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Livro Economia no setor publico

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Indaial – 2020
Economia do SEtor 
Público
Prof. Leandro Tiago Sperotto
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Leandro Tiago Sperotto
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SP749e
 Sperotto, Leandro Tiago
 Economia do setor público. / Leandro Tiago Sperotto. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 167 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-046-5
1. Finanças públicas. - Brasil. 2. Economia. – Brasil. II. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 336
III
aPrESEntação
A Economia do Setor Público é um tema muito interessante e pouco 
estudado no Brasil. Talvez por ser um pouco complexa, talvez por gerar muitas 
discussões, envolvendo partidos políticos e suas ideologias polarizadas ou, 
até mesmo, porque não se dá a devida importância para esse assunto.
Vamos dissertar neste livro sobre diversas questões, muitas delas 
polêmicas. Por isso, é preciso lembrar que se trata de um livro didático 
desenvolvido para pessoas de todo o país, e é preciso ter uma visão neutra ao 
ler o assunto, pois o posicionamento político-ideológico poderá atrapalhar 
o aprendizado de conhecimentos muito importantes para a vida de cada 
um. Então, independentemente de seu posicionamento, procure aproveitar 
os conhecimentos de forma acadêmica, respeitando a História, os dados 
estatísticos e a pesquisa científica aprofundada feita especialmente para este 
fim.
Esta obra será dividida em partes distintas. Primeiramente será 
apresentada a economia do setor público, no tocante ao seu conhecimento 
científico, com os conceitos sobre o que são políticas públicas e os agentes 
de desenvolvimento da gestão pública (primeiro setor, segundo setor e 
terceiro setor). Também serão definidos termos a serem homogeneizados 
entre todos para uma corrente leitura, tais como: ditadura, regime militar, 
regime democrático e Estado de direito institucionalizado (este Estado com 
E maiúsculo para diferenciar das unidades da federação, que também são 
conhecidas como estados brasileiros).
Cada unidade está estruturada de forma sistêmica, fazendo com que 
o leitor vá construindo em sua mente as interligações e, principalmente, a 
evolução nas políticas públicas, independentemente dos governantes que 
estiveram no poder.
Sem dúvida, será um tempo muito bom de aprendizado, sobre um 
tema muito interessante.
Boa leitura e bons estudos!
Leandro Tiago Sperotto
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE 
DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................1
TÓPICO 1 – TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA ..................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS SETORES EM QUE SE DESENVOLVEM ............................3
2.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS ..............................................................................................................5
2.1.1 Distinção entre Ditadura, Regime Militar e Democracia ....................................................7
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................10
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................11
TÓPICO 2 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR ..................13
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................13
2 POLÍTICAS PÚBLICAS NA REPÚBLICA VELHA .......................................................................13
3 A ERA VARGAS E A SUSPENSÃO DA DEMOCRACIA ............................................................15
4 A VOLTA DA DEMOCRACIA COM DUTRA ...............................................................................18
5 A VOLTA DE VARGAS ......................................................................................................................19
6 O PLANO DE METAS DE JK .............................................................................................................21
7 OS GOVERNOS JÂNIO QUADROS E JOÃO GOULART ..........................................................23
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................26
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................27
TÓPICO 3 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO REGIME MILITAR ...................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 PROGRAMA DE AÇÃO ECONÔMICA – GOVERNO CASTELO BRANCO (1964-1967) ...30
3 PROGRAMA ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO – GOVERNO COSTA E SILVA 
(1967-1969) ..............................................................................................................................................31
4 PROGRAMA DE METAS E BASES PARA A AÇÃO DO GOVERNO – GOVERNO MÉDICI 
(1970-1973) ..............................................................................................................................................34
5 I PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (I PND) – GOVERNO MÉDICI (1972-
1974) .........................................................................................................................................................35
6 II PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO – (II PND) GOVERNO GEISEL (1974-
1979) .........................................................................................................................................................367 III PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO – (III PND) GOVERNO FIGUEIREDO 
(1979-1985) ..............................................................................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................39
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................40
TÓPICO 4 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA NOVA REPÚBLICA ..................43
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................43
2 NOVA REPÚBLICA E NOVA CONSTITUIÇÃO – GOVERNO SARNEY (1985-1990) ..........43
2.1 PLANO DE AÇÃO GOVERNAMENTAL – JOSÉ SARNEY (1987-1991) ................................44
3 PLANEJAMENTO PLURIANUAL (PPA) – FERNANDO COLLOR DE MELO (1991-1995) ..45
Sumário
VIII
4 PLANO REAL: ESTABILIDADE E CRESCIMENTO – GOVERNO ITAMAR FRANCO 
(1992-1995) ..............................................................................................................................................45
5 O PPA – BRASIL EM AÇÃO – PRIMEIRO GOVERNO FHC (1996-1999).................................46
6 PROGRAMA AVANÇA BRASIL – SEGUNDO GOVERNO FHC (1998-2002) ........................48
7 UM BRASIL PARA TODOS – GOVERNO LULA (2003-2007) ....................................................50
8 PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO – GOVERNO LULA (2007-2011) ...51
9 OUTROS PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO ..................................................................55
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................56
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................59
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................60
UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO ECONÔMICO NO SETOR PÚBLICO ..................................61
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PLANEJAMENTO ...............63
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................63
2 ESTADO MÍNIMO OU MÁXIMO E OS SISTEMAS ECONÔMICOS .....................................63
2.1 SISTEMAS ECONÔMICOS ............................................................................................................64
2.1.1 Socialismo ................................................................................................................................64
2.1.2 Capitalismo ..............................................................................................................................66
2.2 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA .............................70
3 A DUALIDADE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ..........................71
3.1 CRESCIMENTO ECONÔMICO ....................................................................................................71
3.2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.........................................................................................73
3.2.1 O IDH – Índice de Desenvolvimento Econômico ..............................................................74
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................78
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79
TÓPICO 2 – POLÍTICAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO PÚBLICA .....................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 POLÍTICAS MACROECONÔMICAS .............................................................................................81
2.1 POLÍTICA FISCAL ..........................................................................................................................82
2.2 POLÍTICA MONETÁRIA ...............................................................................................................84
2.3 POLÍTICA CAMBIAL .....................................................................................................................85
3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO PÚBLICA ....................................................................................87
3.1 PPA – PLANO PLURIANUAL ......................................................................................................88
3.2 LDO – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ......................................................................88
3.3 LOA – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL.......................................................................................89
3.4 PLANO DIRETOR ...........................................................................................................................89
3.5 LRF – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ............................................................................90
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................94
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................95
TÓPICO 3 – A BUROCRACIA NA GESTÃO PÚBLICA .................................................................97
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97
2 A TEORIA DA BUROCRACIA DE MAX WEBER .........................................................................97
3 A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .......................................................................................101
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................110
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111
IX
UNIDADE 3 – REFORMA DO ESTADO, TRIBUTÁRIA E A BUSCA PELA EFICIÊNCIA .....113
TÓPICO 1 – O ORÇAMENTO PÚBLICO E SUA APLICABILIDADE .......................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 REFORMA DO ESTADO E REFORMA TRIBUTÁRIA ..............................................................116
2.1 REFORMA DO ESTADO ..............................................................................................................116
2.2 REFORMA TRIBUTÁRIA ............................................................................................................125
2.2.1 Reforma tributária e o cenário mundial ............................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................132
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................133
TÓPICO 2 – FINANÇAS PÚBLICAS .................................................................................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135
2 AS FINANÇAS PÚBLICAS: DÉFICIT E SUPERÁVIT ................................................................1352.1 DÉFICIT PÚBLICO ........................................................................................................................136
2.2 SUPERÁVIT PÚBLICO .................................................................................................................136
2.3 DÍVIDA PÚBLICA .........................................................................................................................137
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
TÓPICO 3 – GESTÃO EFICIENTE NA ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO ..........................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 REFORMA DO ESTADO NA QUESTÃO DAS COMPETÊNCIAS DOS INDÍVÍDUOS......144
3 A REFORMA DO ESTADO E O PLANEJAMENTO SISTÊMICO ...........................................150
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................156
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................159
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................163
X
1
UNIDADE 1
HISTÓRIA DAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE 
DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• discernir entre os conceitos de ditadura, regime militar e democracia;
• entender que as políticas públicas evoluem com o passar dos tempos, in-
dependentemente dos governantes que estiverem no poder;
• perceber quando as políticas públicas são executadas pelo primeiro, se-
gundo ou terceiro setor;
• conseguir ter uma visão acadêmica das políticas públicas, sem depender 
de pré-ideologias políticas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E 
DEMOCRACIA
TÓPICO 2 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME 
MILITAR
TÓPICO 3 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO REGIME 
MILITAR
TÓPICO 4 – EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA NOVA 
REPÚBLICA
Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em 
frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E 
DEMOCRACIA
1 INTRODUÇÃO
Falar sobre Políticas Públicas em um país relativamente novo como o Brasil 
(em 2020 completou 520 anos de descobrimento e 198 anos de independência) 
é muito interessante, pois nesse pequeno intervalo de tempo já tivemos muitas 
formas de governo, sendo que dificilmente temos uma continuidade nas Políticas 
Públicas por mais de cinco anos. 
