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É uma doença infecciosa crônica com comprometimento evidente da pele e nervos causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. É dividida em duas formas principais que dependem do grau e tipo de imunidade ➢ virchowiana (uma resposta predominantemente Th2) ➢ tuberculoide (uma resposta predominante Th1). Apesar de matar raramente, a hanseníase é, todavia, uma doença deformante, incapacitante e estigmatizante Anteriormente presente no mundo inteiro, hoje a hanseníase é vista principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, da África e das Américas do Sul e Central. A distribuição geográfica é provavelmente mais relacionada aos baixos padrões de vida e higiene precária do que ao clima quente Nas Américas, a maior incidência é observada no Brasil, especialmente na Amazônia ocidental. Apesar de homens e mulheres serem igualmente afetados, a forma virchowiana é vista duas vezes mais nos homens do que nas mulheres. Afeta todas as raças e idades; entretanto, seu pico de incidência ocorre em duas faixas etárias: 10 a 15 e 30 a 60 anos de idade Os três requisitos para a disseminação da hanseníase são: um paciente contagiante, uma pessoa suscetível e contato estreito ou íntimo. O período de incubação varia amplamente, de meses a mais de 30 anos, mas é geralmente de 4 a 10 anos O micro-organismo se dissemina predominantemente por via nasal e perdigotos de pacientes bacilíferos, e muito menos frequentemente através das lesões cutâneas. Mesmo após 1 a 7 dias, o bacilo permanece viável em secreções secas. A inoculação se dá através da mucosa nasal ou, menos comumente, por áreas onde há quebra da barreira cutânea. A transmissão também depende da infectividade do paciente contagiante. O bacilo M. leprae é muito pequeno e ligeiramente curvo e caracteristicamente acidorresistente. É um micro- organismo intracelular obrigatório, particularmente em macrófagos e células de Schwann. Os locais acometidos primeiramente são os nervos periféricos, a pele, as membranas mucosas, os ossos e as vísceras O bacilo necessita de uma temperatura de aproximadamente 35°C para crescer e, deste modo, tem preferência pelas regiões mais frias do corpo (p. ex., nariz, testículos e lóbulos das orelhas) e pelas regiões onde os nervos periféricos estão próximos à pele Para desenvolver a doença, deve haver uma variabilidade na suscetibilidade/resistência, dependendo de fatores genéticos e ambientais: ➢ indivíduos com HLA-DR2 e HLA-DR3 estão mais propensos a desenvolver a forma tuberculoide, ➢ HLA-DQ1, a forma virchowiana11 ➢ Polimorfismos em diversos genes, incluindo aqueles que codificam o fator de necrose tumoral (TNF)-α, interleucina (IL)-10, linfotoxina-α (um alelo de baixa produção associada ao início precoce de hanseníase), leucotrieno A4 hidrolase, o receptor de vitamina D e receptores Toll-like (TLR) 2, também têm demonstrado estar relacionados com um ou outro conjunto de suscetibilidade ou com a forma particular de hanseníase que se desenvolve (embora haja uma variabilidade em populações diferentes). Dependendo do nível de imunidade específica mediada por células (como mostra o teste da lepromina ou de Mitsuda), a doença pode progredir sem limitações, ser autolimitada ou pode haver cura espontânea. A imunidade humoral está aumentada nas formas que estão associadas à depressão da imunidade mediada por células (i.e., o polo vichowiano do espectro). Macrófagos desempenham um papel importante na tentativa do corpo para eliminar M. leprae, produzindo citocinas como IL-1, TNF-α e IL-12, quando se deparam com este micro-organismo. As citocinas, então, estimulam o aumento do número e a atividade de outros macrófagos. Resposta das células T CD4+, predominantemente Th1, é observada em pacientes com hanseníase tuberculoide. Esta resposta produz citocinas (IL-2, interferon [INF]-γ e TNF-β) que mantêm a inflamação. Naqueles pacientes com hanseníase virchowiana, a resposta é predominantemente Th2, que leva à liberação de citocinas diferentes (IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13), que suprimem a atividade dos macrófagos. A parede celular do M. leprae contém complexos lipídicos, incluindo o antígeno glicolipídio fenólico-1 (PGL-1), que pode colaborar para a supressão da resposta das células T e da produção de IFN-γ (assim como para a invasão dos micro-organismos às células de Schwann) Nas lesões de hanseníase