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APG 23 -MALÁRIA

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A malária é uma doença infecciosa febril aguda. Pode ser 
causada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: 
Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No 
Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo 
o P. vivax (febre terçã benigna) e o P. falciparum (febre 
terçã maligna) as espécies predominantes. 
Transmitido pela picada de mosquitos do gênero 
Anopheles (anofelinos ou mosquito prego, popularmente) 
infectados com o Plasmodium. 
A malária é endêmica na maior parte dos trópicos; 
transmissão contínua ocorre em 85 países e territórios. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 241 
milhões de casos e 627 mil mortes por malária em 2020; 
este é um aumento de uma estimativa de 227 milhões 
de casos e 558 mil mortes registradas em 2019. 
O aumento de casos e mortes deve-se à interrupção 
dos serviços devido à pandemia da doença por 
coronavírus 2019 (COVID-19), bem como a um método 
revisado de cálculo da carga de malária. 
Mais de 95% da carga ocorre na região africana da 
Organização Mundial da Saúde, seguida por 2% cada nas 
regiões do Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental, 
com as regiões da América e do Pacífico Ocidental 
contribuindo com o restante. 
 
 
 
Os principais determinantes da epidemiologia da malária 
são o número (densidade), os hábitos de morder 
humanos (dentro ou fora de casa) e a longevidade dos 
vetores anofelinos femininos. 
 
› Vetorial: pelo Anopheles (mosquito prego); 
› Vertical: durante a gestação; 
› Compartilhamento de seringas; 
› Transfusão de sangue; 
› Transplante de órgãos. 
**ciclo exo-eritrocitico (hepatócitos) só ocorre pela forma 
vetorial (picada) 
 
O Plasmodium apresenta um ciclo de vida heteroxênico, 
ou seja, para completar o seu ciclo de vida precisa de 
dois hospedeiros diferentes: um vertebrado e outro 
invertebrado. 
Hospedeiro definitivo: inseto (anófeles) 
Hospedeiro intermediário: homem 
Forma infectante: esporozoita 
Hemácias: merozoita 
Intracelular: trofozoita 
Resumo: esporozoita – fígado, esquizogonia – merozoita 
na corrente sanguínea – invadem hemácias – trofozoita 
– esquizogoinia – lise da hemácia – libera merozoita – 
infecta outra hemácia. ou gametóciotos – anófeles – 
gametas – zigoto – oociotos - esporogonia – 
esporozoita – saliva do mosquito 
HOSPEDEIRO VERTEBRADO – HOMEM 
O ciclo assexuado do plasmódio, denominado 
esquizogônico, inicia-se após a picada do anofelino, com 
a inoculação de esporozoítos infectantes no homem. 
Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se 
diferenciam em trofozoítos pré-eritrocíticos. Estes se 
multiplicam por reprodução assexuada do tipo 
esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais. 
Esta primeira fase do ciclo é denominada exo-eritrocítica, 
pré- eritrocítica ou tissular e, portanto, precede o ciclo 
sanguíneo do parasito. 
A duração varia de acordo com a espécie: 
› P. falciparum = 6 dias; 
› P. vivax = 8 dias; 
› P. malariae = 12 a 15 dias. 
Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o 
hepatócito, liberando milhares de elementos-filhos na 
corrente sanguínea, chamados merozoítos. 
Os merozoítos irão invadir as hemácias, dando início ao 
segundo ciclo de reprodução assexuada dos plasmódios: 
o ciclo sanguíneo ou eritrocítico, durante um período que 
varia de 48 a 72 horas. 
› O P. malariae é responsável pela febre quartã que se 
manifesta em ciclos de 72 horas. 
› O P. vivax provoca a terçã benigna, com ataques febris 
de 48 horas. 
› O P. falciparum causa a febre terçã maligna, com 
ataques febris de 36 a 48 horas. 
Os merozoítos se desenvolvem em trofozoítos em 
estágio de anel. 
Depois de trofozoítos ele pode seguir por 2 caminhos: 
› pode se diferenciar em esquizonte, que é a forma em 
divisão assexuada do plasmodium que dará origem a 
novos merozoítos, que vão para a corrente sanguínea 
infectar novas hemácias. 
› pode se diferenciar em estágios sexuados, os 
gametócitos, que são ingeridos pela fêmea do mosquito 
quando picar o doente. 
 
 
HOSPEDEIRO INVERTEBRADO – MOSQUITO 
Ao se alimentar de sangue, um mosquito Anopheles 
ingere os gametócitos masculinos (microgametócitos) e 
femininos (macrogametócitos), dando início ao ciclo 
esporogônico. 
Depois de ingerir os gametófitos, eles vão para o interior 
do mosquito, se transformam em microgametócito 
(macho) e macrogametócito (fêmea) e nisso rompem a 
membrana da hemácia que estavam. 
O microgametócito penetra no macrogametócito no 
estômago do mosquito, formando o zigoto, o qual 
originada o oocineto. Os oocinetos invadem a parede do 
intestino médio do mosquito, onde se desenvolvem em 
oocistos. 
Os oocistos crescem, rompem-se e liberam 
esporozoítos, os quais se deslocam para as glândulas 
salivares do mosquito através da hemolinfa. A inoculação 
dos esporozoítos em um novo hospedeiro humano 
perpetua o ciclo de vida da malária. 
 