Dessa forma, a cada novo governante, as ideias mudam, os objetivos e 
conchavos obrigam a economia do país a tomar caminhos diversos e a economia 
do setor público fica cada vez mais difícil de estudar pela metodologia de análise 
horizontal, ou seja, observando a evolução de tempos em tempos.
Por isso, observaremos as Políticas Públicas e as características delas em 
relação aos governos, a conjuntura nacional e internacional e a ideologia política 
dos governantes. Dessa forma, após concluir esta disciplina, você estará apto a 
discernir sobre as Políticas Públicas e como elas são delineadas de acordo com as 
variáveis conjunturais.
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS SETORES EM QUE SE 
DESENVOLVEM
Geralmente, ouve-se que Políticas Públicas são políticas criadas e 
desenvolvidas pelo Estado, mas não é bem assim! Apresentaremos neste texto, 
de forma rápida, alguns conceitos necessários para o melhor entendimento dessa 
questão, de acordo com Sperotto (2010).
Não existe um conceito único para o que é Política Pública, mas, em geral, os 
autores têm se dividido de acordo com sua ideologia política: há os que acreditam 
que só o Estado é capaz de criar Políticas Públicas e que outras instituições apenas 
executam, como, por exemplo, Souza (2006), que determina que Política Pública é 
um instrumento ou conjunto de ações do Governo. Também, há os que defendem 
que ela pode ser elaborada e executada por mais entidades da sociedade, como 
Secchi (2012), que determina que Política Pública é uma ação elaborada no sentido 
de enfrentar um problema público, seja de origem estatal ou não. 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
4
Então, mesmo o Estado sendo o principal responsável por implementar 
Políticas Públicas para garantir a efetividade dos direitos da sociedade, é preciso 
considerar que uma política pública pode ser elaborada também por instituições 
privadas, desde que se refiram à “coisa pública”. Por isso as Políticas Públicas 
vão além das políticas governamentais, se considerarmos que o governo não é a 
única instituição a promovê-las. Nesse caso, o que define uma política pública é o 
“problema público” (SPEROTTO, 2010).
Mas para termos um entendimento mais amplo desse conceito, temos que 
perceber uma conjuntura social sobre a questão. Primeiro, as Políticas Públicas 
podem ser vistas como ações desenvolvidas por agentes que tenham interesse no 
público. Estes agentes podem ser:
Primeiro setor 
Estado, seja no sistema de governo, monárquico, imperialista, ditatorial, 
militar ou democrático. É responsável por desenvolver Políticas Públicas que 
atendam à população e cumpram seu papel constitucional. No Brasil, conforme o 
artigo 23 da Constituição Federal, é competência comum da União, dos estados, 
do Distrito Federal e dos municípios, garantir Políticas Públicas que atendam, na 
plenitude, à saúde, segurança e educação. Além disso, cuidar do meio ambiente, 
promover a produção agropecuária e programas de habitação, entre outros 
(SPEROTTO, 2010). 
 
• Saúde – é obrigação constitucional do governo disponibilizar Políticas Públicas 
para a assistência médica, hospitais e remédios. Enfim, cuidar da saúde da 
população.
• Segurança – é obrigação do governo gerar Políticas Públicas como Forças 
Armadas, polícia, bombeiros, entre outros, para garantir a segurança do povo.
• Educação – é obrigação do governo disponibilizar políticas de educação para 
atender ao povo (SPEROTTO, 2010).
Segundo setor
Privado, ou as empresas, que seguem as leis e normas determinadas pelo 
Estado e que desenvolvem Políticas Públicas para atender à sociedade onde o 
Estado deixa “falhas no sistema”. 
• Saúde – como o governo não consegue disponibilizar saúde para todos os 
cidadãos, o setor privado aproveita essa falha no sistema de gestão e oferece 
planos de saúde (pagos), para que as pessoas possam ser atendidas.
• Segurança – como o governo não consegue gerar Políticas Públicas que 
garantam a segurança, as empresas de segurança desenvolvem planos de 
atendimento (pagos) para que as pessoas possam se sentir mais seguras.
• Educação – como o estado não consegue Políticas Públicas suficientes para 
dar educação ao povo, as empresas desenvolvem escolas e universidades 
particulares para atender a essa “falha no sistema” (SPEROTTO, 2010).
TÓPICO 1 | TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA
5
Terceiro setor
Organizações Não Governamentais (ONGs) são grandes geradoras de 
Políticas Públicas, em busca de atender às falhas do governo. Cada vez mais 
estruturadas e profissionalizadas, criam sistemas de atendimento eficientes à 
população. 
• Saúde – a Liga de combate ao câncer é uma ONG que desenvolve PolíticasPúblicas para o atendimento de pessoas com câncer que o governo não 
consegue atender e o setor privado não tem interesse.
• Segurança – o Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma ONG dedicada a 
discutir e analisar temas da segurança pública no Brasil.
• Educação – o Instituto Airton Senna é uma ONG dedicada a desenvolver 
Políticas Públicas para a melhoria da educação (SPEROTTO, 2010).
Há muitos outros exemplos, não só nas três áreas anteriormente citadas, 
em que o segundo e terceiro setor atuam de forma dinâmica na economia do setor 
público, desenvolvendo Políticas Públicas tendo o atendimento às necessidades 
do povo como finalidade.
Ainda há de se observar que, no tocante à participação de cada um dos 
setores, pode-se afirmar que: quando o primeiro setor não consegue cumprir sua 
obrigação e o segundo setor não tem interesse econômico é o terceiro setor que 
busca atender à sociedade. Nesse sentido, vê-se que o segundo e terceiro setor 
cobrem as falhas deixadas pelo primeiro setor.
Políticas Públicas podem ser vistas como ações desenvolvidas por agentes que 
tenham interesse no público, não necessariamente o governo.
ATENCAO
2.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS
Em Geral, os Estados Unidos da América não foram produtores de 
ciências sociais e humanidades, pois era a Europa a grande geradora de conceitos 
e pesquisas sobre o assunto. Porém, no caso das Políticas Públicas, os primeiros 
autores são americanos, como é o caso de Harold Laswell (1936), o primeiro a 
usar a expressão policy analysis (análise de política pública) como forma de unir o 
conhecimento científico com o empírico a respeito dos governos, e também como 
forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais e grupos de governos.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
6
As palavras em inglês para Policy e Police tem significados distintos:
• Policy: Política
• Police: Polícia
NOTA
Havia vários outros contemporâneos de Laswell, porém foi David Easton 
(1965) que deu grande contribuição ao estudo ao definir o conceito de sistema, 
ou seja, uma relação entre formulação, resultados e o ambiente. Para Easton, as 
Políticas Públicas recebem inputs dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse, 
que influenciam seus resultados e efeitos e geram outputs para a sociedade que, 
por sua vez, é a demanda.
Enquanto área de estudo, as Políticas Públicas são discutidas na economia, 
direito, filosofia, sociologia, serviço social, administração, enfermagem etc. 
Enfim, é uma área muito ampla que atende a vários públicos de estudiosos e 
desenvolvedores.
Mais na atualidade, temos outros atores sobre o tema que vale a pena 
registrar: Lawrence Mead (1995) e Thomas Dye (1984). 
Quando se trata de Políticas Públicas, pode-se dizer que não existe uma 
única ou melhor definição sobre o tema. 
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que 
analisa o papel do governo à luz de grandes questões públicas. Já Dye (1984) 
parece ter mais clareza sobre o tema quando afirma que a política pública pode 
ser vista como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”.
Diante disso, podemos criar aqui um conceito: Políticas Públicas são 
vontades de pessoas aplicadas a outras pessoas de forma a atender uma demanda 
social, via primeiro, segundo ou terceiro setor. 
TÓPICO 1 | TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA
7
Programas de governo são Políticas Públicas! Porque como vimos 
anteriormente, “Políticas Públicas são vontades de pessoas aplicadas a outras pessoas de 
forma a atender uma demanda social”.
IMPORTANT
E
2.1.1 Distinção entre Ditadura, Regime Militar e 
Democracia
Antes de continuarmos, é importante que seja feita a distinção, no Estado 
de Direito, entre o que é Ditadura, Regime Militar e Regime Democrático.
