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SUMÁRIO DE URINA Sinonímias: ● Urina do tipo 1; ● EAS (elementos anormais e sedimento); ● Sumário de urina; ● EQU (exame químico de urina); ● ECU (exame comum de urina); ● PEAS (pesquisa dos elementos anormais e sedimento). Indicação clínica ● Doenças renais e do trato urinário; ● Doenças sistêmicas ou metabólicas; ● Doenças hepáticas e biliares; ● Desordens hemolíticas. Quando realizar um exame de urina ? 1. Redução aguda ou crônica da taxa de filtração glomerular 2. Albuminúria sem causa aparente 3. Suspeita de doença renal Como deve ser realizado o exame? - Evitar exercícios extenuantes 24 horas antes do exame. - Evitar coleta durante o período menstrual. - Higienizar a genitália. - Coleta de urina no jato médio/intermediário - Análise em 1h(até 3h:refrigerar +4 a +8ºC). Etapas: 1. Análise física 2. Análise química 3. Análise do sedimento urinário ou sedimentoscopia - Coleta após 8 horas de repouso → Alternativamente, a amostra de urina pode ser coletada em qualquer momento do dia, preferencialmente após 4 horas da última micção. ( 2H) Análise Física Cor/ Odor → A urina normal é clara e de cor amarelo citrino ● Urina muito clara/sem cor: - DRC avançada ● Urina branca/leitosa - Fosfatúria intensa/ cristais de fosfato→ síndrome de fanconi - piúria - quilúria ● Urina vermelha - marrom - Hematúria → cor vermelha apenas no sedimento e o sobrenadante não é vermelho - Hemoglobinúria e mioglobinúria → sobrenadante vermelho - Corantes alimentares - Intoxicação crônica por mercúrio - Rifampicina, fenitoína - Ingestão de beterraba ● Urina verde - infecção por pseudomonas - amitriptilina, propofol - azul de metileno ● Urina Laranja - Desidratação, piridium, sulfassalazina ● Roxa - ITU por Klebsiella, Proteus mirabilis, E. coli, Enterococcus ● Odor pungente anormal → produção de amônia pelas bactérias ● Odor doce ou frutado → presença de cetonas OBS.: - Hemoglobinúria: presença de hemoglobina livre na urina, as quais normalmente estão dentro das hemácias intactas ● ocorre na hemólise intravascular ou na lise de hemácias na urina - Mioglobinúria: presença de mioglobina livre na urina, a qual normalmente está dentro das células musculares intactas ● ocorre na rabdomiólise Análise química → Usa-se as fitas de urina = dipstick 1. PH - Fita reagente 2. Densidade 3. Glicose 4. Esterase leucocitária 5. Nitritos 6. Pigmentos de bile 7. Cetonas 8. Hemoglobina 9. Proteína pH → Concentração de íons de hidrogênio na urina = reflete o grau de acidificação da urina - pH fisiológico varia de 5 - 8 - utilizado para avaliar pacientes com acidose metabólica - resposta renal à acidemia é excretar mais ácido urinário, com o pH caindo para valores abaixo de 5 → no caso de valores mais altos pode sugerir acidose tubular renal Esterase leucocitária → é liberada por neutrófilos e macrófagos lisados = marcador da presença de leucócitos - Urina concentrada pode impedir a lise celular = falso-negativo - proteinúria e glicosúria também pode gerar falso-negativo OBS.: é diferente de piúria, uma vez que esta é detectada a partir da análise do sedimento Densidade → Avalia a diluição urinária - Osmolalidade da urina: número de partículas na urina → osmolalidade de 280 (normal ) = densidade de 1015 - Densidade: número e tamanho das partículas na urina → Varia entre 1005 - 1030 → valor padrão ouro é 1015 - Osmolalidade alta nem sempre está relacionada à desidratação, mas pode haver uma quantidade elevada de proteína ou glicose Glicosúria - Detecção de glicosúria ● Pode ser desencadeada pela incapacidade de reabsorver glicose apesar da concentração plasmática normal ou pela elevada concentração de glicose no plasma - Glicosúria com glicose plasmática normal sugere defeito primário da reabsorção do túbulo proximal → associado a outras manifestações de disfunção tubular (fosfatúria, uricosúria, acidose tubular renal) = síndrome de Fanconi obs.: síndrome de Fanconi está relacionada a mieloma múltiplo, intoxicação por metais pesados, uso de medicamentos (cisplatina, aminoglicosídeos, ácido valpróico, tenofovir…) - Diagnóstico e controle do diabetes. Obs: situações em que a glicosúria é fisiológicas: febre, gravidez ou com uso de medicamentos como os iSGLT2 Proteína - Dipstick é mais sensível à albumina.