O que você precisa saber para acabar com a inadimplência de clientes

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O que você precisa saber para
acabar com a inadimplência de
clientes?
Essa história engraçadinha na verdade reflete uma realidade nada
engraçada. A Inadimplência de clientes, sem dúvida, é um dos fatores
que fazem com que muitas empresas também se tornem inadimplentes.
É o chamado efeito “cascata”, responsável pelo encerramento das
atividades de muitos negócios.
O que fazer para combater a inadimplência de seus clientes e recuperar o
crédito até então perdido?
Muitas empresas, seja por medo de praticar cobranças abusivas e acabar
respondendo por um processo ou mesmo por falta de prática e
planejamento, acaba acumulando créditos que, se não tomada a devida
providência, nunca serão pagos.
Trazemos aqui nove dicas que você pode implantar agora mesmo para
combater a inadimplência.
Mas antes vou lhe contar dois casos que aconteceram comigo de
inadimplência. Uma delas eu era o devedor e na outra eu era o credor.
Caso 1:
Eu tenho um amigo há uns bons anos. Em dado momento contragosto,
enquanto eu escrevia o livro “Direito à Morte: Uma análise da
possibilidade jurídica do Direito à morte no Ordenamento Jurídico
brasileiro”1, precisei tomar emprestado um livro dele sobre “O estado
atual do Biodireito”.
Trata-se de um livro com mais de oitocentas páginas de doutrina jurídica
e, além desse, precisava ler mais algumas dezenas com mais ou menos a
mesma quantidade de páginas.
Ocorre que, diante a grande quantidade de leitura e foco na pesquisa que
estava fazendo, acabei deixando o livro dele junto a minha coleção.
Esqueci de devolver!
Toda vez que eu encontrava com ele lembrava do livro e não o deixava de
mencionar que lhe devolveria, mas ele nunca me cobrou e um dia acabou
me dando.
Caso 2:
Gosto muito de livros, de ter, ler, folhear e até mesmo de escrever.
Naturalmente tenho mais apreço por um livro em detrimento de outros
mas a realidade é que nenhum deles gosto de emprestar. Até empresto,
mas evito, as vezes prefiro dar do que emprestar.
Enfim, há uns anos, uma amiga me pediu emprestado um livro raro que
tinha em minha coleção. É um livro que já li e gostei muito, mas
certamente não voltarei a ler, fazia parte da minha coleção e até hoje seu
lugar na prateleira esta reservado para quando voltar.
https://ghcmarques.jusbrasil.com.br/artigos/1733723723/o-que-voce-precisa-saber-para-acabar-com-a-inadimplencia-de-clientes#sdfootnote1sym
Acontece que não a vejo faz tempo e tenho conhecimento de que ela
mudou-se para outro estado. Muito mais longe de recuperar o livro, mas
as esperanças não faltam.
Bem, eu lhe contei sobre isso não foi para me desabafar mas sim porque
esses dois casos ilustrarão alguns pontos que acredito que sejam
importantes para o combate a inadimplência.
Veja, no primeiro caso, o meu amigo nunca me cobrou, certamente se ele
utilizasse algumas das dicas que aqui apresentarei já lhe teria devolvido
o livro antes.
Da mesma forma, eu poderia colocar em prática algumas dessas dicas
para ter o meu livro de volta da minha amiga mas o tempo e a disposição
para cobrar é mínima.
Diferente é a situação das empresas que dependem do pagamento de
seus clientes para se manter em pé.
Com isso, vamos às nove dicas.
1 - Ter informações suficientes dos clientes
Lembra que eu acabei de mencionar que, no segundo caso que relatei,
sei que minha amiga se mudou para outro estado? Pois bem, caso eu
precise muito do livro, consigo contatá-la e fazer a cobrança.
Isso não seria possível se eu não tivesse informações suficientes da
minha devedora.
E assim serve para os negócios.
É de extrema importância ter informações suficientes dos seus clientes
para que possa contatá-los ou mesmo processá-los se necessário.