Estado de Direito
O Estado de Direito Institucionalizado é uma situação jurídica, que 
regulamenta a vida das pessoas como sociedade. Um país organizado, que 
respeita e cumpre suas leis, é um Estado de Direito. Em outras palavras, o 
Estado de Direito é aquele no qual, desde os mandatários até o povo, todos estão 
submissos à legislação vigente.
“Em sentido filosófico, o Estado de Direito é um Estado no qual não 
‘dominam’ os homens, mas as leis, entendendo por tais as da razão” (LARENZ, 
2001, p. 152).
Neste livro, usaremos a palavra Estado (com “E” maiúsculo) que denota 
a instituição jurídica que representa a nação, enquanto a palavra estado (com “e” 
minúsculo) determinará as unidades administrativas da federação. 
Ditadura
Para existir ditadura, é preciso que exista um ditador que exerça um 
governo autoritário e centralizador e que restrinja os direitos e a liberdade do 
povo em busca de implantar a ideologia que ele acredita como sendo verdade 
(à força, se necessário). Para isso, o ditador implanta Políticas Públicas que o 
beneficiem em detrimento dos desejos do povo. Geralmente (nem sempre), as 
ditaduras no mundo têm ideologia comunista ou socialista.
Exemplos de ditadores: Adolf Hitler, Fidel Castro, Benito Mussolini, Mao 
Tsé-Tung, Saddam Hussein, Nicolas Maduro, entre outros.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
8
Neste vídeo você poderá visualizar como se comporta um ditador e como 
a população age quando é governada por um. Trata-se de um documentário sobre Fidel 
Castro da Natgeo Brasil, disponível em https://youtu.be/0BvPCjP0Sfo.
DICAS
Regime Militar
Trata-se de um regime político imposto (à força, se necessário), pelas 
Forças Armadas de um país, em busca de garantir o nacionalismo e a ordem do 
Estado de Direito. A gestão é feita por um conselho composto por representantes 
das Forças Armadas, que definem as Políticas Públicas e estratégias a serem 
desenvolvidas em busca do bem comum da nação. Sem dúvida, a busca do “bem 
comum” é algo subjetivo, e isso gera conflitos até mesmo em uma sala de aula, 
imagine-se em um país. Observa-se, também, que todo Regime Militar tem como 
estratégia retirar alguns direitos democráticos que possam prejudicar o plano de 
governo, e isso não é bom para as pessoas. 
Um Regime Militar, geralmente, tem em sua estrutura administrativa 
funcionários civis e militares trabalhando conjuntamente para garantir a 
instituição do Estado de Direito Constitucionalizado.
Nesse sentido, por mais que haja inúmeras falácias, tecnicamente o 
Brasil não teve Ditadura na época entre 1964 e 1985, apenas um Regime Militar 
Autocrático. 
Regime Democrático
Basicamente, o Regime Democrático é a forma de gestão pública em que 
todos os cidadãos participam igualmente (através de seus representantes) da 
construção de Políticas Públicas e estratégias de execução para o bem comum. O 
regime democrático é, talvez, a forma mais difícil de se governar um país. Desde a 
antiga Grécia a civilização está em busca de uma forma de alcançar o bem comum 
e, por isso, não medimos esforços para que esse regime tenha êxito.
TÓPICO 1 | TEORIA BÁSICA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DEMOCRACIA
9
Assista ao vídeo da Câmara dos Deputados sobre Democracia, explicando 
sobre os direitos e deveres de cada um dentro de uma sociedade. Inclusive, ele explica a 
importância dos representantes do povo (deputados, presidentes, entre outros), que ajudam 
a manter o governo do povo para o povo. Disponível em https://youtu.be/jBKhYAFWQQk.
DICAS
10
Neste tópico, você aprendeu que:
• As Políticas Públicas podem ser vistas como ações desenvolvidas por agentes 
que tenham interesse no público. Esses agentes podem estar: 
ᵒ no Primeiro Setor; 
ᵒ no Segundo Setor (as empresas); e 
ᵒ no Terceiro Setor, que são as ONGs – Organizações Não Governamentais.
• As Políticas Públicas são desenvolvidas em regimes de governo. Dentre eles, 
pode-se distinguir que: 
ᵒ Ditatura: para existir ditadura é preciso que exista um ditador que exerça 
um governo autoritário e implante uma ideologia política que ele acredita 
como sendo a melhor.
ᵒ Regime Militar: trata-se de um regime político imposto pelosmilitares de um 
país, em busca de garantir o nacionalismo e a ordem do Estado de Direito.
ᵒ Regime Democrático: é a forma de gestão pública em que todos os cidadãos 
participam da construção de Políticas Públicas e estratégias de execução 
para o bem comum.
• O Estado de Direito Institucionalizado é uma situação jurídica que regulamenta 
a vida das pessoas como sociedade. Um país organizado que respeita e cumpre 
suas leis é um Estado de Direito.
RESUMO DO TÓPICO 1
11
1 Quando se estuda Economia do Setor Público, é fundamental que o 
acadêmico entenda em que conjuntura essa ciência se encontra e como é 
a estrutura administrativa organizada para atender à sociedade. Por isso é 
preciso saber a estratégia de ação que pode ser feita. Sendo assim, assinale 
a alternativa CORRETA referente à organização das Políticas Públicas no 
Brasil:
a) ( ) Presidente, Governador e Prefeito.
b) ( ) Prefeito, Vereadores e Assistente Social.
c) ( ) Primeiro Setor, Segundo Setor e Terceiro Setor.
d) ( ) Agente Público, Agente Particular e Presidente de Bairro.
e) ( ) Governo, População e Bancos.
2 A Política Pública como Ciência Social é provida de subjetividades, pois 
não há um conceito específico e unânime sobre o que são Políticas Públicas. 
Por isso foi preciso definir – aqui, nesta unidade – um conceito prévio sobre 
isso. Assim, assinale a alternativa CORRETA que defina, conforme foi 
apresentado, o que são Políticas Públicas:
a) ( ) Políticas Públicas são vontades de pessoas aplicadas a outras pessoas de 
forma a atender uma demanda social, seja via primeiro, segundo ou terceiro 
setor.
b) ( ) Políticas Públicas são somente ações dos governantes que buscam 
melhorar a vida da população.
c) ( ) Políticas Públicas são leis e regulamentos criados pelos vereadores, 
deputados e senadores.
d) ( ) Políticas Públicas são somente a forma pela qual as assistentes sociais dos 
municípios atendem à população.
e) ( ) Políticas Públicas são a forma do povo criar suas próprias regras de 
forma a todos viverem livres democraticamente.
3 O Conceito de Estado (com E maiúsculo), largamente estudado pela ciência 
do Direito, não é de propriedade exclusiva dela, pois, quando se trata 
de Ciências Sociais, todos temos o dever de estudar essa questão. Saber 
diferenciar o que é o Estado enquanto instituição do estado enquanto 
federação é primordial para quem estuda Economia do Setor Público. Dessa 
forma, assinale a alternativa CORRETA, que define o conceito de Estado, 
conforme está apresentado neste material de estudo.
a) ( ) O Estado é onde o governador e seus deputados trabalham no executivo 
para governar para o povo.
b) ( ) O Estado é onde as pessoas podem ser livres para criar suas leis e regras 
para melhorar a qualidade de vida.
AUTOATIVIDADE
12
c) ( ) O Estado é onde o governador é eleito para criar leis e governar para 
saúde, segurança e educação.
d) ( ) O Estado de Direito Institucionalizado é uma situação jurídica, que 
regulamenta a vida das pessoas como sociedade.
e) ( ) O Estado é a forma de separar as pessoas no país de forma que fique 
tudo organizado.
4 O Regime Democrático ou democracia vem do grego antigo dēmokratía 
ou “governo do povo”, e é, no continente americano, a forma preferida 
de governo da população. A democracia traz embarcado o sentimento de 
liberdade. De posse disso, assinale a alternativa CORRETA sobre o conceito 
de democracia apresentado neste material em relação à gestão pública.
a) ( ) O Regime Democrático é a forma de gestão onde os militares e os reis 
governam um país de forma democrática.
b) ( ) O Regime Democrático é a forma como as pessoas buscam resolver seus 
problemas particulares.
c) ( ) O Regime Democrático é a forma de levar a gestão pública para o interior 
do país, não a deixando concentrada nas capitais, para que todos possa 
usufruir.
d) ( ) O Regime Democrático é quando o presidente, deputados, senadores e 
ministros do supremo tribunal federal se aliam para resolver problemas 
individuais das pessoas.
e) ( ) O Regime Democrático é a forma de gestão pública onde os cidadãos 
participam, através de seus representantes, das Políticas Públicas voltadas 
para o bem comum.
