaque e a 
aprendizagem passa a ser entendida como algo que deva ser realizado pela vida 
toda. Preocupada em propor condições universais para equilibrar as questões que 
envolvem a educação da população global, a UNESCO braço da Organização das 
Nações Unidas (ONU) relativo aos cuidados com a educação lançou, em 1996, o 
Relatório da Comissão Internacional da Educação para o Século XXI, intitulado Um 
Tesouro a Descobrir. Esse documento aponta os quatro pilares sobre os quais a 
educação deverá se pautar (Figura abaixo). Esses pilares vão se relacionar 
diretamente às questões que envolvem o ensino e principalmente aquilo que deve 
ser aprendido nas escolas dos sistemas de ensino das nações que fazem parte da 
ONU. 
Segundo as próprias palavras do documento, dentro de um mundo que se 
encontra imerso em tantos infortúnios, violências e desigualdades sociais, e que 
busca ser coeso e global, é coerente entender que: 
[...] o indivíduo deve dispor de todos os elementos de uma educação básica 
de qualidade; melhor ainda, é desejável que a escola venha a incrementar, 
cada vez mais, o gosto e prazer de aprender, a capacidade de aprender a 
aprender, além da curiosidade intelectual (UNESCO, 2010, p. 12). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
Em essência, como a sociedade torna-se mais dinâmica e suscetível a 
mudanças, e para que se alcance o objetivo de um mundo sustentável no futuro, 
“[...] é imperativo impor o conceito de educação ao longo da vida com suas 
vantagens de flexibilidade, diversidade e acessibilidade no tempo e no espaço” 
(UNESCO, 2010, p. 12). Como podemos perceber, a busca pelo aprender está 
sendo enfatizada e reforçada, e o relatório propõe ainda que essa educação e essas 
aprendizagens ocorram não somente durante a vida escolar, mas por toda a 
extensão da vida, de forma permanente. 
Conheça os quatro pilares da educação e como se articulam com as questões 
do processo de ensino e aprendizagem, conforme apresentado no documento da 
UNESCO (2010). 
 Aprender a conhecer: é necessário que os indivíduos tenham acesso e 
aprendam sobre determinada cultura geral, sobre uma base cultural relacionada a 
tudo o que foi desenvolvido nos aspectos científicos. Esses conhecimentos devem 
ser suficientemente amplos, fornecendo capacidade intelectual e permitindo que 
essas pessoas possam ter condições de selecionar os que mais lhe interessar e, 
assim, planejar seus estudos no decorrer da vida. Aqui percebemos que a 
escolarização inicial é de importância fundamental, pois pelo sucesso no alcance de 
seus objetivos educacionais, estará proporcionando que os seus alunos adquiram 
essa base de conhecimentos que darão suporte às suas aprendizagens posteriores. 
Aqui cabe ressaltar que vivemos na atualidade a emergência de uma Base Nacional 
Comum Curricular, construída a partir de um esforço do Ministério da Educação e 
com a participação popular, que propõe um nivelamento de conteúdos a serem 
adquiridos por todos os que frequentam as escolas brasileiras. 
 Aprender a fazer: esse item refere-se especificamente à aquisição de uma 
profissão, a aprender competências que qualifiquem o indivíduo para as 
imprevisibilidades do mercado de trabalho. Propõe-se ainda a desenvolver, dentro 
da escola, o trabalho em equipe, por meio de processos de ensino e aprendizagem 
que simulem, testem e aproximem a escola dos ambientes de trabalho encontrados 
pelos estudantes ao se tornarem trabalhadores. Percebemos esse pilar no interior 
de muitas escolas que procuram projetar situações empresariais aos alunos e 
desenvolver as suas competências para exercer algumas atribuições específicas. Da 
mesma maneira, as dinâmicas de trabalhos em equipe e grupos, o desenvolvimento 
 