Macrófagos esplênicos captam um pigmento malárico 
circulante (hemozoína) e removem as hemácias 
infectadas. Assim há a ativação de receptores da 
imunidade inata, com liberação de citocinas circulantes 
induzindo a inflamação = ataque malárico. 
A passagem do parasito pelo fígado (ciclo exo-
eritrocítico) não é patogênica e não determina sintomas. 
Apenas o ciclo eritrocítico assexuado é responsável pelas 
manifestações clínicas e patologia da malária. 
A destruição dos eritrócitos e a consequente liberação 
dos parasitos e de seus metabólitos na circulação 
provocam uma resposta do hospedeiro, determinando 
alterações morfológicas e funcionais observadas no 
indivíduo com malária. 
Os possíveis mecanismos determinantes das diferentes 
formas clínicas da doença baseiam-se, 
fundamentalmente, na interação dos seguintes 
fenômenos patogênicos: 
› Destruição dos eritrócitos parasitados; 
› Toxicidade resultante da liberação de citocinas; 
› Sequestro dos eritrócitos parasitados na rede capilar, no 
caso específico do P. falciparum; 
› Lesão capilar por deposição de imunocomplexos, no 
caso do P. malariae. 
DESTRUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS PARASITADOS 
O processo de destruição dos eritrócitos está presente 
em todos os tipos de malária e em maior ou menor grau 
participam do desenvolvimento da anemia. Entretanto, na 
maior parte dos casos, a anemia não se correlaciona com 
a parasitemia, indicando que a sua gênese seja devida a 
outros fatores, entre os quais podem-se citar: 
› Destruição de eritrócitos não-parasitados pelo sistema 
imune ou por aumento da eritrofagocitose esplênica; 
› Participação de autoanticorpos com afinidades tanto 
para o parasito como para o eritrócito; 
› Disfunção da medula óssea estimulada por ação de 
citocinas (diseritropoiese). 
TOXICIDADE RESULTANTE DA LIBERAÇÃO DE 
CITOCINAS 
Durante a fase aguda da malária, ocorre ativação e 
mobilização de células imunocompetentes que 
produzem citocinas que agirão direta ou indiretamente 
sobre o parasito, mas que podem ser nocivas para o 
hospedeiro. 
A febre, por exemplo, é resultado da liberação de 
pirogênio endógeno pelos monócitos e macrófagos, 
ativados por produtos do parasito. 
SEQUESTRO DOS ERITRÓCITOS PARASITADOS NA 
REDE CAPILAR 
Durante o desenvolvimento esquizogônico sanguíneo, o 
p. falciparum induz uma série de modificações na 
superfície da célula parasitada, que permitem a sua 
adesão a parede endotelial dos capilares. Este fenômeno 
de citoaderência é mediado por proteínas do parasito 
expressas na superfície dos eritrócitos infectados 
(proteína l de membrana do eritrócito do p. falciparum 
ou PfEMPl), formando protuberâncias ou knobs. 
A citoaderência endotelial e o fenômeno de formação 
de rosetas ocorrem principalmente nas vênulas do 
novelo capilar de órgãos vitais (substância branca do 
cérebro, coração, fígado, rins, intestino). Dependendo da 
intensidade, podem levar a obstrução da microcirculação 
e consequente redução do fluxo de oxigênio, ao 
metabolismo anaeróbico e a acidose láctica. São alvos 
dessa agressão o cérebro, os rinse o fígado, cujos danos 
são responsáveis pelas complicações de malária cerebral, 
insuficiência renal aguda e hepatite, tão comuns nos 
quadros de malária grave. 
O sequestro de eritrócitos representa um mecanismo de 
escape do parasita, evitando sua destruição no baço. 
LESÃO CAPILAR POR DEPOSIÇÃO DE 
IMUNOCOMPLEXOS 
A lesão glomerular é produzida pela deposição de 
imunocomplexos e componentes do complemento nos 
glomérulos, alterando a sua permeabilidade e induzindo 
perda maciça de proteína. 
O quadro clínico da malária pode ser leve, moderado ou 
grave, na dependência da espécie do parasito, da 
quantidade de parasitos circulantes, do tempo de doença 
e do nível de imunidade adquirida pelo paciente. 
Assim, teremos sintomas da malária gerais com 
diferenciações que podem determinar as variações na 
evolução clínica da doença, por exemplo, o P. falciparum 
pode resultar em forma grave e complicada, 
caracterizada pelo acometimento e disfunção de vários 
órgãos ou sistemas. 
O período de incubação geralmente é: 
› 12 a 17 dias para o P. vivax; 
› 9 a 14 dias para o P. falciparum; 
› 16 a 18 dias ou mais para o P. ovale; 
› Cerca de 1 mês (18 a 40 dias) ou mais (anos) para o P. 
malariae. 
SINTOMAS GERAIS: Febre; Cefaleia; Calafrios; Mal estar; 
Mialgia; Sudorese; Náuseas; Tonturas. 
Acessos maláricos 
1º: início súbito – frio calafrio, naus vomito palidez, dura 1-
2 horas 
2º pico de temperatura 39-41 graus – calor intenso, 
delírios, dura 1-8 horas 
3º queda de temperatura – sudorese, sensação de alivio, 
prostração e sono até 3 horas 
MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS: Esplenomegalia reativa 
da Malária; Hepatomegalia; Anemia; Leucopenia; 
Plaquetopenia. 
CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA MALÁRIA GRAVE: 
› Síndrome do desconforto respiratório agudo/edema 
pulmonar; 
› Sangramento; 
› Coma e consciência prejudicada; 
› Icterícia; 
› Convulsões (recorrentes); 
› Choque. 
**Icterícia: A bilirrubina indireta é conjugada pela glucuronil 
transferase em bilirrubina direta nos hepatócitos e só 
depois é excretada. Em hemólise excessiva, há aumento 
da chegada de bilirrubina indireta aos hepatócitos, o que 
faz com que a bilirrubina se acumule mais do que é 
eliminada. 
CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA MALÁRIA GRAVE 
› Anemia (grave: < 7 g/dL [70 g/L]); 
› Coagulação intravascular disseminad (CID); 
› Hemoglobinúria; 
› Acidose metabólica; 
› Densidade parasitária > 5%; 
› Insuficiência renal. 
 
