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GESTÃO DE BARES E RESTAURANTES Autoria: Maike Bauler Theis Indaial - 2020 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Xxxxxx Xxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx XXX p.; il. ISBN XXXXXXXXXXXXX 1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxx CDD XXXX.XXX Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................... 5 CAPÍTULO 1 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES ..................................................... 7 CAPÍTULO 2 GESTÃO DE PESSOAS, TRIBUTOS TRABALHISTAS E IMPOSTOS FISCAIS ...................................................................... 53 CAPÍTULO 3 DIVULGAÇÃO E MARKETING DE RESTAURANTES, BARES E SIMILARES ...................................................................115 APRESENTAÇÃO Olá, pós-graduando! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Gestão de Bares, Restaurantes e Similares. Primeiramente, para a constituição de uma empresa no segmento de bares, restaurantes e similares é preciso identificar onde se encontra o público-alvo, suas condições econômicas, circulação e os diferenciais a serem ofertados para atingir esse público. O local de instalação da empresa deve observar esses elementos, porém, antes da sua decisão de localização, a consulta de viabilidade para estabelecimento no município de interesse deve ser realizada. O ponto ou local de instalação deve ser avaliado também como uma estratégia do negócio que, visualmente, favoreça a sua divulgação, esteja localizado no trajeto que o cliente está transitando. A sua estrutura interna deve estar acessível e distribuída de modo que o cliente circule e conheça os ambientes, familiarizando-se e sentindo-se acolhido, buscando fidelizar os grupos de pessoas que deseja atingir. Nesse conjunto, que, inicialmente, deve-se verificar, analisar e definir para a constituição de uma empresa nesse segmento, a escolha dos equipamentos a ser utilizados é importante alinhar o cardápio ao gosto e possibilidades econômicas do cliente. A variedade no cardápio ou a oferta de produtos limitados depende do público que se pretende atingir, mas é necessário que a qualidade seja uma característica fundamental e que o custo controlado para gerar resultado. Da mesma forma, a seleção dos equipamentos a ser utilizados deve ser criteriosamente realizada, evitando-se desembolsos desnecessários. Deve-se observar o cardápio e verificar quais equipamentos devem ser adquiridos e, ainda, atentar-se para a forma de funcionamento do equipamento, ou seja, equipamentos elétricos ou mesmo a combustão de outros produtos como e o caso do gás GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), pois em eventuais quedas de energia elétrica deve- se buscar alternativas para atender o cliente no estabelecimento. O apreciado cardápio deve ser definido também logo nos primeiros momentos em que se dedica a esse ramo de atuação. A sua escolha está associada diretamente ao local de instalação, as formas de atuação e público-alvo. A sua apresentação deve ser criteriosamente elaborada, no menu, sempre destacando os pratos e ressaltando seus ingredientes. O preço é uma informação que deverá constar, porém não é o ponto central de atenção que o consumidor deve adotar para decidir o prato que irá consumir. A definição do cardápio influencia também no custo dos pratos, com base nos ingredientes consumidos e demais despesas geradas na elaboração desse prato, estipula-se o preço de venda. Bons estudos! Profa. Maike Bauler Theis CAPÍTULO 1 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Planejar a constituição e estrutura para abertura e funcionamento de bares, restaurantes e simulares. Constituir a estrutura e equipamentos para ativar o negócio. Defi nir o ramo de atuação e defi nição de cardápio. Aprender as noções essenciais para constituir e estruturar operacionalmente empreendimentos do ramo de alimentos, controlando e priorizando a aquisição de equipamentos e defi nindo os ramos de atuação. 8 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES 9 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O talento culinário pode ser um dom de muitas pessoas e pode confundir-se com um hobby de fi nal de semana. O fato de gostar de cozinhar e o sonho de tornar-se um chef ou famoso gourmet não são os únicos requisitos para tornar-se um empresário no segmento de restaurantes e bares. São fundamentais, também, os conhecimentos sobre a estrutura, funcionamento e resultados que a empresa deve adotar e gerar. Maricato (2005) destaca que não é raro um ex-gerente de banco, ex-vendedor de automóveis ou recém aposentados que tenham recebido alguma indenização ingressarem no ramo. Este pode ser um grande desafi o, pois a experiência em áreas afi ns, como a administrativa, ou trabalhos distantes dos serviços de bares e restaurantes, sem qualquer vivência na área, pode desencadear o desfi o de destacar-se e diferenciar-se na atividade e no local ou mercado em que pretende atuar e atingir. Na gestão operacional, Oliveira (2005) afi rma que uma organização inteligente do trabalho é um pré-requisito de economia, qualidade e rapidez não somente do processo produtivo, mas também da qualidade do ambiente em que se está trabalhando. O autor ainda menciona que é preciso acompanhar, organizar e alinhar os elementos básicos do sistema de trabalho: materiais, produtos, fl uxo, estocagem, transporte, equipamentos, espaço físico e atividades de cada indivíduo no processo. Para a viabilidade fi nanceira nos negócios deste ramo, Vaz (2006) expõe sua experiência em trabalhar com serviços envolvendo alimentos sempre em contato com os gestores e administradores de restaurantes e identifi cou que conheciam do operacional da empresa, porém, deixavam a desejar quanto à gestão de custos e resultado da empresa. O autor destaca que em seus estabelecimentos o lucro ou prejuízo não eram fruto de planejamento, controles e apurações, eram fruto do acaso. Além de contribuir como atrativo também para o turismo, aumentando a arrecadação para os municípios, estados e federação, os negócios de bares e restaurantes geram empregos, mas devem atentar para a diversidade de produtos com qualidade conhecendo o local ou região que pretendem atuar e o público a atingir driblando as oscilações da economia do país. Esses são os desafi os para manter-se competitivo, gerando resultados no cenário atual para os bares, restaurantes e similares (MARICATO, 2005). 10 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES 2 VIABILIDADE E PLANEJAMENTO PARA ABERTURA DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Walker e Lundberg (2003) deixam clara a necessidade de planejar um restaurante, sendo fundamental listar uma série de ideias em um papel, para que, após a inauguração, o negócio venha a ser lucrativo e prazeroso, tanto para os clientes como para os administradores. Assim, consideram todos os fatores para viabilizar o negócio é importante,desde a sua localização até o retorno desejado. Antes de realizar qualquer negócio, fi rmar contrato e defi nir a localização da empresa, exigências do município devem ser verifi cadas sendo realizada a Consulta de Viabilidade. A Consulta de Viabilidade deve ser aprovada pela prefeitura do Município, corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Meio Ambiente. Seu objetivo é verifi car a possibilidade de instalação e funcionamento no local solicitado, avaliando o impacto para as pessoas com a instalação da empresa e resguardando a segurança dos clientes e bem estar da população, além de preservar o meio ambiente. Maricato (2005) relata que bares e restaurantes são considerados locais de reunião e, conforme o Município, a partir de certo número de metros quadrados ou de certa previsão de frequência de pessoas as exigências passam a ser cada vez maiores, tais como: portas de emergência, refeitórios e vestiários de funcionários, corrimãos, porta contra fogos e extintores, sinalização de saídas, portas que se abrem para fora, entre outros elementos que prezam a segurança das pessoas que frequentam e trabalham na empresa. Veja como todas as diretrizes sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edifi cações e áreas de reunião de público foram alteradas a partir de 2017 com a Lei nomeada como Boate Kiss que surgiu depois do incêndio da Boate em Santa Maria no estado do Rio Grande do Sul que vitimou pessoas devido à superlotação e falta de segurança. Acesse e conheça mais: https://cutt.ly/thxzq7f. 11 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Para evitar transtornos e atender à legislação, o empresário deve ainda verifi car outros elementos solicitados pela maioria dos municípios. As regas podem se alterar, porém, de maneira geral, para a segurança dos munícipes, as leis e condições estão sendo cada vez mais rigorosas, a saber: • Cozinha lavável, com disponibilidade de acesso para a área externa facilitando o descarte de lixo. • Odores e fumaça expedida por coifas tendem a ser cada vez mais fi scalizados, sobretudo, em zonas residenciais. • Armazenamento e utilização de gás GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). • Banheiros adaptados e acessíveis, assim como a acesso ao estabelecimento e locomoção interna devem ser acessíveis para cadeirantes e pessoas com qualquer tipo de defi ciência. • Algumas cidades podem exigir inclusive laudo acústico, triturados de lixo e câmaras frigorífi cas de armazenamento de lixo para liberação do Alvará de licença e funcionamento (MARICATO, 2005, p. 59). Recomenda-se, ao empresário, assim que encontrar um local para se estabelecer, buscar auxílio e orientações de profi ssionais como contador, engenheiro civil e arquiteto que apresentam os pontos favoráveis e necessários de adaptação para verifi car se a instalação é viável fi nanceiramente. Apresenta-se um exemplo básico de consulta de viabilidade com os elementos que devem ser respondidos e que serão analisados pelos órgãos competentes e, atendendo às questões legais, a viabilidade é liberada: FIGURA 1 – MODELO DE CONSULTA DE VIABILIDADE 12 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES FONTE: A autora Seguidas as regras da viabilidade, é importante defi nir como será constituída a empresa na sua forma societária: ou empresa individual ou sociedade de empresários. Essa defi nição é central e essencial para constituir uma empresa, pois toda e qualquer movimentação, seja operacional ou fi nanceira, deve ser acordada entre os sócios. O Contrato Social, segundo Maricato (2005), é uma certidão de nascimento da empresa e, ainda, uma certidão de casamento entre os sócios. Essa é a formalização do acordo estabelecido entre os sócios em que se defi nem e estipulam: • Nome, endereço, sede, capital, qualifi cação dos sócios e participação nas cotas. • Atividades desenvolvidas pela empresa. • Responsabilidades de cada sócio e retiradas e lucros quando existirem. • Início das atividades e local de atuação. 