Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
WBA0360_v1.0 DIRETRIZES CURRICULARES E DIDÁTICA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Renata Cardoso Belleboni Rodrigues Leitura crítica: Elza S. Cardoso Soffiatti Olá! Você iniciará seus estudos da disciplina Diretrizes curriculares e didática para o ensino de História. Durante seu aprendizado, objetivamos que você aprofunde seus conhecimentos sobre os conceitos de currículo e suas teorias e sobre as questões relativas à gestão curricular, que deve ser compreendida como um processo colaborativo e social. Você será, ainda, apresentado ao percurso histórico da redação e implantação da BNCC, sua estrutura e, de modo mais específico, o que ela nos apresenta relativo ao ensino de História. A partir das considerações sobre este documento orientador, você será convidado a estabelecer a relação do que ali está disposto com a chamada História ensinada, analisando, ao mesmo tempo, a polissemia dos conceitos de didática e didática da História e suas intersecções com os saberes docentes e metodologias/métodos de ensino próprios da disciplina História. No decorrer destas reflexões, também serão abordadas as questões epistemológicas da prática docente, buscando trazer a importância do planejamento para um ensino de qualidade, que prevê escolhas de estratégias e recursos para a mediação e construção do conhecimento significativo. 3 Esta é uma disciplina que nos faz pensar em nossa prática docente, ela pode nos auxiliar a encontrar nossos pontos fortes e nos indicar onde podemos ou devemos rever nossos posicionamentos e noções conceituais. Prontos para esse desafio? Bons estudos! INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Currículo e gestão curricular: contextos e ações ______________________________________________________________ Autoria: Renata Cardoso Belleboni Rodrigues Leitura crítica: Elza Silva Cardoso Soffiatti 5 DIRETO AO PONTO Por que retomar as teorias do currículo numa disciplina voltada para o ensino de História? Talvez você esteja se fazendo esta pergunta. Uma das respostas possíveis é pelo fato de que ao professor de História cabe conhecer as teorias que envolvem seu trabalho não apenas no âmbito historiográfico, mas, do mesmo modo, no didático-pedagógico. Interessa igualmente ao docente de História compreender como se dá a relação ou relações, ora intrínsecas, ora conflituosas, entre escola e cultura, cujo resultado será a produção e, também, reprodução das relações de poder, das identidades e mesmo da memória coletiva. Considerando, portanto, que os currículos trazem visões de mundo e objetivos diversos e, somando-se a isso, reconhecendo que os sujeitos escolares estão conectados entre si e que dessa proximidade se originam apropriações e interpretações, cabe ao responsável pelo ensino de História estar preparado para a gestão curricular compartilhada como um ser ativo, envolvido no processo de forma realmente participativa. Em relação ao aprofundamento das questões relativas à gestão curricular não é diferente. As decisões tomadas pelo professor de História ao elaborar o seu currículo, e nos interessa aqui, a princípio, a escolha de temas e definição de metodologias (teóricas e didáticas), devem ser compreendidas também como produtoras e reprodutoras de poder. Como afirma Moreira e Silva (1997, p. 13-14): “currículo é um campo de criação simbólica e cultural, permeado por conflitos e contradições, de constituição complexa e híbrida, com diferentes instâncias de realização: currículo formal, currículo real ou em ação, currículo oculto”. Quando se abordam as simbologias e as culturas, aborda-se o poder. É importante que, neste instante de escolhas e definições e estabelecimento dos 6 objetivos de conhecimento, o professor reflita sobre o currículo oculto. Até que ponto os valores que ele quer passar devem ficar realmente implícitos? Por que não os exteriorizar e provocar debates auxiliando e reforçando a construção de saberes? Se o “quando” tratar dos conteúdos é uma preocupação da gestão curricular, deve, da mesma forma, ser uma preocupação do professor de História que, no entanto, precisa estar atento e preparado para uma reorganização da ordem preestabelecida de acordo com a realidade que se apresenta. Essa disciplina lhe permite esse privilégio. Por que não aproveitar uma situação do presente para retomar conteúdos ou “adiantar” outros? Será que mudar a cronologia dos fatos em favor de uma analogia dos contextos não traz maior significação do conhecimento histórico ao aluno? Numa situação hipotética, um professor do ensino médio está revisando o conteúdo referente à religiosidade grega (ritos, deuses, mitos). No presente, no entanto, uma epidemia aflige a sociedade. Será mesmo que esse professor precisa ficar preso ao que foi preestabelecido? Ele pode aproveitar para propor pesquisas de como os gregos viam seus doentes, como encaravam as catástrofes (mesmo que não fossem epidemias). Ao mesmo tempo, pode “adiantar” temáticas como a peste negra. Ainda pode tratar do contexto da gripe espanhola e terminar propondo comparações entre estas épocas remotas e o presente. O professor deve esperar respostas complexas? Sim e não. Tudo dependerá do nível de maturidade do conhecimento histórico desse grupo. No entanto, é certo que relacionando o passado ao cotidiano dos alunos, ele contribuirá para trazer significado ao que está ensinando. Resumindo: 7 Fonte: elaborado pela autora. Se, ao avaliar o seu currículo e não apenas os objetivos de conhecimento, ao observar se fez as escolhas certas, decidindo pelos procedimentos (técnicos e teóricos) mais adequados, se buscou ampliar os momentos de debates para uma construção do saber mais crítica, o professor de História relacionar os resultados com o contexto da classe ou mesmo o escolar estará não apenas cumprindo com uma das ações da gestão curricular, mas também cumprindo com o papel de cidadão visando maior qualidade do ensino. Quando sabemos se um currículo e sua gestão foram eficientes? Quando há um grau de reprovação baixo? Se o objetivo do PPP for apenas diminuir a repetência e evasão, sim. Mas os indicadores para aferição da viabilidade de todo o processo devem considerar não só a operacionalização do currículo como o que vai além dele. Por isso é importante que o currículo seja construído de forma 8 democrática, compartilhada, interdisciplinar e que apresente flexibilidade. Segundo Roldão (2013, p. 135): [...] avaliação não se esgota numa função remedial, mas pressupõe que também as situações bem sucedidas devem ser desmontadas criticamente para identificar, situar e analisar os factores de sucesso e adequação, no sentido de os rentabilizar em situações futuras. Conhecer as teorias curriculares, participar da operacionalização (gestão) de todo o processo é fundamental ao professor de História que enseja um ensino crítico e reflexivo. Referências bibliográficas MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. da (Org.