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TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS

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TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS
1)INTRODUÇÃO 
-São transtornos mentais que tem em comum a 
etiologia de doença, lesão cerebral ou outro 
comprometimento que leva à disfunção cerebral das 
funções cognitivas (memória, linguagem, atenção), 
por vezes, precedido de deterioração do controle 
emocional, do comportamento social ou da 
motivação. 
-A disfunção pode ser primária, em ação direta sobre 
o SN, ou secundária. As principais são: delirium e 
demência. 
2)DELIRIUM 
-É uma síndrome clínica caracterizada por início 
abrupto de sintomas acompanhando por flutuação ao 
longo do dia, tendendo a piorar à noite. É um estado 
confusional agudo, caracterizado por: 
• Rebaixamento súbito do nível de consciência 
• Comprometimento da atenção 
• Distúrbios da percepção (distorções, ilusões e 
alucinações) 
• Distúrbios da capacidade de compreensão e 
de abstração 
• Delírios pouco estruturados e fugazes 
• Déficit de memória de fixação e relativa 
preservação da memória remota 
• Desorientação (mais comum no tempo) 
• Aumento ou redução da atividade 
psicomotora 
• Alteração do ciclo sono-vigília 
• Transtornos emocionais (depressão, 
ansiedade, medo, irritabilidade, euforia, 
apatia, perplexidade) 
-Desaparece quando a causa é identificada e tratada. 
É frequente, principalmente entre pacientes 
internados. 
-Fatores de risco: idade avançada e lesão cerebral 
preexistente (dêmencia, tumor, doença 
cerebrovascular). O principal neurotransmissor 
envolvido é acetilcolina e a principal área 
neuroanatômica é a formação reticular. 
-Causas mais comuns: 
• Extracranianas: infecções sistêmicas, 
transtornos metabólicos, hipóxia, hipercapnia, 
hipoglicemia, desequilíbrio eletrolítico, 
doença hepática ou renal, deficiência de 
tiamina, estado pós-operatório ou trauma. 
• Cranianas: meningite, encefalite, 
encefalopatia hipertensiva, estados 
convulsivos, sequelas de traumatismo 
craniano, lesões focais do lobo parietal etc. 
• Abstinência de substâncias: álcool (delirium 
tremens), anfetaminas, sedativos, hipnóticos 
e ansiolíticos. 
• Medicamentos (amitriptilina, clorpromazina e 
anticolinérgicos em geral) e toxinas. 
 
