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Semiologia abdome

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Gabriela Helena Stahlhofer 
 
SEMIOLOGIA DO ABDOME 
 
 Nove regiões delimitadas por: 
o Dois planos transversais: subcostal e intertubercular 
o Dois planos vertivais: linhas medioclaviculares direita e esquerda 
 
 
INSPEÇÃO: 
 Decúbito dorsal; 
 Membros estendidos; 
 Musculatura relaxada; 
 Cabeça apoiada em travesseiro baixo; 
 
ESTÁTICA: forma 
Forma normal 
 abdômen normolíneo, brevilíneo, longilíneo 
 Plano (normal) 
 
Formas patológicas: 
SIMÉTRICAS: 
 Escavado ou retraído (desnutrição): encurtamento no sentido anteroposterior - pacientes muito 
emagrecidos, caquéticos e desidratados; 
 Batráquio: dilatação exagerada dos flancos – predomínio do diâmetro transversal sobre a ântero-posterior 
 Globoso (obesidade, ascite): abdômen global e uniformemente crescido - aumento predominante do 
diâmetro anteroposterior 
 Em avental: grande acúmulo de tecido adiposo no subcutâneo faz com que o abdômen caia sobre as coxas 
o Pendular: por enfraquecimento no estrato membranácelo – flacidez dos mm. do abdome pós 
puerpério 
 Gravídico: aumento de volume + bom tônus da musculatura, quase sem aumento do diâmetro transversal. 
ASSIIMÉTRICO: 
Abaulamento  distensão de segmento do tubo gastrintestinal (obstáculo situado abaixo da porção dilatada) = 
meteorismo local 
 Distensão de um segmento: sede e forma segmento do tubo gastrintestinal comprometido. 
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o duplo obstáculo num segmento intestinal, como ocorre no volvo, observa-se uma distensão em forma 
de “chouriço” de sede variável, constituindo o que se denomina “alça de Wahll”. 
 Contrações peristálticas: obstrução c/ ou s/ meteorismo localizado  presença de contrações peristálticas 
visíveis. 
o direção e o local de origem: presumir qual o segmento comprometido 
o ponto em que desaparecem as ondas peristálticas = sede do obstáculo. 
 Hérnias e tumores abdominais: regiões inguinais e umbilical  devido ao aumento do volume de órgãos 
abdominais (hepatomegalia, etc.) e pelos tumores abdominais (cistos de ovário, etc) 
 
Cicatriz umbilical: 
 Plana (normal) 
 Levemente Retraída (normal) 
 Protusa (hérnia, acumulo de líquido local); 
 Nódulo da Irmã Maria José: linfonodo metastático periumbilical. 
 
Lesões de pele em nível do abdômen 
 Fístulas enterocutâneas (colite ulcerativa e doença de Crohn); 
 Sinal de Cullen (pancreatite): mancha hemorrágica periumbilical; 
 Sinal de Turner (pancreatite): mancha hemorrágica em flancos. 
 
 
Abaulamentos e retrações: 
 Manobra de Smith bates: membro inferior é elevado em 45G e paciente contrai abdome. Diferenciar massa 
palpável e visível na parede abdominal 
 Manobra de lapinsky: Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador pressiona profundamente a fossa 
ilíaca direita do paciente, elevando a perna direita estendida. Caso o paciente relate dor durante a manobra 
ou se o paciente responder flexionando a perna para minimizar a dor, o sinal será considerado positivo, sendo 
sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal). 
 