Há uma série de softwares disponíveis no mercado para gerenciar e
armazenar as informações de seus clientes em um banco de dados, se
não quer utilizar um software próprio para isso, utilize uma planilha no
Excel ou mesmo anote em um caderno, mas mantenha as informações
de seus clientes registradas e, se possível atualizadas.
Caso os dados que você tenha sobre seus clientes já estejam
desatualizados, não se preocupe não é o fim do mundo, com o nome
deles ou com o número do CPF você consegue atualizar suas
informações contratando serviços de “higienização de dados”.
Há muitas empresas na internet que oferecem estes serviços. Basta você
enviar as informações que tem para eles e terá as informações
atualizadas. Bom não é?
2 - Análise de crédito do Cliente
Você vai aceitar que qualquer um tenha uma dívida com você? Melhor
não.
Certa vez minha avó me contou uma história. Para ajudar uma tia minha
que vendia cosméticos e maquiagens, ela (minha avó) ofereceu os
produtos para suas colegas de trabalho e animada com o interesse das
colegas, ela acabou fazendo fiado para algumas (até aquelas com a fama
de “caloteiras”). No fim, minha avó teve que pagar pelos produtos da
minha tia com o próprio dinheiro, vez que suas colegas nunca lhe
pagaram.
Moral da história: Análise o histórico daquele que ficará devendo algo
para você.
Tem empresas como o Serasa que oferecem serviços de análise crédito.
Vale a pena procurar saber mais.
3 - Evite parcelar no boleto ou em cheque
No escritório, nós facilitamos para nossos clientes parcelando por boleto
os honorários advocatícios, mas só fazemos isso porque temos maneiras
seguras de cobrá-los caso deixem de cumprir o acordado. Quem quer
ficar devendo para um advogado? É até pecado isso!
Brincadeiras a parte, dê preferência em receber pagamento à vista ou
parcelado no cartão, vez que desta forma, mesmo parcelando, você
receberá do banco à vista. Melhor para o seu cliente, melhor para você.
4 - Faça um contrato
O contrato, desde que realizado por pessoas capazes e cujo objeto seja
lícito, determinado ou determinável, se torna um instrumento com
validade jurídica, trazendo segurança para ambas as partes.
É um instrumento necessário para evitar maiores dores de cabeça. Faça
um contrato com seu cliente, ou no mínimo reduza por escrito o que foi
acordado.
O contrato é um título executivo extrajudicial, desde que tenha a
assinatura de pelo menos duas testemunhas. Isso quer dizer que caso o
contrato seja descumprido por qualquer das partes, nasce o direito do
prejudicado propor uma ação judicial de execução.
Nessa situação, o Estado é provocado a intervir na relação e impor o
cumprimento do devedor.
5 - Controle as dívidas e saiba cobrar
Seja organizado, tenha um excelente controle de quando e quanto cada
cliente terá que te pagar.
Há softwares de gestão financeira que podem te ajudar com isso mas
dependendo da quantidade de clientes de você tenha uma planilha no
excel pode te ajudar bastante.
Parece boba esta dica mas pela experiência que temos, muitas empresas
não fazem este controle e acaba esquecendo de cobrar o cliente ou o
cobra duas vezes, o que causa uma situação muito chata e demonstra
falta de profissionalismo.
Outro ponto importante é lembrar o seu cliente por mensagem, SMS ou
e-mail sobre o vencimento do boleto, sem cobrar, mas somente para
lembrá-lo alguns dias antes que o boleto vencerá. Exemplo: Faltam 3
dias para o vencimento do seu boleto.
Algo que certamente irá ajudar são softwares que disponibilizem um
serviço de automatização de cobrança e que envie essas mensagens
automaticamente, caso contrário, você mesmo poderá esquecer de
enviar os e-mails ou as mensagens.
Além disso, outro ponto que te ajudará, é colocar as datas de vencimento
dos boletos para um mesmo dia, assim você saberá quanto e quando
receberá.
Caso seu cliente atrase o pagamento, você pode ligar para ele para saber
o que aconteceu, informando que não identificou o pagamento daquele
mês.