-Diagnóstico: ao suspeitar, deve tentar encontrar a 
causa-base, que é o foco principal do manejo. Para 
isso, fazemos: 
1. Exame físico completo 
2. Revisão de prontuário: procurando mudanças de 
comportamento, novas drogas, resultado de 
exames) 
3. Exames laboratoriais e de imagem adequados 
A. Hemograma completo com diferencial de 
leucócitos 
B. Eletrólitos, índices renais e hepáticos, glicemia 
C. Testes sorológicos para sífilis, HIV 
D. Teste de função da tireoide 
E. Analise de urina 
F. ECG e EEC 
G. Radiografia torácica 
H. Triagem de drogas 
I. Cultura de sangue, urina e líquor 
J. Concentração de ácido fólico e B12 
K. TC ou RM do cérebro 
L. Punção lombar 
-Tratamento: trata a condição causadora, se 
necessário em delirium hiperativo, deve-se sedar com 
neuroléptico de alta potência e baixa interferência em 
parâmetros vitais, como o haloperidol, 5mg IM, a cada 
30 minutos, até obter sedação (máximo entre 45-
100mg, em 24h) ou ainda um neuroléptico atípico, 
como risperidona, 1-2 mg VO ou ziprasidona, 40mg 
VO. Faz a redução progressiva à medida que os 
sintomas remitem. 
*dose de manutenção em idosos é menor: 1mg VO, a 
cada 12h. 
-BZD apenas em abstinência alcoólica ou agitação 
extrema, usar de curta duração de preferência. 
-Além disso, não privar sensorialmente, manter um 
acompanhante próximo, orientar o paciente. 
3)DEMÊNCIA 
-É uma síndrome progressiva que apresenta múltiplos 
comprometimentos da função cognitiva. Três 
características principais: 
1. Esquecimento ou problemas com a memória 
2. Problemas comportamentais (agitação, 
insônia, choro fácil, comportamentos 
inadequados) 
3. Perda das habilidades adquiridas durante a 
vida (dirigir, vestir a roupa, gerenciar a vida 
financeira, cozinhar e etc.) 
-Deve ter alteração em pelo menos 2 domínios 
cognitivos – memória/aprendizagem, linguagem, 
atenção, agnosias (se perder em ruas conhecidas), 
funções executivas e cognição social. 
-Fatores de risco: baixa escolaridade, menor nível 
socioeconômico, uso abusivo de subst. psicoativas, 
doenças como aterosclerose, DM e neoplasias que 
proporcionam eventos vasculares patogênicos, 
doenças infecciosas e progressivas (HIV e sífilis) e etc. 
-Tem várias causas, 15% delas reversíveis, mas a mais 
comum é a doença de Alzheimer (50% dos casos) 
seguida da demência vascular (15% dos casos). 
Outros: drogas, toxinas, tumores cerebrais, 
traumatismo craniano, hidrocefalia, transtornos 
neurodegenerativos (Parkinson, Huntington, Pick), 
infecções, transtornos nutricionais e metabólicos. 
-O curso é mais lento e insidioso e não há 
rebaixamento do nível de consciência. Pode coexistir 
com delirium. 
-Diagnóstico e estabelecimento da etiologia advém de 
exames laboratoriais, os mesmos do delirium. É idade-
dependente e o risco aumenta em familiares. 
 Doença de Alzheimer 
-Diagnosticada depois de excluídas as demais causas 
de demência, já que seu diagnostico definitivo é 
apenas o exame anatomopatológico do cérebro. É 
uma doença neurodegenerativa progressiva. 
-Quadro de início insidioso, sendo os déficits de 
memória os primeiros sintomas. A doença progride 
em fases: 
1. Fase inicial: distração, dificuldade de lembrar 
nomes, palavras e números e para aprender 
coisas novas; desorientação em ambiente 
familiar; redução das atividades sociais. 
2. Fase intermediária: perda marcante da 
memória e das funções cognitivas; 
deterioração das habilidades verbais; 
alterações do comportamento; delírios e 
alucinações; incapacidade de convívio social; 
fugas ou perambulação pela casa; início da 
perda do controle esfincteriano. 
3. Fase avançada: tendência de a fala 
desaparecer, continuam delírios e 
alucinações, transtornos de comportamento; 
perda do controle da bexiga e dos intestinos; 
tendência a ficar acamado e dificuldade para 
engolir alimentos, necessitando de sonda para 
alimentação. 
-Pode ser: 
 Alzheimer familiar (15-20%) – início precoce, 
antes dos 65 anos, relacionado a herança 
autossômica dominante com penetrância 
idade-dependente. 
 Alzheimer esporádica (80-85%) – aparece em 
idades mais avançadas, há um padrão de alta 
frequência e baixa penetrância. 
-Ocorre atrofia cerebral progressivamente, formando 
placas senis (formadas por acúmulo extracelular de 
proteína B-amiloide) ou neuríticas e emaranhados 
neurofibrilares. 
-O diagnóstico é clínico, pode-se aplicar testes de 
cognição e pedir RM que evidencie atrofia 
hipocampal. 
TESTES DE COGNIÇÃO: 
• MEEM (mini exame do estado mental): avalia 
orientação espacial, temporal, memória 
imediata e de evocação, cálculo, linguagem-
nomeação, repetição, compreensão, escrita e 
cópia de desenho ofertando pontuações para 
cada quesito. 
 