13
TÓPICO 2
EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME 
MILITAR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico será tratada a evolução das Políticas Públicas pelo Estado 
(Primeiro Setor), fazendo um levantamento histórico muito breve sobre os 
governos que desenvolveram Políticas Públicas após a Proclamação da República 
e antes do Regime Militar.
A intenção é apresentar a evolução da Democracia e as tentativas dos 
governantes de gerenciar um país com dimensões continentais, sem logística e 
comunicação e, principalmente, com jogos de interesses e vícios, típicos de um 
país latino-americano, de conseguir o que se quer a qualquer preço.
Será feita uma viagem no tempo, passando por inúmeros presidentes e 
suas estratégias de ação, com os sucessos e fracassos de cada um. Sem dúvida, 
será interessante discorrermos sobre este tema que é a origem da nossa política 
de hoje.
2 POLÍTICAS PÚBLICAS NA REPÚBLICA VELHA
Segundo o dicionário Michaelis (1998), Democracia pode ser vista como 
uma forma de governo que resguarda os direitos políticos de forma equitativa 
para todos os cidadãos.
Para se tratar desse item é preciso esclarecer que o Brasil já teve Democracia 
antes de 1964. Porém, esse regime, no Brasil, sempre teve problemas em sua 
execução. 
Em 1889, com a Proclamação da República brasileira, instaurou-se a 
República Federativa Presidencialista, tendo um militar (Marechal Deodoro 
da Fonseca) com presidente. Nesse período iniciou-se a construção de uma 
Constituição com vistas a implantar uma democracia no país. Esse documento 
foi concluído em 1891 e, entre vários capítulos, estava a determinação de estados 
e suas autonomias. Inicia-se a República Velha.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
14
A partir deste ponto, a economia brasileira passou a determinar a 
construção política através de ciclos econômicos (política do café com leite, entre 
outros).
Em 1894 houve a eleição do primeiro presidente civil do país (Prudente de 
Moraes) e, a partir daí, o povo pôde viver um tempo de democracia (mesmo com 
ressalvas) passando pelos seguintes presidentes: 
• Campos Salles (1898-1902).
• Rodrigues Alves (1902-1906).
• Afonso Pena (1906-1909).
• Nilo Peçanha (1909-1910).
• Hermes da Fonseca (1910-1914).
• Venceslau Brás (1914-1918).
• Epitácio Pessoa (1918-1922).
• Arthur Bernardes (1922-1926).
• Washington Luís (1926-1930).
Nesse período, a economia do setor público ficava dependente diretamente 
das oligarquias que determinavam – via presidente – o que era importante para 
o povo. Foram praticamente 30 anos em que, basicamente, se fazia política nos 
eixos: educação, saúde e trabalho.
Na educação, os grupos de elites, tendo seus filhos formados pela escola 
europeia dominante, acreditava que a massa do povo não precisava mesmo 
estudar e que trabalhar era o importante a ser feito. Dessa forma, não havia uma 
discussão contundente sobre educação nas reuniões políticas. De outra parte, a 
Igreja Católica (e mais tarde as Protestantes), desenvolviam projetos educacionais 
de forma tímida, com o intuito de gerar alguma parcela da população com 
estudos. Mas essas escolas cristãs também acreditavam que “estudar era para 
poucos” e, por isso, acabavam ensinando as classes média e alta da sociedade 
(BARBOSA, 2007).
Na saúde, as questões eram um pouco mais preocupantes, principalmente 
nas grandes cidades, com a questão sanitária, pois as doenças contagiosas não 
escolhiam classe social. Por isso, passou a ser um importante marco no “processo 
civilizador” de construção do Estado Nacional Brasileiro, e na mudança da 
relação entre Estado e Sociedade. 
Mesmo questões que gerariam benefícios para a população causavam 
polaridade política e discussões sobre o assunto. Como é o caso da Revoltada 
Vacina, quando o povo se revoltou com o governo por estar obrigando a todos a 
tomarem as vacinas para varíola, febre amarela e outras doenças. Essas vacinas 
fariam bem para a sociedade como um todo, já que protegeriam a população 
de um surto de doenças que poderia ser fatal para grande parte da população 
naquela época, dada a pouca estrutura para tratar epidemias.
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
15
A população com baixo índice de educação não entendia e, por isso, não 
concordava com as Políticas Públicas sugeridas pelos sanitaristas. Por essa razão, 
ficavam doentes em larga escala. O alto índice de mortalidade infantil e mortes 
por doenças hoje consideradas “simples”, naquela época eram questões difíceis 
de serem resolvidas.
Pesquisas médica apontavam que o mal da época era causado pelo atraso 
da miscigenação das etnias e diferença no estilo de vida de cada família. Nesse 
sentido, houve reformas políticas, institucionais e sociais difundidas como a busca 
pelo “Estado de Bem-Estar Social” de forma a homogeneizar os tratamentos.
No trabalho, as Políticas Públicas da República Velha ocorriam em meio à 
luta de classes: de um lado, a classe média urbana; de outro, a classe operária, que 
crescia a cada novo governo e com a expansão da industrialização.
As condições de trabalho eram precárias, pois não havia leis que 
regulamentassem a relação patrão – empregado. As jornadas de trabalho eram 
longas e intermitentes, sem feriados ou descanso semanal, nem mesmo férias ou 
aposentadoria. Homens, mulheres e crianças trabalhavam no mesmo ritmo, em 
ambiente insalubre.
Não há Políticas Públicas a serem relatadas nessa parte de nossa história, 
uma vez que eram desconexas e sem objetivo para o povo e o bem-estar comum.
Era um tempo de incertezas e descontentamento. De um lado, as 
oligarquias descontentes porque o povo estava usando muito o dinheiro público 
e exigindo cada vez mais direitos; de outro, o povo exigindo a expansão das 
Políticas Públicas com vista à melhoria da qualidade de vida. Diante dessa 
insatisfação, o presidente Washington Luís é retirado do poder.
3 A ERA VARGAS E A SUSPENSÃO DA DEMOCRACIA
De acordo com Fonseca (2012), com a tomada do poder feita pela Revolução 
de 1930, foi deposto o presidente eleito democraticamente Washington Luís e 
imposto o senhor Getúlio Vargas. Esse período de suspensão da Democracia foi 
chamado de “Era Vargas” e passou por períodos de evolução.
 
O governo provisório (1930-1934), como o próprio nome diz, deveria ter sido 
um tempo de transição para Vargas organizar uma nova Assembleia Constituinte 
em busca de leis mais “populares” do que as do tempo da Democracia. Porém, 
foram sucessivos os adiamentos dessa Constituição, a fim de sustentá-lo no 
poder. Pior do que isso, ao invés de ele incentivar os deputados a fazerem a nova 
constituinte, acabou, de forma autoritária, dissolvendo o Congresso Nacional.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
16
Após revoltas internas nos estados brasileiros, Vargas cedeu e, em 1934, 
foi promulgada a Constituição de 1934, onde ele foi o “indicador” dos candidatos. 
A nova Constituição foi considerada bastante moderna para a época e trouxe 
novidades, como a confirmação do Código Eleitoral de 1932 e a liberação para o 
voto feminino. Junto da promulgação da nova Constituição, Vargas foi reeleito 
indiretamente para ser presidente brasileiro entre 1934 e 1938. 
É importante ressaltar que esse período foi “trabalhado” por Vargas e seus 
colaboradores como um tempo de “liberdade popular”. As decisões autocráticas de Vargas 
eram tomadas sob pretexto de serem anseios do povo quando, na verdade, se tratava de 
uma espécie de ditadura, enrustida de populismo, com decisões “sustentadas” pelas Forças 
Armadas.
IMPORTANT
E
Uma das ações controversas desta era foi a compra de milhares de sacas 
de café dos seus amigos apoiadores e sua queima, para tentar regular a oferta e 
demanda, aumentando os preços desses produtos e o lucro dos produtores.
Nas questões trabalhistas, foi criado o Ministério do Trabalho, que 
começou a intervir diretamente na atuação dos sindicatos, com vistas a ter a massa 
do povo como apoiadores do governo, sem que eles percebessem que enquanto 
o governo, de um lado, dava alguns direitos trabalhistas, de outro tirava deles a 
empregabilidade e liberdade de negociação de seus salários.