 
 
 
 
 
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Cicatrizes cirúrgicas ou acidentais e estrias atróficas 
 
 
Circulação colateral 
 Normal: veias superficiais do abdômen não são visíveis (tronco da epigástrica superficial*) 
 Anormal: rede venosa visível e túrgida = obstáculo nos grandes troncos venosos profundos (veias cava e porta). 
o Sentido do fluxo: 
 Veias supraumbilicais drenam para v. cava superior (baixo para cima); vv. Infraumbilicais 
drenam para v. cava inferior (cima para baixo) 
o “manobra dos dedos”: comprimir um determinado ponto de uma veia com um dos indicadores. A 
partir desse ponto, desliza-se o outro indicador sobre um curto segmento da veia, com o intuito de 
esvaziá-lo. A seguir, levantando-se alternadamente os dedos, verifi ca-se, através do enchimento do 
segmento venoso em estudo, qual o sentido da corrente. 
 Circulação colateral do tipo porta - obstáculo ao fluxo venoso, proveniente do tubo digestivo e do baço, em 
direção ao fígado. A conexão do sistema portal faz-se pelas veias paraumbilicais – ocluídas no nascimento mas 
permeadas se houver hipertensão portal. Direção centrífuga em relação ao umbigo = cabeça de medusa. 
o rede venosa subcutânea periumbilical (caput medusae), 
o rede supraumbilical (tipo porta superior) 
o rede infraumbilical (tipo porta inferior). 
 Circulação colateral tipo cava inferior - ectasias venosas no andar inferior do abdômen e nas suas regiões 
laterais. Sentido ascendente (circulação está toda direcionada para a cava superior). Trombose* 
 Circulação colateral, tipo cava superior - vasos ectasiados na parte superior do abdômen, sentido de corrente 
para baixo, na procura de conexão com a cava inferior; 
 Circulação colateral, tipo misto (porto-cava) costuma ser uma associação entre os dois primeiros descritos e 
caracteriza-se por ampla rede venosa, colateral, com sentido de circulação para cima. 
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DINÂMICA: 
 Movimentos respiratórios; 
 Pulsações epigástricas: de origem vascular ou de origem cardíaca ou pulso hepático; 
 Contrações peristálticas visíveis 
 Ondas de Kusmaul (estenose ou obstrução ou caquexia): visíveis no epigástrio, região periumbilical e área de 
projeção dos cólons. 
Solicita-se ao paciente para soerguer o tronco ou realizar um esforço, como a manobra de Valsalva, que aumente a 
pressão intratorácica. 
 Diástese dos retos: formar ângulo reto do corpo com a maca (pescoço ou membro inferior). Isso gera 
contração dos mm. retos anteriores do abdome. Se há diastese (afastamento dos mm. retos abdominais), 
pode ocorrer eventração (massa intestino-epiplotica que se projeta recoberta por tegumento cutâneo). 
 O aumento da tensão abdominal pelo esforço expiratório (manobra de Valsava – fechar saídas de ar (boca e 
nariz) e forçar a saída do ar aumenta pressão intratorácica e intra-abdominal) = favorece protusão de alças 
intestinais através dos pontos da parede que estejam vulneráveis, dos quais o mais frequente constitui o anel 
inguinal  Hérnia 
 
AUSCULTA: 
 
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 Antecede palpação e percussão 
 OBSTRUÇÃO INTESTINAL: exagero dos ruídos hidroaéreos – acompanham aumento do peristaltismo a 
montante da obstrução 
 IRRITAÇÃO DO PERITÔNIO (PERITONITE E CIRURGIA ABDOMINAL): diminuição ou ausência dos ruídos 
hidroaéreos (íleo paralitico ou adinâmico) 
 *propedêutica vascular: aneurisma de aorta, estenose arterial, fístulas artério-venosas, sopros 
 
RUÍDOS ABDOMINAIS: 
RUÍDOS HIDROAÉREOS correm pela presença de gases e líquidos – principalmente por turbilhões sonoros dos líquidos. 
No exame: RH+ ou RH- 
 Patinhação – são ruídos semelhantes a palmadas em uma superfície com água. Estômago e ceco. Ruído; clap, 
clap. Ocorre quando há aumento do conteúdo líquido do estômago ou quando o órgão se esvazia mal, como 
na obstrução do antro ou do piloro; 
 Gargarejo - palpação profunda e deslizante, particularmente no ceco. 
 Borborigmo – gases > líquidos = ronco da barriga fome e o estômago vazio apresenta uma forte onda de 
contração em direção ao piloro. 
 