Se você é quem presta o serviço, procure evitar você mesmo decobrar o
seu cliente, se tiver um sócio ou um funcionário, melhor que eles façam a
cobrança, o importante é ter uma boa relação com ele e evitar tratar
dessas questões diretamente.
6- Ofereça soluções de pagamento e renegociação de dívida
“Melhor um pássaro na mão do que dois voando”. Está ai outro ditado
popular que traz muita sabedoria.
Ser flexível propondo soluções de pagamento e renegociando as dívidas
de seus clientes ajudará que você receba dele e que mantenha um bom
relacionamento.
Em 2006 e depois em 2009 a gigante varejista Casas Bahia perdoou uma
série de clientes que não conseguiam quitar seus crediários, oferecendo
50% de desconto na dívida e melhor forma de parcelamento.
O objetivo foi incentivar que o cliente voltasse a comprar na loja.2
7 - Negative o cliente
Este é um meio possível de pressionar o pagamento pelo cliente
inadimplente, mas deve ser utilizado quando outros meios de solucionar
o problema já foram esgotados, vez que caso assim não seja feito, resta
configurado ato ilícito passível de indenização por danos morais, então
antes de negativar, tenha certeza do que está fazendo, senão é você quem
deverá para o cliente.
Inscrever o nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito (Serasa e
SPC), traz publicidade da dívida perante a sociedade, restringindo o
inadimplente a conseguir crédito na praça.
A negativação não suspende ou interrompe o prazo prescricional para
cobrar a dívida em juízo e deve desaparecer dos registros em 5 anos da
inscrição (Caduca mas não necessariamente prescreve).
8 – Proteste a dívida
Melhor que negativar o nome do cliente inadimplente é protestar a
dívida.
Lembre-se que essa forma deve ser utilizada somente quando todas as
alternativas amigáveis já se esgotaram.
Geralmente o protesto é a última tentativa extrajudicial de cobrança.
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O protesto é o ato que formaliza e dá publicidade de que determinada
pessoa está inadimplente, além de interromper a contagem do prazo
prescricional.
Vale destacar que não são todos os documentos que podem ser
protestados, mas podem ser objeto de protesto os títulos de crédito
(cheque, duplicata, nota promissória, letra de câmbio); os contratos;
carnês; confissões de dívida; entre outros...
9 - Resolva judicialmente
Caso tenha feito todas as formas anteriores de cobrança extrajudicial e
nenhuma delas tenha surtido resultado então procure um advogado, isso
te ajudará muito.
Essas são as nove dicas que devem ser colocadas em prática para
recuperar o crédito e combater a inadimplência, não espere prescrever a
dívida para colocá-las em prática, há uma frase em latim que traduz isso
“Dormientibus non succurrit jus”, ou seja, o direito não socorre aos que
dormem.
Qualquer dúvida entre em contato
Dr. Guga Marques
contato@ghcmarques.com
1 Disponível em https://www.amazon.com.br/Direito-Morte-
possibilidade-Ordenamento-brasileiro-ebook/dp/B07KT7YPZB/ref...
mailto:contato@ghcmarques.com
https://www.amazon.com.br/Direito-Morte-possibilidade-Ordenamento-brasileiro-ebook/dp/B07KT7YPZB/ref=sr_1_6?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=13NMNBGBT7C6B&keywords=direito+a+morte&qid=1673466561&sprefix=direito+a+morte%2Caps%2C280&sr=8-6
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2 Estadão, disponível na internet por meio do
link: https://www.estadao.com.br/noticias/geral,casas-bahia-perdoam-
divida-para-atrair-clientela,438283
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,casas-bahia-perdoam-divida-para-atrair-clientela,438283
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,casas-bahia-perdoam-divida-para-atrair-clientela,438283
https://ghcmarques.jusbrasil.com.br/artigos/1733723723/o-que-voce-precisa-saber-para-acabar-com-a-inadimplencia-de-clientes#sdfootnote2anc
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