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Definições básicas para a Abordagem Centrada na Pessoa Laura P. da Encarnação A ideia mestra da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) é a capacidade do indivíduo. Os dois itens a seguir resumem tudo que se relaciona com esta psicoterapia, toda hipótese, toda afirmação e toda prática: 1. O ser humano tem a capacidade, latente ou manifesta, de compreender- se a si mesmo e de resolver seus problemas de modo suficiente para alcançar a satisfação e eficácia necessárias ao “funcionamento ótimo”, além de ter, igualmente, uma tendência para exercer essa capacidade; 2. A atualização desta capacidade requer certas condições, um certo clima interpessoal: um contexto de realizações humanas positivas, favoráveis à conservação do “eu”, isto é, requer relações desprovidas de ameaça ou desafio à concepção que o sujeito faz de si mesmo. Tendência à atualização/atualizante (TA) É a mais fundamental do organismo em sua totalidade e preside o exercício de todas as funções: físicas e experienciais. A tendência à atualização/atualizante visa constantemente desenvolver as potencialidades do indivíduo para assegurar sua conservação e seu enriquecimento, levando-se em conta as possibilidades e os limites do meio. Ela opera tanto na ordem ontogenética (desenvolvimento individual) quanto na ordem filogenética (desenvolvimento da espécie). Trata-se, portanto, do pilar da teoria da psicoterapia rogeriana. Noção de “eu” (NE) É uma estrutura perceptual, isto é, um conjunto organizado e mutável de percepções relativas ao próprio indivíduo, como, por exemplo, as características, atributos, qualidades e defeitos, capacidades, limites, valores e relações que o indivíduo reconhece como descritivos de si mesmo e que percebe como constituindo sua identidade. É o pilar da personalidade. A conjunção da tendência atualizante (TA) com a noção de “eu” (NE) determina o comportamento. A TA constitui o fator dinâmico, fornecendo a energia; a NE constitui o fator regulador, fornecendo a direção. A eficácia da TA do “eu” depende do caráter realista da NE. Tendência formativa Existe no universo e pode ser observada em qualquer nível. O universo está em constante construção e criação, assim como em deterioração. Este processo também é evidente no ser humano. Trata-se de uma tendência evolutiva para uma maior ordem, uma maior complexidade, uma maior inter- relação. Experiência Refere-se a tudo aquilo que se passa no organismo em qualquer momento e que está potencialmente disponível à consciência. Em outras palavras, tudo o que é suscetível de ser apreendido pela consciência. A noção de experiência engloba, pois, tanto os acontecimentos de que o indivíduo é consciente quanto os fenômenos de que é inconsciente. Liberdade experiencial O indivíduo é psicologicamente livre quando não se sente obrigado a negar ou a deformar sua experiência a fim de conservar seja o afeto ou a estima daqueles que representam um papel importante na sua autoestima. Avaliação organísmica Acontece quando a pessoa é a própria referência, isto é, a referência interna. É um processo que não para de evoluir, de mudar. É a TA que serve de critério ao processo de avaliação organísmica. Avaliação condicional Acontece quando o outro é a referência, isto é, a referência é externa. Está atrelada ao medo de perder o amor do outro. É a NE, em função da pessoa- critério, que serve de critério da avaliação condicional.
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