 intensidade aumentada: nas diarreias, na presença de sangue na luz de alças intestinais por hemorragia 
digestiva alta e na obstrução intestinal 
 intensidade reduzida ou abolida: íleo paralítico no pós-operatório de cirurgias abdominais 
 Variação do timbre dos ruídos hidroaéreos: timbre metálico nos casos de obstrução do intestino delgado 
 
SOPROS ABDOMINAIS 
 Sopro Hepático (cirrose ou neoplasia hepática por neovascularização). 
a. Audível em qualquer ponto da área de projeção do fígado, na superfície do abdômen;; 
 Sopro Aórtico/ Renal / Mesentérico (obstrução, placa de ateroma): sopros sistólicos; 
a. turbilhonamento do sangue ocorre na parte em que a artéria de calibre normal se abre na parte 
bojuda. Audíveis na linha mediana do abdômen, sem se
fazer demasiada pressão com o estetoscópio. 
 Esplênico (malária, leucemia, tumores esplênicos): sopro sitólico. 
a. Audíveis no hipocôndrio esquerdo, em geral, entre as linhas hemiclavicular e axilar, anterior, 
esquerdas. Podem ser encontrados no baço de pacientes com malária, leucemia, cirrose hepática ou 
tumores esplênicos 
 Sopro venoso periumbilical (sopro por circulação colateral): sopro contínuo e por vezes frêmito (síndrome de 
Cruveillier-Baumgarten). 
Sopro sistólico: originários de artérias abdominais, que apresentam alterações de seu fluxo a ponto de produzir o ruído 
característico. Os sopros sistólicos abdominais mais frequentes são os produzidos pelo aneurisma da aorta abdominal 
ou pelas artérias hepática e esplênica. 
Sopros contínuos: são venosos e o exemplo mais marcante é o audível sobre a circulação colateral, periumbilical, 
decorrente de hipertensão portal. Decorre do hiperfluxo na veia umbilical, recanalizada que, além do sopro, pode 
produzir frêmito no local (síndrome de Cruveillier-Baumgarten) 
 
 
 
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PALPAÇÃO: 
 Paciente em decúbito dorsal, em completo relaxamento muscular, examinador à sua direita. 
Sistemática da palpação abdominal: 
1. Palpação superficial; 
2. Palpação profunda; 
3. Palpação do fígado; 
4. Palpação do baço e de outros órgãos; 
5. Manobras especiais de palpação. 
 
 
 
PALPAÇÃO SUPERFICIAL: comparativa 
 SENSIBILIDADE: normal, hipoestesia ou hiperestesia. 
 TONICIDADE: normal, flácida ou hipertonia 
o Hipertonia volunária: resistência imposta ao posicionamento inadequado, cócegas, etc. generalizada 
o Hipertonia involuntária: irritação do peritônio parietal, subjacente, causada por agente infeccioso 
(exemplo, apendicite aguda), químico (exemplo, ácido clorídrico, gástrico, na perfuração de úlcera 
péptica, em peritônio livre) ou neoplásico (exemplo, metástases peritoneais). Localizada 
ESPESSURA: preensão da parede abdominal na pinça formada pelo polegar e indicador. 
TEMPERATURA: é explorada com o dorso da mão, fazendo comparação com as regiões circunvizinhas. 
 
 
 