tuberculoide, células T CD4+ que expressam a proteína antimicrobiana granulisina foram detectadas em uma frequência seis vezes maior quando comparada a lesões da pele lepromatosa As lesões tuberculoides também apresentam forte expressão de TLR2e TLR1, ativação que pode induzir a diferenciação de macrófagos e células dendríticas. Células dendríticas CD1b+ (que promovem a ativação de células T e a secreção de citocinas pró-inflamatórias) não foram detectadas em lesões de pacientes com hanseníase virchowiana progressiva; em vez disso, essas lesões tinham regulação dos genes pertencentes à família de receptor do tipo imunoglobulina (LIR) nos leucócitos. LIR- 7 tem mostrado suprimir a defesa inata do hospedeiro por vários mecanismos, incluindo bloqueio da atividade antimicrobiana desencadeada por TLRs RESUMO Após a sua entrada no organismo do hospedeiro, o bacilo de Hansen ocupa dois sítios principais; a pele e as células de Scwann, com tropismo especial pela segunda. Essa célula não tem capacidade fagocítica natural, assim, o M. leprae consegue multiplicar-se de forma contínua e permanece protegido dos mecanismos de defesa do indivíduo. A permanência do bacilo nas células de Schwann pode trazer comprometimento da função neural. **O PGL-1 é estrutura lipídica específica do M. leprae, responsável pela resistência à ação destruidora do macrófago e ação moduladora, e utilizado para análise sorológica e fixação do complemento. Quando o bacilo de Hansen penetra no organismo humano, verifica-se que a infecção pode evoluir de várias maneiras: O indivíduo tem resistência natural e abortará a infecção. A infecção evolui para doença subclínica que regride espontaneamente. Evolui para hanseníase indeterminada (MHI). A maioria dos doentes (70%) com MHI pode também curar-se espontaneamente. Menor número de doentes (30%) com MHI evolui com manifestações espectrais até a forma disseminada de hanseníase virchowiana. De forma geral, ocorrem os dois tipos de resposta imunológica: Th1 e Th2. Os bacilos introduzidos no organismo são fagocitados pelos macrófagos diretamente ou apresentados por células: Langherans, Schwann, queratinócitos e endoteliais. No tipo tuberculoide, os bacilos fagocitados induzem nos macrófagos as citocinas IL1, IL12 e fator de necrose tumoral (TNF), que atuam sobre a subpopulação linfocitária Th1, que induzem as citocinas IL2, IFN-γ e TNF-α, responsáveis pela resposta imunocelular. No tipo virchowiano, as citocinas produzidas pelos macrófagos atuam sobre a subpopulação Th2 com a produção de citocinas, IL4, IL5, IL6, Ild8, IL10 que são supressoras da atividade macrofágica e que estimulam linfócitos B e mastócitos. Associa-se nos virchowianos imunodeficiência celular específica dos macrófagos na destruição dos BH. A forma virchowiana apresenta níveis elevados de anticorpos específicos para o glicolipídeo fenólico 1 (anti- PGL-1), antígeno específico da parede celular do bacilo de Hansen (granulomas macrofágicos, em que um pequeno número de células CD4 se dispõe junto com as células CD8 de maneira difusa) e disseminam-se pela grande maioria dos tecidos caracterizando a forma grave e contagiante da moléstia. paucibacilar com lesão única (uma única lesão cutânea); paucibacilar (duas a cinco lesões cutâneas) multibacilar (mais de cinco lesões cutâneas). Há dois grupos de doentes segundo a classificação da OMS: GRUPO PACIBACILAR: doentes não contagiantes,com poucos bacilos e acometimento neural e cutâneo (paucibacilares). – tubeculoide e indeterminada • Indeterminado: É a primeira manifestação da doença e caracteriza-se pelo aparecimento de máculas ou áreas circunscritas com distúrbios da sensibilidade, sudorese e vasomotores. Pode ocorrer alopecia parcial ou total. As máculas podem ser hipocrômicas ou eritêmato-hipocrômicas, com eritema marginal ou difuso. Os nervos periféricos, superficiais e profundos, na MHI, nunca estão espessados. • TIPO DE LESÃO: Máculas, frequentemente hipopigmentadas • NÚMERO DE LESÃO: Uma ou poucas • DISTRIBUIÇÃO: Variavel • DEFINIÇÃO: Nem sempre definida • SENSIBILIDADE: Prejudicada • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: Normalmente nenhum detectado • Tuberculoide (TT): em pacientes com imunidade celular intacta; Observa-se apenas poucas placas bem--delimitadas e, algumas vezes, apenas o envolvimento neural está presente. As bordas das lesões cutâneas são, com frequência, levemente elevadas e representam o local preferido para