Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROTA DO CARBONATO Síntese de CuBr2 Aluno: Gabriel Delier Santos da Silva DRE: 118050890 Aluna: Larissa de Oliveira Augusto DRE: 118032923 Disciplina: Química inorgânica Experimental 1 Professores: Marta Eloisa Medeiros Thiago Custodio dos Santos Rio de Janeiro, Outubro, 2022 1. OBJETIVO Sintetizar brometo de cobre (II), CuBr2, a partir da rota do carbonato. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A metodologia de síntese adotada foi proposta por Cheeran (1998) [1]. Foram preparadas soluções saturadas de sulfato de cobre (CuSO4) e carbonato de sódio (Na2CO3), pesando- se 7,15 g do sal pentahidratado e 3,03g do sal anidro, respectivamente. Ao béquer contendo a solução de carbonato de sódio gotejou-se lentamente a solução de sulfato de cobre, sob constante agitação mecânica. A mistura foi então filtrada à vácuo, verificando a presença de sulfato (SO4 2-) nas águas de lavagem utilizando uma solução de BaCl2. Após não se observar mais a presença de sulfato, o sólido foi transferido para um béquer e deixado sob aquecimento brando para secagem. Após a secagem, a quantidade de sólido foi pesada, transferida para um béquer de 100 mL e ressuspendida em 10,0 mL de água destilada. A esta mistura, foram adicionados 3,0 mL de ácido bromídrico (HBr) concentrado. A mistura resultante foi aquecida até evaporação completa do líquido. O béquer contendo o sólido foi arrefecido e adicionou- se uma quantidade de éter etílico suficiente para filtração à vácuo do sólido. O sólido foi deixado em dessecador para secagem e pesado. Amostras de todos os sólidos (precursores, intermediários e produtos finais) foram analisadas por infravermelho (IV). Ao produto final também foram realizados testes de solubilidade, à temperatura ambiente, em três solventes: água, etanol e acetona. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS A rota do carbonato baseia-se em uma reação de neutralização. Nesta rota, reage-se um sal do metal de interesse Mx+ com um sal fonte de carbonato (CO3 2-), com a finalidade de formar uma espécie intermediária insolúvel, ou de baixa solubilidade, do tipo M(CO3)x. Em seguida, é realizada a reação entre este intermediário e um ácido HA, promovendo a reação de neutralização e consequente precipitação do sal de interesse MAx. As reações de síntese de CuBr2 são apresentadas abaixo. CuSO4(aq) + Na2CO3(aq) → CuCO3(s) + Na2SO4(aq) (1) CuCO3(s) + 2 HBr → CuBr2(s) + CO2(g) + H2O(l) (2) De acordo com a metodologia utilizada [1], para se obter 1,6 g de carbonato de cobre (II), 3,8 g e 2,0 g de carbonato de sódio e sulfato de cobre pentaidratado, respectivamente, deveriam ser pesadas. Para obtenção de 2 g de produto final, seriam necessários obter 1,1 g de intermediário, e para tal, 2,23 g e 0,95 g de sulfato de cobre pentaidratado e carbonato de sódio, respectivamente (fluxograma 1 e 2). 2,0 g : 223,35 g/mol 8,95 x 10-3 mols 8,95 x 10-3 mols 0,018 mols 1,45 g x 80,91 g/mol 1,0 mL x 123,55 g/mol : 1,49 g/cm-3 1,10 g 8,95 x 10-3 mols 8,95 x 10-3 mols 8,95 x 10-3 mols x 249,68 g/mol x 105,99 g/mol 2,23 g 0,95 g 1,6 g (Cheeran, 1998) 2,0 g (Cheeran, 1998) 3,8 g (Cheeran, 1998) 3,0 g (Neste trabalho) 3,02 g (Neste trabalho) 7,13 g (Neste trabalho) CuCO3(s) + 2 HBr → CuBr2(s) + CO2(g) + H2O(l) (Fluxograma 1) CuSO4(aq) + Na2CO3(aq) → CuCO3(s) + Na2SO4(aq) (Fluxograma 2) Prevendo perdas durante toda a síntese, as massas de reagentes a serem utilizadas foram recalculadas, levando-se em conta as relações mássicas utilizadas por Cheeran, com o intuito de obter 3,0 g de intermediário. Consequentemente, a massa de produto final obtida seria de 5,4 g (para 100% de rendimento), e as massas a serem pesadas de reagentes seriam de 3,025 g e 7,125 g para o carbonato de sódio e sulfato de cobre pentahidratado, respectivamente (Fluxograma 3) CuSO4(aq) + Na2CO3(aq) → CuCO3(s) + Na2SO4(aq) (Fluxograma 3) As quantidades mássicas estequiométricas para cada um dos reagentes para geração do carbonato de cobre (II) são de 3,02 g e 7,13 g para o carbonato de sódio e sulfato de cobre pentahidratado, respectivamente. Estas quantidades foram calculadas levando-se em conta a obtenção do CuCO3. Entretanto, outras duas espécies de carbonato básico são passíveis de serem formadas: Cu2(OH)2(CO3) e Cu3(OH)2(CO3)2. Durante o procedimento de síntese, alíquotas dos reagentes, intermediários e do produto foram enviadas para análise por espectroscopia de infravermelho. O objetivo é identificar, especialmente no composto intermediário e no produto, a presença de picos