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PALPAÇÃO PROFUNDA: 
Regra: as mãos que palpam devem ser colocadas de modo tal que seu maior eixo seja perpendicular ao eixo 
longitudinal da porção do intestino que se queira explorar. A mão, levemente fletida, deve fazer um ângulo, mais ou 
menos agudo, com a parede anterior do abdômen deslizamento implica a percepção de níveis diferentes sobre o plano 
profundo. 
*Ao se fazer o aprofundamento das mãos, o médico vai impelindo a pele em direção oposta ao sentido em que se vai 
fazer o deslizamento, de modo a formar várias dobras cutâneas acima da ponta dos dedos. As sobras de pele serão 
utilizadas para a realização do deslizamento. 
 Localização 
 Tamanho e forma 
 Superfície: pode ser lisa ou nodular 
 Sensibilidade (dor à palpação): a dor provocada pela palpação de uma massa abdominal é devida ao processo 
inflamatório ou à distensão da cápsula de um órgão 
 Consistência: é apreciada pela resistência da massa à palpação 
 Observar se é pulsátil: uma massa que pulsa no abdômen pode ser uma dilatação de artéria, ou seja, um 
aneurisma da aorta abdominal. Deve-se entender por pulsação a percepção de aumento intermitente do 
volume da massa a cada sístole cardíaca. 
o massa sólida, encostada na aorta pode transmitir a pulsação da artéria; nesse caso, a massa é 
empurrada a cada sístole, mas ela não apresenta variação de seu tamanho de acordo com o pulso 
sistólico, central; 
 Mobilidade: uma massa que se move, acompanhando os movimentos respiratórios, indica que está 
relacionada a uma das vísceras móveis ou ao mesentério, portanto, dentro da cavidade peritoneal. A massa 
que não se move deve estar localizada no retroperitônio ou corresponder à neoplasia infiltrativa de estruturas 
fixas. 
Na palpação, convém obedecer a uma determinada sequência, que pode ser a seguinte: 
1. fossa ilíaca direita 
2. fanco direito 
3. mesogástrio superior 
4. flanco esquerdo 
5. fossa ilíaca esquerda 
6. hipogástrio 
7. mesogástrio inferior 
8. epigástrio 
9. exploração do fígado e baço. 
Hipertonia da parede  manobra de Galambos, que consiste em forçar a depressão da parede abdominal com uma 
das mãos numa área próxima à região que se está pretendendo examinar, a qual, devido à manobra, fica um pouco 
relaxada. Deve-se solicitar ao paciente que respire pela boca e executar a manobra durante a expiração. 
Sinais de irritação peritoneal: 
 A dor, à descompressão brusca do abdômen, é sinal indicativo de inflamação aguda do peritônio (peritonite 
aguda). 
 É causada pela colonização de bactérias nos folhetos peritoneais, a partir de um foco situado no próprio 
abdômen (apendicite, colecistites, etc) ou fora dele, por via hematogênica (septicemias), por aberturas na 
parede abdominal (perfurações da parede abdominal) ou por translocação de bactérias existentes nos 
intestinos (peritonite espontânea em ascite 
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Antes de pesquisar a dor à descompressão brusca deve ser feita a palpação superficial, delicada, em toda a extensão 
do abdômen; localizado um ponto ou área dolorosa. Compressão gradual  aprofundamento  retirada brusca o  
sinal é positivo quando o paciente apresenta dor aguda = É o sinal de Blumberg. 
A dor à descompressão brusca e a resistência da parede compõem o que pode ser chamado de sinais de peritonismo 
Manobras de Blumberg ou descompressão brusca (peritonite): com a extremidade da mão, deprime-se 
progressivamente a região apendicular, até atingir a víscera, em seguida retira-se subitamente a mão, fazendo com 
que o apêndice se projete contra a parede, que, se estiver inflamada, provoca resposta dolorosa intensa. 
Manobra de Rovsing (apendicite): forçar movimento antiperistáltico de camada gasosa dos cólons, desde o sigmoide 
até a região íleo-cecal, com a finalidade do ar, sob pressão, distender o ceco e acarretar dor no apêndice inflamado. 
Exame do músculo iliopsoas: o paciente na posição em decúbito dorsal tenta levantar a perna flexionando-a no 
quadril, enquanto o examinador faz força para baixo contra a perna. Realiza-se esse exame quando se suspeita de 
apendicite, devido o apêndice inflamado causar irritação do músculo iliopsoas lateral. O paciente apresentará dor no 
quadrante inferior. 
Exame do músculo obturador: deve-se realizar esse teste quando se suspeita de apêndice roto ou de um abscesso 
pélvico. Essas situações podem causar irritação do músculo obturador. Na semiotécnica, o paciente deve estar na 
posição em decúbito dorsal e deverá fletir a perna direita no quadril e no joelho a 90°. Deve-se manter a perna logo 
acima do joelho e pelo tornozelo o examinador gira a perna lateral e medialmente. O sinal positivo é quando o paciente 
apresenta dor na região hipogástrica. 
 