13 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Ainda, durante um determinado período, a empresa deverá realizar um balanço evidenciando o resultado deste período, esses detalhes são fundamentais para conhecimento dos empresários, pois, em empresas familiares, como também nas demais em que não existe grau de parentesco, a necessidade de delimitar as funções administrativas que permitem a tomada de decisão pode infl uenciar na operacionalização do negócio. A responsabilidade de cada sócio quando da constituição de uma sociedade limitada é o mesmo limite para com as reponsabilidades assumidas perante aos credores como bancos, fi nanceiras, fornecedores e fi sco. Quando da sociedade individual, a sua composição é de apenas uma pessoa, assim, apenas uma pessoa responde pelas obrigações com terceiros. O pró-labore, que é a remuneração dos sócios, também pode ser estipulado no contrato social. O objeto que é a atividade principal do negócio pode ser apresentado como restaurante, bar, casas de chá entre outros, o ideal é delimitar a atividade pois os valores de alvará podem ser estimados com base também nas atividades elencadas, onerando essa despesa para a empresa. Para a defi nição de restaurante, Castelli (2003, p. 297) diz: “considera-se restaurante o estabelecimento que fornece ao público alimentação mediante pagamento”. Já o bar, para Maricato (2005), são os estabelecimentos desde o botequim de estrada até as esquinas de médias e grandes cidades – em que há um balcão, uma prateleira ao fundo e algumas poucas prateleiras, quase sempre de mau gosto, porém, alguns bares podem estar entre os melhores do mundo. Os demais estabelecimentos que ofertam alimentos em ambiente públicos ou mesmo apenas trabalham com entregas em que pode haver a circulação ou não de clientes como o caso de food trucks ou delivery podem ser classifi cados como similares. Apresentada a forma de constituição e a defi nição de bar e restaurante, tem-se ainda a alternativa de participar de grandes redes através de franquias, adotando diretrizes já estabelecidas em outras empresas. Segundo Schneider et al. (1991), o franchising é basicamente um sistema de distribuição em que o franqueador cede ao franqueado o direito de trabalhar com a marca, para tanto, solicita o repasse de valores conforme anteriormente acordado entre franqueador e franqueado, tem, assim, a taxa de franquia. 14 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES A empresa franqueadora consegue colocar seus produtos no mercado mais facilmente e com menor dispêndio de capital. A pessoa que adquirir a franquia (o franqueado) será dono de seu próprio negócio, ao mesmo tempo em que contará com toda a experiência do franqueador. Para Leite (1990), o sistema de franchising se caracteriza quando o franqueado paga uma taxa sobre o percentual das suas vendas ao franqueador, pelos serviços prestados de assistência técnica, ao ceder seu know-how administrativo comercial para a venda de seus produtos e/ou serviços a serem distribuídos através da rede de franqueados. A esse processo de distribuição, forçado pela modernidade e adequadamente aos tempos de hoje, deu-se o nome de franquia. Ainda segundo Leite (1990), o sistema da franquia empresarial se distingue das outras formas ou modalidades, pela padronização das técnicas e métodos utilizados que dão molde ao negócio, ou seja, quanto mais organizado a empresa do franqueador, maior a chance de implementar o sistema de franquia. Lundberg e Walter (2003) descrevem que, para iniciar as atividades, o empresário com interesse em ingressas no ramo de bar ou lanchonete te algumas alternativas: • gerenciar um restaurante para terceiros, individual ou em rede; • comprar uma franquia e gerenciar o restaurante franqueado; • comprar um restaurante já em funcionamento e administrá-lo como se encontra ou mudaro seu conceito; • construir um novo restaurante e gerenciá-lo. Essa escolha depende muito do perfi l do administrador e apresenta-se riscos e benefícios, depende da experiência do profi ssional, do capital disponível do público-alvo entre outros elementos. Para atentar-se aos riscos incidentes, os autores apresentam um quadro que evidencia o alerta para o alto risco e para os campos mais tranquilos em se realizar a escolha pela forma de adquirir ou constituir uma empresa: QUADRO 1 – COMPRAR, CONSTRUIR, FRANQUEAR OU GERENCIAR Investimento inicial necessário Experiência necessária Estresse pessoal Custo do desgaste psicológico Risco fi nanceiro Potencial de gratifi cação Comprar médio alto alto Alto alto Alto Construir altíssimo alto alto Altíssimo altíssimo Alto Obter franquia baixo a médio baixo médio Médio médio médio a alto Gerenciar nenhum médio a alto médio Médio nenhum médio FONTE: Adaptado de Walker e Lundberg (2003, p. 29) 15 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Conheça mais sobre a franquia, valores de investimento, retorno e formas de atuação e instalação da Rede Subway pelo site: https://cutt.ly/Ehxx1bC. FIGURA – REDE DE FRANQUIAS SUBWAY Conhecidas e analisadas as formas e possibilidades de constituição, paralelamente, deve-se alinhar o plano de negócios ou o planejamento de como se pretende trabalhar para recuperar o investimento e gerar resultados. Maricato (2005) ressalta a importância de se ter uma visão do futuro pois as difi culdades são inúmeras e o empresário deve ter habilidades e competências para resolvê- las seja a curto ou longo prazo. O Serviço Brasileiro da Empresa (SEBRAE, 2002) apresenta que a razão para se planejar algo é muito simples: é traçar aonde realmente se deseja chegar em quanto tempo e qual o seu objetivo. Assim, o Plano de Negócios é um documento que consolida todas as informações referentes a sua organização. Ele é diferente de um modelo de negócios porque é mais detalhado (SEBRAE, 2002). Desse modo, mesmo que o plano de negócios não garanta o sucesso empresarial, ele permite a tomada de decisões mais acertada. O detalhamento do negócio da sua forma de operação da atividade fi nanceira, de marketing e de mercado possibilita melhores negociações e respostas aos questionamentos dos fornecedores, distribuidores, bancos, sócios e do próprio empreendedor e sua equipe (DOLABELA, 1999). 16 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Observando-se que o mercado está em constantes mudanças, nota-se que novas oportunidades surgem atreladas a este fato. Contudo, é inevitável que as ameaças não existam. Porém, o planejamento pode e deve ser elaborado de acordo com a realidade local. Nesse aspecto, o plano de negócios tem como característica a fácil adaptação à realidade, podendo ser corrigido e/ou ajustado quando necessário (ROSA, 2007). Logo, o plano de negócios é uma das ferramentas mais importantes para um empreendimento, devendo ser escrito a lápis, pois deve ser ajustado frequentemente. Além disso, o dono do próprio negócio, muitas vezes, precisa recorrer a uma consultoria para ajudar a encontrar os erros, o motivo da falta de crescimento ou da crise da companhia (NIGRI, 2011). Orlickas (2010, p. 158) reforça a importância do planejamento, afi rmando que “o planejamento visa prever e minimizar os inibidores dos resultados e maximizar os facilitadores no processo de tomada de decisão, pois permitem que o gestor tome decisões mais assertivas”. Pinheiro e Santos (2017) destacam que, ao fi nal, o plano irá mostrar os custos e as despesas do negócio, investimento inicial, máxima necessidade de recursos para colocar a empresa em operação, a estratégia de crescimento e de marketing e vendas, bem como a projeção de receita e lucro para os próximos anos além de colaborar para que se possa responder à seguinte pergunta: “vale a pena abrir, manter ou ampliar o meu negócio?”