 
• Relógio: testa função executiva, habilidade 
visoespacial. 
-Testes auxiliares: 
• LCR: B-amiloides e TAU-P 
-A doença de Alzheimer pode estabilizar-se com: 
 Inibidor de colinesterase/anticolinesterásicos 
(rivastigmina, donepezila e galantamina, 
tacrina-em desuso): aumenta a 
disponibilidade sináptica de acetilcolina. 
DON= meia-vida de 70h, tomada única de 5-
10mg, preservação da função em até 1 ano. 
 Rivastigmina: sintomas colinérgicos (náusea, 
vômitos e diarreia), anorexia e perda de peso. 
 Donepezil: sintomas colinérgicos 
 Memantina: antagonista parcial do receptor 
NMDA. Duas tomadas de 20mg. Indicado para 
DA de moderado a grave. EA: diarreia, 
vertigem, cefaleia, insônia, inquietação e 
cansaço. 
-Tto não medicamentoso: diminuir sonecas diurnas, 
orientar para não dirigir, promover segurança, auto-
estima, auto-realização; readaptação de funções 
orgânicas; estética. 
-Como melhorar a comunicação com DA: falar em tom 
de voz calmo; usar frases curtas e concisas; criar 
rotina diária constante; ser tolerante com perguntas e 
comportamentos repetitivos; redirecionar a conversa 
e não se confrontarcom o paciente; participar de 
atividades prazerosas para o paciente; 
Obs.: perda de proteção estrogênica contribui p/ 
desenv. de Alzheimer em mulheres. 
 Demência Vascular 
-Causada por enfermidades de origem vascular, 
derrame ou trombose, além da obstrução de 
pequenas aa. cerebrais, ou por cardiorrespiratórias 
(PCR ou outra causa de falta de O2 no cérebro). 
Suspeita-se dessa etiologia em quadro abrupto, 
alterações no exame neurológico e histórico de 
doença cardiovascular. Evolução em degraus, há 
períodos de piora progressiva a cada nova crise de 
insuficiência vascular cerebral, seguidos por 
estabilização das alterações cognitivas. 
-Na demência vascular, controla a doença de base 
para prevenir novos infartos. 
-Tratamento das demências: por causa reversível, 
devem ser tratadas o mais rápido possível; nas 
degenerativas, devem-se manejar os transtornos de 
comportamento com antipsicóticos em doses baixas 
(haldol/risperidona). 
-Diagnóstico diferencial: depressão. 
*Escala de Hachinski 
 
Se for entre 4 e 6 sugere demência mista. 
 
 Demência Frontotemporal (DFT) 
-Há uma atrofia cerebral assimétrica 
predominantemente na região frontotemporal que 
caracteriza um quadro clínico peculiar – afeta 
personalidade e comportamento, memoria não 
costuma ser afetada. Características principais: 
 Declínio da higiene pessoal 
 Rigidez e inflexibilidade mental 
 Distração e impersistência 
 Hiperoralidade 
 Comportamentos perseverativos 
 Prejuízo na fala e linguagem (importante) 
Deve apresentar pelo menos 5: 
 Falta de autocrítica. 
 Desinibição. 
 Inquietação motora. 
 Distratibilidade. 
 Diminuição da empatia e do interesse. 
 Falta de perspectiva. 
 Apatia ou falta de iniciativa. 
 Descuido do aspecto social. 
 Redução da produção espontânea da 
linguagem. 
 Bulimia. 
 Hiperatividade sexual. 
-Tratamento com ISRS, trazodona e antipsicóticos. 
-Um exemplo é a doença de Pick. Tem início insidioso 
e progressão lenta. É a causa mais comum de 
demência nos jovens. 
 Doença de Huntington 
-Presença de movimentos coreoatetoides 
(involuntários e irregulares), caracteriza-se pela 
associação de demência, coreia e antecedente 
familiar positivo. Tem inicio com alterações de humor, 
personalidade ou sintomas psicóticos. Outras 
alterações neurológicas podem estar presentes: 
ataxia, rigidez piramidal e convulsões. 
 Doença de Parkinson 
-Além das disfunções cognitivas, tem a síndrome 
parkinsoniana – bradicinesia (lentidão anormal dos 
mov. voluntários), tremor de repouso, rigidez 
muscular e perda do reflexo postural. 
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 
-Para o diagnóstico e a distinção entre delirium e 
demência, devemos observar o quadro clínico, a 
evolução e a reversibilidade da patologia. O delirium é 
agudo e ocorre em pacientes sem antecedentes de 
alterações de memória. É um quadro flutuante, de 
curta duração, que melhora quando a causa de base é 
identificada e tratada (reversível). Ocorre prejuízo da 
atenção, déficit de memória recente e são comuns 
delírios e alucinações. A demência é um quadro 
insidioso e progressivo, geralmente irreversível. A 
consciência se preserva, e delírios e alucinações são 
comuns apenas na progressão da patologia.

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