Pontos dolorosos: Existem determinadas áreas localizadas na parede abdominal que despertam sensações dolorosas 
à compressão, sugerindo o comprometimento do órgão ali localizado. 
 Ponto de MacBurney (apendicite): na linha espinho-umbilical direita, aproximadamente a 5 cm da espinha 
ilíaca antero-superior 
o Outros pontos apendiculares subjacentes: ponto de Morris, Lanz, Clado 
 Ponto pancreático de Desjardins; 
 Ponto cístico (vesícula biliar) – colecistite; 
 Ponto epigástrico; 
 Pontos reno-ureterais - lombar costovertebral e lombar costomuscular (afecções renais e uretéricas como 
nefrite, pielonefrite aguda, tuberculose renal. 
 
 
FÍGADO: 
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Palpação simples: mão espalmada, colocada superficialmente sobre o abdômen, próxima ao rebordo costal e mais 
ou menos paralela a esse rebordo. 
 A borda inferior deve ser explorada lateralmente à borda do músculo reto anterior direito. 
Progressivamente, a mão é deslocada para cima, em busca da borda hepática, procurando identificar o lobo 
direito da víscera,
penetrando sob o rebordo costal. 
 Deve-se solicitar ao paciente para intensificar os movimentos respiratórios durante o exame (fígado desloca 
1 a 3 cm na inspiração profunda). 
 Em seguida, a mão avança para o epigástrio, para alcançar o lobo esquerdo, esse identificável em condições 
normais e nas hepatomegalias. 
Método Lemos Torres: é realizado com o doente em decúbito dorsal, com completo relaxamento muscular. O 
examinador deve estar à direita do paciente. Mão esquerda no ângulo lombocostal (polegar anteriormente e demais 
dedos, posteriores – forma um encaixe) para elevar o bordo inferior do fígado. Mão direita espalmada sobre o abdome, 
inicial ao nível da EIAS. A cada inspiração, a mão direita ascende em direção ao fígado palpando o abdome com o 
bordo radial das falanges dos dedos indicador e médio, exercendo concomitantemente pressão de baixo para cima e 
de trás para diante. 
Manobra de Mathieu: estando o paciente em decúbito dorsal, palpa-se o fígado com as mãos justapostas, em garra, 
procurando sentir o bordo hepático durante os movimentos inspiratórios profundos 9maos em garra uma ao lado da 
outra, inicialmente na fossa ilíaca deireita, ascendendo na inspiração para palpar o fígado). O examinador deve 
explorar a superfície hepática com a polpa dos dedos, realizando pequenos movimentos rotatórios durante a descida 
do órgão na fase de inspiração. 
Manobra de Saccadée ou do rechaço (em caso de ascite volumosa): com as polpas digitais apoiadas sobre a parede 
abdominal, no hipocôndrio direito e no epigástrio, executa-se ligeiros impulsos de depressão, que afastam a camada 
líquida, permitindo sentir o órgão, que se projeta de encontro à mão. 
OBSERVAÇÃO: 
As conclusões da palpação são referidas às linhas hemiclavicular e medioesternal. Por exemplo: lobo direito palpável 
a 2 cm, lobo esquerdo a 8 cm do apêndice xifoide. Completa-se a informação com as características do bordo (agudo, 
rombo), da superfície (lisa, granulosa e bosselada), da consistência (normal ou endurecida), da sensibilidade (indolor 
ou doloroso) 
Percussão do fígado: 
 Lobo esquerdo: A percussão sobre o epigástrio se faz de baixo para cima, na linha alba, com toques levíssimos, 
sendo necessário aproximar o ouvido, reconhecendo-se o fígado pela transição entre o som timpânico do 
estômago e o som submaciço do lobo esquerdo hepático, ao recobrir a víscera oca. 
 Lobo direito: de cima para baixo, sobre a linha hemiclavicular ou axilar anterior, com toques vigorosos: ao som 
claro pulmonar, sucede-se o som submaciço correspondente à zona do pulmão superposto ao fígado, através 
do diafragma e, finalmente, o som maciço do fígado. 
 A borda superior do fígado correspondente à transição do som claro para o som submaciço, e está sediada 
geralmente ao nível da sexta costela, numa inspiração normal. 
Patológico: 
 Hipersonoridade hepática devido ao abaixamento do diafragma, como acontece no enfisema pulmonar 
acentuado, ou por timpanismo, como ocorre no pneumoperitônio, pneumotórax e nos casos onde exista 
meteorismo abdominal exagerado. 
Ascite 
 Inspeção: hipotonia - líquido se localizará nos flancos, quando o doente estiver em decúbito dorsal (abdômen 
batráquio), e, no hipogástrio, quando ele estiver de pé (abdômen pendular). Quando a tonicidade muscular 
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estiver conservada, o abdômen se apresentará globoso e proeminente, qualquer que seja a posição do doente. 
A cicatriz umbilical, de retraída que é, poderá tornar-se aplanada, proeminente ou até com aspecto de hérnia. 
 Palpação: decúbito dorsal, o examinador coloca uma das mãos espalmada no seu flanco e, com o dedo médio 
da outra, aplica-lhe pequenos choques (piparotes) no flanco oposto, provocando assim vibrações da massa 
líquida, que serão transmitidas à mão que palpa. Essa manobra é denominada “sinal do piparote”. 
 Percussão estando o paciente em decúbito dorsal, o líquido se depositará nos flancos e, à percussão, haverá 
submacicez ou macicez nas referidas regiões. Verificar se a submacicez ou macicez desaparece com o decúbito 
lateral oposto ao flanco que está sendo percutido. Por outro lado, se a percussão do flanco com o doente em 
decúbito dorsal não revelar macicez, deve-se virar o paciente para o decúbito lateral do lado do flanco que 
está sendo percutido. Caso haja pequena quantidade de líquido aparecerá então, submacicez ou macicez. As 
manobras acima descritas constituem a chamada pesquisa da macicez móvel 
o Útil para diagnóstico diferencial com outras causas de submacicez ou de macicez nos flancos (cólon 
cheio de fezes, tumores sólidos da região), porque, nessas eventualidades, não haverá alteração do 
som de percussão com as mudanças de decúbito 
OBS: paciente em decúbito dorsal  ascite volumosa  líquido se juntará nos flancos, fossas ilíacas, como também 
e parte mediana do abdômen (região umbilical e epigástrio), local onde ficarão sobrenadando as alças intestinais. 
Nessa região, a percussão revelará som timpânico devido ao ar contido nas alças, em contraste com a macicez dos 
flancos e hipogástrio, devida à presença do líquido 
 