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994. ROLDÃO, M. C. Desenvolvimento do currículo e a melhoria de processos e resultados. In: MACHADO, J.; ALVES, J. M. Melhorar a escola. Sucesso escolar, disciplina, motivação, direção de escola e políticas educacionais. Porto: Universidade Católica Editora, 2013. PARA SABER MAIS Tomando como premissa que currículo é um conceito polissêmico e que cada significado atribuído a ele está inserido em um contexto, é importante ressaltarmos que ele ainda pode ser definido de outras formas: 9 • Currículo formal/oficial: constituído do programa a ser cumprido pelos professores, estabelecido pelos sistemas de ensino e presentes nos documentosoficiais (na atualidade, BNCC). • Currículo real: o que se faz na prática, o que ocorrer no interior do espaço escolar (sala de aula, por exemplo) em efeito ao proposto no PPP, nos planos de ensino. Também chamado de operacional. • Currículo oculto: constituiu-se das normas e valores não explícitos, carregado de sentido embutidos nos objetivos das diretrizes, das escolas, dos conteúdos. Essas definições, embora mais técnicas do que conceituais, evidenciam a importância da compreensão de cada professor, que, ao participar da gestão curricular, ele deve ter em mente os estratos em que deverá pensar: o que está previsto, o que deverá ser praticado, que significados e valores quer mediar. TEORIA EM PRÁTICA A equipe gestora de uma escola irá convocar todos para uma reunião de planejamento para revisão do PPP e organização do currículo anual. A você será dada a direção dos trabalhos e, por isso, lhe foi solicitado que elaborasse uma pauta com os principais itens a serem abordados durante as discussões. No entanto, foi dada uma orientação em particular: você deverá especificar um dos elementos do currículo que reflete o sucesso ou insucesso da operacionalização para trabalhar mais de perto. Que elemento é este e que apontamentos poderiam ser feitos? 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Neste livro, como o próprio título indica, você poderá encontrar uma introdução às discussões de caráter teórico que abordam a questão do currículo em seus vieses social, filosófico e educacional. Ele possibilita uma reflexão crítica tanto sobre o tema como sobre o papel do educador. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, acesse a Biblioteca Virtual 3.0 e busque pelo título da obra. SILVA, T. T. da. Documento de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 12. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. Indicação 2 Este livro traz, de forma muito particular, o currículo real, aquele da prática em sala de aula e permite que os docentes reflitam sobre a articulação do ensino de História no tocante à escolha dos conteúdos a serem mediados e métodos a serem aplicados. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, acesse a Biblioteca Virtual 3.0 e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 11 BITTENCOURT, C. (Org.) O saber histórico na sala de aula. 12. ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2015. (Repensando o Ensino.) QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. As teorias de currículo refletem muito sobre o contexto em que foram elaboradas e aplicadas. Neste sentido, é correto afirmar que os currículos: a. Podem reproduzir relações de poder. b. Não trazem traços de outras épocas. c. São documentos sociais e não pedagógicos. d. Evidenciam a clara relação conflituosa entre escola e cultura. e. São o elemento definidor da sociedade. 2. O termo currículo é polissêmico. Tanto pode ser definido de acordo com teorias como pelo seu caráter mais técnico. Dentro deste contexto, currículo formal é aquele. 12 a. Praticado em sala de aula. b. Experienciado pelos alunos. c. Que revela os valores ocultos de seus objetivos. d. Estabelecido pelos sistemas de ensino. e. Também chamado de operacional. GABARITO Questão 1 - Resposta A Resolução: toda elaboração de um currículo depende de escolhas, de decisões, sejam elas governamentais ou no âmbito escolar. Estas decisões têm caráter de controle sobre o processo pedagógico e, assim, reproduzem relações de poder. Questão 2 - Resposta D Resolução: o próprio termo “formal” nos dá indícios de que esse tipo de currículo é aquele formulado pelos sistemas de ensino, estabelecidos pelas equipes governamentais da área da Educação. Ele também é denominado currículo oficial. TEMA 2 A BNCC e o ensino de História ______________________________________________________________ Autoria: Renata Cardoso Belleboni Rodrigues Leitura crítica: Elza Silva Cardoso Soffiatti 14 DIRETO AO PONTO Discussões sobre a educação sempre estiveram em pauta, seja no Brasil ou no mundo, em vários períodos históricos. Ora se questionou o que é educação, ora o que é ensino e mesmo definições de escola, professor e aluno passaram por revisões. Em nosso território, tais discussões se deram de forma mais acentuada a partir dos anos 1980. Na linha do tempo abaixo, você poderá observar o percurso temporal das publicações relativas às mudanças educativas propostas pelo governo federal. Figura 1 – Linha do tempo: mudanças na educação Fonte: elaborado pela autora. Dentre todos os debates, um que se destaca é aquele que buscou e busca definir “o que ensinar”, ou seja, qual conteúdo deverá ser trabalhado pelo professor e aprendido pelos alunos. Tão importante quanto esta definição é a escolha do “como ensinar e com quais objetivos”. Tais objetivos não estão relacionados apenas aos objetos de aprendizagem, mas, igualmente, aos objetivos da área de conhecimento e, enfim, aos objetivos da própria educação e 15 dos seus órgãos reguladores . Em outras palavras, o que nossos alunos aprendem está relacionado ao componente curricular e aos interesses do Estado. Outra relação é estabelecida com os objetivos finais da disciplina, ou seja, as competências a serem desenvolvidas. É importante que você esteja familiarizado com essas competências específicas de História e o convidamos a consultar a BNCC para analisá-las. No entanto, observe estas duas competências encontradas no texto que se refere ao EF – anos finais: Quadro 1 – Competências BNCC Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito. Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Fonte: BRASIL (2017).. Analisando estes dois exemplos e, igualmente, tomando os verbos norteadores das demais competências (em número de 7), você verá que, em destaque, estão os verbos “elaborar”, “recorrer”, “exercitar”, “identificar”, “posicionar” e “compreender”, ou seja, espera-se que o aluno desta etapa do ensino básico desenvolva atividades operatórias, que instrumentalizem conhecimentos e não os problematizem ou interpretem. O verbo “problematizar” 16 aparecerá nas competências referindo-se aos significados da ordem cronológica da história e aos procedimentos norteadores da produção historiográfica e não dos conteúdos (SOUZA, 2018). Cabe, portanto, ao professor, quando em sala de aula, tomar caminhos paralelos e problematizar situações para dar significado ao aprendizado. O uso da BNCC é obrigatório, o PNLD norteia todos os materiais para o ensino, os Estados organizam seus currículos e o professor elabora, com base em todas essas orientações, o seu planejamento. Se este é o caminho a trilhar, cabe aos governos (federal, estadual e municipal) garantir a estrutura e infraestrutura necessárias para um processo de mediação do conhecimento e não de transmissão de conteúdos. Mas a luta é de todos, pois o conhecimentodeve ser universal. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017. (Versão final.) SOUZA, É. C. de. Que formação histórica queremos? Debates atuais sobre aprendizagem histórica e lacunas da BNCC. Revista Escrita da História, ano 5, v. 5, n. 10, jul./dez. 2018. Disponível em: http://www.escritadahistoria.com/revista/index.php/reh/ article/view/149/149. Acesso em: 8 abr. 2020. PARA SABER MAIS Para que o ensino de História seja significativo, é necessário, ao pesquisador e ao professor de História, que se lance um olhar crítico à BNCC ,que nos coloca a educação como algo estritamente 17 ligado ao sistema produtivo. Essa análise ainda deve considerar que o documento norteador do ensino entende que a história precisa ser compreendida e não necessariamente problematizada. Neste sentido, o ensino da História precisa pensar em formas de permitir ao alunado da educação básica que seja criada uma consciência histórica, ou seja, a compreensão sim do conteúdo, mas a partir de sua aproximação com as experiências vividas. Não cabe ao professor de História apenas mediar o conhecimento, cabe, também, torná-lo mais concreto. Não basta aos alunos conhecerem o passado, mas compreender, analisar e comparar com suas vivências, com suas próprias concepções de sociedade, política, religiosidade, etc. (SOUZA, 2018). É importante que você tenha em mente que não é preciso abandonar as categorias históricas estabelecidas pela BNCC que, a saber, são temporalidades e as suas periodizações, os processos históricos com suas diferentes explicações historiográficas e as evidências, como as fontes históricas (BRASIL, 2017). Essas categorias são os fios condutores que permitem ao aluno a compreensão dos conteúdos históricos e seus conceitos (SOUZA, 2018). Mas eles não bastam. É preciso fazer com que aqueles que entram em contato com esses saberes sejam capazes de associá- los às suas realidades para uma transformação na forma de ver o que parece ser natural, fato dado. É preciso transformar o conhecimento histórico em algo utilizável no dia a dia. Pensar no ensino de História considerando apenas desenvolver as competências prescritas na BNCC não permitirá essa transformação. Faz-se necessário que o conhecimento histórico mediado mostre ao aluno que ele participa ou pode participar de forma mais ativa e efetiva da vida social, não como peças de um motor que agem sob o comando de outrem, mas como o condutor das ações (SOUZA, 2018). 18 Essas considerações estão longe de querer afirmar que o aluno poderá, por meio do ensino de História, ser um ativista, uma pessoa que agirá na sociedade para abalar as estruturas sócio- política-econômicas. Não há a intenção de pensar os alunos como “mini-historiadores” ou baderneiros. O ensino problematizado da História, mesmo que cerceado pela BNCC, a partir de uma prática reflexiva do professor, permitirá que os alunos se reconheçam como “eu”, como “nós”, como o “outro”, como alguém que possui uma identidade, que convive com uma alteridade construída e não natural. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017. SOUZA, É. C. de. Que formação histórica queremos? Debates atuais sobre aprendizagem histórica e lacunas da BNCC. Revista Escrita da História, ano 5, v. 5, n. 10, jul./dez. 2018. Disponível em: http://www.escritadahistoria.com/revista/index.php/reh/ article/view/149/149. Acesso em: 8 abr. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Um professor foi convidado a participar de uma entrevista em uma unidade escolar privada para ser avaliado quanto aos seus conhecimentos sobre a BNCC. Ele foi informado que suas respostas podem colocá-lo dentro do quadro dos professores que ministram aulas de História para os alunos do ensino médio. Ao iniciar seus estudos e preparativos para a entrevista, deu-se conta de que não possui conhecimentos básicos sobre o documento 19 oficial e lhe pediu ajuda para compreendê-lo. Que orientações você daria a respeito da BNCC? Quais as informações básicas que o seu amigo precisa saber para ser bem avaliado e possivelmente contratado? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Neste capítulo, os autores apresentam um percurso sobre o ensino de História, desde os PCNs até a implantação da BNCC, apresentando, ao mesmo tempo, críticas aos documentos e caminhos possíveis a serem seguidos pelos professores da área. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, acesse a Biblioteca Virtual 3.0 e busque pelo título da obra. SILVA, M.; GUIMARÃES, S. A necessidade da História no ensino fundamental: dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). In: VEIGA, I. P. A.; SILVA, E. F. da (Orgs.). Da LDB à BNCC. Campinas, SP: Editora Papirus, 2019. Indicação 2 Neste capítulo, Marcos Silva defende o ensino da História comprometido com conteúdos, pois, nesta área, não se Indicações de leitura 20 ensina qualquer coisa, mas a história. Traz, também, vários entendimentos do que é história a partir de autores de várias linhas teóricas e ainda apresenta uma enormidade de publicações que contribuíram para que o saber historiográfico acadêmico chegasse ao público em geral, Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual 3.0/Pearson, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton. SILVA, M. A História vem a público. In: SILVA, M. (Org.). História: que ensino é esse? Campinas, SP: Editora Papirus, 2016. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Considerando os objetivos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Programa Nacional do Livro e Materiais Didáticos (PNLD), é correto afirmar que: a. A BNCC impõe orientações que devem ser seguidas pelo PNLD. 21 b. BNCC e PNLD são programas distintos e não relacionados do MEC. . c. O PNLD foi a fonte para a elaboração da BNCC. d. O PNLD é a legislação que regula a BNCC. e. As diretrizes da BNCC não interferem nos editais do PNLD. 2. Sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, é correto afirmar que: a. Deram origem à Lei nº 9.394/96, conhecida como LDB. b. São documentos resultantes das discussões da BNCC. c. Foram definidos pela Resolução nº 4 de 2010. d. Foram precursores da BNCC que aprimorou alguns de seus indicativos. e. São definidos pelas competências gerais da BNCC. GABARITO Questão 1 - Resposta A Resolução: todos os editais do PNLD são elaborados a partir do disposto na BNCC. Apenas são aprovados livros impressos e digitais que contemplem, principalmente, as habilidades previstas na Base. Tanto a BNCC quanto o PNLD foram firmados pelo MEC e possuem legislações próprias para suas regulamentações. 22 Questão 2 - Resposta D Resolução: os PCNs (1997) foram as primeiras respostas ao disposto na LDB de 1996 que orientou as suas elaborações. Já em 2010, a Resolução nº 4 veio definir as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais que, após inúmeras discussões, gerou a BNCCt. TEMA 3 Didática do ensino de História ______________________________________________________________ Autoria: Renata Cardoso Belleboni Rodrigues Leitura crítica: Elza Silva Cardoso Soffiatti 24 DIRETO AO PONTO Didática é uma palavra que ouvimos o tempo todo em nossa formação e durante a prática do docente e que está sempre presente nos documentosoficiais. Sempre associada às competências e habilidades do professor, também está relacionada ao sucesso ou insucesso do ensino. Mas será que podemos falar em uma única didática? Ou podemos pensá- la relacionando-a às diferentes áreas do conhecimento, afinal, encontramos referenciada nas formas “didática do ensino de História”, “didática do ensino de Ciências”, etc. Uma definição largamente empregada é de que a didática é a arte de ensinar! Mas por que “arte”? Este termo deriva do grego théhkne, que, para os antigos, se referia à aquisição de certas competências ou habilidades do “saber fazer”. Os romanos também faziam uso dele, porém, transliterado para ars/artis, dando maior amplidão ao seu significado: era também uma “maneira de ser ou agir”. Em ambos os casos, os termos estavam relacionados a trabalhos manuais, profissões e tarefas que exigiam execução perfeita. Trazendo para o nosso campo de estudo, o professor hábil é um profissional da arte de ensinar. E a origem do conceito de didática? É também no mundo grego que o encontramos. Derivado do verbo didasko (ensinar), didaktikós é quem está apto, tem habilidade para a didaskalía, o ensino (SOUSA, 2013, p. 71-72). Mas o grande problema de associar didática à arte de ensinar está no fato de que o verbo em destaque é “ensinar” e não aprender. Como resultado, temos o professor como protagonista no ensino e não o aluno, justamente em um momento em que somos cobrados a fazer uso das metodologias ativas. Por este motivo, vários estudos colocam em xeque esta definição. 25 Na área da Educação/Pedagogia, você poderá encontrar várias outras definições do termo: Regina Haydt a define como ciência; Olga Damis, como uma relação entre sociedade-educação; José Carlos Libâneo o associa a fundamentos; Sônia Penin, como a forma como o ensino é conduzido; e para Cipriano Luckesi, a didática é um mecanismo de preparação docente (WINTER; FURTADO, 2017). Em nenhuma dessas definições o conceito foi tratado como métodos a serem utilizados em sala de aula. Relacionada à área das Ciências Humanas, a didática deve possibilitar que o aluno, resumidamente, interprete o mundo, seus contextos e processos. Mas qual didática? A didática da História ou a didática do ensino de História. A primeira está ligada à área da epistemologia da ciência histórica, que vê a construção histórica como resultado de necessidades sociais, formas de entender história e suas relações com diversas outras áreas. Ela questiona como se dá o processo do aprendizado histórico. Já a didática do ensino de História está relacionada à área da Educação/Pedagogia que, por sua vez, considera a construção da história escolar, que associa teorias a métodos/práticas docentes. Ela questiona sobre meios do aprendizado histórico. Seja no campo da educação ou da epistemologia da ciência histórica, a didática relaciona-se intimamente com os saberes docentes estudados e divulgados por Demerval Saviani, Clermont Gauthier e Selma Pimenta, entre outros. Maurice Tardif, por exemplo, os classificou como “saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes da experiência”. Todos esses saberes devem estar desenvolvidos, assimilados e validados pelo professor que, em virtude de sua prática, deve dar condições para que o aluno desenvolva competências específicas da disciplina História, como