exame histopatológico. Em alguns pacientes, as pápulas e placas são eritematosas, enquanto em outros, especialmente em pacientes negros, são hipopigmentadas Normalmente há perda parcial do pigmento, mas não completa. As placas devem ser examinadas à procura de alopecia, assim como de anestesia ou hipoestesia. Alterações neuropáticas unilaterais, especialmente das extremidades (p. ex., reabsorção dos dedos), podem ser observadas • TIPO DE LESÃO: Placas infiltradas, frequentemente hipopigmentadas • NÚMERO DE LESÃO: Uma ou poucas (até 5) • DISTRIBUIÇÃO: Localizada, assimétrica • DEFINIÇÃO: Bordas bem- definidas, acentuadas • SENSIBILIDADE: Ausente • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: nenhum GRUPO MULTIBACILAR: doentes contagiantes, com muitos bacilos em todos os tecidos acometidos (exceto no SNC) e, portanto, também muitas lesões cutâneas. Compreende as formas dimórfica e virchowiana. • Dimorfo/bordeline: é “instável” e capaz de evoluir para as formas virchowiana ou tuberculoide, de acordo com a melhora ou a piora da imunidade celular A hanseníase borderline possui características intermediárias entre os dois polos do espectro. As lesões cutâneas são frequentemente assimétricas, por exemplo, pode haver um edema unilateral do lóbulo da orelha. A gravidade das anormalidades cutâneas e dos nervos periféricos depende da evolução do paciente ao polo virchowiano (BV) ou ao polo tuberculoide (BT). No interior das lesões cutâneas, os pelos estão usualmente ausentes Borderline virchowiana (BV, polo dos imunodeprimidos): • TIPO DE LESÃO: Máculas, pápulas, placas, infiltração • NÚMERO DE LESÃO: Muitas • DISTRIBUIÇÃO: Tendência a simetria • DEFINIÇÃO: Bordas maldefinidas • SENSIBILIDADE: Diminuída • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: muitos Borderline - borderline (BB, no meio do espectro) • TIPO DE LESÃO: Placas e lesões foveolares arrancadas • NÚMERO DE LESÃO: Muitas • DISTRIBUIÇÃO: Assimetria evidente • DEFINIÇÃO: Bordas maldefinidas • SENSIBILIDADE: Diminuída • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: Muitos Borderline tuberculoide (BT, polo dos imunocompetentes) • TIPO DE LESÃO: Placas infiltradas • NÚMERO DE LESÃO: Única, geralmente com lesões satélites, mais de 5 • DISTRIBUIÇÃO: Assimétrica • DEFINIÇÃO: Bordas bem- definidas, acentuadas • SENSIBILIDADE: Ausente • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: Poucos (1 + ), se algum for detectado • Virchowiano (VV): que ocorre em pacientes com depressão da imunidade mediada por células; • TIPO DE LESÃO: Máculas, pápulas, nódulos, infiltração difusa • NÚMERO DE LESÃO: Numerosas • DISTRIBUIÇÃO: Simétricas • DEFINIÇÃO: Vaga, difícil de distinguir a pele normal da afetada • SENSIBILIDADE: Não afetada • BACILOS NAS LEÕES DA PELE: muitos (globais) é caracterizada inicialmente por múltiplas máculas eritematosas, maldefinidas, pápulas, nódulos e placas. As lesões são disseminadas e preferencialmente com distribuição simétrica. Os locais mais comumente envolvidos são a face, as nádegas e as extremidades inferiores. A infiltração da face pode levar à face leonina. Sinais adicionais e sequelas tardias incluem madarose, nariz em sela, infiltração bilateral dos lóbulos das orelhas e ictiose adquirida nos membros inferiores. Pode-se observar anestesia com distribuição em bota ou em luva, frequentemente junto com espessamento dos nervos periféricos e alterações neuropáticas. Manifestações oculares como lagoftalmo (inabilidade de fechar completamente os olhos) e anestesia de córnea e conjuntiva devido ao acometimento de ramos dos nervos facial e trigeminal, respectivamente, podem estar presentes em casos graves As manifestações clínicas da hanseníase envolvem principalmente a pele e o sistema nervoso Além da anestesia ou hipoestesia das lesões cutâneas individualmente, os nervos periféricos podem se tornar espessados e palpáveis. Existem nervos periféricos específicos que são mais comumente afetados, com base, em grande parte, em sua localização superficial. A palpação destes nervos é parte integrante do exame físico de um paciente com hanseníase. O médico também deve determinar através de um exame neurológico se há uma diminuição da sensibilidade dolorosa, térmica e/ou tátil (p. ex., nas extremidades distais). Isto além da inspeção à procura de alterações neuropáticas (p. ex., atrofia muscular, contraturas em flexão do quarto e quinto dedos), alterações vasomotoras e distúrbios