VESÍCULA BILIAR: 
 Formação arredondada, de superfície lisa e consistência elástica, eventualmente com pequena mobilidade 
látero-lateral, que se destaca da borda inferior do fígado, no ponto em que a margem inferior do fígado cruza 
a borda externa do músculo reto, anterior, direito, do abdômen. 
 OBSTRUÇÃO DO DUCTO CÍSTICO: 
o Sem icterícia. 
o Causa: cálculos, processo inflamatório, que a excluem da árvore biliar  se distende devido ao 
acúmulo de sua própria secreção e constitui o que é denominado de vesícula hidrópica. 
 OBSTRUÇÃO DO DUCTO COLÉDOCO: 
o Com icterícia 
o Distensão da vesícula biliar 
o Causa: tumores do pâncreas ou das próprias vias biliares, pois a vesícula não calculosa apresenta 
elasticidade conservada 
 A obstrução por cálculos, em geral, não causa dilatação da vesícula, porque o paciente já apresenta uma 
vesícula doente (colecistite crônica, calculosa) e já fibrosada ou esclerosada. 
 A vesícula biliar nessas condições pode ser palpada pelo método de Mathieu, semelhante ao descrito para a 
palpação do fígado. 
 Sinal de Murphy (colecistite, colelitíase): inspiração profunda acompanhada de compressão dolorosa do 
ponto cístico – no hipocôndrio direito, fazendo com que a vesícula desça e, caso inflamada, provoque dor 
aguda, levando o paciente a sustar a respiração. 
o Semiotécnica da manobra de Murphy: mão colocada sob o rebordo costal direito, paralela e contígua 
à borda externa do reto anterior. As extremidades dos dedos deprimem com energia a parede 
abdominal, orientando a pressão para cima, em direção á sede da vesícula. Solicita-se ao paciente que 
faça uma inspiração profunda, durante a qual a vesícula descerá impelida pelo diafragma: se estiver 
inflamada, a pressão exercida provocará dor aguda, levando o paciente a sustar a respiração. 
Conforme o resultado, conclui-se: sinal de Murphy positivo ou negativo 
 