O Governo Constitucional (1934 a 1937) foi um período em que Vargas 
deveria preparar a volta da Democracia sendo, inclusive, impedido de se 
candidatar. Porém, em 1937, quando percebeu que não conseguiria colocar um 
aliado no poder, fez um “autogolpe”, ou seja, um golpe de governo dado pelo 
próprio presidente, que cancelou as eleições e instalou um regime ditatorial no 
país (regime este que já existia, só estava velado). O pretexto do golpe foi proteger 
a nação de uma conspiração comunista (que não foi provada).
Dessa forma, Getúlio Vargas, homem da fronteira do Rio Grande do Sul 
com a Argentina, região marginalizada do país, mostrou-se um hábil político, 
capaz de se sustentar no poder independentemente da vontade dos políticos 
tradicionais do sudeste brasileiro. Ele criou a fase do Estado Novo como sendo 
uma nova era para a nação.
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
17
FIGURA 1 – O POVO NAS RUAS PEDINDO POR GETÚLIO VARGAS
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/radio/1/series-especiais/estado-novo-80-anos/serginho1.
jpg/@@images/7e3dbd9d-08c4-4cc8-8bd3-161922d78d78.jpeg>. Acesso em: 3 mar. 2020. 
Segundo Fonseca (2012), o Estado Novo (1937 a 1945) é considerado uma 
fase ditatorial, pois havia um ditador no poder. Nesse período, o governo se 
blindou, reduzindo as liberdades civis e implantado a censura. Vargas governou 
através de decretos-leis, ou seja, as determinações de Vargas não precisavam de 
aprovação do Legislativo, pois já tinham força de lei. O congresso, as assembleias 
legislativas e as câmaras de vereadores do país foram fechadas. Todos os 
partidos políticos foram extintos e considerados ilegais. Em contraponto, Vargas 
implantou vasta campanha publicitária de seu governo em busca de aproximação 
das massas que os sustentariam no poder. 
Em busca de estruturação do país, Vargas gerou Políticas Públicas 
agudas de substituição de importações, como é o caso de empresas estatais de 
infraestrutura como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do 
Rio Doce, para gerar minérios para as fábricas; a Fábrica Nacional de Motores, 
para fazer caminhões robustos que suportassem a logística interior-litoral; a 
Hidrelétrica do Vale do São Francisco, para gerar energia elétrica para a região 
Nordeste do país; entre outras empresas de suporte ao crescimento econômico.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
18
É importante ressaltar que a substituição de importações é, até hoje, uma 
Política Pública que gera resultados positivos, uma vez que, ao invés de importar (e com 
isso enviar capital para fora do país), produz internamente o que for possível e viável.
IMPORTANT
E
Mesmo com toda a habilidade política que tinha, Vargas não estava 
mais conseguindo sustentar-se no poder e, dessa forma, generais do Exército o 
pressionaram a abrir novas eleições. Getúlio publicou os decretos, porém tentou 
um contragolpe, juntamente ao seu irmão, que não teve sucesso. Assim, em 29 de 
outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto pelo Alto Comando do Exército e, 
declarando publicamente que concordava com a deposição, retirou-se para São 
Borja, sua cidade natal, pedindo ao povo para “votar em Dutra”. Desse dia até o 
final do ano, o Brasil foi governado pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, 
até que Eurico Gaspar Dutra – presidente eleito democraticamente – pudesse 
assumir em janeiro de 1946.
4 A VOLTA DA DEMOCRACIA COM DUTRA
O Governo Dutra (1946 a 1951) teve o papel importante de promulgar 
uma Nova Constituição Federal que substituíssea outorgada por Vargas. Além 
disso, Dutra teve poucas Políticas Públicas de resultado efetivo.
O Plano SALTE – Plano de Desenvolvimento da Saúde, Alimentação, 
Transporte e Energia – foi desenhado em 1948, implementado a partir do 
orçamento de 1949, até 1951. Os objetivos eram, então, investimentos nas áreas 
de saúde, alimentação, transportes e energia, via ordenamento orçamentário do 
Estado, investimentos privados e empréstimos externos.
Foi o primeiro plano com aprovação prévia do Congresso Nacional e foi 
instituído pela Lei nº 1102, possuindo um caráter plurissetorial. As regiões do 
Vale do Rio São Francisco, Amazônia e Nordeste eram o foco de preocupação 
desse plano.
Conforme Ianni (1977), o plano SALTE, foi um plano meramente teórico, 
elaborado em gabinete, sem pesquisas e diagnóstico científico. Basicamente o 
Plano teve início, meio e fim sem ter ações efetivamente contundentes, assim 
como foi o governo Dutra: democrático, porém sem expressão.
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
19
5 A VOLTA DE VARGAS 
Fonseca (2012) conta que após o governo sem expressão feito por Dutra, 
Vargas se candidatou para as eleições presidenciais democráticas e voltou ao 
poder, dessa vez eleito pelo povo com 48% dos votos válidos.
Vargas recebeu de Dutra um país em colapso econômico, sendo que 
muito desse colapso era herança do governo Vargas anterior e fruto de algumas 
questões da falta de habilidade política de Dutra.
 
Com o objetivo de recuperar a economia, Vargas aumentou em 100% 
o salário mínimo para aumentar o consumo e implantou Políticas Públicas de 
Reaparelhamento Econômico, com organização de políticas setoriais e um plano 
de desenvolvimento industrial para “sustentar” o crescimento econômico. O 
segundo governo de Vargas teve dois problemas-chave: 
• Crise econômica, ocorrida por uma crise internacional (pós-Segunda Guerra 
Mundial), pois o dinheiro no mundo estava “sumindo” para reconstruir os 
países.
• Crise política, causada pelos opositores de Vargas que não gostaram dele ter 
retornado ao governo eleito pelo povo.
A crise política concentrou-se em um debate sobre o Modelo Econômico 
de Desenvolvimento. De um lado, forças políticas defendiam uma postura mais 
nacionalista, e de outro, uma postura mais liberal.
Os nacionalistas defendiam que o Modelo Econômico deveria ser via 
atuação de “empresas estatais de base” para a produção de energia, minérios, 
indústrias de fomento e, principalmente, a intervenção do Estado no capital 
estrangeiro.
 
Os liberais defendiam que o Modelo Econômico deveria ser via liberação 
da entrada do capital estrangeiro para a exploração e produção de indústria de 
base, enquanto o governo ficaria apenas como fiscalizador do modelo que se 
autossustentaria. 
Em busca de tentar recuperar a economia estagnada do país, Vargas optou 
pela estratégia “desenvolvimentista-nacionalista”, dando ênfase ao modelo 
nacionalista.
Entre as várias Políticas Públicas instauradas pelo novo governo Vargas, 
destacam-se as criações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
(BNDE), para financiar empresas a gerarem empregos, da Petrobrás, para produzir 
combustível para o país, e da Eletrobrás, para gerar energia de qualidade para a 
demanda em crescimento.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
20
Paralelamente aos cuidados de atender às classes abastadas, Vargas 
se aproximava cada vez mais do povo, criando e institucionalizando Políticas 
Públicas “populistas” enquanto formava uma base política forte – talvez 
preparando um novo autogolpe para se perpetuar no governo.
Porém essa aproximação com os trabalhadores e a instalação de grandes 
estatais, que retiraram o poder das mãos da elite nacional e internacional, 
desagradavam os poderosos, que se voltaram contra o governo.
Vargas tentou contornar esta situação, tomando uma posição mais 
“liberal” do que a da Era Vargas. Dessa vez ele era mais aberto a “fusões” 
partidárias. Com isso ele, que era do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), buscou 
apoio da UDN (União Democrática Nacional), em busca de um consenso político 
e sustentação no governo. Porém essa estratégia deu errado, pois tanto alas do 
PTB quanto da UDN entraram em desavenças internas fazendo uma “cisão” dos 
partidos. Essas discussões tomaram proporção tão grande que até o exército se 
dividiu: havia, agora, uma legião de generais contra e outra a favor de Vargas. 
Esse racha no exército foi um abalo no governo, pois as forças armadas eram a 
grande sustentação dos presidentes e a garantia dos governos.
Segundo Fonseca (2012) Diante desse cenário, em agosto de 1954, os 
militares liderados pelo Brigadeiro Eduardo Gomes escreveram um manifesto 
pedindo a renúncia de Vargas. Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas não 
suportou as pressões políticas (civis e militares) e suicidou-se, deixando uma carta 
testamento encerrada com a célebre frase: “serenamente dou o primeiro passo no 
caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”. A presidência 
foi substituída por seu vice Café Filho e, após, pelo presidente da Câmara dos 
deputados, Carlos Luz. 
No que diz respeito à metodologia de Políticas Públicas, percebe-se que 
Getúlio, nos dois governos (ditatorial e democrático), não desenvolveu planos de 
governo com equipe técnica e estratégias sistêmicas bem elaboradas. Ele governava 
apenas através de políticas pontuais que geravam reflexos na economia.