44 
 
de lideranças, o empreendedorismo e as habilidades voltadas para a comunicação, 
inteligência emocional e relacionamento interpessoal, tão valorizadas no mercado de 
trabalho, têm feito parte importante dos projetos educacionais atuais em muitas das 
escolas de nosso sistema de ensino. 
 Aprender a conviver: esse pilar vai destacar o quanto o respeito pelo 
outro é necessário e deve ser constante nos processos de ensino e aprendizagem 
da escola. Propõe que se conheçam a história, as tradições e até mesmo as 
questões espirituais que fazem parte da vida dos diversos grupos culturais que 
convivem na sociedade. Visa-se assim uma convivência social menos conflituosa. 
Podemos entender, a partir desse pilar, como os temas que envolvem o 
multiculturalismo, a diversidade e a própria inclusão escolar vão fazendo parte dos 
projetos de trabalho realizados nas escolas na última década, buscando construir 
uma sociedade mais tolerante e pacífica. 
 Aprender a ser: esse pilar reforça os compromissos individuais que 
possuímos em nos tornarmos melhores, no desenvolvimento pleno de nossas 
capacidades, visando o benefício da coletividade. Aqui são apontadas algumas das 
capacidades necessárias: “[...] a memória, o raciocínio, a imaginação, as 
capacidades físicas, o sentido estético, a facilidade de comunicar-se com os outros” 
(UNESCO, 2010, p. 14). Também aponta a necessidade de autoconhecimento. 
Partindo desse pilar, ao frequentar a escola, os alunos devem conseguir expandir ao 
máximo as suas habilidades ou os seus talentos, como refere o documento, pois 
assim também estarão contribuindo para uma sociedade melhor no futuro. 
Como você pode ver, ao abordar os quatro pilares da educação propostos no 
relatório da UNESCO, as questões relacionadas à educação escolar em nível global 
são cada vez mais importantes. Entende-se que, a partir delas, será possível a 
construção de um projeto de sociedade capaz de viver em harmonia e enfrentar os 
seus problemas, as desigualdadese os conflitos de forma sustentável. Para isso, é 
preciso que se aprenda na escola a ser o melhor que puder, que se adquiram 
capacidades ou competências profissionais e que se entenda a importância do 
convívio com os seus semelhantes. Além disso, é necessário ter o conhecimento 
cultural produzido pela sociedade que o capacite a viver e projetar novos estudos de 
seu interesse no futuro, uma vez que a educação será a sua acompanhante durante 
toda a vida. 
 
45 
 
5.4 As abordagens metodológicas e os métodos no processo de ensino-
aprendizagem 
Dada uma determinada concepção metodológica, teremos então os métodos 
e estratégias de ensino coerentes com os fundamentos que orientam tal concepção. 
Segundo Araújo (2015), a análise etimológica da palavra método, advém do 
grego, e compõe-se da junção dos termos metá (que significa além de, em seguida) 
e de hodós (caminho). Assim, a origem da expressão já nos fornece alguns 
indicativos dos seus sentidos. Os métodos são, portanto, os caminhos, as técnicas, 
os meios escolhidos e definidos pelo professor para se atingir os objetivos. 
A ideia de método como um caminho nos ajuda a compreender que sempre 
há uma direção escolhida, ou seja, os métodos guardam em si escolhas, 
pressupostos teórico-metodológicos e, por isso, não podem ser compreendidos 
apenas como técnicas e procedimentos neutros. Nessa esteira, Libâneo (2013, p. 
166) afirma: 
Os métodos de ensino não se reduzem a quaisquer medidas, 
procedimentos e técnicas. Eles decorrem de uma concepção de sociedade, 
da natureza da atividade prática humana no mundo, do processo de 
conhecimento e, particularmente, da compreensão da prática educativa 
numa determinada sociedade. Nesse sentido, antes de se constituírem em 
passos, medidas, e procedimentos, os métodos de ensino se fundamentam 
em um método de reflexão e ação sobre a realidade educacional, sobre a 
lógica interna e as relações entre os objetos, fatos e problemas dos 
conteúdos de ensino, de modo a vincular a todo momento o processo de 
conhecimento e a atividade prática humana no mundo. 
Os métodos de ensino derivam da conjunção entre conteúdo, objetivo e 
pressupostos pedagógico-didáticos e é baseada nessa tríade que o método é 
elaborado. 
 