. O Plano de Negócios, segundo o SEBRAE (2002), é composto de quatro planos: fi nanceiro, operacional, marketing e mercado, como no quadro a seguir. QUADRO 2 – ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIOS FONTE: Adaptado de SEBRAE (2002) 17 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Os planos trabalham paralelamente e como um conjunto contribuem para a empresa alcançar os resultados, a análise de mercado permite visualizar o público que se pretende alcançar, cercando os concorrentes e negociando com os fornecedores para a gestão dos prazos de pagamento. QUADRO 3 – PLANO DE MERCADO-MAPEAMENTO DE FORNECEDORES FONTE: SEBRAE (2002, p. 20) O Plano de marketing contribui para divulgar o negócio atingindo o público- alvo e muito além disso, ainda, observar o local, estratégias de atuação e formas de comercialização. Identifi car possíveis canais de comercialização ajuda a divulgar e impulsiona o faturamento: 18 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES FIGURA 2 – ESTRATÉGIA DO PLANO DE MARKETING- FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO FONTE: SEBRAE (2002, p. 55) O plano operacional defi ne a forma como as atividades são distribuídas e pela quantidade de pessoas que realizam as atividades além de determinar a capacidade de produção. O Plano Operacional desenha a linha do processo produtivo e, com isso, agiliza e organiza o espaço, pessoas e aproveita melhor toda área da empresa. FIGURA 3 – MODELO DE DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES 19 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 FONTE: SEBRAE (2002, p. 60) E, por fi m, o plano fi nanceiro, não menos importante, acompanha a saúde fi nanceira da empresa, verifi cando o retorno do capital investido, os parâmetros adotados para a formação do preço de venda e a composição do custo. QUADRO 4 – MODELO DE PLANO FINANCEIRO – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO FONTE: Adaptado SEBRAE (2002, p. 70) Apresentaremos, de forma breve, alguns dos controles disponibilizados pelo SEBRAE (2002) para a elaboração do Plano Financeiro. Através da Demonstração de resultado tem-se o diagnóstico da atual situação da empresa se apresentou lucro ou prejuízo. Ainda para auxiliar, o SEBRAE disponibiliza um modelo de plano de negócios que pode ser elaborado na sua plataforma, muito prático e acessível, confi ra no site do SEBRAE: https://cutt.ly/lhxvSmx. 20 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES O Plano de negócios é amplo e aborda individualmente cada um dos elementos através de planilhas eletrônicas, inclusive analisando a Demonstração de Resultados que apresenta o lucro ou prejuízo do período. Paralelamente ao plano de negócios, a matriz denominada como FOFA – Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças – permite realizar o levantamento e acompanhamento de fatores internos e externos a empresa e o que esses fatores contribuem ou merecem atenção diante do cenário em que a empresa estiver alocada. QUADRO 5 – MATRIZ FOFA FONTE: SEBRAE (2002, p. 75) Alinhado o plano fi nanceiro e defi nida a forma de constituição da sociedade, pode-se buscar o melhor local e quais os equipamentos necessários para iniciar as atividades. 21 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 3 LOCALIZAÇÃO E EQUIPAMENTOS PARA OPERACIONALIZAR O NEGÓCIO A defi nição do local é um elemento inicial e pode determinar a estratégia ou o foco do negócio, ou mesmo não permitir a sua sobrevivência. Maricato (2005) observa que um local que hoje pode ser bom, amanhã pode não ser ideal. As tendências urbanísticas devem ser observadas e, se possível, seria muito mais viável se o bairro possuir: coleta de lixo, seletiva, água, energia elétrica, ruas asfaltadas, policiamento e acessos a redes bancárias (MARICATO, 2005). O foco nos serviços que serão ofertados também é importante para a defi nição do local de instalação da empresa, como, por exemplo, o restaurante que serve almoço é interessante estar próximode grandes centros com contração de pessoas e estabelecimentos comerciais. O sítio eletrônico do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatísticas – apresenta números de habitantes e características das cidades, sendo essas informações importantes para a escolha da localização, elementos como renda médias das pessoas, faixa etária, mulheres que trabalham, maior fonte de renda do município, entre outros elementos. FIGURA 4 – DADOS ESTATÍSTICOS IBGE FONTE: IBGE (2020, s.p.) 22 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Corroborando com os dados estatísticos, Walker e Lundberg (2003, p. 87) enfatizam, ainda, alguns critérios mais observados com relação à localização: A demografi a da área: idade, profi ssão, religião, nacionalidade, raça, tamanho das famílias, grau de instrução, renda média familiar e individual. A visibilidade a partir de determinada rodovia. A acessibilidade de determinada rodovia principal. O número de clientes principais que circulam por perto (os clientes potenciais podem ser apenas viajantes de passagem pela região, motoristas, trabalhadores locais). A distância em relação ao mercado principal. Ser considerado necessário pela vizinhança. A matriz das ideias que irão constituir a imagem que o público terá do restaurante é conhecido como conceito. O conceito ainda abrange todos os elementos de marketing que o restaurante adota para atingir um grupo de pessoas ou grupos de pessoas (nichos ou público-alvo) (WALKER; LUNDBERG, 2003). FIGURA 5 – CONCEITO E PÚBLICO EIXOS EM TORNO DO EMPREENDIMENTO FONTE: Adaptado de Walker e Lundberg (2003, p. 70) 23 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Esses elementos apresentados pelos autores revelam o conjunto que deve ser analisado, estudado e colocado em prática para a constituição e funcionamento de um restaurante ou bar. Partindo da centralidade de defi nir o segmento e foco no público-alvo, deve-se alinhar os demais elementos atendendo as perspectivas principalmente de qualidade dos alimentos respeitando os preços que podem ser comercializados, mantendo uma administração organizada e planejando o retorno do investimento e o lucro. Consulte também os dados de todas as cidades do Brasil no sítio do IBGE disponíveis em: https://ibge.gov.br/. Realizada a viabilidade e analisados os fatores da localização mapeados, deve-se verifi car ainda os possíveis custos e despesas para a reforma, aluguel, compra ou preparação do local, adequando o espaço para a fi nalidade proposta. Fique ligado e conheça o case da empresa McDonald’s que, em 2017, preocupou-se com a concorrência, mudou as estratégias para evitar queda e manter-se atrativa para o público-alvo: A MUDANÇA DO MCDONALD’S A rede de lanchonetes muda o conceito das lojas para continuar relevante. A transformação inclui autoatendimento, customização de refeições e ambiente acolhedor. Tudo para estancar a perda de clientes. O grande desafi o para o McDonald’s, responsável por popularizar os hambúrgueres e as refeições rápidas em todo o mundo no Século XX, está em se manter relevante no novo milênio. Os jovens consumidores têm novos hábitos, mostram-se mais preocupados com os ingredientes que consomem e com a saúde. Mais bem informados do que os seus antecessores, os pais da geração millennial evitam dar comidas gordurosas e industrializadas para os seus fi lhos. A concorrência ataca nas duas pontas. Rivais mais novas do mundo de alimentação, como a Starbucks, conseguem 24 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES dialogar melhor com esses jovens, e, ao mesmo tempo, redes de preços mais baixos roubam vendas nos EUA. Já nas grandes cidades brasileiras, a concorrência aumentou com a explosão das “hamburguerias” gourmet. Nesse cenário com tantos desafi os, a Arcos Dorados, operadora da marca na América Latina e máster franqueada, responsável por 70% das 904 lojas no Brasil, anunciou, na quarta-feira, 26, um novo modelo de restaurante, que está no centro da estratégia global do McDonald’s para manter a força da sua marca. “É uma visão estratégica atualizada para a nova geração, que exige outros valores das empresas e cobra que elas deem algum retorno para a sociedade”, diz Roberto Gnypek, vice- presidente da Arcos Dorados. A estratégia deve atingir, em até três anos, toda a rede no Brasil – que garantiu US$ 1,3 bilhão de faturamento à companhia sediada na Argentina, em 2016. O objetivo é evitar a perda de movimento em suas lojas, algo que afeta bastante as operações da companhia nos Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, o McDonald’s perdeu 500 milhões de pedidos para outras redes de fast-food em seu país sede. Um estudo feito pela própria empresa mostrou que isso tinha relação com as tentativas de reformulação anteriores, que não estavam surtindo efeito. A rede vinha buscando, há alguns anos, dar um ar mais saudável a seus produtos. Em alguns países, até o logotipo mudou para verde. Saladas e frutas foram acrescidas ao cardápio. Mas, nada parecia atrair novos clientes e tinha pouco efeito junto aos consumidores antigos. “Eles fi zeram muitas tentativas de mudar o perfi l, mas isso confrontava com o próprio DNA e com a história da marca”, afi rma Alberto Serrentino, consultor da Varese Retail, especializada em varejo. Agora, a aposta está em resgatar o que a marca tem de mais forte. “Estudos mostraram que a nossa força está na conveniência durante a semana e na indulgência de sexta a domingo”, diz Gnypek – por indulgência, entende-se ter a liberdade de sair da dieta de vez em quando. FONTE: <https://cutt.ly/bhxSFvs>. Acesso em: 25 jan. 2020. 