A carta de Vargas, que pode ser vista no vídeo disponível em https://youtu.be/
XV7ZA6tkzoA, mostra nas suas entrelinhas a angústia de um governante que, sabendo o 
que deveria ser feito para melhorar a vida dos brasileiros, era impedido constantemente e 
periodicamente por “forças ocultas”, que entende-se como sendo o Congresso e também 
os grandes empresários. Atualmente ainda se observa tais comportamentos, impedindo 
os presidentes de elaborarem programas de governo voltados ao povo em benefício das 
classes mais abastadas.
DICAS
https://youtu.be/XV7ZA6tkzoA
https://youtu.be/XV7ZA6tkzoA
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
21
6 O PLANO DE METAS DE JK
Após conturbados governos sucessórios e mandatos tampão, toma posse 
o presidente eleito democraticamente – Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK), 
empossado sob proteção militar, pois havia pedidos de anulação da eleição por 
ele ter apenas 35,6% dos votos.
Político moderno e visionário, herdou de Vargas um país com certa 
estrutura desenvolvimentista já organizada, mas um caos político instaurado. Foi 
através de habilidade política que JK conseguiu governar:
• Iniciou viagens internacionais, para fazer relações comerciais com o exterior, 
mas principalmente para afastar-se das lutas internas pelo poder, como pode 
ser visto em uma declaração dele:
O meu objetivo não é apenas afastar-me da cena política nacional, 
de forma a permitir que as paixões serenassem mas, sobretudo, 
estabelecer contatos diretos com os Chefes de Governo e com os 
capitães da indústria e do comércio daqueles países, para apresentar-
lhes, em termos concretos, a política de desenvolvimento econômico 
que instalarei no Brasil (GUEDES, 1986, p. 38).
• Iniciou a retirada do poder centralizado (e contaminado) do Rio de Janeiro 
para o interior do país.
O poder estava contaminado no Rio de Janeiro e as oligarquias já tinham 
instaurado um sistema de controle dentro do Palácio do Catete e arredores. Na 
verdade, a cultura regional de fazer pressão para obter benefícios particulares 
estava institucionalizada. Então, aproveitando a intenção de quebrar o conceito de 
que o país era essencialmente agrícola e buscando a modernização da produção 
com a industrialização, JK interiorizou a capital, obrigando a logística nacional 
a ser reprojetada, “virando para dentro” ao invés de para o litoral. Assim, o 
programa de desenvolvimento industrial capitalista teria maior distribuição. Há 
de se ressaltar que a construção de Brasília só foi incorporada aoPlano de Metas 
mais tarde, quando JK conseguiu aumentar o número de apoiadores da ideia.
Plano de Metas
O Plano de Desenvolvimento promovido pelo Governo JK (1956-1960) 
tinha a estratégia de fazer a coordenação entre o setor público e o privado, estimular 
a industrialização, liberar os “pontos de estrangulamento” na infraestrutura e na 
demanda de vários setores da economia, formar recursos humanos; promover o 
financiamento público, empréstimos externos, investimentos privados e abertura 
ao capital estrangeiro, entre outros.
Eram sumariamente 30 objetivos, distribuídos em cinco grandes metas: 
energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação (formação de 
pessoal técnico).
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
22
Basicamente, o Governo JK precisava resolver problemas estruturais 
básicos: ter gente inteligente e capaz de fazer o país se desenvolver, ter máquinas e 
equipamentos para substituir pelos importados e ter logística capaz de promover 
o crescimento. As ações eram agudas e focadas, como, por exemplo:
• Política na Educação: foi investido em ensino técnico, já que ensino superior 
era um “sonho impossível”. Cursos Técnicos de todas as habilidades existentes 
na época eram implantados em busca de formar um exército de “cérebros de 
obra”.
• Política de Infraestrutura: a importação de tecnologia era muito cara. Além 
disso, as máquinas não aguentavam o relevo e o ritmo de trabalho. Por isso, 
foram reativadas/incrementadas a indústrias estatais criadas por Getúlio 
Vargas, como é o caso da FNM – Fábrica Nacional de Motores. A intenção era 
construir caminhões robustos e baratos para carregar a produção do interior 
para o litoral do país.
FIGURA 2 – ÔNIBUS “FÊ NÊ MÊ” NA DÉCADA DE 1950
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/35/86/75/35867562acb6e58afc718427cf343dec.jpg>. 
Acesso em: 28 fev. 2020.
Mas apesar do audacioso programa de “50 anos em 5”, que trouxe muita 
mudança para o país economicamente, a questão política não ficou bem resolvida 
(mesmo com a fundação de Brasília em 1961), e JK encerrou seu governo com 
uma dívida externa gigantesca e um caos político, agora distribuído por todos os 
estados do país. 
Hoje, pode-se analisar que, naquela época, o país não estava pronto para 
um choque de desenvolvimento como foi o implantado por JK. Não tínhamos 
visão política nem mesmo maturidade social para receber tantos benefícios e, 
principalmente, não estávamos preparados para uma mudança cultural como foi 
aquela. 
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
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7 OS GOVERNOS JÂNIO QUADROS E JOÃO GOULART
Após acirradas eleições, Jânio Quadros assume a presidência do país em 
1961, tendo como vice João Goulart (naquela época, existia voto para presidente 
e voto para vice, que poderia ser de outro partido). 
O Governo de Jânio pautou suas Políticas Públicas em austeridade de 
gastos públicos e controle da inflação, além de várias medidas impopulares que 
foram desde aumento dos combustíveis e do pão até a proibição de biquínis nas 
praias:
[…] vetou corridas de cavalo nos dias úteis e rinhas de galo todos 
os dias; proibiu o uso de lança-perfume nos bailes de Carnaval e 
de biquíni nas praias; regulamentou o comprimento dos maiôs nos 
desfiles televisionados dos concursos de misses. E, para arrematar, 
instalou dois jumentos nordestinos pastando a grama verde do imenso 
jardim do Palácio da Alvorada […] (SCHWARCZ, 2015, p. 432).
Como pode se perceber, Jânio Quadros não tinha muita habilidade 
política, pois preocupava-se com coisas pequenas como o custo para cortar a 
grama do Palácio da Alvorada e deixava de lado questões importantes como as 
relações com o Congresso.
Para piorar a situação, no auge da Guerra Fria entre EUA e URSS, Jânio 
decidiu deixar de lado as relações diplomáticas com os americanos e condecorar 
Che Guevara, gerando, assim, um furor político interna e externamente.
Diante de muitas trapalhadas e sem apoio, nem mesmo de seu partido, 
em agosto de 1961 Jânio Quadros tenta usar a estratégia de Vargas e fazer um 
autogolpe, pedindo renúncia com a intenção de que o povo não aceitasse, exigindo 
seu retorno à presidência, dando a ele amplos poderes, inclusive fechando o 
Congresso Nacional. Ocorreu o contrário do que planejou, e tanto o povo quanto 
os políticos adoraram a ideia.
Porém instaurou-se uma crise política novamente: as Forças Armadas não 
aceitaram a posse de João Goulart, pois afirmavam que ele tinha laços com os 
comunistas e naquela época estava na China em viagem diplomática. 
Então, seu cunhado Leonel Brizola, político influente na época, liderou a 
Campanha da Legalidade, com o apoio de parte dos políticos e parte do exército, 
em busca de se fazer cumprir a lei, ou seja, que o vice tomasse posse. Enquanto 
“Jango” (apelido de João Goulart) não chegava da China, Brizola foi para o Rio 
Grande do Sul (terra natal deles) esperá-lo entrincheirado no Palácio do Governo 
do estado, protegido pela polícia gaúcha, o povo e parte do exército. Com a 
chegada de Jango, o clima se preparou para uma guerra civil, com tropas gaúchas 
se armando com a população e se organizando para levar Jango a Brasília. 
Enquanto isso, o país se dividia em opiniões sobre o assunto: cumprir a lei ou 
aceitar um comunista tomar posse?
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
24
Para resolver o impasse, o Congresso Nacional aprovou, em 2 de setembro 
de 1961, a emenda constitucional número 4, alterando o regime de governo para 
parlamentarismo. Com isso, conseguiu-se uma “terceira via”, pois Jango poderia 
assumir, mas não teria poderes para governar como queria. Dessa forma, com os 
poderes do presidente limitados a chefe de estado, e não de governo, os militares 
aceitaram a sua posse. Em 7 de setembro ele prestou juramento, dando início ao 
novo regime em um país em colapso político e crise econômica.
Pela primeira vez, desde a Proclamação da República, os militares haviam 
perdido uma disputa de poder. Eles, então, se recolheram para se reconstruir e 
reunir-se como instituição.