IMUNIDADE INATA 
› Grupo sanguíneo Duffy negativo; 
› Deficiância de G6PD (produção de metamoglobina 
toxica para o parasita); 
› Anemia falciforme ou traço falcêmico; 
› Talassemias. 
**Grupo sanguíneo Duffy 
Os antígenos desse sistema são glicoproteínas 
transmembrana, localizadas na superfície dos eritrócitos, 
que funcionam como receptores para citocinas pró- 
inflamatórias e maximizam a sensibilidade os neutrófilos 
circulantes. Além disso, atuam como um eliminador, 
reduzindo quantidades excessivas de quimiocinas tóxicas 
produzidas em algumas condições patológicas, como na 
malária. 
IMUNIDADE ADQUIRIDA 
Indivíduos que vivem em áreas de transmissão 
desenvolve anticorpos contra antígenos do parasita. Os 
recém-nascidos tem proteção até os 6 meses de vida 
por IgG materna e HB fetal. 
 
O método mais utilizado é a microscopia de gota espessa 
de sangue, colhida por punção digital e corada pelo 
método de Walker. 
O exame da gota espessa permite diferenciação das 
espécies de Plasmodium e do estágio de evolução do 
parasito circulante. No entanto, em casos de dúvida, um 
esfregaço pode ser feito porque permite melhor 
visualização das formas. 
Há também os testes diagnósticos rápidos, que se 
baseiam na detecção de antígenos dos parasitos por 
anticorpos mono e policlonais, que são revelados por 
método imunocromatográfico. Os kits chegam a 
fornecer o diagnóstico entre 15 e 20 minutos. 
EXAMES INESPECÍFICOS: Hemograma; Ureia; Dosagem 
de creatinina; Dosagem de aminotransferases (ALT e 
AST); Bilirrubina total e frações. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Dengue; Febre amarela; 
Outras arboviroses; Septicemias; Febre tifoide; 
Pielonefrite aguda. 
 
 
 
 
 
 
A anemia pode ser muito intensa, a função renal pode 
ser comprometida ou mesmo falir totalmente. A função 
respiratória pode apresentar sérias deficiências, além de 
quadros neurológicos, como a malária cerebral, podendo 
levar o paciente a confusão mental e coma. Pelo fato da 
doença provocar grandes distúrbios sistêmicos, a morte 
pode ser o desfecho em cerca de 1 a 2% dos casos 
detectados 
Condições de ordem ambiental: temperatura, umidade 
elevada, chuvas abundantes. Isso favorece a proliferação 
do mosquito e também encurta o período de vida 
extrínseco do Plasmodium no mosquito, tornando mais 
rápida a capacidade infectante do mosquito infectado 
num portador. 
Habitações precárias que facilitam a atividade vetorial: o 
contato homem/vetor é muito intenso em determinadas 
localidades da Amazônia, não só pela falta de paredes, 
mas pelo hábito de dormir de calção por causa do calor. 
Então, com o dorso nu, o peito nu e as pernas 
descobertas, há uma extensa superfície para o contato 
do mosquito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 10ªed. 2021. 
BREMAN, J.G. Malária: Epidemiologia, prevenção e 
controle. UpToDate, 2022.. 
Tauil, Pedro et al. A malária no Brasil. Cadernos de 
Saúde Pública [online]. 1985, v. 1, n. 1 [Acessado 24 
Outubro 2022] , pp. 71-111. Disponível em: 
<https://doi.org/10.1590/S0102-311X1985000100009>. Epub 
19 Abr 2006. ISSN 1678-4464. 
https://doi.org/10.1590/S0102-311X1985000100009. 
CORRÊA, T.S. Malária e suas principais complicações: 
aspectos fisiopatológicos, 2012. 
 
 
 
https://doi.org/10.1590/S0102-311X1985000100009

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