secretórios (p. ex., olhos e nariz ressecados SINAIS E SINTOMAS Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; Comprometimento dos nervos periféricos, geralmente espessamento, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; Áreas com diminuição dos pêlos e do suor; Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés; Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés; Nódulos no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. REAÇÕES São caracterizadas por inflamação aguda que surge subitamente. Causadas mais comumente pela administração de drogas antimicrobianas e pela gravidade, outras infecções ou até mesmo distúrbios mentais. Reações do tipo 1 Reação reversa (upgrading): podem afetar pacientes com qualquer forma de hanseníase (exceto para a início precoce indeterminado), com predileção pelas categorias limítrofes (borderline) • MECANISMO IMUNOLÓGICO: Melhoria da imunidade mediada por células com um padrão de citocinas Th1 • PROCESSO PATOGÊNICO: Reação de hipersensibilidade tardia • CATEGORIA DE HANSENÍASE: Borderline (BT, BB, BV) ou tuberculoide com recuperação imunológica durante ou após o tratamento • CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: • Aumento da inflamação em lesões de pele estabelecidas • Surgimento de lesões “novas” • Dor aguda do nervo ou dor (neurite) e perda da função• Recentes (histórico < 6 meses) ou comprometimento neurológico progressivo na ausência de nervos dolorosos • TRATAMENTO: Prednisona Reações tipo 2 Vasculite (mais comumente eritema nodoso hansênico): ocorrem com mais frequência em pacientes com hanseníase virchowiana ou borderline virchowiano. São secundárias à formação de complexos imunes em associação à excessiva resposta humoral. Pacientes (usualmente provenientes das Américas Central e do Sul) com a forma difusa de hanseníase virchowiana podem desenvolver o fenômeno de Lúcio, um estado reacional caracterizado tanto por fenômenos trombóticos quanto por vasculite necrotisante de pequenos vasos. • MECANISMO IMUNOLÓGICO: Imunidade humoral excessiva com um padrão de citocinas Th 2 e formação de complexos imunes; pode estar acompanhada por aumento na imunidade celular • PROCESSO PATOGÊNICO: Vasculite depequenos vasos cutâneos e sistêmicos • CATEGORIA DE HANSENÍASE: Virchowiana e BV > BB; especialmente pacientes com uma alta carga bacteriana submetida a tratamento • CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: • Lesões cutâneas nodulares • Febre, mialgia, mal-estar • Dor e edema articular grave • Iridociclite • Linfadenite • Hepatoesplenomegalia • Orquite • Glomerulonefrite • TRATAMENTO: Talidomida CRITÉRIOS CLÍNICOS O diagnóstico de caso de hanseníase é realizado por meio do exame físico geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. CRITÉRIOS LABORATORIAIS • Baciloscopia de raspado intradérmico No paciente paucibacilar, a baciloscopia é negativa. Caso seja positiva, reclassificar o doente como multibacilar. No paciente multibacilar, a baciloscopia normalmente é positiva. Caso seja negativa, levar em consideração o quadro clínico para o diagnóstico e classificação desse doente (manter a classificação se o quadro clínico for de hanseníase dimorfa ou virchowiana). • Exame histopatológico (biópsia de pele) Na hanseníase indeterminada, encontra-se, na maioria dos casos, um infiltrado inflamatório que não confirma o diagnóstico de hanseníase. A procura de bacilos (BAAR) é quase sempre negativa. Na hanseníase tuberculóide, encontra-se um granuloma do tipo tuberculóide (ou epitelióide) que destrói pequenos ramos neurais, agride a epiderme e outros anexos da pele. A procura de bacilos (BAAR) é negativa. Na hanseníase virchowiana, encontra-se um infiltrado histiocitário xantomizado ou macrofágico, e a pesquisa de bacilos mostra incontáveis bacilos dispersos e organizados em grumos (globias). Na hanseníase dimorfa, há um infiltrado linfo- histiocitário, que varia desde inespecífico até com a formação de granulomas tuberculóides; a baciloscopia da biópsia é frequentemente positiva, sobretudo nos nervos dérmicos e nos músculos lisos dos pelos. • Prova da histamina A prova de histamina exógena consiste numa prova funcional para avaliar a resposta vasorreflexa à droga, indicando integridade e viabilidade do sistema nervoso autonômico de dilatar os vasos cutâneos superficiais, o que resulta no eritema. Quando disponível, a prova de histamina exógena aplica-se ao diagnóstico de