que indiquem a formação da ligação química de interesse ou, ainda, a ausência de picos mais intensos no intervalo 4000 a 400 cm-1 em que a espectroscopia foi realizada. Isso também pode ser interpretado como um indício da formação da ligação de interesse caso a deformação da ligação apenas possa ser identificada em faixas inferiores a 400 cm-1. Dito isso, os primeiros espectros a serem analisados são referentes aos reagentes CuSO4 e Na2CO3, cujos resultados estão representados pelas Figura 1 e Figura 2, respectivamente. Figura 1. Espectroscopia de Infra-Vermelho do sulfato de cobre II pentahidratado, CuSO4 • 5H2O O resultado da espectroscopia apresentado pela Figura 1 mostra quatro bandas intensas em cm-1, 3354.35, 1673.32, 1092,72 e 619.18. A banda na faixa dos 3300 cm-1 apresenta um aspecto arredondado bastante característico de presença de ligações de hidrogênio nas ligações O-H. O sal utilizado como reagente é um sal pentahidratado, portanto, há água em sua composição. Isso corrobora a presença de uma banda com aspecto arredondado na faixa de 3300 cm-1. [2] Com relação às outras bandas com picos mais intensos, destacam-se as bandas que caracterizam estiramento da ligação S-O do íon sulfato e do composto formado pelo sulfato e metal. Além disso, é possível identificar bandas que indicam deformação na ligação OSO, frequência característica de um metal complexado com o sulfato. [3] De acordo com as informações tabeladas em Nakamoto (2006) [3], as faixas aproximadas de estiramento (ν) para o íon sulfato são: ν3(SO): 1200 – 1100 cm -1 ν4(SO): 680 – 600 cm -1 Ainda de acordo com a mesma referência, as faixas aproximadas de estiramento (ν) e deformação (δd) características de metal ligado a sulfato são: ν(SO): 1180 – 950 cm-1 δd(OSO): 650 – 520 cm -1 e 475 – 420 cm-1 Esses valores explicitados em Nakamoto (2006) vão ao encontro dos observados na espectroscopia da Figura 1, sendo as faixas próximas a 1100 cm-1 correspondendo simultaneamente ao estiramento da ligação S-O do íon sulfato e ao metal complexado. Além disso, os valores próximos da faixa de 600 cm-1 indicam também um estiramento além de uma deformação, bem como a banda de 440.75 cm-1, também indicando deformação da ligação OSO da molécula complexada. Além dessas bandas, outra banda intensa em 1673,32 cm-1, correspondentes ao estiramento angular da água também é identificada. Figura 2. Espectroscopia de Infra-Vermelho do carbonato de sódio anidro, Na2CO3 O resultado da espectroscopia apresentado pela Figura 2 mostra dois picos intensos de valor de número de onda, em cm-1, de 1446.67 e 865.11. As bandas com os valores de 3410.29 e 2984.01 cm-1 apresentam um aspecto arredondado semelhante à presença ligações de OH, podendo indicar que o sal utilizado, apesar de ser anidro, apresenta umidade. Considera-se essa hipótese devido à elevada higroscopicidade do sal [5] e o uso contínuo do reagente e consequentes aberturas do frasco podem ter levado ao acúmulo de umidade. Figura 3. Espectroscopia de Infra-Vermelhodo intermediário, CuCO3 O intermediário CuCO3 apresenta bandas muito semelhantes ao Na2CO3 por ambos apresentarem o carbonato como ânion comum. As bandas em comum e que geralmente caracterizam presença de íon carbonato na amostra são as bandas múltiplas que variam de 1500 a 700 cm-1. Entretanto, bandas inferiores e em torno de 500 cm-1, em relação a compostos apresentando íon carbonato, estão relacionadas à vibração do estiramento da ligação M-O [3] sendo que os diferentes metais ligados ao oxigênio apresentaram vibrações distintas dessa ligação. Na Figura 2, é apresentada uma banda de 568.06 cm-1 que, por estar próxima de 500 cm- 1 pode estar relacionada à vibração da ligação Na-O. A Figura 3, entretanto, não apresenta bandas próximas ou inferiores a 500 cm-1 representadas. Como as outras bandas se relacionam com as vibrações e estiramentos do próprio ânion carbonato, infere-se que as vibrações da ligação Cu-O são inferiores a 400 cm-1, o que está fora dos limites da espectroscopia de estudo. De acordo com as informações tabeladas em Nakamoto (2006) [2], as faixas aproximadas de estiramento (ν) para o íon carbonato são: ν3(CO): 1490 – 1410 cm -1 ν2(CO): 900 - 810 cm -1 ν4(CO): 750 – 690 cm -1 Ainda de acordo com a mesma referência, as faixas aproximadas de estiramento (ν), deformação (δd) e vibração fora do plano (π), características de metal complexado a carbonato são: ν(CO): 1610 - 1450 cm-1 ν(CO): 1390 – 1250 cm-1 ν(CO): 1100 - 1000 cm-1 π: 900 - 810 cm-1 δd(OCO): 800 - 730 cm -1 ν (MO): inferior a 500 cm-1 De todos