46 
 
 
Os objetivos de aprendizagem não ocorrem naturalmente. Eles requerem uma 
ação programada, uma sequência de ações planejadas, um meio ou um método 
adequado para alcançá-los. Os métodos de ensino dependem, portanto, dos 
objetivos construídos. Pode-se constatar, então, a relação de interdependência entre 
conteúdo, objetivo e método. Os “[...] métodos [...] são as formas pelas quais os 
objetivos e conteúdos se manifestam no processo de ensino” (LIBÂNEO, 2013, p. 
169). 
Buscou-se mostrar até aqui que o método é uma das dimensões contidas no 
processo de ensino-aprendizagem, inserido em uma dada metodologia e construído 
a partir de determinadas concepções pedagógico-didáticas. Ademais, o método 
ganha sentido, se tomado conjuntamente com os conteúdos e, especialmente, com 
os objetivos de ensino. Tendo em vista todos esses elementos em jogo é possível 
afirmar que o método de ensino de um professor é sempre algo em construção, ou 
seja, o professor, como intelectual criativo, arquiteta o seu método e constrói 
estratégias diante de uma determinada realidade escolar. Desta forma, ainda que 
 
47 
 
possamos compartilhar experiências e modelos, há sempre um trabalho a ser feito 
pelo professor e, nesse sentido, as metodologias são sempre, em alguma medida, 
inacabadas. Há riscos diversos em pretender encaixar hermeticamente uma 
determinada proposta metodológica em outros contextos. 
Entretanto, como profissionais em formação constante, diante de um contexto 
social e cultural que mudam constantemente, em contextos escolares sempre 
desafiadores, conhecer, discutir e compreender métodos diversos são sempre 
tarefas relevantes. Diferentes autores agrupam e nomeiam de formas variadas os 
métodos de ensino. Libâneo (2013), por exemplo, apresenta o que ele denomina de 
métodos gerais de ensino, que podem ser utilizados em diferentes perspectivas 
pedagógico-didáticas, ajustando-se aos objetivos propostos. Veja a seguir. 
1. Método de exposição pelo professor ou método expositivo – este 
método é centrado na ação do professor, que explica e demonstra, em geral, de 
forma verbal os conhecimentos. No método expositivo, o aluno assume uma postura 
mais receptiva, que não significa necessariamente ser passiva. É importante 
salientar que, embora este método receba críticas por presumir pouca participação 
do aluno, a exposição verbal e sistemática dos conhecimentos é um recurso 
importante e valioso para a assimilação e compreensão de alguns conteúdos. O 
desafio aqui é não o utilizar como único método de ensino-aprendizagem pois, como 
em qualquer outro, há possibilidades e limites em sua utilização. 
2. Método de trabalho independente ou método de trabalho individual – 
conforme o próprio nome sugere, a estratégia central neste método é que o aluno 
realize de maneira individual e independente algumas tarefas, que podem se 
apresentam de inúmeras formas, mobilizando diferentes aprendizagens. Podem ser 
tarefas de aplicação de conteúdos, estudos dirigidos, resolução de problemas, 
leituras, produção escrita individual, etc. A aplicação desse método ao longo das 
aulas é um importante recurso para acompanhar a aprendizagem dos alunos. 
3. Método de elaboração conjunta ou coletiva – neste método, pressupõe- 
-se a interação e participação de professores e alunos na elaboração dos 
conhecimentos e realização das tarefas. Ele pode se dar, por exemplo, por meio de 
uma conversa ou uma exposição dialogada em que, de maneira conjunta, serão 
construídas hipóteses e conclusões. Ou, por exemplo, durante a elaboração de 
textos coletivos, na qual há a participação e intervenção ativa dos alunos e do 
 