hanseníase e aos diagnósticos diferenciais em lesões hipocrômicas. Como resposta ao difosfato de histamina 1,5%, em áreas normais, são esperados três sinais típicos que caracterizam a tríplice reação de Lewis: ➢ Sinal da punctura: lesões puntiformes avermelhadas que surgem quase que imediato (até 15 segundos) à escarificação por agulha de insulina dentro da gota aplicada sobre a área hipocrômica; ➢ Eritema reflexo: eritema que atinge de 2 a 8cm ao redor da área com limites fenestrados percebido a partir de 30 a 60 segundos após a escarificação; ➢ Pápula: caracteriza-se por lesão intumecida lenticular que surge após 2 a 3 minutos no local da punctura/escarificação. Se não ocorrer o eritema, não sendo uma lesão de nascença (nervo anêmico), ou se o paciente não estiver utilizando antialérgicos, essa ocorrência (prova da histamina incompleta) é altamente sugestiva de hanseníase. O teste deve ser feito também em uma área de pele não comprometida, para controle positivo, onde a prova deve ser completa (observa-se as 3 fases descritas anteriormente). EXAMES COMPLEMENTARES • Pesquisa da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil • Reação de Mitsuda, que não tem valor diagnóstico, mas é útil para a classificação e o prognóstico da doença. Fortemente positiva na hanseníase tuberculoide; fracamente positiva na HI; negativa nas HD e HV • Baciloscopia (pesquisa de BAAR), que se trata em esfregaço obtido de suco tissular e lesões cutâneas (máculas, pápulas, nódulos), áreas infiltradas (lóbulos auriculares, cotovelos, joelhos) • Eletroneuromiografia, que pode ser útil em casos de dificuldade diagnóstica • Biópsia de lesões ativas, que é o exame mais utilizado atualmente para exame histopatológico e imuno- histoquímico COMPROVAÇÃO DIAGNÓSTICA Dados clínicos e epidemiológicos + baciloscopia + exame histopatológico. O resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase. O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como rifampicina (inibe síntese de RNA), dapsona e clofazimina. Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico, se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina). PAUCIBACILAR: 6-9 meses os três MULTIBACILAR: 12-18 meses os três **profilaxia vacina BCG **após primeiro dia de tratamento diminui os bacilos em 90% Segundo as regras sociais impostas, antigamente os doentes deveriam andar com a cabeça coberta e com calçados para não infectarem os caminhos por onde passassem, além de serem obrigados a usar uma indumentária especial. Sobre o corpo, deveriam usar uma túnica ou hábito cor parda, castanha ou negra e, em alguns países, deveriam ter sinais expostos sob a forma de mão ou “L”. Deveriam avisar de sua passagem por meio de campainhas ou de matracas A imagem social da hanseníase é histórica, pois, durante muitos anos foi considerada como uma doença incurável, devido ao desconhecimento sobre as formas de tratamentos, transmissão e medidas de controle. A impossibilidade de cura trouxe aos portadores da doença, uma carga incomensurável de estigmas ao longo do tempo. Apesar do desenvolvimento da ciência e da descoberta do agente causador, ainda persiste na sociedade o medo e o preconceito O preconceito, marcado pelo sofrimento, abandono, deformidade e o estigma permanecem enraizados na cultura atualmente e dificultam bastante o indivíduo no enfrentamento da doença, trazendo-lhe várias repercussões em sua vida cotidiana. O estigma está diretamente relacionado com as questões referentes à imagem corporal, visto que o paciente pode apresentar desde pequenas lesões a grandes deformidades físicas, por acometimento do sistema nervoso periférico. O comprometimento da aparência do indivíduo é o principal responsável pelo impacto negativo no relacionamento familiar e social, na auto-rejeição e na dificuldade para iniciar o tratamento Os estudos sobre os efeitos da hanseníase mostram que há mudanças emocionais intensas e negativas desencadeando atitudes de auto-estigmatização, o que afeta a integridade psicológica. A instabilidade emocional dos pacientes que fazem tratamento contra a hanseníase desencadeia estado de crise, gerando tensão, modificações físicas, sociais e de ordem psíquica BOLOGIA, Jean. Dermatologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2015. SILVA, M.B.A Aspectos psicossociais nos portadores de Hanseníase em um centro de referência de Pernambuco. 2018.
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