esses valores tabelados para sólidos que apresentam o carbonato como ânion, infere-se que espectroscopia apresentando carbonato na composição apresenta múltiplas bandas com faixas próximas, sendo um indicativo da presença de carbonato na amostra. Figura 4. Espectroscopia de Infra-Vermelho do produto obtido, CuBr2 Na análise espectroscópica do produto é observada a presença de bandas pouco definidas em 3471.05 cm-1 e 1625.10 cm-1, sendo que a banda na faixa dos 3400 indica a presença de água no sólido pois em seu aspecto visual, durante a manipulação em ambiente laboratorial, o sólido apresentava retenção de umidade rapidamente quando exposto ao ar. Isso evidencia um elevado caráter higroscópico do cristal (Figura 5). A segunda banda na faixa de 1600, pouco intensa, também foi observada com mais intensidade na espectroscopia de um dos reagentes, CuSO4, sendo referente ao estiramento da água. Figura 5: Fotografia do produto obtido – CuBr2. Entretanto, a ausência de mais bandas também é um indicativo de que o produto formado foi de fato o CuBr2 pois de acordo com sua simetria C2v [5], o espectro deveria apresentar três outras bandas. Ao consultar a literatura [5] verificou-se que as bandas de vibração de estiramento da ligação Cu-Br apresentam valores próximos de 250 e 230 cm-1, estando fora da faixa do espectro analisado. A Figura 6 apresenta fotografias dos ensaios de solubilidade do produto final CuBr2. A partir da análise das fotografias, verifica-se que o produto possui alta solubilidade em água, como indicado pela literatura [6]. Entretanto, os resultados para os testes de solubilidade em etanol e éter dietílico não são comparáveis aos encontrados na literatura, solúvel e insolúvel, respectivamente [6]. Ao adicionar etanol no tubo de ensaio, a solução formada adquiriu uma coloração escura, dificultando a avaliação, apesar de aparentar ser uma solução homogênea. Durante a etapa de filtração, ao filtrar o sólido obtido com auxílio de éter dietílico, uma parte significativa do sólido passou pelos poros do filtro. Possivelmente, o sólido obtido possui granulometria variável, já que uma parte ficou retida e outra não. Estes resultados não auxiliam grandemente na caracterização do produto obtido, já que sua avaliação não é conclusiva. Figura 6: Ensaios de solubilidade para o produto final; Da esquerda para direita: Teste de solubilidade em água; teste de solubilidade em etanol; teste de solubilidade em éter dietílico A massa obtida de intermediário foi de 2,64 g, fornecendo um rendimento de 88%. Com esta massa de intermediário, a massa estequiométrica a ser obtida de produto seriam de 4,77g. A massa obtida de produto final foi de 2,34 g, fornecendo um rendimento de 49,1 %. % Rendimento CuCO3: 2,64 3,0 𝑥 100 = 88,0 % % Rendimento CuBr2: 2,34 4,77 𝑥 100 = 49,1 % 4. CONCLUSÃO Os espectros obtidos para o intermediário e o produto final apresentam evidencias de que os produtos de interesse foram sintetizados. Para o produto final, as bandas evidentes são referentes a água que o composto absorveu, e como previsto pela literatura, sem nenhuma outra banda referente a ligação Cu-Br. Apesar dos resultados favoráveis ao produto de interesse, os ensaios de solubilidade não foram conclusivos o suficiente. Apenas o ensaio de solubilidade com água apresentou os resultados esperados de acordo com a literatura. Os ensaios utilizando etanol e éter dietílico não foram conclusivos, pois apresentaram coloração escura dificultando a avaliação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Sheeran, D. Copper contente in synthetic copper carbonate: A statistical comparison of Experimental and expected Results. Journal of Chemical Education, v 75, n 4 p. 453 – 456, 1998. [2] HOUSECROFT, Catherine E.; SHARPE, Alan G. Quimica Inorgânica. 4ª edição. Vol. 1 e 2; Rio de Janeiro: Editora LTC, 2013. [3] NAKAMOTO, K. Infrared and Raman Spectra of Inorganic and Coordination Compounds. Handbook of Vibrational Spectroscopy. 2006. [4] ALCÁNTARA-FLORES, José Luis et al. Synthesis and magnetostructural properties of two crystalline phases of [CuBr2(sp)] (sp = (-)-sparteine). Journal Of Molecular Structure. San Manuel, p. 125-131. fev. 2004. [5] PATNAIK, Pradyot. Handbook of Inorganic Chemicals. New York: McGraw- Hill, 2002. [6] National Center for Biotechnology Information. PubChem Annotation Record for COPPER(II) BROMIDE, Source: Hazardous Substances Data Bank (HSDB). https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Copper_II_bromide#section=Sol ubility. Acessado em: Outubro. 28, 2022.
Compartilhar