saber quando e como questionar, levantar hipóteses, elaborar argumentos, discutir sobre diferentes interpretações históricas, 26 etc. Sem o aprimoramento dos saberes docentes, o processo ensino-aprendizado e suas finalidades (educacionais, sociais, culturais e mesmo políticas) não estão garantidos. Mas se a didática não é metodologia, ela impõe a necessidade do conhecimento desta e dos métodos de ensino. O conceito “metodologia” traz como sufixo o termo logos (estudo, análise), assim, ela é o estudo dos métodos, dos caminhos adequados para mediar os conteúdos. Por sua vez, “método” é o caminho, é o modo de proceder. A escolha do método está relacionada ao objetivo do professor. No caso do ensino de História, se sua intenção for aquela de que os alunos apenas decorem os conteúdos, ele pode optar pelo método tradicional (em que o professor fala e o aluno escuta). Mas se sua intenção for o debate, a crítica e a reflexão, ele pode optar pelo método dialético, por exemplo. Quanto às metodologias, elas podem ser aplicadas às diferentes áreas do conhecimento. Já os métodos, estes podem ser mais específicos. Na disciplina de História, é comum observarmos diferentes caminhos tomados pelos professores para a construção e o entendimento dos conceitos de tempo (cronologia, periodização, rupturas, permanências, acontecimento – curta duração; conjuntura – média duração –; e estrutura – longa duração –; e sua relação com o conceito de espaço (geográfico, político, religioso, social e cultural)). Há, ainda, outro método aplicado nas salas de aula pelos professores de história: a pesquisa e o uso escolar de documento histórico, cujo uso como recurso didático deve ultrapassar aquele de ilustração do conteúdo. Para darmos um sentido ao ensino da História, é necessário que passemos a refletir, debater e aprimorar nossos conhecimentos sobre os conceitos de didática (da História e do ensino de 27 História), os saberes docentes, metodologias e métodos e inter- relacionar tudo com as competências a serem desenvolvidas pelos alunos, no campo da disciplina História. Referências bibliográficas SOUSA, M. A. de. O perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico. Revista Communicare, v. 13, n. 2, 2º semestre, São Paulo, 2013. Disponível em: https://casperlibero. edu.br/wp-content/uploads/2015/08/O-perspectivismo- nietzschiano-e-sua-aplica%C3%A7%C3%A3o-no-ensino- tecnol%C3%B3gico.pdf. Acesso em: 18 abr. 2020. WINTER, E.; FURTADO, W. Didática e os caminhos da docência. Curitiba: Editora InterSaberes, 2017. p. 23-24. PARA SABER MAIS Você será apresentado a alguns princípios didáticos considerados como fundamentos ou critérios que devem perfazer a prática docente. Observando tais critérios, associando-os aos seus conhecimentos de didática, de saberes, de metodologia e métodos, há uma grande possibilidade de o processo ensino- aprendizagem caminhar para o alcance de todos os objetivos propostos em seus planejamentos. São eles: • Princípio da proximidade: iniciar a mediação do conhecimento histórico por questões do cotidiano do aluno, se possível, fatos mais imediatos para que o aprendizado parta do concreto (realidade) para o abstrato (o passado). 28 • Princípio da direção: procura seguir seu planejamento dando uma sequência lógica ao conhecimento. É importante que os objetivos e enfoques do conteúdo estejam claros para os alunos. • Princípio da adequação: os conteúdos devem ser adequados à faixa etária do alunado, serem coerentes com a evolução dos temas e competências a serem desenvolvidas, bem como os métodos, que, para além destas colocações, devem ser apropriados ao conteúdo a ser mediado. • Princípio da participação: buscar que os alunos participem, se interessem e se envolvam com o conteúdo e método. As atividades devem prender a atenção dos alunos de forma que eles deem significados ao aprendizado. • Princípio da espontaneidade: permitir a livre manifestação de ideias, reflexões e ponderações dos alunos para que se crie mútua confiança, iniciativas, respeito às diferentes formas de pensar. • Princípio da vivência: as experiências (do professor e dos alunos) devem ser consideradas e associadas ao conhecimento em construção. • Princípio da descoberta: incentivar a colocação das impressões sobre o que foi mediado (seja a parte teórica ou sobre fontes utilizadas), sobre as participações dos colegas para que se desenvolvam competências intuitivas, criativas e cognitivas. • Princípio da transferência: o professor deve possibilitar/ favorecer situações em que o conhecimentoproduzido seja levado para as situações cotidianas dos alunos. O caminho agora é da ordem do abstrato para o concreto. 29 • Princípio da reflexão: durante e após a mediação do conhecimento, é importante que haja espaços para os processos de análise, gerando reflexões, opiniões e conclusões. Nesta etapa, é possível realizar a avaliação do conhecimento. Para saber mais sobre estes princípios, você poderá consultar o seguinte livro (especialmente o capítulo 6): RANGEL, M. Métodos de ensino para a aprendizagem e a dinamização das aulas. Campinas: Papirus Editora, 2006. Referências bibliográficas SOUSA, M. A. de. O perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico. Revista Communicare, v. 13, n. 2, 2º semestre, São Paulo, 2013. Disponível em: https://casperlibero. edu.br/wp-content/uploads/2015/08/O-perspectivismo- nietzschiano-e-sua-aplica%C3%A7%C3%A3o-no-ensino- tecnol%C3%B3gico.pdf. Acesso em: 18 abr. 2020. WINTER, E.; FURTADO, W. Didática e os caminhos da docência. Curitiba: Editora InterSaberes, 2017, p.23-24. TEORIA EM PRÁTICA Revendo a BNCC, você se deparou com uma unidade temática que há tempos lhe dá trabalho, pois encontra dificuldades em fazer com que os alunos compreendam os conceitos que são apresentados. Lembrando suas experiências, observou que há algum tempo não muda o método para a mediação deste conteúdo. É hora de mudar. Partindo da hipótese que estudou 30 algumas metodologias, optou pelo método construtivista e colocará o aluno como protagonista na construção do conhecimento. A unidade temática: “Totalitarismos e conflitos mundiais” Objeto do conhecimento: “A emergência do fascismo e do nazismo” Habilidade: “(EF09HI13) Descrever e contextualizar os processos da emergência do fascismo e do nazismo, a consolidação dos estados totalitários e as práticas de extermínio (como o holocausto)”. Tendo em mente os princípios didáticos e considerando o conteúdo acima relacionado (9° ano do EF) e o método construtivista, quais possibilidades de dinâmica de aula poderiam ser adotadas para o sucesso deste aprendizado? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Neste livro, você encontrará algumas reflexões sobre didática, metodologias e práticas de ensino de História, resultados de experiências da autora e outros professores e pesquisadores, no ensino fundamental. Indicamos a você a leitura do capítulo 3 da parte II, intitulado “A pesquisa e a produção de conhecimentos Indicações de leitura 31 em sala de aula”, em que poderá aprimorar seus conhecimentos sobre práticas específicas do ensino de História. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, Pearson/ Biblioteca Virtual 3.0, e busque pelo título da obra. GUIMARÃES, S. Didática e prática do ensino de História. Campinas, SP: Papirus, 2015. Indicação 2 Neste livro estão discutidos os modos como os historiadores criam o fato histórico e como esses discursos são reproduzidos nos livros didáticos e, em consequência, pelos professores da educação básica. Sugerimos a você a leitura do capítulo intitulado “Repensando a noção de tempo histórico no ensino”, de autoria de Circe Bittencourt e Elza Nadai. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, Pearson/Biblioteca Virtual 3.0, e busque pelo título da obra. PINSKY, J. (Org.). O ensino de História e a criação do fato. São Paulo: Editora Contexto, 2009. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em 32 Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Sobre os conceitos de théhkne e ars, é correto afirmar que: a. Significam técnica e arte, respectivamente, sendo utilizado pelos antigos para se referirem aos artistas. b. Significam tecnologia e arte, respectivamente, referindo-se, no mundo atual, ao uso de tecnologias digitais no ensino. c. Significam didática e metodologia, respectivamente, e são utilizados na grafia original ainda nos dias de hoje. d. Significam técnica e arte, respectivamente, sendo interpretados como “saber fazer/ensinar” e relacionados às questões didáticas. e. Significam arte e técnica, respectivamente, sendo interpretados como “saber fazer/ensinar” e relacionados às questões do ensino de História. 2. Sabendo que o termo didática é derivado do verbo didasko (ensinar), e que didaktikós é quem está apto, tem habilidade para a didaskalía, que é o ensino, podemos afirmar que: a. Embora relacionado à questão do ensino desde sua origem, o conceito de didática é complexo e polissêmico, podendo abordar várias ramificações do processo de ensino. b. Dentro das questões pedagógicas, a didática está estritamente relacionada às metodologias de ensino que consideram os métodos tradicionais de transmissão do conhecimento. 33 c. Desde sua origem, o significado atribuído ao conceito de didática não foi alterado em respeito à etimologia atribuída pelos gregos, considerados os pais do conhecimento ocidental. d. Diferentes epistemologias entendem a didática de acordo com suas visões, não aplicando-a, entretanto, às diversas áreas do conhecimento que podem ser encontradas na BNCC. e. O conceito de didática é sinônimo de pedagogia, podendo ambos os conceitos serem utilizados alternadamente para designar as formas de ensino direcionadas às crianças. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: théhkne e ars são termos provenientes do grego e do latim e significam, respectivamente, técnica e arte, numa tradução mais simplificada, no entanto, os próprios antigos os relacionavam ao “saber fazer”, “saber agir”, de onde, com o passar do tempo, foram incorporados aos estudos pedagógicos de modo geral, e não apenas associados ao ensino de História, e relacionados às questões didáticas, portanto “saber fazer/ensinar”. Ainda no mundo antigo, não eram utilizados para se referirem aos artistas, embora fossem termos ligados aos trabalhos manuais, como também não são utilizados em suas grafias originais e nem se referem às tecnologias digitais. Questão 2 - Resposta A Resolução: o conceito de didática está relacionado à questão do ensino desde sua origem. No entanto, no decorrer da história da educação, outros significados 34 lhe foram atribuídos e ele tornou-se, a partir de várias teorias, complexo e polissêmico, podendo abordar várias ramificações do processo de ensino, afinal, foi associado às questões metodológicas e dos saberes docentes, por exemplo. A sua relação com as metodologias não o restringe aos métodos tradicionais de mediação (e não transmissão) do conhecimento, seja de crianças, adolescentes ou adultos. Na BNCC, vemos o seu emprego nas diversas áreas do conhecimento. TEMA 4 Planejamento: estratégias e recursos didáticos ______________________________________________________________ Autoria: Renata Cardoso Belleboni Rodrigues Leitura crítica: Elza Silva Cardoso Soffiatti 36 DIRETO AO PONTO O planejamento é sempre um bom começo para alcançarmos nossos objetivos pessoais ou profissionais. Esta ação pode minimizar imprevistos futuros e apontar direções para a solução de problemas. No plano educacional, o planejamento é um dos elementos-base da prática docente. Por meio dele, delineamos os caminhos para que os objetivos de aprendizagem, de conhecimento e de avaliação sejam logrados. O verbo “planejar” encontra seus sinônimos em projetar, delinear, esboçar, esquematizar, conceber, idealizar, traçar e programar, entre outros. Observe que em nenhum dos verbos apresentadosencontramos o significado de fazer ou cumprir, isso porque o planejamento é o que antecede a prática das atividades. Sendo assim, ele pode ser alterado quando a prática se mostrar necessária. Figura 1 – Planejamento PLANEJAMENTO: os planos de ensino e os planos de aula consideram: As orientações da BNCC e dos Parâmetros Curriculares estaduais. As diretrizes do Projeto Político-Pedagógico, que é planejado e traz novos planejamentos na forma de planos de ação. Os saberes docentes, em que o saber da experiência é muito importante, porque são as vivências que ajudam os professores a escolher conteúdos, estratégias e recursos que eles “sabem” que levarão a respostas mais satisfatórias por parte dos alunos. Fonte: elaborada pela autora. 