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Universidade Tiradentes - Medicina P4 Semiologia da próstata CLÍNICAS ● O cólon sigmóide termina no reto, a parte mais distal do tubo gastrintestinal (GI) baixo, que se estende da junção retossigmóide no promontório da base do sacro; ● Em seguida, o reto se une ao curto segmento do canal anal; ● Cólon sigmóide → Reto → Junção anorretal → Canal anal; ● O ânus se estende, em um sentido proximal para distal, do anel anorretal até linha anocutânea. ● A linha anocutânea é a junção da pele pilosa e da pele glabra na superfície externa do ânus. ● Estendendo-se externamente, está a pele perianal, também conhecida como margem anal. ● O músculo esfíncter externo do ânus é do tipo esquelético, que está sob controle voluntário. ● O músculo esfíncter interno do ânus é uma extensão da camada muscular lisa externa do reto e está sob controle involuntário. ● O anel anorretal pode ser palpado acima do músculo esfíncter externo do ânus. ● Ao contrário do reto, o canal apresenta numerosos nervos sensitivos somáticos e o direcionamento inadequado do dedo ou de um instrumento causará dor. ● Uma linha serrilhada, que marca a mudança de pele para mucosa, estabelece o limite entre o canal anal e o reto, chamada de linha pectinada ou linha denteada, também representa o limite entre a inervação somática e visceral. ● Essa linha pode ser vista com facilidade durante uma anoscopia ou endoscopia, mas não é palpável. ● No sexo masculino, a próstata envolve a uretra e está situada próxima à via de saída vesical. ● A próstata é pequena durante a infância, mas entre a puberdade e cerca de 20 anos 1 2 de idade, praticamente quintuplica seu tamanho. ● O volume da próstata aumenta ainda mais quando a glândula sofre hiperplasia com a idade. ● A base da próstata é a parte superior larga, voltada para cima, perto da superfície inferior da bexiga. ● O ápice da próstata é a porção inferior pontiaguda da glândula, que faz contato com a fáscia superior do diafragma urogenital. ● A próstata é dividida em vários lobos. ● Os lobos laterais direito e esquerdo, estão situados contra a parede anterior do reto, onde é palpável, como uma estrutura arredondada, em forma de coração, medindo aproximadamente 2,5 cm de comprimento. ● Esses lobos são separados por um sulco mediano raso, também palpável. ● A porção posteromedial dos lobos laterais, que pode ser palpada pelo reto é referida como o lobo posterior. ● Não é possível examinar os lobos anterior e mediano da próstata, porque não fazem contato com a parede do reto. ● As vesículas seminais também não costumam ser palpáveis. ● A parede do reto contém três pregas internas, chamadas válvulas de Houston (pregas transversas do reto). Algumas vezes, é possível sentir a mais baixa delas, em geral do lado esquerdo. ● Pode haver dor em decorrência de inflamação peritoneal ou nodularidade se houver metástases peritoneais. ● A anamnese de pacientes que apresentam sintomas relacionados às regiões retossigmóidea e anal exige uma abordagem sistemática. ● É essencial pensar nas possibilidades diagnósticas para os sintomas. ● Algumas perguntas podem não ser respondidas de imediato devido à natureza sensível de algumas etiologias, em especial à história e práticas sexuais. ● Pesquise também sintomas relativos à próstata. ● Devido à sua conexão integral com a função urinária masculina, as principais questões relativas à saúde da próstata envolvem os hábitos urinários. ● Enfoque os sintomas urinários relacionados à obstrução, 2 3 irritação ou sangue na urina (hematúria). ● Os sintomas obstrutivos incluem dificuldade para iniciar ou manter um jato urinário, jato fraco ou sensação de que a bexiga está cheia de urina logo após a micção (esvaziamento vesical incompleto). ● Os sintomas urinários irritativos incluem disúria, polaciúria e urgência urinária. ● Também é importante avaliar com que frequência o paciente desperta à noite para urinar e avaliar o grau de incômodo causado pelos sintomas urinários. SINAIS E SINTOMAS COMUNS OU RELEVANTES: ● Alteração do ritmo intestinal; ● Sangue nas fezes; ● Dor à defecação; ● Sangramento ou dor retal; ● Verrugas ou fissuras anais; ● Jato urinário fraco: sugerem uma hiperplasia prostática benigna (HPB), especialmente