 Sinal de Courvoisier-Terrier: vesícula palpável e indolor (pode estar visível) indica neoplasia periampular, 
sendo mais frequente a de cabeça de pâncreas. Esse sinal é caracterizado pela presença de vesícula palpável, 
de consistência cística, na vigência de icterícia. 
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BAÇO: 
 Normal – não palpável 
 Moderadamente aumentado – palpado durante a inspiração 
 Palpável somente se tiver o dobro de seu tamanho normal 
 O aumento do baço costuma determinar submacicez ou macicez em áreas entre a linha axilar anterior e a 
posterior, entre o nono e o décimo-primeiro intercostos esquerdos, área que não é o espaço de Traube. 
 
movimento de decúbito (quando é assumido o decúbito lateral, direito ou a posição de Schuster intermediária) e o 
movimento de descida durante a inspiração (sobe durante a expiração): 
 Manobra de Shuster (esplenomegalia): decúbito lateral direito intermediário,
com perna esquerda fletida ao 
nível da articulação coxo-femural e do joelho. 
 Mathieu-Cardarelli: posicionando-se à esquerda do paciente, a mão direita em garra procura sentir o polo 
inferior, esplênico, abaixo ou junto ao rebordo costal, esquerdo. 
*TAMANHO: distância que vai do rebordo costal esquerdo ao ponto extremo de palpação do órgão, na linha 
hemiclavicular, esquerda. 
*CONSISTÊNCIA: Infecções agudas conferem ao baço consistência mole, com bordos rombos; as esplenomegalias 
crônicas costumam ser duras e ter bordos cortantes. 
*DOR: processo inflamatório atingir sua cápsula ou na vigência de infarto esplênico. 
*Esplenomegalia, a área de percussão será maciça ou submaciça, o que em geral não ocorre no outro caso 
RINS: 
 Normalmente impalpáveis; quando palpáveis, na maioria dos casos, são imóveis, sendo mais comum a 
percepção apenas do rim direito (tumor, hidronefrose, nefroesclerose diabética). 
 Método de Devoto: é realizado com o doente em decúbito dorsal. O examinador deverá estar junto do 
paciente, do lado do órgão que pretende palpar. Colocando a mão oposta ao rim a ser examinado no ângulo 
lombocostal, exerce pressão de trás para diante. A outra mão espalmada sobre o abdômen abaixo do rebordo 
costal procura sentir e pinçar o polo inferior do órgão na sua descida inspiratória. 
 Método Israel: o paciente deve estar em decúbito lateral oposto ao lado do rim que vai ser palpado. A coxa 
correspondente ao órgão que vai ser examinado deverá ficar fletida sobre a bacia e o outro membro deverá 
ficar em extensão. O examinador deverá estar do lado do dorso do paciente, colocar uma das mãos no ângulo 
lombocostal fazendo pressão de trás para diante. Com outra mão espalmada sobre o abdômen, logo abaixo 
do rebordo costal, procura pinçar o rim na sua descida inspiratória. 
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Os rins são indolores, duros, de consistência parenquimatosa e de superfície regular. Existem pontos, na região lombar, 
cuja palpação pode despertar dor, na vigência de afecções renais e uretéricas (nefrite, pielonefrites agudas. São dois 
os pontos: o lombar costovertebral (no vértice do ângulo formado pela última costela e a coluna vertebral) e o lombar 
costomuscular (no vértice do ângulo formado pela massa muscular sacrolombar e pela última costela). A pesquisa de 
dor, nesses pontos, é feita mediante sua compressão com um único dedo. 