37 Há algumas distinções entre um PE e um PA, vamos a elas. Um PE possui um cabeçalho com o nome da instituição, do curso (ensino superior/técnicos), disciplina e seu código, carga horária, dia e hora da aula e nome do docente. Na sequência, encontram- se a ementa (cursos superiores/técnicos), seus objetivos (geral e específicos), conteúdo programático, metodologia, avaliação e referências. Ele tem caráter semestral ou anual, pode sofrer alterações e traz uma sistematização geral. O PA também traz um cabeçalho com a identificação da disciplina, público-alvo, número de horas-aulas e, em alguns casos, as indicações das unidades temáticas, dos objetos de conhecimento e das habilidades previstas na BNCC. Após, estão descritos o conteúdo da aula e seus objetivos (geral e específico), metodologia, recursos didáticos, avaliação e referências. Junto a ele, ainda podemos encontrar uma sequência didática descritiva. De sistematização específica (aula a aula), é utilizado como roteiro a ser seguido. Alguns levantamentos apontam que os professores, em sua maioria, elaboram, devido à obrigatoriedade, os seus PEs, no entanto, devido à experiência, deixam de elaborar seus PAs. Em qualquer um desses níveis, o questionamento-chave para as suas elaborações deve ser: o que eu quero que meu aluno aprenda? O verbo “ensinar” não pode mais ser separado do verbo “aprender”. Assim, professores e alunos se tornam corresponsáveis pelo processo ensino-aprendizagem. No que se refere ao ensino de História, durante muito tempo, esta disciplina foi associada à estratégia tradicional: aula expositiva. Um dos motivos estava na forma em que o ensino e a História eram entendidos: como ela ensina muitos conceitos, contextos – históricos, geográficos, políticos, culturais, etc. – e sujeitos, e como o professor tem o dom de narrar os conteúdos, 38 esta estratégia era a mais aceita. Mudando a forma de ver o ensino e a História, entendendo que há uma História escolar, novas estratégias e novos recursos foram incorporados. Dentre as diferentes estratégias, destacamos: aula expositiva dialogada, trabalho em grupo, dinâmicas, jogos e brincadeiras, uso das novas tecnologias, situações-problema, júri simulado, tempestade de ideias, fórum, maiêutica, construção de maquetes e pesquisa em documentos. Tomadas isoladamente ou em conjunto, elas objetivam dinamizar o ensino, dar protagonismo ao aluno, incentivar a participação oral e escrita, a socialização, o desenvolvimento do raciocínio teórico, a colocação de ideias, hipóteses e considerações gerais que podem ser aprofundadas e/ ou questionadas. Mas o que realmente importa não é a estratégia em si, mas, sem dúvida, o resultado do aprendizado. As diferentes estratégias podem ser utilizadas concomitantemente: • A partir de uma maquete, o professor pode provocar uma tempestade de ideias e tomá-las como ponto de partida para o exercício da maiêutica (perguntas sobrepostas a perguntas). Assim, o aluno perceberá que possui um saber sem saber. • Após apresentar um jogo de memória conceitual (em que uma carta é o conceito e sua correspondente é o significado do conceito), o professor pode abrir um fórum de discussões e finalizar solicitando um trabalho escrito em grupo. • Na sequência da análise de documentos (escritos ou iconográficos, por exemplo), o professor pode solicitar uma pesquisa na internet sobre o tema da aula e propor uma resolução de situação-problema. 39 As possibilidades são muitas. Há vários caminhos utilizados pelo professor para que o aluno construa ou aprofunde seus conhecimentos e desenvolva competências e habilidades. Para tanto, ele ainda dispõe de recursos, como: o livro didático, paradidáticos, literatura, filmes, músicas, artes visuais, quadrinhos, visitas virtuais a museus e sítios arqueológicos. O importante é que ele se prepare adequadamente para aplicar as estratégias e os recursos no ensino de História. Referências bibliográficas GIL, A. C. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. GUIMARÃES, S. Didática e prática de ensino de História. Campinas, SP: Papirus, 2015. PARA SABER MAIS Uma estratégia que tem sido utilizada com maior frequência é a análise de acervos de museus. Estes acervos pertencem à categoria da cultura material e, como os demais documentos históricos, trazem as marcas de seu tempo. Mas você pode se perguntar: se não há museu em minha cidade e se a locomoção até um desses espaços de memória não é fácil e, por vezes, cara, então, como colocar em prática essa estratégia? Sem problemas: as visitas podem ser virtuais. Vários museus do Brasil e do mundo possuem passeios 3 D ou, ainda, disponibilizam fotos de seus acervos para consulta do público em geral. Para fazer uso dessa estratégia e dos recursos disponíveis, o professor precisa se planejar e algumas etapas devem ser 40 observadas: qual conteúdo possibilita essa ação? Que tipos de objetos podem auxiliar na compreensão dos conhecimentos que serão construídos? Qual o objetivo principal que me leva a escolher esse ou aquele objeto? Tendo selecionado o conteúdo, uma busca pelos museus que oferecem as visitas virtuais deve ser feita. É interessante selecionar mais de uma opção e averiguar quais são os acervos disponíveis para visualização. Na sequência, escolher o objeto a ser analisado. Antes da análise, é sempre importante o professor falar um pouco sobre o museu e sobre a seção onde se encontra o objeto escolhido. Por exemplo: se a escolha foi o Museu do Louvre, em Paris, iniciar falando de sua história, de sua importância para a preservação da memória e do patrimônio mundial. Se o objeto escolhido foi um vaso de cerâmica grego, informar que ele se encontra em uma seção voltada para a exposição de acervos cerâmicos que reúnem peças de várias épocas e estilos. Quanto mais informações o aluno puder ter acesso, mais ele compreenderá o contexto do objeto a ser analisado. Essas informações estão disponíveis nos sites dos museus. Esta aula pode ocorrer na sala de informática ou mesmo na sala tradicional, com a exibição da imagem por meios tecnológicos ou impressos. Na sequência, o professor deve retomar o conteúdo e estabelecer a