(30-100 mg, pode não reagir na fita) e insensível a proteínas não albuminas, principalmente as cadeias leves de imunoglobulinas ● A eletroforese de proteínas é mais sensível e mais específico - Limitações para o teste de proteína → urina concentrada ou diluída - Em geral, a proteinúria expressa doença renal. ● Diagnóstico mais preciso exige a quantificação da proteína nas 24h, ou a relação com creatinina urinária. - teste do ácido sulfossalicílico ( proteínas não albuminúricas) → doenças neoplásicas ou paraneoplásicas que perdem outras proteínas na urina (ex.: mieloma múltiplo) OBS.: Presença de uromodulina é normal até 150 mg/dL Albuminúria de 24h - indicada para pacientes com doenças já estabelecidas que tem risco de desenvolver doenças renais Proteinúria de 24h → saber a quantidade de urina que está sendo eliminada na urina - Deve ser pedido quando tiver um sumário de urina que mostre proteinúria - classificar a glomerulopatia em síndrome nefrítica e nefrótica Relação albumina-creatinina - acompanhamento dos pacientes com doenças renais já estabelecidas ou risco de desenvolver Nitrito - Relacionado com infecção urinária. - Bactérias enterobacteriaceae: produzem a enzima nitrato redutase que converte nitrato em nitrito → bactérias que causam ITU - cuidado com resultado falso negativo → ITU por enterococos → não possuem muita enzima nitrato redutase logo produzem pouco nitrito Cetonas - As tiras de urina possuem nitroprussiato de sódio que reage com ácido acético e acetona, mas não detectam β-hidroxibutirato - A urina fisiológica é livre de corpos cetônicos. - A cetonúria ocorre quando estes compostos aumentam no plasma (cetonemia) em decorrência de distúrbios no metabolismo de ácidos graxos e carboidratos. - Condições: cetoacidose diabética, hepatopatias, jejum prolongado,anorexia. Urina-bilirrubina/ urobilinogênio - A urina em quantidades normais não con tém quantidade detectável de bilirrubina. - A presença de bilirrubina na urina indica colestase e representa a bilirrubina conjugada. - Urobilinogênio aumenta em situações de hemólise de doença hepatocelular. Análise do sedimento urinário Células epiteliais - Proveniente de qualquer lugar do trato urinário 1. Células tubulares renais: grandes, redondas, núcleo central → relacionado à doenças tubulares 2. Células epiteliais de transição: relacionado à glomerulopatias 3. Células escamosas → relacionado à insuficiência renal aguda ou crônica Células brancas (leucócitos) → Todo o espectro de leucócitos pode ser observado na urina, mas os neutrófilos e os eosinófilos têm maior valor clínico ● Leucócito na urina = Piúria 1. Neutrófilos → relacionado a bacteriúria - Presença de neutrófilos com urocultura negativa (piúria estéril): ● nefrite intersticial ● tubulopatias ● nefrolitíase 2. Eosinófilos - Marcador de nefrite intersticial aguda → reação inflamatória por hipersensibilidade → relacionado a uso de AINES, IBPs, ATB - Piúria com urocultura negativa pensar também em infecção fúngica Cilindros - Estruturas cilíndricas formadas no lúmen tubular → desencadeada por diversos fatores: estase urinária, baixo pH e maior concentração urinária (ex.: obstrução urinária) - A matriz é composta por mucoproteína → proteínas de tamm-horsfall - Pode estar relacionado à doenças renais L → doenças glomerulares e tubulares 1. Cilindros hemáticos: - sugere glomerulonefrite proliferativa 2. Cilindros brancos/leucocitários: - Indicativo de inflamação intersticial 3. Cilindros de células tubulares - qualquer situação que gere descamação do epitélio tubular → necrose tubular aguda (NTA), nefrite intersticial aguda (NIA) e glomerulonefrite proliferativa 4. Cilindros granulares - relacionado a Necrose tubularaguda 5. Cilindros hialinos - geralmente são inespecíficos - relacionado a terapias diuréticas, urina concentrada Hematúria - Hematúria microscópica: presença de 2 ou mais hemácias por campo em um sedimento urinário - Hematúria macroscópica: coloração da urina se altera - Hematúria transitória: ● normalmente assintomáticao - exercício físico ou relações sexuais ● associado a piúria, bacteriúria e disúria - cistites ou prostatites - Hematúria persistente: ● causas patológicas mais comuns: cálculos renais, malignidade e doença glomerular → A distinção entre hematúria glomerular e não glomerular é o primeiro passo para a avaliação da hematúria ● Hematúria glomerular - Hemácias dismórficas →acantócitos (espículas na membrana) - Cilindros hemáticos - Albuminúria Cristais → Relacionado a doenças glomerulares ou cálculos renais 1. Cristais de oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio: - Não depende do pH da urina - Se formam na urina alcalina 2. Cristais de fosfato de amônio-magnésio (estruvita): - Bactérias produtores de urease aumentam a produção de amônia → pH da urina é elevado → reduz a solubilidade do fosfato - Organismo produtor de urease: Proteus e Klebsiella 3. Cristais de ácido úrico: - Observados na urina ácida 4. Cristais de cistatina: - Diagnóstico de cistinúria Achados urinários anormais 1. Hematúria com eritrócitos dismórficos, cilindros eritrocitários e proteinúria → emergência nefrológica (glomerulopatia proliferativa) 2. Proteinúria intensa com hematúria ausente ou mínima → doenças glomerulares não proliferativas (síndrome nefrótica) - ex.: nefropatia diabética - nefropatia membranosa 3. Cilindros de células granulares e células epiteliais tubulares renais → em paciente com lesão renal aguda é fortemente sugestivo de necrose tubular aguda 4. Piúria isolada com urocultura negativa - ITU parcial ou recentemente tratada, ITU não bacteriana (Tuberculose), prostatite, nefrite intersticial e nefrolitíase
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