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Transtorno depressivo ➤ Problema de saúde pública ➤ Pcp ou 2ª maior causa de incapacitação mundialmente ➤ “Depressão” designa várias condições. Epidemiologia ➤ Mulheres de 2 a 3x mais risco de desenvolver (pcp idade fértil) ➤ idade de início = 24 anos ➤ 40% tem 1º episódio antes dos 20 anos e 50% entre 20 e 50 anos ➤ Adultos de 18 a 34 anos têm 3 - 5,5 x mais risco de desenvolver TDM que indivíduos acima de 65 ➤ Países desenvolvidos: 4 a 8x se for solteiro ou separado ➤ Países em desenvolvimento: divorciados e viúvos ➤ Depressão em jovens aumenta em 60% o risco de não finalizar os estudos. Curso e evolução ➤ Início da depressão pode ser abrupto, mas costuma ser insidioso ➤ Morbidade das depressões se agrava pelas recorrências, cronicidade e incapacitação ➤ Curso é episódico, mas muito variável de um paciente a outro. · não dá pra prever recorrência · não dá pra prever nº de episódios e duração ➤ Qdo tratada bem c/ medicações: · melhora em 3 a 6 meses · depois de 12 m. maioria recuperada ➤ Chances de recuperação diminuem, pcp se houver sintomas ansiosos e hipomaníacos concomitantes · caem para 60% depois de 2 anos · 30% ao cabo de 6 anos ➤ Com progressão da doença · intervalo entre episódios menor · gravidade maior ➤ ⅓ fica parcialmente ou totalmente sintomático ➤ Demais se recuperam ➤ 5 a 10% desenvolvem estado misto ➤ Nas depressões crônicas recorrentes: · ½ tem sintomas hipomaníacos durante ep. depressivo · mais longa duração · pior resposta a antidepressivos Etiopatogenia ➤ Múltiplos fatores contribuem ➤ Evidências sugerem que: · ocorre ativação de vias inflamatórias (por meio do aumento de citocinas) · alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal neuroendócrino · regulação positiva de transportadores de serotonina · maior receptação de serotonina · depleção desse neurotransmissor na fenda sináptica · intensificação dos sintomas depressivos ➤ Na neuroimagem: · alterações volumétricas corticais na região paralímbica, córtex pré frontal dorsomedial, córtex orbitofrontal e rostral e cíngulo anterior ➤ Níveis altos de glutamato associados a TDM. ➤ Herdabilidade · 37% em gêmeos ➤ Epigenética tem efeito importante ➤ Fatores de risco ambientais: · substâncias psicoativas (álcool, drogas, inibidores de apetite, antidepressivos), · alteração dos ritmos biológicos (privação de sono) · eventos adversos precoces (perda parental, percepção de falta de carinho dos pais, baixo suporte social e abuso infantil) Quadro clínico Devem ser levantados: · história atual e pregressa de episódios depressivos · idade de início · fatores desencadeantes e agravantes · história familiar de transtornos do humor · informações que auxiliam no diagnóstico diferencial No exame psíquico · aparência descuidada · ombros curvados · tendência ao choro · apatia e falta de motivação · pensamento pessimista e negativo persistente · humor irritável · sensível a estímulos estressantes · Redução de energia, desânimo, falta de vontade e iniciativa. · Prejuízos cognitivos e de fç executivas · Em casos graves há lentificação psicomotora que pode levar a estupor depressivo (alheio a realidade e não se alimenta) · Insight parcial · alterações nos ritmos biológicos: insônia e hipersonia · Mudança em apetite e peso · perda do libido e disfunções sexuais · queixas de dor ➤ A depressão é um fator de risco p/ suicídio Critérios diagnósticos DSM-5 Gravidade 1. Depressão leve: não incapacita, mas causa sofrimento significativo; 2. Depressão moderada: afeta parcialmente as funções do indivíduo 3. Depressão grave: incapacita social e/ou profissionalmente. Diagnóstico diferencial Luto · podem se superpor · Se persistirem após período agudo: depressão Esquizofrenia · existem resíduos depressivos nela · sintomas psicóticos menos floridos e intensos na depressão e têm conteúdo negativo e confusão mental · Pode haver coexistência: melancolia, piora do ânimo e