25 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Ainda considerando a localização, a defi nição do cardápio infl uencia diretamente, alguns pontos são considerados como gerados de tráfi co com corredores de circulação como é o caso de hotéis, parques, centro de diversão, colégios e outros. Ainda é importante realizar um paralelo do conceito do restaurante, ou seja, do público que pretende atingir com o produto que oferta ao local em que se estabelece. Não seria oportuno estabelecer um restaurante requintado em um subúrbio, é bem provável que o negócio não tenha frequentadores neste local (WALKER; LUNDBERG, 2005). Veja o que a empresa Cacau Show fez. Em seu bem-sucedido processo de expansão, utilizou uma estratégia: procurou instalar suas lojas próximo a lojas de presente já consolidadas como o caso da empresa Boticário, para atingir o seu público-alvo. E, realmente teve um resultado muito positivo, ainda assim, mesmo atuando em ramos diferenciados, as empresas são concorrentes no mercado. Estude mais sobre as estratégias da Cacau Show: A CACAU SHOW CRESCEU MUITO NOS ÚLTIMOS ANOS, DEVIDO AO OLHAR ATENTO DE SEU FUNDADOR, ALEXANDRE COSTA, PARA O MERCADO A Cacau Show é uma organização que teve como característica marcante em sua trajetória o seu rápido crescimento. É a marca registrada de uma empresa que busca transmitir afeto e trazer inovações ao setor para que se possa crescer de maneira consistente ao longo do tempo. São esses os pilares pelos quais se pode discutir a competitividade da Cacau Show nos dias atuais. HISTÓRICO DE CRESCIMENTO As vendas de chocolates que deram origem à Cacau Show se iniciaram com a mãe de Alexandre Costa, que era vendedora no modelo “porta a porta”. Isso não somente infl uenciou a formação do perfi l empreendedor do fi lho, como também serviu de base para que ele pudesse seguir com aquelas vendas realizadas anteriormente pela mãe. A partir do momento em que Alexandre começou a vender chocolates aos 17 anos, o negócio tomou novos rumos [...]. Posteriormente, com a empresa mais estruturada, o negócio passou a ser caracterizado por seu rápido crescimento. De uma 26 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES iniciativa que começou com uma dívida de 500 dólares para suprir o primeiropedido de Alexandre em 1988, hoje a empresa fatura cerca de 2,4 bilhões de reais (tanto em relação às vendas diretas quanto às vendas realizadas por meio da rede de lojas). O crescimento da empresa foi considerado bastante signifi cativo e rápido. Em 2000 a empresa passou a atuar com suas lojas e em 2004 fez um plano de expansão sustentado por meio de franquias. Essa expansão da rede por meio de franquias foi algo notável. Dentre 2004 a 2009, a Cacau Show teve em média 25 lojas inauguradas por mês. Esses números mostram um acelerado crescimento atrelado também à construção de uma marca valorizada pelos franqueados. Em 2010, ano do lançamento do livro de Alexandre intitulado “Uma trufa e … mil lojas depois”, a rede já contava com sua milésima loja. O relatório de sustentabilidade da empresa de 2015 aponta que o grupo fechou esse ano a conta com cerca de duas mil lojas. Desde 2008, a empresa é considerada a maior rede de franquias de chocolates fi nos do mundo. Nesta matéria, a equipe do meuSucesso. com listou as três franquias que mais crescem no Brasil explicando o porquê disso. COMPETIÇÃO NO MERCADO DE PEQUENOS PRESENTES Um ponto interessante na história da Cacau Show é que, ao posicionar os chocolates como um produto de maior valor agregado, eles passam a diferenciar-se. Com isso, os chocolates começaram a ser vistos pelo mercado como produtos que poderiam ser vendidos como pequenos presentes – essa estratégia está relacionada ao que chamamos de Oceano Azul, saiba mais. Ou seja, os chocolates da Cacau Show tiveram não somente ganhos oriundos de uma maior margem de lucro por unidade, mas também vantagens em poder se posicionar e competir em mercados mais diversifi cados. Alguns produtos da Cacau Show comumente são vistos como pequenos presentes que competem, portanto, em diferentes mercados nos quais tem-se como competidor artigos como perfumes, por exemplo. Tanto é que a Boticário é uma das concorrentes da Cacau Show. Isso faz com que o portfólio da empresa compita com outros segmentos. Isso amplia os mercados de atuação dos chocolates e incrementa as possibilidades de venda do produto. É uma estratégia em que produtos da Cacau Show são posicionados na mente do comprador de forma diferente. O trabalho 27 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 de marketing de produto consiste não apenas em agregar valor, portanto, mas também em mudar o nível de concorrência. Com isso, o potencial de mercados diferenciados que contam com indivíduos dispostos a pagar não por um chocolate, mas por um presente (cujo valor agregado pode ser maior) amplia o horizonte de possibilidades de mercado e de ganhos. A Cacau Show entra num mercado como um novo substituto aos tradicionais pequenos presentes oferecendo novas opções aos clientes. Isso quebra barreiras de entradas em mercados que tradicionalmente seriam necessários outros investimentos para buscar potencial competitivo. Essa forma de se estabelecer uma concorrência por ora diferenciada é sustentada também pela forma como o varejo da Cacau Show se apresenta. Por exemplo, o layout e a ambientação das lojas foram desenhados pelo mesmo arquiteto que projetou as lojas estrangeiras da Lindt e da Godiva. Isto é, as lojas foram desenhadas com detalhes que remetem não a uma loja de chocolates tradicional que comunica a presença de doces para crianças, mas com detalhes que trazem a sensação de aconchego, proximidade e carinho. A comunicação que esse ambiente passa sustenta a ideia na mente das pessoas de que aquele local transmite valores de afeto, o que está alinhado com a construção de que o chocolate pode se tornar um presente, dado com emoção para alguém. Para que isso ocorra, outro exemplo que é relevante discutir são as embalagens dos produtos. Para grande parte da linha de produtos da rede, as embalagens dos chocolates da Cacau Show não são caixas simples e tradicionais. Existem embalagens que transmitem esse valor superior que os produtos da rede levam ao consumidor. Alguns designs de embalagens que inovaram em textura, cores e formatos já foram inclusive premiados pela revista Embanews. Esse conjunto de informações que o cliente captura fazem com que a marca seja construída na sua mente de forma que não se tratam de meros chocolates, mas que produtos superiores aos tradicionais. São exemplos de como a preocupação com os detalhes fazem parte da construção da marca da Cacau Show. Esse valor agregado se refl ete ainda na compra de 50,1% da Brigaderia pela Cacau Show em 2013. A Brigaderia é uma rede reconhecida pela venda de doces, especialmente brigadeiros, sofi sticados. Percebe-se claramente a orientação que permeia as atividades da Cacau Show nessa transação que é a busca por produtos de valor agregado, entregues de maneira diferenciada e 28 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES que possam representar crescimento dos negócios, dado o plano de expansão das franquias da Brigaderia até 2018. FONTE: <https://cutt.ly/ehxS5yX>. Acesso em: 26 jan. 2020. O tempo de deslocamento para chegar ao bar ou restaurante também é considerado pelo cliente, Walker e Lundberg (2003) afi rmam que o cliente pode utilizar entre 15 e 18 minutos para restaurantes em hotéis, de cardápio completo e peixes, até 10 minutos para lanchonetes e restaurantes de centros comerciais, agora, esse tempo alterna quando o restaurante for de alto padrão para alguma comemoração, então, o tempo de deslocamento pode ser de uma hora ou mais. Ainda atendendo a demanda de localização, a distribuição interna dos espaços pode ser otimizada. Maricato (2005) descreve que o local mais nobre do restaurante ou bar deve ser destinado ao cliente, sempre de fácil acesso e com a distribuição das mesas e cadeiras que permita a locomoção e acessibilidade. O acesso às dependências internas que também podem ser utilizadas pelos clientes, como banheiros, que devem ser acessíveis e disponibilizar os materiais de uso. O autor ainda destaca que a recepção preferencialmente pode ser na entrada do bar ou restaurante. Apresentadas a forma de distribuição e localização, o futuro proprietário deve atentar para o material e equipamentos que serão utilizados, considerando o emprego de equipamentos mais modernos na cozinha e o uso de máquinas integradas a conexões de internet para atender o cliente. Como é o caso de equipamentos que permitem o pagamento através de máquinas de cartão que garantem segurança de recebimento e menos riscos ao estabelecimento. No processo de atendimento ao cliente para a solicitação de pedidos, a adoção de sistemas que enviam diretamente para a cozinha os pedidos realizados pelas pessoas em uma mesa agiliza a confecção dos pratos e evita equívocos de anotações. Assim, os equipamentos da cozinha devem servir segundo Walker e Lundberg (2003): • recebimento e armazenagem de alimentos; • a fabricação e a preparação de alimentos; • a preparação e o processamento de alimentos; • a montagem, a manutenção e o atendimento; • a limpeza, a desinfecção da cozinha e suas dependências. 29 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 FIGURA 6 – LEIAUTE ÁREA DE RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE UMA COZINHA FONTE: Walker e Lundberg (2003, p. 233) Percebe-se que o acesso à cozinha com os alimentos acontece apenas depois do processo de conferência e pesagem do material e produtos. Em seguida, os produtos são estocados em prateleiras que permitem a circulação e o acesso das pessoas. O armazenamento de produtos gelados como a carne e demais alimentos que devem ser congelados deve ser realizado em refrigeradores que têm o controle da temperatura realizado externamente. Os espaços de convivência do pessoal e da alimentação é separado da cozinha em que se prepara dos alimentos evitando-se qualquer contaminação. Logo, o processo correto, desde o recebimento dos alimentos até a realizaçãodo serviço deve ser: Recebimento – Armazenamento – Pré-preparo – Cocção – Serviço. Os principais equipamentos que uma cozinha deve apresentar em um bar ou restaurante são apresentados no quadro a seguir. 