em homens acima de 70 anos de idade. ● Alterações dos hábitos urinários (polaciúria, urgência, intermitência); ● Ardência à micção (disúria); ● Sangue na urina (hematúria); ● Antes de iniciar o exame, é importante informar o paciente que você vai examinar a região anorretal. ● Em homens, o exame da próstata prolonga algo que já não é bem recebido. ● Ao decidir se um exame anorretal e prostático é justificado, é importante levar em conta a história clínica e a idade. ● Em pacientes jovens sem queixas urinárias relacionadas à próstata, o exame anorretal e prostático raramente está indicado. ● Em pacientes mais velhos, que apresentem sinais/sintomas compatíveis com HPB, um exame da próstata deve fazer parte do exame físico normal. ● Embora o exame do reto e da próstata possa causar desconforto, raramente é doloroso. ● Não deixe de avisar os pacientes sobre o que eles poderão sentir – incluindo pressão, umidade em função do lubrificante, um possível desconforto e o movimento lento e delicado de seu dedo durante o toque retal. OBJETIVOS DO EXAME FÍSICO: ● Posicionar o paciente adequadamente para o exame (decúbito lateral é preferido); ● Inspecionar as regiões sacrococcígea e perianal (lesão, úlcera, inflamação, erupção cutânea, escoriação); ● Inspecionar o ânus (lesão, massa, soluções de continuidade na pele); ● Realização do toque retal; ● Avaliar o tônus do esfíncter anal; ● Palpar o canal anal e a superfície retal (massa, dor, soluções de continuidade na mucosa, nódulo, irregularidade, induração); ● Palpar a próstata (tamanho, formato, mobilidade, consistência, nódulo, dor); POSIÇÃO: As posições do paciente para este exame são as seguintes: 3 4 ● Posição de Sims ou lateral esquerda: mantendo-se o membro inferior em semi extensão e o superior flexionado (90°), as nádegas devem projetar-se para fora do bordo lateral do mesmo lado que o examinador. Boa visualização das regiões perianal e sacrococcígea; ● Posição genupeitoral e inclinada prona: é a mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores; ● Posição de decúbito supino: o paciente fica semi sentado com as pernas flexionadas. O examinador passa o antebraço por baixo da coxa do paciente; esta posição é indicada em especial nos enfermos em condições gerais precárias ● Posição de Litotomia; ● Cubra o paciente adequadamente e ajuste a luz para garantir uma boa visualização da área perirretal e anal. TÉCNICA DO TOQUE RETAL: ● Após calçar as luvas, afaste as nádegas; ● Inspecione as áreas sacrococcígea e perianal a procura de lesões, úlceras, inflamação, erupção cutânea ou escoriações; ● A pele perianal em adultos normalmente é mais pigmentada e um pouco mais grosseira; ● Palpe qualquer área anormal, observando massas ou dor; ● As lesões incluem hemorroidas sintomáticas, abscessos perianais/fístulas anais, anorretais, erupção cutânea, plicomas, fissuras anais e condilomas (verrugas) anais; ● Examine o ânus e o reto e realize um toque retal; ● Inspecione primeiro o ânus, observando quaisquer lesões externas, massas ou áreas de solução de continuidade na pele; ● Lubrifique seu dedo indicador enluvado e explique ao paciente que você realizará um toque retal; ● O paciente sentirá um pouco de pressão, mas não deve sentir dor; ● Coloque a ponta de seu dedo enluvado e lubrificado sobre o ânus. ● O esfíncter inicialmente contrairá e, conforme ele for relaxando gradualmente, introduza a ponta do dedo com delicadeza no canal anal; ● Palpe toda a circunferência, procurando massas, áreas dolorosas ou lacerações da mucosa; ● Uma massa flutuante dolorosa com vermelhidão e induração acima é sugestiva de um abscesso perirretal/perianal. ● As fístulas podem exsudar sangue, pus ou muco feculento. ● Peça ao paciente que contraia o músculo esfíncterexterno do ânus para avaliar o tônus muscular. Normalmente, os 4 5 músculos do esfíncter anal envolvem seu dedo sem folga. ● Uma contração do esfíncter pode ocorrer com ansiedade, inflamação ou tecido cicatricial. ● Às vezes, uma dor intensa impede a inserção do dedo e o exame interno. Não aplique força. Posicione seus dedos nos dois lados do ânus, alargue o orifício e peça que o paciente faça força para baixo; ● Palpe a superfície retal. Introduza seu dedo no reto até onde for possível. Gire sua mão no sentido