48 
 
professor. O funcionamento deste método se dá, sobretudo, por meio de perguntas, 
instigações e provocações que o professor faz à turma. 
4. Método de trabalho em grupo – prevê a realização e elaboração coletiva 
de tarefas entre grupos de alunos. A proposta intenta construir o conhecimento em 
colaboração com o outro, promovendo trocas, escuta, diálogo, divisão de tarefas e 
coordenação de atividades. O trabalho em grupo pode assumir inúmeros formatos: 
um projeto de pesquisa, um debate, a simulação de um júri, organização de um 
teatro ou apresentação de trabalhos. É importante, independente das modalidades, 
que sejam acompanhadas e orientadas por um plano de trabalho, com objetivos 
claros e construção de um relatório com uma síntese das aprendizagens 
construídas. 
5. Atividades especiais – envolvem, de maneira geral, uma estrutura ou 
recursos especiais que não são comumente encontrados no espaço limitado de uma 
sala de aula. Envolvem desde recursos diferenciados (vídeos, materiais, etc.) a 
espaços que ultrapassam, em alguns casos, os muros da escola, como, por 
exemplo, as atividades exploratórias extraclasse, experimentos em laboratórios, 
visitas a museus, cinemas, entre outros espaços. 
Além dos métodos mais gerais, como denomina Libâneo (2013), que podem 
ser adaptados às diferentes perspectivas metodológicas, há metodologias que se 
apresentam de maneira mais delineada, com pressupostos bastante explicitados em 
que há tipificação de atividades, sequenciamento de etapas e métodos específicos. 
Por exemplo, se nos voltarmos às experiências de alfabetização, há inúmeras 
metodologias e métodos desenvolvidos, específicos a essa modalidade, que 
envolvem pressupostos teóricos distintos sobre o processo de ensino-aprendizagem 
da língua materna. Há, para isso, diversos conhecimentos produzidos e uma 
literatura especializada para discutir essas questões. 
Com alguma frequência, surgem novos materiais dispostos a apresentar 
novas metodologias e métodos mais geraisaos professores. Ao longo dos últimos 
anos, as metodologias ativas têm ganhado grande notoriedade no cenário da 
didática. Convém lembrar que as metodologias ativas em si não se tratam de fato 
novo no cenário educacional, e possuem suas raízes na pedagogia da escola nova 
e, especialmente, nas formulações de John Dewey, como vimos na parte inicial 
deste capítulo. 
 
49 
 
Nesta concepção há um deslocamento da perspectiva do docente para o 
estudante, que passa a ocupar o centro do processo de ensino-aprendizagem, 
contrapondo-se à abordagem tradicional, centrada no professor. Assim, alunos 
passam a assumir um papel ativo na aprendizagem, com “[...] suas experiências, 
saberes e opiniões valorizadas como ponto de partida para construção do 
conhecimento” (DIESEL, BALDEZ, MARTINS, 2017, p. 270). As metodologias ativas 
buscam estimular a autoaprendizagem, envolvendo os estudantes em pesquisas, 
reflexões, tomadas de decisão e outras estratégias que promovam o seu 
desenvolvimento autônomo, como preconizavam os autores do movimento 
escolanovista. 
Os defensores das metodologias ativas apoiam-se ainda nas contribuições 
advindas da neurociência, conforme sinaliza Bacich e Moran (2018, p. 3): 
A aprendizagem é ativa e significativa quando avançamos em espiral, de 
níveis mais simples para mais complexos de conhecimento e competência 
em todas as dimensões da vida. Esses avanços realizam-se por diversas 
trilhas com movimentos, tempos e desenhos diferentes, que se integram 
como mosaicos dinâmicos, com diversas ênfases, cores e sínteses, frutos 
das interações pessoais, sociais e culturais em que estamos inseridos. [...]. 
As pesquisas atuais da neurociência comprovam que o processo de 
aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada 
pessoa aprende o que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que 
gera conexões cognitivas e emocionais. 
Ainda que as fundações dessas correntes metodológicas não sejam 
necessariamente todas recentes, a novidade em questão é que diversos estudiosos 
têm aprofundado o estudo de métodos e técnicas que se inscrevem nessa 
perspectiva, oferecendo aos professores um acervo em expansão de práticas de 
metodologias ativas. 
A visibilidade dessas metodologias também decorre do fato de que o método 
ativo tem sido amplamente divulgado em universidades estrangeiras, que têm 
recriado propostas e incorporando, sobretudo, contribuições e inovações 
oportunizadas pelas TICs. Tudo isso produz um grande apelo (comercial, inclusive) 
pela aplicação desses métodos nos diversos níveis da docência, causando um 
primeiro e maior impacto em instituições privadas e na docência do ensino superior, 
de modo especial. 
 
50 
 
Inseridas no amplo espectro das metodologias ativas, há uma série de 
métodos específicos à disposição dos professores, para que eles possam combinar 
as estratégias conforme a necessidade e interesse do grupo. 
 