30 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES QUADRO 6 – PRINCIPAIS APARELHOS ELÉTRICOS EM UMA COZINHA ARMAZENAMENTO Armazenagem fria do tipo reach-in (não é possível caminhar dentro). Armazenagem fria do tipo walk- in (é possível caminhar dentro). FABRICAÇÃO E PREPARAÇÃO PRÉVIA Máquina de acabamento Abridores da lata Aparelhos de corte Afi adores de faca Misturadores Aparelhos para descascar PREPARAÇÃO E PROCESSAMENTO Grelhas Aparelhos para derreter queijo Fornos de convecção Equipamento para cozimento Aparelho para cozinhar ovos Equipamentos para fritar Formas Equipamento para cachorro- quente Recipientes quentes Fornos de micro-ondas Minicozinhas móveis Fornos-padrão Armários térmicos Fogões Fornos de bandeja Cozedores a vapor Panelas a vapor Grelhas a vapor Frigideiras Ventiladores Aparelho para Waffl e MONTAGEM, DESCANSO E PREPARAÇÃO DAS PORÇÕES Equipamento de bebidas Máquina de café Equipamento p/pratos quentes Aquecedores e infravermelhos Equipamento distribuidor Aparelho p/ reconstruir alimentos Batedeiras Torradeiras Bufê móvel Medidores de café Equipamentos para pratos frios Equipamento distribuidor de pratos LIMPEZA/HIGIENIZAÇÃO Limpeza e higiene Compressores Lavadora de louças Expositores Lavadora de copos Equipamento para aquecer água FONTE: Adaptados de Walker e Lundberg (2003) O fogão e o forno podem ser considerados os principais equipamentos dentro de uma cozinha e, devido à grande utilidade e importância, a escolha desses dois elementos pode representar mais agilidade no atendimento e na qualidade dos produtos. Um detalhe que o proprietário também deve observar é o uso de equipamentos com combustão a gás, mas também de uso elétrico, pois, um possível desabastecimento de energia elétrica pode prejudicar o atendimento aos clientes. O fogão e o forno são atores principais, por isso, a utilização nas duas formas – gás e elétrico – tende a ser muito útil para a elaboração dos pratos ou lanches. As chapas aderem ao mesmo perfi l de importância e uso, assim, o seu papel na 31 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 cozinha recebe destaque e atenção devido à demanda de uso. Alguns modelos de fogão, forno e chapa que pode ser utilizados: FIGURA 7 – FOGÃO, FORNO E CHAPA FONTE: <https://cutt.ly/vhxKwz4>. Acesso em: 9 jun. 2020. A utilização dos equipamentos depende da atividade e pode contribuir muito para tornar a produtividade e operações mais ágeis e de qualidade. O forno de micro-ondas e o de cozimento a vapor também se destacam na cozinha. O micro- ondas pode ser utilizado para cozimento. O forno de micro-ondas apresenta vantagens e desvantagens na sua utilização (WALKER; LUNDBERG, 2003), sendo que a vantagem principal concentra-se na sua velocidade, o fato de realizar cozimento de pequenas quantidades sem desperdício de vapor e pela sua velocidade contribui para agilizar as atividades, a sua principal vantagem é o descongelamento de alimentos e a aquecimento de sobremesas rápidas. Logo, a mesma característica pode representar a sua desvantagem: o cozimento muito rápido, assim, o preparo de pratos mais elaborados normalmente utiliza o forno. Com relação às panelas a vapor, Walker e Lundberg (2003) destacam que o equipamento a vapor é diferente de todos os outros por operar com pressão atmosférica. A pressão pode provocar algum perigo, suas válvulas devem ser trocadas periodicamente e a tampa deve fi car sobre a panela conservando o calor, mesmo seu processo de cozimento sendo mais lento a vantagem é que o alimento é cozido pelo vapor que circula em sua volta preservando a coloração e sabor do alimento. 32 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES FIGURA 8 – MICRO-ONDAS E EQUIPAMENTOS DE COZIMENTO A VAPOR FONTE: <https://cutt.ly/HhxKfmC>. Acesso em: 9 jun. 2020 O forno a lenha não pode deixar de ser mencionado, sempre muito utilizado na gastronomia e pode funcionar também na combustão a gás e atender aos cardápios de pizzas muito comuns no mercado culinário brasileiro. FIGURA 9 – FORNO A LENHA FONTE: <https://cutt.ly/zhxKmKh>. Acesso em: 9 jun. 2020. Refrigeradores e freezers, segundo Walker e Lundberg (2003), são equipamentos que funcionam como se fossem duas caixas uma dentro de outra, separadas por um isolamento, normalmente, um material de poliuretano. A caixa interna gera o calor que é enviado para a outra caixa através de um sistema de 33 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 resfriamento através de gás comprimido que se expande por um evaporador, assim que acontece a expansão, o gás absorve o calor que retorna para a compressão e torna-se líquido. Para maior efi cácia no seu funcionamento, os espirais internos devem permanecer descongelados e em grandes restaurantes, esses equipamentos são muito maiores permitindo inclusive o acesso de pessoas e, por este motivo, devem ter, no mínimo, duas polegadas de isolamento para desempenharem seu papel. O armazenamento dos alimentos dentro dos freezers ou refrigeradores deve ser realizado com embalagens em boas condições de higiene e fechamento sem qualquer contaminação de odores e sabores. Os alimentos não podem ser armazenas com as bebidas a ser comercializadas, devido à frequência de abertura do equipamento que pode alterar a qualidade do alimento. FIGURA 10 – FREEZER E REFRIGERADORES FONTE: <https://cutt.ly/NhxKFbe>. Acesso em: 9 jun. 2020. 34 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Alguns equipamentos que podem merecer destaque são a máquina de gelo, muito recomendada para estabelecimentos que servem bebidas que recebem cubos de gelo, assim, é interessante essa máquina que produz o gelo separadamente dos demais alimentos armazenados no refrigerador. As máquinas de produção de massas são muito comuns em restaurantes pois uma simples troca de aparelhos permite a produção de várias massas tornando o custo de produção baixo e com amplo retorno. Recomenda-se que a produção respeite o tempo de armazenamento preservando a qualidade do alimento. Ainda, tem-se a produção de equipamentos para centrifugar saladas evitando o acúmulo de água nos recipientes, ou mesmo fornos especiais para cozimento de massas específi cas, mas, de fato, essas opções destinam-se a cardápios específi cos. A lavadora de louças pode ser muito útil, desde que esteja realmente realizando a sua função e recebendo limpeza periódica, agilizando na limpeza de pratos, copos e talheres. FIGURA 11 – MÁQUINA DE GELO E MÁQUINA DE MASSAS FONTE: <https://cutt.ly/chxKVIe>. Acesso em: 9 jun. 2020. Você já realizou uma pesquisa para verifi car os equipamentos de alto custo de aquisição e manutenção que podem ser locados para redução de despesas em um restaurante ou lanchonete? Essa análise é importante e pode reduzir as despesas de manutenção dos equipamentos e o restaurante ou lanchonete sempre podem dispor de equipamentos modernos e com garantia de reposição em eventuais transtornos. 35 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 A seguir, defi niremos os ramos de atuação e o cardápio essenciais para determinar o foco do negócio e a composição da sua estrutura. 4 DEFINIÇÃO DE RAMO DE ATUAÇÃO E CARDÁPIO Para Pacheco (2000), o cliente é a pessoa mais importante em qualquer negócio e é preciso fazer todos os esforços para que ele fi que satisfeito e encantado com o serviço do restaurante de maneira geral. Deve-se levar em conta que os clientes de restaurantes e bares pertencem a diversos grupos, entre os quais se encontram famílias em férias, homens de negócio, viajantes, executivos, turistas, comerciários, empregados de escritórios, entre outros.Atender e classifi car o tipo de cliente que o negócio vai atender defi ne inclusive o local de instalação e funcionamento da empresa. Logo, sendo determinado o ramo de atuação o cardápio deve ser elaborado. Maricato (2005) relata que o Brasil abriga um universo variado de bares e restaurantes. Com exceção da cozinha francesa que se impôs pela tradição, qualidade e renome, a culinária tipicamente japonesa, italiana, portuguesa, árabe, espanhola, judaica, alemã e até coreana foram trazidas pelas correntes migratórias. Todavia, é fato, e ainda destacado pelo mesmo autor, que o crescimento de cidades mais abastadas permitiu novas segmentações como a cozinha mexicana, tailandesa, indiana e russa, com infl uência ainda dos Estados Unidos da América através dos fast-foods. O mercado pode ditar muitas regras para a escolha de um tipo de ramo de atuação além de identifi car a demanda pelo produto a ser ofertado (MARICATO, 2005). O autor ainda destaca que o custo é infl uenciado diretamente na defi nição do cardápio, pois um cardápio extenso signifi ca variedade de insumos, processos, receitas, uso de equipamentos, guarnições, pontos de cozimento, temperos e outras atividades e produtos. Logo, o cardápio mais enxuto exige menos variedade de matéria prima, fornecedores, compras, armazenamento e controle de qualidade, reduz inclusive a quantidade de pessoal e desperdício (MARICATO, 2005). Dayan (1987), Lobo (1999) e Pacheco (1993) destacam os seguintes tipos de serviços prestados pelos restaurantes: • Serviço à inglesa direto: o