relação com o objeto. Quando possível, buscar comparações com objetos da atualidade. Veja mais este exemplo: se o professor optou por mostrar um instrumento musical medieval, fazer a comparação com um mesmo estilo de instrumento utilizado hoje, se for um vaso, como citado anteriormente, um vaso comum do dia a dia também pode ser o objeto de comparação. O aluno deve ser colocado no papel de pesquisador perante o objeto. Ele deve ser estimulado a levantar hipóteses. Ainda no 41 exemplo do vaso, perguntas que podem surgir ou mesmo ser colocadas pelo professor são: de que material é feito? Qual a técnica empregada na confecção do vaso? Que conhecimentos eram necessários ao artesão? Para que servia o vaso? Ele traz elementos decorativos? O que ilustram? Quem os utilizava? Imaginem essa estratégia em um museu real. Não há dúvidas de que esta aula extraclasse seria muito significativa para os alunos. O mesmo pode ocorrer a partir das visitas virtuais. Tudo vai depender do planejamentodo professor. Referências bibliográficas GIL, A. C. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. GUIMARÃES, S. Didática e prática de ensino de História. Campinas, SP: Papirus, 2015. TEORIA EM PRÁTICA Hoje é dia de planejamento. A coordenação solicitou que todos os professores elaborassem um plano de aula a ser aplicado na próxima semana. As orientações mais importantes foram: (1) na metodologia, deve constar uma metodologia ativa, algo que coloque o aluno como protagonista no processo de aprendizagem; (2) ao final do plano, uma indicação de possível interdisciplinaridade, portanto, você deverá apontar uma ou mais disciplinas com quem poderá, num futuro, planejar estratégias conjuntas. Enfim, você deve entregar à coordenação um plano de aula e apontar a interdisciplinaridade, justificando a escolha da(s) disciplina(s). 42 Seu público-alvo são alunos do 9º ano. Unidade temática: “O Brasil no século 19”. Objeto de conhecimento: “A produção do imaginário nacional brasileiro: cultura popular, representações visuais, letras e o Romantismo no Brasil”. Habilidade: “(EF08HI22) Discutir o papel das culturas letradas, não letradas e das artes na produção das identidades no Brasil do século 19”. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este livro apresenta para o professor formas pedagógicas para introduzir, em sala de aula, a internet, especialmente referenciando os textos jornalísticos. Ele também traz roteiros de análise e algumas ideias de exercícios a serem aplicados. Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura do capítulo “Roteiro para a leitura da mídia no cenário escolar”. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual 3.0/Pearson, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton. ZANCHETTA JR, J. Como usar a internet na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2012. Indicações de leitura 43 Indicação 2 Os quadrinhos ou, como também são chamados, as HQs, são tratados nesta obra como valiosos recursos pedagógicos. Nele, além dos autores proporem orientações para que os professores conheçam essa linguagem, apresentam exemplos e sugestões de atividades para diferentes disciplinas, incluindo a História. Neste sentido, para que você conheça um pouco mais sobre a possibilidade de uso desse recurso em sala de aula, sugerimos a leitura de dois capítulos: “A linguagem dos quadrinhos: uma ‘alfabetização’ necessária”, de autoria de Waldomiro Vergueiro, e “Os quadrinhos na aula de História”, de Túlio Vilela. RAMA, A.; VERGUEIRO, W. (Orgs.) Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Leia atentamente a assertiva a seguir: A importância do planejamento pode ser observada quando 44 o visualizamos como resultado de teorizações e de práticas docentes que envolve: “decidir acerca dos objetivos a serem alcançados pelos alunos, conteúdo programático adequado para o alcance dos objetivos, estratégias e recursos que vai adotar para facilitar a aprendizagem, critérios de avaliação, etc.” (GIL, 2012, p. 34). No enunciado da questão, o planejamento foi associado ao verbo “decidir”. Outros significados que podemos dar a ele ou ao verbo “planejar” é a. Praticar, executar, fazer. b. Idealizar, esboçar, cumprir. c. Projetar; conceber; agir. d. Esquematizar, traçar, realizar. e. Projetar, delinear, esboçar. 2. Planos de ensino (PE) e planos de aula (PA) apresentam elementos análogos, como a descrição das metodologias e da bibliografia. No entanto, se divergem em alguns fatores como: a. PE – documento particular do professor; PA – documento a ser entregue para coordenação. b. PE – baseado nas orientações da BNCC; PA – baseado nas colocações dos alunos. c. PE – caráter semestral ou anual; PA – aula a aula. d. PE – traz no cabeçalho informações institucionais; PA – traz no cabeçalho informações do professor. e. PE – aponta as metodologias tradicionais; PA – aponta as metodologias ativas. 45 GABARITO Questão 1 - Resposta E Resolução: planejar é algo da ordem do projetar, delinear, esboçar, idealizar, esquematizar, traçar, mas não se refere a ações como praticar, executar, fazer, cumprir, agir ou realizar. Estas últimas ações são aplicadas pós-planejamento, necessitam ser pensadas anteriormente. Questão 2 - Resposta C Resolução: embora o PE também seja um documento que deva ficar de posse do professor, ele deve ser entregue à coordenação ou ao responsável pedagógico da instituição. Já o PA é um documento particular do professor e só é entregue quando solicitado pela instituição; PE e PA devem estar relacionados ao proposto nas orientações da BNCC e não nas colocações dos alunos. Realmente, o PE traz no cabeçalho informações institucionais, mas também disciplinares e informações sobre o docente responsável. O mesmo ocorre com o PA, embora mais simplificado, pois em seu cabeçalho vemos dados que dizem respeito mais às informações sobre a disciplina. As metodologias previstas no PE devem ser as mesmas no PA, sejam elas as tradicionais ou as metodologias ativas. Deste modo, a alternativa correta é a que aponta que o PE possui caráter semestral ou anual e o PA é elaborado aula a aula. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto TEMA 3 Direto ao ponto TEMA 4 Direto ao ponto Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
Compartilhar