Já mais conhecida pelos educadores, a metodologias de projetos, tem sido 
reconhecida amplamente como uma importante prática ativa. Nesta metodologia de 
ensino-aprendizagem os alunos se envolvem com tarefas e desafios para resolver 
um problema ou aprofundar um assunto de interesse dos estudantes. Hernández 
(1998), um dos estudiosos contemporâneos da metodologia de projetos, que 
também possui suas origens no pensamento de John Dewey, argumenta que esta 
abordagem, além de reunir diversos procedimentos capazes de mobilizar ativamente 
os alunos, também permite o trabalho interdisciplinar. Segundo ele, a metodologia 
de projetos promove: 
1) o tratamento da informação 2) a relação entre os diferentes conteúdos 
em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção 
de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos 
diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio (HERNÁNDEZ, 
1998, p. 37). 
Na metodologia de projetos e nas demais estratégias apresentadas, o aluno é 
corresponsável e protagonista do processo de construção do conhecimento, porém, 
em todas elas, o papel do professor segue sendo primordial. Como vimos, o 
professor é o sujeito responsável que fará a conexão entre os conteúdos, os 
 
51 
 
objetivos e as concepções pedagógico-didáticas, processos fundamentais para que 
vislumbrem os meios a seguir. Ademais, é novamente importante reforçar que sejam 
quais forem as opções metodológicas escolhidas pelo professor, há ainda um longo 
trabalho criativo e intelectual a ser feito, adequando as práticas pedagógicas ao 
contexto de cada realidade escolar. 
Antes de encerrarmos este capítulo, é importante levantarmos algumas 
questões sobre a relação entre os recursos materiais e as metodologias. 
5.5 Metodologias e recursos materiais: as contribuições das TIC’s 
Como foi argumentado ao longo do texto, há diversos caminhos possíveis 
para um professor assentar a sua metodologia. O uso de recursos materiais, 
sobretudo tecnológicos, pode, sem dúvida, agregar muito neste processo. Porém, 
conforme bem nos lembram Diesel, Baldez e Martins (2017, p. 284), “Percebe-se 
que a utilização de novos recursos tecnológicos durante as aulas não altera esse 
cenário de insatisfação coletiva, posto que, sozinha, a tecnologia não garante 
aprendizagem, tampouco transpõe velhos paradigmas”. 
Assim, não restam dúvidas de que inundar a aula de recursos de tecnologia e 
informação não asseguram o funcionamento, tampouco o sucesso de metodologias, 
sejam quais forem as abordagens utilizadas. 
Entretanto, também é amplamente reconhecido que a geração atual de 
estudantes, seja ela oriunda de classes favorecidas ou não, é permeada, com maior 
ou menor intensidade, por formas diversas de tecnologias. É fato considerado raro 
uma sala de aula em que professores não precisem conviver e disputar a atenção 
com smartphones e outros dispositivos eletrônicos. Conhecer essas tecnologias e 
utilizá-las em favor da aprendizagem, torna-se cada vez mais necessário. Neste 
sentido, Candau (2015, p. 331) afirma: 
O impacto das tecnologias da informação e da comunicação sobre os 
processos de ensino–aprendizagem obriga a buscar novas estratégias 
pedagógicas. Os sujeitos da educação, crianças e adolescentes, 
apresentam configurações identitárias e subjetividades fluidas que escapam 
à compreensão dos educadores/as. 
Assim, conhecer e dominar gradativamente as TICs é uma tarefa central para 
os professores de quaisquer segmentos. Não se trata apenas de deixar a aula mais 
 
52 
 
atrativa e dinâmica, mas, sobretudo, de conhecer e dominar o potencial que essas 
ferramentas trazem consigo de promover mais aprendizagem. Além disso, é 
igualmente relevante promover estudos e reflexões sobre o uso e a presença das 
TICs na vida dos estudantes. 
Tendo em vista as incontáveis e distintas realidades que temos, não é 
possível apontar uma listagem de sites, aplicativos ou softwares, ferramentas 
tecnológicas ou dispositivos eletrônicos que possam ser úteis e estejam disponíveis 
a todos docentes. Uma rápida consulta em sites de busca e localiza-se facilmente 
inúmeras sugestões que podem deixar as aulas mais interativas, aproximando as 
relações e tornando-as mais atrativas e significativas para todos. (CANDAU, 2015). 
Entretanto, é importante enfatizar que, em muitos contextos, antes de utilizar 
esses recursos, é necessário primeiro auxiliar os alunos a fazerem o uso consciente 
e crítico dessas ferramentas. Trata-se de educar para a cidadania que também se 
manifesta, atualmente, de maneira virtual. 
Por fim, enfatizamos que o sucesso e eficácia das metodologias não 
dependem exclusivamente da existência de recursos tecnológicos mais sofisticados. 
Livros, filmes, músicas, pesquisas e visitações, por exemplo, são fontes ricas de 
aprendizagens que podem favorecer o processo de ensino-aprendizagem.

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