Como Política Pública em um governo “tampão”, João Goulart propõem 
o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (1961-1964) que tinha 
como mentor Celso Furtado.
Tratava-se de Políticas Públicas com o objetivo de criar um modelo 
de “substituição de importações”, para superar desequilíbrios estruturais da 
economia brasileira; reforma fiscal, redução do dispêndio público e mobilização 
de recursos externos. Porém a resposta não foi a contento, pois a economia 
internacional não estava com disposição de negociar contratos com um país 
“confuso” como o Brasil.
As Políticas Públicas de Jango foram muito populistas para uma época 
conturbada politicamente. Entre as propostas das reformas de base estavam: a 
agrária, a bancária, a fiscal, a universitária, a urbana e a administrativa. 
No caso da reforma agrária (política mais extremista de todas), havia a 
necessidade de mudanças constitucionais, pois a constituição vigente dizia que a 
desapropriação de terras deveria sofrer indenização prévia, e o governo não tinha 
dinheiro para isso.
Além disso, Jango tinha mais reformas de base, muitas delas idealizadas 
por JK e não implementadas por falta de apoio político, como era o caso do direito 
ao voto aos analfabetos e baixas patentes militares, e o controle do investimento 
econômico estrangeiro no país. O presidente tinha apoio da população, porém 
cada vez mais ele entrava em choque com a classe política, com a igreja católica, 
com os fazendeiros, com os militares e até com os Estados Unidos da América.
Sua postura “agressiva”, com traços absolutistas e até ditatoriais, gerava 
descontentamento em cada ação que cometia.
TÓPICO 2 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÉ-REGIME MILITAR
25
FIGURA 3 – JANGO E SEU CUNHADO BRIZOLA
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/03/27/pressao-de-brizola-
radicalizou-discurso-de-jango>. Acessoem: 28 fev. 2020.
Diante da dificuldade em fazer articulação política e as estratégias 
esquerdistas de Jango, em 20 de março de 1964 o exército militar emitiu uma 
circular aos oficiais do estado-maior indicando que as medidas de João Goulart 
ameaçavam a segurança nacional. Em seguida, os generais organizaram suas 
tropas e prepararam a tomada do poder. Em 1º de abril de 1964 foi realizado o 
golpe militar, tendo o Marechal Castelo Branco como o novo presidente do país. 
Encerra-se o Regime Democrático e inicia o Regime Militar de governo.
26
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Antes do Regime Militar as principais Políticas Públicas foram: 
ᵒ Plano SALTE – Plano de Desenvolvimento da Saúde, Alimentação, 
Transporte e Energia.
ᵒ Política desenvolvimentista nacionalista de Vargas (sem um planejamento 
metodológico).
ᵒ Plano de Metas, com dois eixos básicos: educação e infraestrutura.
ᵒ Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social.
ᵒ As Políticas Públicas populistas de Jango (sem planejamento metodológico).
27
1 A Era Vargas, como foi conhecida, perdurou por muito tempo (1930 a 
1945), um tempo onde a política estava fragilizada pelos fortes ataques 
da oligarquia no Brasil. Nesse tempo Getúlio Vargas ficou por 15 anos 
mudando as regras do jogo a fim de permanecer no poder. No tocante a 
metodologias e planos de governo, assinale a alternativa CORRETA, sobre 
como foram organizadas as Políticas Públicas nesses 15 anos.
a) ( ) O desenvolvimento na Era Vargas foi feito através de Políticas Públicas 
implantadas sem um plano de governo metodológico, por meio de ações 
pontuais.
b) ( ) O desenvolvimento na Era Vargas ficou conhecido pelo lema “50 anos 
em 5” e desenvolveu o país de forma rápida e democrática.
c) ( ) O desenvolvimento na Era Vargas foi feito de forma planejada, através 
de planos de governo bem estruturados, construídos por uma equipe de 
governo técnica.
d) ( ) O desenvolvimento na Era Vargas foi determinante para o endividamento 
do país, pois governava para as classes sociais mais abastadas de forma a 
concentrar o capital nas mãos de poucos.
e) ( ) O desenvolvimento de Vargas através da construção de Brasília inverteu 
o poder do país, levando para o interior as discussões sobre a nação que 
antes eram feitas no rio de janeiro.
2 Como Política Pública em um governo “tampão”, João Goulart propõe o 
Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (1961-1964). Esse 
plano tinha uma função mais política do que econômica, uma vez que a 
intenção era sustentar a democracia antes que ela fosse atacada. De posse 
disso, assinale a alternativa CORRETA que define como foi o plano de 
Jango.
a) ( ) O Plano Trienal tinha como mentor Celso Furtado e características 
populistas, mas não teve grande êxito por causa da crise internacional do 
início dos anos de 1960.
b) ( ) O Plano Trienal tinha como mentor Delfim Neto e foi um dos melhores 
planos da ditadura.
c) ( ) O Plano Trienal trouxe crescimento para o Brasil, causado pela forte 
relação com a economia internacional.
d) ( ) O Plano Trienal deu três anos de crescimento acelerado para o Brasil e é 
visto como um dos melhores planos da História.
e) ( ) O Plano Trienal foi a forma como os militares prepararam o país para 
crescer 50 anos em 5.
AUTOATIVIDADE
28
3 O Plano de Metas foi um dos mais audaciosos planos de política pública 
da história do Brasil. Em um tempo em que “tudo andava devagar”, o 
presidente da época implantou modernidade em suas ações e rapidez na 
implantação das Políticas Públicas. Nesse contexto, assinale a alternativa 
CORRETA que define como foi o plano na época dos anos de 1950 em 
diante.
a) ( ) O Plano de Metas foi elaborado somente para construir Brasília e levar 
o poder político para dentro do país.
b) ( ) O Plano de Metas, mesmo sendo feito no Regime Militar, foi elaborado 
por uma equipe qualificada composta por civis e militares.
c) ( ) O Plano de Metas de JK tinha dois eixos: educação, com foco em 
educação técnica, e infraestrutura, com foco em estruturar o país para 
crescer.
d) ( ) O Plano de Metas foi feito através de Políticas Públicas implantadas 
sem um plano de governo metodológico, por meio de ações pontuais
e) ( ) O Plano de metas foi feito para pagar as dívidas deixadas por Getúlio 
e preparar a infraestrutura do país para a agricultura em larga escala.
29
TÓPICO 3
EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO REGIME 
MILITAR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Semelhantes às estratégias de governos comunistas, que buscam 
aumentar o tamanho do Estado no intuito de comandar a maior parte possível de 
Políticas Públicas a serem desenvolvidas (em detrimento do segundo e terceiro 
setor), também conhecidas como “Estado Máximo”, a estratégia do Regime 
Militar Brasileiro iniciado em 1964 foi também em busca de aumentar o poder do 
Estado, estatizando empresas e criando outras sob condição de monopólio, com 
o objetivo de comandar o funcionamento do país.
Neste tópico, trataremos sobre como aconteceram as Políticas Públicas 
durante o período de Regime Militar. Um tempo em que havia equipes estratégicas 
formadas de maneira mista: a maior parte composta por civis técnicos altamente 
preparados em suas áreas, e militares com visão estratégica e sistêmica para a 
aplicação das Políticas Públicas.
Cada período será organizado de forma a apresentar os programas de 
governos, as políticas e serem implementadas e comentários conjunturais sobre 
o período.
No decorrer do texto, poderemos perceber a forma sistêmica e inteligente 
com que eram elaboradas e aplicadas as Políticas Públicas, com vistas a montar 
uma infraestrutura capaz de sustentar um longo período de crescimento 
econômico.
Este texto, embasado em Giambiagi et al. (2007), faz parte de diversos 
estudos do IPEA (Institutos de Pesquisa Econômica Aplicada), em busca de 
registrar os programas de governos e políticas econômicas elaboradas em nossa 
História. Faremos uma descrição por tópicos, como está organizado no material 
de Sperotto (2012), para ser usada em discussões em grupos, preferencialmente 
orientados pelo tutor.
30
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
2 PROGRAMA DE AÇÃO ECONÔMICA – GOVERNO 
CASTELO BRANCO (1964-1967)
Características: ampla reforma da política econômica e de seus 
instrumentos básicos, inclusive no plano institucional; reorganização do 
Estado nos planos fiscal (tributário-orçamentário, inclusive tarifas aduaneiras), 
monetário-financeiro (com disseminação do mecanismo de correção monetária, 
ou indexação), trabalhista, habitacional e de comércio exterior; início de uma 
forte expansão do setor estatal, com criação de empresas públicas e forte 
intervencionismo e centralização econômica.