Punho percussão de Murphy e percussão de Giordano 
Sinal de Giordano (inespecífico, comum em processos renais inflamatórios): percussões leves com o punho fechado 
(punho-percussão de Murphy) ou o bordo cubital da mão (percussão de Giordano) de região lombar dolorosa na área 
de projeção renal A positividade da manobra de Giordano não indica, de forma decisiva, uma afecção renal ou 
pielocalicial. O abalo ou a trepidação produzido pelo golpe feito com a borda cubital da mão, na região lombar, pode 
despertar dor em qualquer órgão ou estrutura subjacente, se estiver com algum processo inflamatório (apendicite, 
hepatite aguda, afecção osteomuscular). 
Pontos dolorosos reno-ureterais  pontos de Valleix. 
 A irritação de determinado nervo pode ser detectada pela dor provocada pela palpação, no ponto de 
emergência desse nervo num orifício ósseo ou ao penetrar num músculo ou numa aponeurose, ou ainda, 
quando se assesta sobre um plano resistente. 
 Pontos dolorosos reno-ureterais posteriores: 
o Ponto lombar costo-vertebral: no ângulo formado pela 12ª costela e a coluna vertebral (12° nervo 
intercostal); 
o Ponto lombar costo-muscular: situado sobre a borda externa da massa muscular sacro-lombar, junto 
à 12ª costela (ramo perfurante posterior do 12º nervo intercostal). 
 Ponto reno-ureteral lateral: 
o Ponto supra-ilíaco: sobre a crista ilíaca, na linha axilar média (ramo perfurante lateral do 12º nervo 
intercostal). 
 Ponto reno-ureterais anteriores: 
o Supra-intra-espinhoso: acima e para dentro da espinha ilíaca ântero-superior (ramo perfurante 
anterior do nervo fêmoro-cutâneo – ramo do 2º nervo lombar); 
o Subcostal: abaixo da reborda costal, para fora da borda externa do reto anterior, junto à 10ª costela 
(ramo perfurante anterior do 10º nervo intercostal); 
o Ponto uretérico superior ou paraumbilical: na linha transverso-umbilical, na borda externa do reto 
anterior; 
o Ponto uretérico médio: na linha bis-ilíaca, sobre a vertical traçada da espinha do púbis. 
Esses dois pontos não são pontos de Valleix, constituem pontos viscerais, sobre o trajeto do ureter: a pressão deve 
atingir o plano profundo; 
 Ponto uretérico inferior, também visceral, corresponde à desembocadura do ureter na bexiga. A sua 
exploração requereria o toque retal e vaginal; 
 Ponto inguinal: sobre o orifício externo do canal inguinal 
 
PERCUSSÃO 
Sons obtidos: 
 Timpânico: conteúdo gasoso no interior do tubo digestivo - é o som que é apresentado pelo abdômen normal 
em, praticamente, toda sua extensão. É peculiar ao estômago e intestino, com nuanças relacionadas ao 
tamanho e distensão do órgão, conteúdo em sólidos, líquidos e gases; 
o Pesquisar som do espaço de Traube (está alterado na esplenomegalia). 
Gabriela Helena Stahlhofer 
 
 Submaciço: uma menor quantidade de gases ou a presença de um órgão maciço nas proximidades pode 
produzir um som submaciço; 
 Maciço (fígado): percussão sobre uma área sólida. 
o Sinal de Joubert (pneumoperitônio): aparecimento de timpanismo em área de macicez hepática e 
indica perfuração em víscera oca em peritônio livre. 
 Hipertimpanismo (meteorismo, obstrução intestinal, pneumoperitônio, volvo e megacólon chagásico): 
timpanismo de timbre mais sonoro, quando o conteúdo aéreo do tubo gastroentérico apresenta-se 
aumentado; 
 
 
 
 
Espaço de Traube

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