garçom serve direto da travessa ao prato do cliente. • Serviço à inglesa indireto: o garçom usa uma mesa auxiliar para descansar a bandeja e serve um prato vazio que está na mesa auxiliar, 36 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES repassando-o em seguida ao cliente. • Serviço à francesa: o cliente se serve diretamente da bandeja trazida, a qual é segurada pelo garçom. • Serviço à americana: os clientes servem-se diretamente de uma mesa ou balcão (buffet) sendo os pratos preparados na cozinha e apresentados prontos para a escolha dos alimentos desejados pelo cliente. O cliente previamente toma os utensílios (pratos bandejas, talheres e outros) e em seguida dirige-se à mesa do buffet ou balcão para servir-se, dirigindo-se, posteriormente, a sua mesa. Os serviços de garçom prendem-se mais à oferta de bebidas, arrumação das mesas e assistência ao cliente. Ainda para o segmento dos bares, Pacheco (2000) diz que um bar pode ser caracterizado como local agradável onde são servidos os mais diversos tipos de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, assim como também salgadinhos e petiscos para acompanhar as bebidas. É composto geralmente por um ante balcão, em que o barman trabalha, local onde também fi cam os utensílios de bar. Um balcão rodeados de banquetas e mesas para acomodar os clientes. Importante ressaltar que o barman e seus auxiliares trabalham à frente dos clientes, portanto, exige-se serviço de alto nível, ótima apresentação e higiene pessoal. Segundo Pacheco (2000), os locais ou casas destinadas à venda de bebidas alcoólicas datam séculos e recebem diversas designações, algumas delas são: • American bar: um bar clássico, tipicamente americano, sua principal atração é o barman. Os clientes podem sentar-se em banquetas junto ao bar ou em mesas, sendo essas sempre voltadas para o bar. Como em um teatro, o bar é o palco e o barman é o ator principal. FIGURA 12 – EXEMPLO DE AMERICAN BAR FONTE: <https://cutt.ly/ahxXofE>. Acesso em: 4 jun. 2020. 37 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 • Piano bar: clássico, requintado e luxuoso. Geralmente localizado em hotéis de luxo. Sua principal atração é o piano e o pianista. FIGURA 13 – EXEMPLO DE PIANO BAR FONTE: <https://cutt.ly/jhxXko8>. Acesso em: 4 jun. 2020. • Snack bar: local comum onde, além de bebidas, são servidos também refeições rápidas. Localizado em áreas com grande movimentação de público. FIGURA 14 – EXEMPLO DE SNACK BAR FONTE: <https://cutt.ly/ahxXnQX>. Acesso em: 4 jun. 2020. • Wine bar: bar especializado em vinho, podendo também servir refeições rápidas. 38 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES FIGURA 15 – EXEMPLO DE WINE BAR FONTE: <https://cutt.ly/ehxXOh8>. Acesso em: 4 jun. 2020. • Boate: casa especializada em shows, música ao vivo ou apresentações de música eletrônica. São servidos diversos produtos. • Bares especializados: são aqueles voltados para um determinado tipo de bebida e/ou cliente. Alguns exemplos são os rock bars, gay bars, whisky bar etc. Entre os fatores que contribuem para a escolha do segmento de delivery está o aumento da violência nas grandes metrópoles, o perfi l do cliente e mesmo a condição temporal – além do custo reduzido pois o deslocamento. Maricato (2005) reforça que o cardápio é tão importante que cada vez mais é aceita a tese de que deve preceder em parte a montagem do restaurante e em especial a da cozinha. Corroborando com Walker e Lundberg (2003), o cardápio é a parte mais importante do conceito de um restaurante, a seleção dos itens requer uma cuidadosa análise, sendo que, uma vez ofertado no cardápio, deve ser disponibilizado pelo cliente caso solicitado, atendendo as expectativas do cliente. Os restaurantes de redes tendem a apresentar vantagens por receberem o cardápio e treinamento para elaborar os pratos, mas esta também pode ser uma desvantagem, pois não lhe permitem a alteração do cardápio e muito menos a inserção de novos produtos. Já nos restaurantes independentes, ou seja, aqueles que não pertencem a grandes redes, tem a desvantagem de iniciar a atividade e buscar clientes além de conquistar e fi delizar esses clientes, porém, a sua independência permite variar e alternar o cardápio. 39 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 FIGURA 16 – MODELO DE CARDÁPIO FONTE: <https://cutt.ly/1hxCqqN>. Acesso em: 9 jun. 2020. Na estruturação de um cardápio para os restaurantes com serviços de mesa, o menu deve possuir pelo menos oito tipos de pratos principais, assim, o cliente pode ter a possibilidade de escolha entre os tipos de pratos ofertados. Na imagem a seguir podemos acompanhar a estrutura recomendada segundo Walker e Lundberg (2003): FIGURA 17 – ESTRUTURA DO CARDÁPIO Aperitivos Sopas Entradas 40 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Sobremesas Bebidas FONTE: Adaptado de Walker e Lundberg (2003, p. 181) As sopas e entradas são alguns exemplos de aperitivos, Walker e Lundberg (2003) descrevem que podem existir de seis a oito tipos de sopas ou entradas, em sua maioria servidas frias ou aquecidas em forno micro-ondas. Ainda, pode ser oferecida uma sequência balanceada de entradas: • Camarão gigante resfriado, cozido em chá de limão e açafrão, cuscuz marroquino, amêndoas, pimenta, massa cabelo-de-anjo e abacate. • Peito de pato defumado, servido com minimilho e arroz. • Ravioli de camarão, acompanhado de molho de creme com tomilho fresco e pimenta cortada em cubos. FIGURA 18 – EXEMPLOS DE ENTRADAS OU SOPAS FONTE: <https://cutt.ly/vhxNvQ1>. Acesso em: 9 jun. 2020. Quanto aos pratos principais, Walker e Lundberg (2003) abordam que deve ter, pelo menos, oito tipos de pratos principais e ainda variados, entre eles: grelhados, cozidos, assados, fritos, entre outros. 41 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 FIGURA 19 – EXEMPLOS DE PRATOS PRINCIPAIS FONTE: <https://cutt.ly/ohxNTBD>. Acesso em: 4 jun. 2020. Quanto às sobremesas, muitos restaurantes podem servir frutas ou sobremesas geladas como pudins, cremes ou sorvetes diferenciados, a oferta de itens que são comercializados em padarias pode signifi car que o restaurante não elaborou a sobremesa, assim, poderiam ter adquirido na padaria e ofertado no restaurante. FIGURA 20 – EXEMPLOS DE SOBREMESASFONTE: <https://cutt.ly/GhxNGjx>. Acesso em: 4 jun. 2020. As saladas, muito bem aceitas e cada vez mais presentes nas dietas, também acabam ganhando representatividades e transmitem uma refeição leve e saudável. Ainda quando servidas como prato principal recebem ingredientes como frango ou mesmo carne bovina ou ainda frutos do mar. 42 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES FIGURA 21 – EXEMPLOS DE SALADAS FONTE: <https://cutt.ly/qhxNCIO>. Acesso em: 4 jun. 2020. Pavesic (1983) observa a importância de atentar para alguns fatores psicológicos que podem infl uenciar o cliente quando analisa o cardápio: • Use números ímpares na casa dos centavos. • Não deixe visíveis alterações feitas nos preços do cardápio. • Resista quanto aos aumentos que possam elevar muito o preço dos itens no cardápio. • Os itens que sofrem fortes aumentos não devem aparecer em destaque no cardápio. • Prefi ra reduzir as porções maiores, antes de pensar em aumentar os preços. Alguns administradores sugerem a retirada do item no cardápio ou a troca do prato porque os clientes regulares podem notar a redução nas porções e concluir que estão sendo enganados. • Jamais aumente os preços de todos os itens de uma só vez. • Escreva “preço de mercado” nos itens em que os preços fl utuam. • Não utilize no cardápio a ordem decrescente de preços, coloque os preços sempre após a descrição dos pratos e nunca um abaixo do outro. As famílias que frequentam restaurantes procuram atender aos gostos de todo os seus integrantes. Em relação às crianças, essa situação não é exceção, e, por muitas situações pode ser o fator determinante para decidir o local em que a família realizará uma refeição. Assim, o restaurante ou bar, quando tiver como público-alvo a família, deverá ofertar um cardápio para crianças. 43 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Realmente, algumas estratégias visualmente podem bloquear ou atrapalhar o cliente na escolha do prato ou lanche como é o caso do preço ser visualizado antes do prato. Veja a estratégia de um restaurante que, além de ofertar o cardápio, ainda utilizou ele mesmo para divulgar-se: RESTAURANTE CRIA CARDÁPIO PRÓPRIO PARA CRIANÇAS CHATINHAS NA HORA DE COMER E VIRALIZA NA REDE Não é nenhuma novidade – principalmente para os pais – que as crianças, às vezes, fazem aquela cena na hora de comer. Eles implicam com tudo e só querem comer porcarias como biscoitos (ou bolachas, dependendo da sua região do país) recheados, refrigerantes, salgadinhos e por aí vai. Basta ver um prato de arroz com feijão que o “espetáculo” começa! Pensando nisso, um restaurante resolveu dar uma ajudinha aos pais na hora de decidir o que os fi lhos devem comer e criaram um cardápio todo especial para os pequeninos. A imagem, claro, viralizou rapidamente pela internet e rendeu boas gargalhadas FONTE: <https://cutt.ly/Ehx0ySx>. Acesso em: 27 jan. 2020. 44 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Conhecidos os tipos de cardápio, formas de constituição de bares e restaurantes, além dos processos e decisões para estabelecer um empreendimento deste segmento, segue-se para estudar como conduzir a utilização dos materiais e gestão das pessoas em bares restaurantes e similares. 