horário e em sentido anti-horário para palpar a superfície posterior. ● Observe qualquer massa com bordas irregulares que levante a suspeita de um câncer retal, nódulos, irregularidades ou induração. ● Para alcançar uma possível lesão, afaste seu dedo da superfície retal, peça que o paciente faça força para baixo e palpe novamente; ● Palpe a próstata. Gire sua mão ainda mais em sentido anti-horário para que o dedo possa examinar a superfície posterior da próstata. ● Informe o paciente que o exame da próstata pode estimular uma sensação urgência para urinar. ● Deslize seu dedo cuidadosamente sobre a próstata, identificando os lobos laterais e a depressão do sulco mediano entre eles. ● Observe: ○ Tamanho; ○ Forma; ○ Mobilidade: normalmente sem evidências de fixação nos tecidos vizinhos; ○ Consistência da próstata: normalmente elástica; ○ Identifique qualquer nódulo ou dor: normalmente sem dor. ○ Observe qualquer assimetria, como diferenças na consistência ou no tamanho entre cada lobo. ○ Se possível, estenda seu dedo por cima da próstata até a região das vesículas seminais. Posicionamento do paciente em decúbito lateral esquerdo para exame anorretal. Exame digital retal. A. Posicionamento do dedo indicador enluvado e lubrificado sobre o ânus. B. Inserção gradual do dedo do examinador no ânus quando o esfíncter relaxa. C. Palpação da superfície retal (vista sagital). 5 6 Câncer retal palpável. CISTO PILONIDAL E TRAJETO FISTULOSO: HEMORROIDAS EXTERNAS (TROMBOSADAS): HEMORROIDAS INTERNAS (PROLAPSADAS): PROLAPSO RETAL: FISSURA ANAL: FÍSTULA ANORRETAL: 6 7 PÓLIPOS RETAIS: CÂNCER DE RETO: PRATELEIRA RETAL: PROSTATITE: HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA: CÂNCER DE PRÓSTATA: EPIDEMIOLOGIA: ● Segunda maior causa de morte por câncer em homens. ● O risco vitalício global de receber um diagnóstico de câncer de próstata corresponde a aproximadamente 1 em 9, 7 8 enquanto risco de morte por câncer de próstata é menor que 1 em 30. ● Idade, etnia e história familiar são os fatores de risco mais relevantes para câncer de próstata. ● O câncer de próstata é raro antes dos 40 anos de idade; contudo, as taxas de incidência começam a aumentar rapidamente após os 50 anos e a idade mediana ao diagnóstico corresponde a 66 anos. ● Homens afro-americanos apresentam as maiores taxas de incidência e mortalidade. ● Uma história familiar de câncer de próstata está associada a um maior risco de câncer, em particular quando vários parentes de primeiro grau receberam o diagnóstico. ● Outros possíveis fatores de risco incluem exposição ao agente laranja (dioxina) em veteranos da guerra do Vietnã, dietas ricas em gorduras animais, obesidade, tabagismo e exposição ao cádmio. ● A hiperplasia prostática benigna (HPB), um achado comum em homens mais velhos, não é um fator de risco para câncer de próstata. PREVENÇÃO: ● Não há evidências convincentes de que qualquer modificação do estilo de vida, como o consumo de dietas ricas em frutas e vegetais ou o aumento da atividade física, possa prevenir o câncer de próstata. ● Não há evidências de que a quimioprevenção com suplementos dietéticos, como o antioxidante vitamina E ou o micronutriente selênio, possa prevenir o câncer. ● A quimioprevenção com medicamentos como os inibidores da 5α-redutase (5-ARIs) finasterida e dutasterida reduza a incidência do câncer de próstata, não há evidências de que possam reduzir a mortalidade; ● A Food and Drug Administration (FDA) nos EUA desaconselha o uso desses medicamentos para quimioprevenção. RASTREAMENTO: ● O exame do antígeno prostático específico (PSA) no sangue é o principal teste para rastreamento do câncer de próstata. ● Foram levantadas preocupações relativas ao sobrediagnóstico – a detecção de cânceres que não seriam identificados em outras circunstâncias durante o tempo de vida de um homem. ● Além disso, por muitos anos, a maioria dos homens com um câncer de baixo risco foi submetida a tratamentos possivelmente desnecessários, como cirurgia e radioterapia, que podem provocar complicações nocivas. ● Um estudo não encontrou um benefício em termos de taxa de mortalidade por câncer de próstata com o rastreamento, embora os pacientes rastreados corressem um risco 12% maior de diagnóstico de câncer. 8 9 RECOMENDAÇÕES: 9