Comentários: os governantes da época (civis e militares) reuniam-se em 
busca de definir uma política pública abrangente ao ponto de atender a todas 
as necessidades, porém havia muita dificuldade de conceber um plano com um 
escopo tão grande. Nesse sentido, o Programa de Ação Econômica do Governo 
(PAEG), foi a primeira tentativa de implantação. Para isso, foi necessário articular 
com os estados e municípios e, principalmente, usar cadeias de rádio e televisão 
para a divulgação, com o objetivo de ter um maior engajamento.
Principais Políticas Públicas Estatais do PAEG
• Política Financeira de redução do déficit, com cortes nos custos operacionais 
do próprio governo e disciplinamento do consumo federal.
• Política Tributária para fortalecer a arrecadação e combater inflação. Aumento 
da poupança interna e orientação para investimentos privados no país.
• Política Monetária de investimentos públicos, com o intuito de gerar emprego, 
fortalecer a infraestrutura econômica e social do país e fortalecer a moeda em 
relação ao dólar.
• Política Internacional: equilíbrio na Balança de Pagamentos, política cambial e 
de comércio exterior, freamento do crescimento da dívida externa deixada por 
JK, estímuloao ingresso de capitais estrangeiros e de ativa cooperação técnica 
e financeira com agências internacionais, com outros governos, e, em particular 
com o sistema multilateral da Aliança para o Progresso, de modo a acelerar a 
taxa de desenvolvimento econômico.
• Política de Produtividade social: equalização dos salários, garantia do acesso 
dos trabalhadores aos benefícios do desenvolvimento econômico esperado 
(melhorias na qualidade de vida), incentivo ao trabalhador rural e a sua 
produção, desenvolvimento do sistema habitacional facilitando a aquisição da 
casa própria pelos mais pobres, estímulo à contratação de mão de obra não 
qualificada pela indústria de construção civil, desenvolvimento educacional 
visando a ampliar oportunidades de acesso à educação, racionalização do 
emprego dos recursos disponíveis e ajuste da composição do ensino às 
necessidades técnicas e culturais da sociedade moderna.
TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO REGIME MILITAR
31
Como dá para perceber, o PAEG teve Políticas Públicas sistêmicas e 
ousadas para a época em que estava sendo implantado. Obviamente, certa parte 
disso não foi implementada com sucesso logo no início, pois entre a teoria e a 
prática havia uma grande distância. De outra parte, o Programa de autoria de 
civis (Roberto Campos e Octávio de Bulhões), advindo de classes mais abastadas 
da sociedade, tinha certa dificuldade em aplicar as ações com boa aderência nas 
classes menos favorecidas.
O PAEG foi, sem dúvida, o marco inicial para o famoso “milagre econômico”, 
que será tratado mais adiante neste estudo.
ESTUDOS FU
TUROS
3 PROGRAMA ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO – 
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
 
Características: investimento nas áreas consideradas estratégicas, 
contenção da inflação, desenvolvimento a serviço do progresso social, expansão 
das oportunidades de emprego e mão de obra, ação direta sobre o setor privado, 
rompimento com a política macroeconômica do período anterior.
Comentários: o PED (Programa Estratégico de Desenvolvimento) 
complementou certas questões do PAEG do governo anterior (Castelo Branco), 
mas também corrigiu situações estratégicas que estavam falhando, como é o caso 
das oscilações econômicas causadas pelo processo de combate à inflação, pois 
pôs em prática uma política financeira que, buscando equilibrar a qualquer custo 
a Caixa do Tesouro, acabou por desequilibrar a das empresas com o elevado 
grau de carga tributária e também os custos financeiros e os preços dos bens 
e serviços produzidos pelas empresas do governo, que aumentaram muito no 
período anterior. Dessa forma, o PAEG estava fazendo uma política semelhante 
ao socialismo: tirando o dinheiro das empresas (geradoras de emprego, renda e 
impostos) e passando para os cofres públicos e para o povo. Sabemos que este 
“modelo” é falimentar para a economia no decorrer do tempo.
Principais Políticas Públicas Estatais do PED
• Política Monetária: era um dos instrumentos básicos para a compatibilização 
dos objetivos de aceleração da taxa de crescimento e redução do ritmo de 
inflação para corrigir os desequilíbrios setoriais de crescimento e de redução 
dos custos de produção do setor privado através de baixa das taxas reais de 
juros.
32
UNIDADE 1 | HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
• Política Fiscal: objetivava controlar o nível de despesa governamental, combater 
o aumento da carga tributária e impedir a expansão da dívida pública.
• Política Externa: promoveu rápida expansão das exportações (bens e serviços) 
e baixo crescimento das importações. Como se sabe, o modelo de substituição 
de importações, quando bem gerenciado, dá retorno rápido à balança comercial 
e balanço de pagamentos.
• Política Salarial: a intenção era aumentar o poder aquisitivo a certo ponto, 
desde que não gerasse grande efeito na inflação. As pesquisas de consumo eram 
periódicas, para medir o grau de inflação em relação aos aumentos salariais. 
• Política de Distribuição de Renda: assim como a política monetária, fazia parte 
dos objetivos básicos do programa em busca de acelerar o desenvolvimento 
econômico e progresso social. Buscava a elevação da produtividade de certos 
setores de baixa eficiência, enquanto promovia um processo de desenvolvimento 
nas regiões menos desenvolvidas, elevando a renda dos trabalhadores.
• Política de Desenvolvimento: em busca da aceleração do desenvolvimento 
e de sua “autossustentação”, tinha o objetivo de consolidar as indústrias 
básicas (indústria de bens de capital, siderurgia e indústria química) e, 
também, reorganizar as indústrias tradicionais como infraestrutura, energia 
e transporte, além de fortalecer a agropecuária, principalmente em produtos 
exportáveis. Ainda, melhorar o funcionamento das políticas do PAEG em 
relação à educação e à habitação.
Como dá para perceber, o PED, de autoria de Hélio Beltrão e Delfim 
Neto, tem características mais capitalistas do que o PAEG. Nesse sentido, sua 
viabilização foi mais fácil, mas, obviamente, menos “popular” que o governo 
anterior. Por outro lado, o país teve um crescimento médio de 6% ao ano, e passou 
a ser considerado a 9ª economia do mundo. Foram criadas a empresa de Correios, 
a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), para guardar os direitos dos índios, a 
Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), de construção aeronáutica, além 
de políticas importantes para a educação, como o FINEP (Financiador de Estudos 
e Projetos) e o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
O cenário econômico corria bem, o milagre econômico já era uma realidade 
visível. Porém a falta de habilidade política do presidente, frente aos ataques 
políticos dos “subversivos”, pôs em xeque o programa de governo e as Políticas 
Públicas em implantação. O cenário brasileiro estava polarizado:
• de um lado, um grupo de políticos influentes (Juscelino Kubitschek, Carlos 
Lacerda, Leonel Brizola, entre outros) incitavam o povo a reclamar sobre a falta 
de liberdade e o forte autoritarismo do governo;
• de outro lado, um grupo de militares influentes não estava contente com a 
liberdade que os governos do Regime Militar estavam dando ao povo; e
• no meio, os governos do regime militar (compostos por militares e civis) 
montavam estratégias de desenvolvimento para o país.
TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO REGIME MILITAR
33
Sob análise técnica, observa-se que o Programa de Governo estava funcionando 
bem no Regime Militar (do ponto de vista econômico). Porém, diante da restrita liberdade 
do povo e, principalmente, da oposição dos políticos contrários ao regime, havia muitas 
rebeliões e conflitos nas ruas.
IMPORTANT
E
Após um tempo de conflitos nas ruas, incitados por políticos de 
oposição, e a dificuldade de fazer o programa de governo ser implementado, foi 
necessária a instauração do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que mudou a forma de 
gestão do Regime Militar, prendendo políticos opositores que organizavam as 
manifestações, cassando o mandato de 95 deputados, 4 senadores e 5 juízes, além 
de prender centenas de pessoas e dar “sumiço” a dezenas de manifestantes que 
eram contra o regime.
No sentido político e social, houve certo retrocesso. Porém na questão 
econômica houve avanço na implantação do Programa de Desenvolvimento.
Veja na íntegra o documento do AI-5: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
AIT/ait-05-68.htm
DICAS
Como pode ser visto no teor do Ato Institucional, “são mantidas a 
Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições Estaduais; O Presidente 
da República poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as 
limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer 
cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais 
e municipais, e dá outras providências” (BRASIL, 1968). Neste sentido, foi um 
período de cerceamento da liberdade das pessoas.
Para piorar ainda mais o PED e as Políticas Públicas em andamento, Costa 
e Silva

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