5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste primeiro momento, identifi cou-se todos os processos e procedimentos para a abertura de empresas dos ramos de alimentos voltada para os serviços de bares, restaurantes e similares. O primeiro passo é a escolha de um público-alvo, o gestor deve ter bem defi nido o grupo ou grupos de pessoas que pretende atingir. Em seguida, informalmente, o gestor poderá buscar um local para se estabelecer. Tendo um ponto de localização, deve antes de qualquer desgaste com investimentos, alterações ou divulgação, realizar a consulta de viabilidade junto ao município que estará estabelecendo a empresa, verifi cando nos setores de meio ambiente, setor de posturas, corpo de bombeiros e vigilância sanitária as autorizações de funcionamento do local e as necessidades de adaptações estruturais para funcionamento. O local de instalação deve ser cuidadosamente analisado, pesquisar a circulação do público-alvo, inclusive o tempo de deslocamento até o estabelecimento, as formas de acesso ao local são fatores importantes pois podem ser decisivos para o público-alvo. Assim como a rua de localização que deve estar na rota dos grupos de pessoas que se pretende atingir. Avaliar o seguinte conjunto: o local selecionado para instalação, cardápio ofertado e público-alvo, esses elementos devem estar alinhados, ou seja, num subúrbio a constituição de um restaurante com cardápio refi nado e com pessoas de renda baixa não tendem a ter muito sucesso. Adaptar o local para tornar-se acessível ao público, visualmente atrativo e utilizar estratégias de deslocamento no estabelecimento auxiliam na sua divulgação e conquistam os clientes. Os equipamentos a ser utilizados devem ser cuidadosamente analisados sempre em consonância com o cardápio ofertado. Equipamentos modernos tendem a reduzir custos e agilizar os processos, ainda quanto aos equipamentos, como forma de prevenção, a possibilidade de aquisição de equipamentos com diferentes maneiras de funcionamento, como: combustão a gás ou energia elétrica. Por fi m, não menos importante e alinhado com o público-alvo: a defi nição do cardápio. É fundamental analisar o perfi l inclusive econômico do público-alvo 45 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 e a quantidade de pessoas que podem frequentar o ambiente para oferecer o cardápio, a sua forma de apresentação pode ser além de uma simples informação uma estratégia de divulgação dos produtos. FOOD LANÇA NOVIDADE: PEDIR PARA COMER NO RESTAURANTE. “Como foodtech líder, utilizamos tecnologia para entregar diversas soluções de alimentação”, diz diretor de novos negócios O iFood, empresa de delivery de alimentos que nasceu para trazer pratos dos restaurantes para a casa ou trabalho dos consumidores, acaba de lançar uma novidade para fechar o ciclo. O novo formato, chamado de “Na Mesa”, permite pedir um prato pelo aplicativo para comer no próprio restaurante. Ao chegar ao local, o consumidor abre o menu por meio da leitura do código QR, que está disponível na mesa do restaurante, e faz o pedido e o pagamento pelo app. Ao invés de ser atendido por um garçom, o pedido vai diretamente para a cozinha do restaurante. Por enquanto, disponível apenas em um restaurante da Benjamin Padaria, o modelo começou a ser testado na última terça- feira, dia 20. De acordo com Jason Oh, diretor de novos negócios do iFood, a ideia é facilitar a jornada de consumo, do pedido ao pagamento, e aumentar a agilidade dos restaurantes. O iFood está presente em mais de 500 cidades brasileiras e chegou a 12,6 milhões de usuários. Os pedidos são feitos para mais de 66 mil restaurantes e entregues por 120 mil entregadores. Apenas em março deste ano, a empresa processou 17,4 milhões de pedidos, aumento de 130% na comparação com março de 2018. De acordo com o iFood, sua média de 558 mil encomendas por dia o faz superar o principal player americano do segmento. Para aumentar a recorrência dos clientes, a empresa tem testado novos métodos. Os consumidores já podem fazer pedidos pelo app e retirar nos restaurantes. Também é possível pagar por uma refeição em um restaurante a partir do aplicativo usando o código QR. “Como foodtech líder, utilizamos tecnologia para entregar diversas soluções de alimentação”, disse Oh. “Dessa forma, o cliente 46 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES vai comandar o pedido na palma da mão, experimenta pedir online e também vivencia a experiência no restaurante, porém sem fi las ou esperas”, afi rmou. Recentemente, a companhia lançou uma opção corporativa para os pedidos feitos no aplicativo. Por ora, serão dois produtos: o iFood Office (escritório, em inglês), para pedir refeições na conta da empresa, e o iFood Card, um cartão pré-pago que pode ser oferecido aos funcionários para pagamento de refeições específi cas. O Uber Eats também permite que um pedido feito pelo aplicativo seja retirado no restaurante, sem custo. A novidade foi lançada em junho deste ano, em parceria com restaurantes selecionados. O modelo já funciona em restaurantes nos Estados Unidos e na Europa. Na América Latina, os testes começaram em Cidade do México, Guadalajara (México) e San José (Costa Rica). FONTE: <https://cutt.ly/6hx0xoj>. Acesso em: 4 jun. 2020. 1 O ramo de bares, restaurantes e similares, no Brasil, apresenta inúmeros estabelecimentos de portes variados e que atendem a públicos diversos. Porém, no momento de sua constituição, o município de instalação deve ser consultado através de um processo que é acompanhado por profi ssionais que avaliam o estado sanitário, de segurança e de acessibilidade além de possíveis riscos para os clientes. Analise as alternativas e identifi que como é chamado o processo de consulta junto aos municípios: a) ( ) Viabilidade. b) ( ) Estabelecimento. c) ( ) Estabilidade. d) ( ) Sanitarização. 2 A seleção e defi nição do público-alvo alimenta toda a estrutura e o funcionamento dos estabelecimentos de maneira geral, mas, sobretudo em bares, restaurantes e similares, este público deve ser estudado e analisado bem antes mesmo de iniciar o negócio identifi cando algumas de suas características e consumo. Com 47 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 base nessa afi rmação, analise as afi rmativas e classifi que V para as sentenças VERDADEIRAS e F para as FALSAS: ( ) Verifi car apenas se estão dispostos a pagar pelos valores, os demais elementos são apenas de conhecimento. ( ) Analisar a situação econômica do público-alvo. ( ) Estudar a transição do público-alvo se circula no trajeto do estabelecimento. ( ) O público vai analisar apenas se existe estacionamento os demais elementos são apenas para conhecimento. Agora, assinale a alternativa com a sequencia CORRETA: a) ( ) V – V – V - F. b) ( ) F – V – V – F. c) ( ) F – F – V – V. d) ( ) V – V – F – V. 3 O Plano de Negócios é um instrumento que auxilia o futuro empreendedor a visualizar, em determinado período de tempo, os desembolsos para investimento, manutenção e operacionalização da sua empresa. Permitindo também visualizar, inclusive, o tempo de retorno do capital investido e a realização de lucro ou prejuízo. Analise os planos indicados a seguir e indique qual(quais) fazem parte da composição do Plano de Negócios: I- Plano Financeiro e Operacional. II- Plano de Gestão e Orçamentário. III- Plano de Estrutura e Pessoas. IV- Plano de Mercado e Marketing. Agora, assinale a alternativa que apresenta a composição CORRETA do Plano de Negócios: a) ( ) As alternativas I e III estão corretas. b) ( ) Somente a alternativa IV está correta. c) ( ) As alternativas I e IV estão corretas. d) ( ) Somente a alternativa II está correta. 4 O nascimento ofi cial de uma empresa perante os órgãos federal, estadual e municipal ocorre com a assinatura de um documento que é enviado a esses órgãos e, depois de deferido, deve ser utilizado em todos e qualquer cadastro realizado pela empresa. Com base nessa afi rmação, assinale a alternativa que apresenta a denominação CORRETA deste documento: 48 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES a) ( ) Contrato Legal. b) ( ) Distrato Social. c) ( ) Acordo de Sócios. d) ( ) Contrato Social. 5 Os equipamentos utilizados na cozinha devem ser adquiridos para atender os produtos a serem elaborados, assim, ao constituir uma empresa nos ramos de bares, restaurantes e similares a defi nição do cardápio é um dos pontos de partida. Desse modo, considerando a importância dos equipamentos na cozinha, estes devem servir e ser práticos no seu manuseio, analise as afi rmativas: I- Os equipamentos devem sempre ser padronizados, ou seja, todos na mesma cor. II- Os equipamentos devem servir na montagem, manutenção e atendimento. III- Todos devem ser armazenados em local distante de freezer e geladeiras. IV- Os equipamentos devem servir na fabricação e preparação de alimentos. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) As alternativas I e III estão corretas. b) ( ) Somente a alternativa IV está correta. c) ( ) As alternativas II e IV estão corretas. d) ( ) Somente a alternativa III está correta. 6 O cardápio, em seu menu, é um dos primeiros cartões de visita da empresa, deve conquistar e atrair o cliente, estimulando-o a consumir os pratos ofertados. É também muito importante que o cardápio realmente ofereça o que o estabelecimento está ofertando, assim, considerando a importância do cardápio, analise as afi rmativas classifi cando V para as VERDADEIRAS e F para as FALSAS: ( ) O cardápio deve acompanhar a montagem do restaurante e da cozinha. ( ) Deve apenas atrair o cliente, tem objetivo apenas ilustrativo, os pratos podem ser semelhantes ao ofertado no cardápio. ( ) O cardápio tem o objetivo de reduzir os custos, não precisa ser aceito pelo cliente para ser adotado pelo estabelecimento . ( ) O cardápio é considerado a parte mais importante para conceituar um restaurante. 