apatia Depressão bipolar · pcp diagnóstico diferencial · sintomas depressivos iguais, mas hipomania e/ou mania presentes Exames complementares Pedir se comorbidades médicas ou condições clínicas que estejam associadas a síndromes depressivas Tratamento Objetivo ➤ Remissão dos sintomas, a recuperação funcional e prevenção de recaídas/recorrências Melhora na qualidade de vida, na capacidade funcional e a recuperação do funcionamento psicossocial Planejamento terapêutico ➤ Incluir elementos biológicos, psicológicos, socioculturais e ambientais ➤ Plano inicial de tratamento se dirige aos diagnósticos e necessidades psiquiátricas Princípios gerais do tto AD Assintomático por 6 m. (recuperado do episódio atual) Tto de manutenção para: Antidepressivos 1. Inib. da monoaminoxidase (IMAO): tranilcipromina, selegilina, fenelzina, moclobemida. 2. AD tricíclicos (ADT): imipramina, amitriptilina, clomipramina, nortriptilina. 3. ISRS: fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina. 4. AD atípico com ação noradrenérgica e dopaminérgica: bupropiona. 5. Inib. da recaptação de serotonina e antagonistas alfa2 (IRSA2): trazodona. 6. Inib. da recapt. de noradrenalina (ISRN): reboxetina*. 7. AD noradrenérgico e específico serotoninérgico (NASSA): mirtazapina. 8. Inib. sel. de recapt. de serotonina e nora. (ISRSN): venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina, milnaciprano**, levomilnaciprano. 9. Agonista de melatonina: agomelatina. 10. Serotoninérgico multimodal: vortioxetina Melhor eficácia: agomelatina, amitriptilina, escitalopram, mirtazapina, paroxetina, venlafaxina e vortioxetina. Menor eficácia: fluoxetina, fluvoxamina, reboxetina e trazodona Mais bem tolerados: Agomelatina, citalopram, escitalopram, fluoxetina, sertralina e vortioxetina Maior taxa de abandono: amitriptilina, clomipramina, duloxetina, fluvoxamina, reboxetina, trazodona e venlafaxina Melhor relação eficácia x adesão: escitalopram, mirtazapina, paroxetina, agomelatina e sertralina Pior relação eficácia x adesão: reboxetina, trazodona e fluvoxamina Deve-se usar o AD em dose terapêutica e aumentar de acordo com eficácia e torelabilidade, até dose máxima. · por 6 a 8 semanas, p considerar falha · se não houver nenhuma resposta em 2 semanas, pode trocar o AD. · retira e inicia o outro juntos, gradualmente Outros tratamentos Antipsicóticos atípicos ➤ 1ª geração tem efeito modesto no tratamento da depressão ➤ 2ª geração aumentam efeito AD dos AD no TD resistente e na depressão do TDB. · Quetiapina (150300 mg) · Aripiprazol (215 mg) · Olanzapina (em monoterapia, 2,5-10 mg ou a combinação de olanzapina 325 mg + fluoxetina 1250 mg) · Risperidona (13 mg) · Brexpiprazol (13 mg) Cetamina e compostos moduladores de glutamato ➤ Experimental ➤ Rápida ação antidepressiva, anti suicida e regulação neurotransmissora glutamatérgica Adjuvantes p/ reposta parcial ou não respondedores a um AD Tratamentos psicológicos ➤ Objetivo é o alívio dos sintomas pcp da depressão ➤ Foca na problemática atual do paciente Exercício aeróbico ➤ Programa de exercícios de 4-12 sem ➤ Melhora a capacidade funcional ➤ Pode diminuir a necessidade de doses altas de AD ➤ Ainda em estudo Manejo do TD resistente a tto ➤ 20 a 40% respondem minimamente e não tem remissão completa · 50% deles respondem c/ 2º medicamento · 10-30% sintomas residuais, disfunção social, pensamento suicida · Reavaliar o pct · Pode ter havido confusão com T. Bipolar · Solicitar exames complementares · Verificar adesão e interações farmac. Resposta parcial (ñ segue a ordem): 1. Aumentar a dose do AD (as vezes doses maiores que a posologia) 2. Introdução de adjuvante para potencializar o efeito AD · lítio ou antipsicóticos atípicos (aripiprazol, quetiapina, olanzapina e, com menor grau de evidência, risperidona) 3. Substituição de medicamento · por um AD com evidência de eficácia superior BRUNO REIS DE MOURA - UFPE CAA
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