49 VIABILIDADE, ABERTURA E CARDÁPIO DE BARES, RESTAURANTES E SIMILARES Capítulo 1 Agora, assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V - F. b) ( ) F – V – V – F. c) ( ) F – F – V – V. d) ( ) V – F – F – V. 50 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES REFERÊNCIAS CASTELLI, G. Administração hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2003. DAYAN, E, G. Restaurante: técnicas de serviços. Caxias do Sul: Educs, 1987. DOLABELA, Fernando. Ofi cina do Empreendedor. 1 Ed. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Santa Catarina em Números. 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/blumenau/ panorama. Acesso em: 25 jan. 2020. LEITE, R. C. Franchising: na criação de novos negócios. 2. ed. São Paulo: Atlas,1990. LOBO, A. Manual de estrutura e organização do restaurante comercial. São Paulo: Atheneu, 1999. MARICATO, A. O prazer da leitura se ensina. Brasília: Editora Crianças, 2005. NIGRI, J. A Importância do Plano de Negócios. 2011. Disponível em: http:// www.catho.com.br/cursos/index.php?p=artigo&id_artigo=195&acao=exibir. Acesso em: 28 jan. 2020. ORLICKAS, E. Modelos de Gestão: das teorias da administração à gestão estratégica. Curitiba: Ibpex, 2010. PACHECO, A. de O. Manual do bar. São Paulo: SEBRAE, 2000. PACHECO, A. de O. Manual do restaurante. 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São Paulo: Saraiva, 2003. 52 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES CAPÍTULO 2 GESTÃO DE PESSOAS, TRIBUTOS TRABALHISTAS E IMPOSTOS FISCAIS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulovocê terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car instrumentos para otimizar processos na gestão de pessoas. Gerenciar e controlar os impostos sobre a folha de pagamento. Conhecer as formas de tributação das empresas do segmento do comércio de alimentos. Conhecer alguns detalhes fundamentais para motivar e estimular os empregados no desempenho de suas funções. Orientar quanto às formas de contratação e obrigações como empresários junto aos empregados. Atentar para os impostos e incidentes sobre a folha de pagamento e apurar os valores dos impostos incidentes sobre as vendas de mercadorias. 54 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES 55 GESTÃO DE PESSOAS, TRIBUTOS TRABALHISTAS E IMPOSTOS FISCAIS Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O empresário que, muitas vezes, também é o administrador em muitas empresas de bares, restaurantes e similares deve conhecer muito além da atividade operacional e da viabilidade de implementação de uma empresa. Esse empresário deve conhecer e determinar a tratativa que destinará aos seus empregados, considerando que os empregados são peças fundamentais para o sucesso da empresa. Ainda é fato que o consumo de alimentos de bares, restaurantes e similares é muito comum, segundo o IBGE, na pesquisa do POF (Pesquisa do Orçamento Familiar), realizada em 2017 e 2018, divulgou que a estimativa da participação das despesas de consumo na despesa total, obtida a partir da POF 2017-2018, foi de 81,0% para o Brasil, com média mensal de R$ 3.764,51. O valor médio das despesas de consumo realizadas pelas famílias residentes em situação rural (R$ 2.158,83) correspondeu a 57,3% da média nacional desse tipo de despesa e a 53,7% do gasto médio das famílias em situação urbana (R$ 4.020,98). TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DA DESPESA DE CONSUMO MONETÁRIA E NÃO MONETÁRIA MÉDIA MENSAL FAMILIAR, POR TIPOS DE DESPESA DE CONSUMO, SEGUNDO A SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO E AS GRANDES REGIÕES – PERÍODO 2017-2018 FONTE: <https://cutt.ly/khcrTXS>. Acesso em: 26 jun. 2020. É importante que o gestor, o administrador e o empresário busquem aperfeiçoar-se e conhecer estratégias de maximizar os resultados com uma equipe de trabalhadores focada, engajada e preparada para atuar, pois o resultado da empresa só será alcançado se os empregados estiverem capacitados, entendendo qual o rumo da empresa e trabalhando motivados. 56 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Buscando sempre conhecer mais sobre a seleção de pessoas, a capacitação e a gestão de pessoas é que abordaremos, inicialmente, esse tema e, apresentaremos pontos relevantes que, de forma geral, podem ser considerados como essenciais para o gestor ou administrador que atua no ramo de alimentos. 2 PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO Gerenciar e conhecer as pessoas que trabalham em um setor é tão importante quanto a elaboração do cardápio em um bar ou restaurante pois está diretamente relacionado à qualidade do produto fi nal. O dono do negócio junto ao administrador deve estar preparado para contratar, distribuir as atividades, qualifi car a mão de obra para atender bem e sempre fornecer bons produtos. Iniciaremos explorando todos os detalhes sobre a contratação de pessoas seguindo para os custos em relação ao setor de pessoas em um restaurante ou lanchonete. 2.1 CONTRATAÇÃO DE PESSOAS Lacombe e Heilborn (2003) afi rmam que prover recursos humanos é uma das funções do administrador, sendo defi nida como formar uma equipe competente, integrada e motivada, disposta a agir para o conjunto. Dentro desse processo inclui-se recrutar, selecionar e treinar pessoas capazes de assumir responsabilidades para atingir os objetivos. Uma das maiores responsabilidades do administrador é selecionar, formar e integrar um grupo de pessoas para trabalharem em equipe, tendo objetivos bem defi nidos, cada qual conhecendo seu papel, sua importância, trabalhando em cooperação, produzindo resultados é a maior responsabilidade de um administrador. É importante as empresas estarem cientes de possuir uma administração focada nos recursos humanos, diferentemente do passado, em que o foco maior era na tecnologia do produto ou do processo. Ainda segundo Lacombe e Heilborn (2003), de todos os recursos utilizados, as pessoas são o que menos se explora. Apenas uma pequena parcela do potencial humano é efetivamente aplicada no trabalho. Em muitas empresas, com abordagens tradicionais de administração de pessoas, o foco principal é controlar custos inclusive os custos com mão de obra, assim, acaba-se incorrendo em riscos como o de garantir a qualidade fi nal do produto, desse modo, o administrador 57 GESTÃO DE PESSOAS, TRIBUTOS TRABALHISTAS E IMPOSTOS FISCAIS Capítulo 2 acaba tendo que resolver problemas de gestão que surgem pela má condução do quadro de pessoal. FIGURA 1 – DIFERENÇA ENTRE RH E GESTÃO DE PESSOAS FONTE: <https://cutt.ly/lhctw3w>. Acesso em: 11 mar. 2020. A difi culdade em manter funcionários competentes é uma das maiores inseguranças e motivos que as empresas apresentam para não investir em seu pessoal. Em contrapartida, segundo Gil (2001), a administração de recursos humanos está sendo substituída pelo termo Gestão de Pessoas, que Chiavenato (2010, p. 17) conceitua como. sendo uma área muito sensível à mentalidade humana que predomina nas organizações, extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada dos processos internos, do estilo de gestão utilizado e de uma infi nidade de outras variáveis importantes. Kritz e Pessoa (2003) explicam que o modelo de gestão de pessoas é a maneira pela qual a empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho. Assim, para que este modelo seja aplicado com sucesso nas empresas, é fundamental que a empresa tenha uma estrutura bem defi nida, sendo claros seus princípios, estratégias, políticas, práticas e processos de gestão. 58 GESTÃo DE BArES E rESTAurANTES Para Gil (2001, p. 17), gestão de pessoas “é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais”. As pessoas constituem o principal bem que as empresas adquirem; daí a necessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas aos seus colaboradores. Chiavenato (2010) descreve que a principal função da gestão de pessoas é permitir a colaboração efi caz das pessoas para alcançar os objetivos organizacionais e individuais. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam alcançados é necessário que os colaboradores sejam tratados como elementos básicos para a efi cácia organizacional, através dos seguintes meios: • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. • Proporcionar competitividade à organização. • Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas. • Aumentar a autorrealização e a satisfação das pessoas no trabalho. • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho. • Administrar e impulsionar a mudança. • Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. Chiavenato (2010) afi rma que a Gestão de Pessoas é um conjunto integrado de seis processos dinâmicos e interativos, sendo os seguintes: QUADRO 1 – PROCESSOS DINÂMICOS E INTEGRADOS DE GESTÃO DE PESSOAS Processos Conceitos Processos de Aplicar Pessoas Utilizados para desenhar as atividades que os colaboradores realizarão na empresa, orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem desenho organizacional e de cargos, análise e descrição de cargos, orientação e avaliação de desempenho. Processos de Recompensar Pessoas Seu objetivo é incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais, satisfeito por meio de recompensas, remuneração, benefícios e serviços
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