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! DETERMINANTES DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA Daniel Burman Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho, D. Sc. Rio de Janeiro Setembro de 2017 ! "! Burman, Daniel Determinantes da política de dividendos das empresas listadas na BM&FBOVESPA / Daniel Burman – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2017. X, 104 p.: il.; 29,7 cm Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia de Produção, 2017. Referências Bibliográficas: p. 79-89. 1. Política de Dividendos. 2. Governança Corporativa. 3. Finanças Corporativas. 4. Econometria. I. Lima Filho, Roberto Ivo da Rocha II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. Determinantes da política de dividendos das empresas listadas na BM&FBOVESPA. ! ""! Agradecimentos Gostaria de agradecer aos meus pais, Marisa e Walter, meu irmão, Bruno, e minha avó, Fany, por todo o amor e carinho que sempre tiveram comigo. Vocês são as razões da minha vida e minhas maiores inspirações. Sinto-me abençoado por ter vocês como minha família. Agradeço também ao meu avô e melhor amigo Jayme (em memória) por ter sido tão importante na minha vida. Todo o meu caráter foi moldado pelos seus ensinamentos e princípios. Obrigado por nunca ter medido esforços desde o dia do meu nascimento. Você é o meu maior exemplo de vida e sempre estará no meu coração. Sou grato aos meus avós Sara e Moisés (em memória) pelo afeto durante o tempo em que convivemos. Vocês também fazem parte desta conquista. Externo ainda minha gratidão aos meu tios, primos e amigos, pelo companheirismo e apoio. Todos vocês contribuíram muito na minha formação. Por fim, agradeço a dois professores em particular, os quais já considero como amigos. Ao Professor Roberto Ivo pela sua dedicação, bem como suas orientações que foram essenciais para a elaboração do trabalho, e ao Professor João Granja, do departamento de contabilidade da Universidade de Chicago, por despertar em mim o interesse por finanças corporativas, e ter me permitido trabalhar sob sua supervisão em um projeto de investigação na Booth School of Business. ! ! ! """! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! "As pessoas raramente reconhecem a oportunidade porque ela surge disfarçada em trabalho árduo" H. L. Mencken "O investimento em conhecimento paga os melhores dividendos" Benjamin Franklin ! "#! Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. DETERMINANTES DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA Daniel Burman Setembro/2017 Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho Curso: Engenharia de Produção A política de dividendos corporativos vem sendo tratada como objeto de investigação de muitas pesquisas acadêmicas ao longo dos anos. Os debates incessantes acerca do referido tema são justificados pelas evidências empíricas divergentes, encontradas em vários destes estudos. Lintner (1959), e Miller e Modigliani (1961) obtiveram resultados controversos à respeito de uma possível relação entre o pagamento de dividendos e o valor de mercado das empresas, desencadeando a formulação de muitas teorias sobre os seus determinantes. O presente trabalho contempla o estudo dos fatores que influenciaram a política de dividendos das companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&FBOVESPA) entre 2011 e 2015. Empregou-se a estimação por efeitos fixos para o tratamento dos dados em painel desbalanceado. A regressão gerada pela metodologia de Arellano-Bond mostrou que a proporção de ativos imobilizados, ROA, ROE e a concentração do capital votante do maior acionista afetam positivamente o índice de payout de dividendos, enquanto que a taxa de juros de longo prazo (TJLP), o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI), e a concentração de direito de votos dos três e quatro maiores acionistas provocam efeitos negativos na variável dependente. Adotou-se ainda um modelo de regressão logística para examinar os elementos relevantes para a tomada de decisão de distribuir ou não lucros. Palavras-chave: Política de Dividendos, Governança Corporativa, Finanças Corporativas, Econometria ! #! Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Industrial Engineer. DETERMINANTS OF DIVIDEND POLICY OF COMPANIES LISTED ON THE BM&FBOVESPA STOCK EXCHANGE Daniel Burman September/2017 Advisor: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho Course: Industrial Engineering The corporate dividend policy has been approached as the object of investigation of many academic papers over the years. The incessant debates about this topic are justified by the divergent empirical evidence found in several of these studies. Lintner (1959), and Miller and Modigliani (1961) obtained controversial findings regarding a possible relation between the payment of dividends and the market value of the companies, triggering the formulation of many theories about its determinants. The present paper contemplates the study of the factors that influenced the dividend policiy of companies listed on the São Paulo Stock Exchange (BMF & FBOVESPA) from 2011 to 2015. Fixed-effects estimation was used for the treatment of unbalanced panel data. The regression generated by the Arellano-Bond methodology showed that the ratio of fixed assets, ROA, ROE and the concentration of voting capital of the major shareholder positively affect the dividend payout ratio, while the long-term interest rate (TJLP), the level of utilization of installed capacity (NUCI), and the concentration of voting rights of the three and four largest shareholders have negative effects on the dependent variable. A logistic regression model was also used to examine the relevant elements for decision-making to distribute profits. Keywords: Dividend Policy, Corporate Governance, Corporate Finance, Econometrics ! #"! SUMÁRIO 1.! INTRODUÇÃO!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%! 1.1! Objetivos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&! 1.2! Contribuição!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&! 1.3! Justificativa!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'! 1.4! Limitações!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'! 1.5! Descrição dos Capítulos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(! 2.! REVISÃO DA LITERATURA!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)! 2.1! Indicadores Financeiros!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)!2.1.1! Índices de Liquidez!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*! 2.1.2! Índices de Atividades!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!+! 2.1.3! Índices de Endividamento!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%,! 2.1.4! Índices de Mercado!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%&! 2.1.5! Índices de Rentabilidade!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%'! 2.1.6! Sistema Du Pont!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%*! 2.2! Política de Dividendos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%-! 2.2.1! Efeito Clientela!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&,! 2.2.2! Hipótese de Sinalização!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&&! 2.2.3! Hipótese do Fluxo de Caixa Livre e Teoria da Agência!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&'! 2.3! Governança Corporativa!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&)! &$(! ."#"/01/23!0!4!506"374892!:"3;47!<=43"70"=4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!',! 2.5! Modelos de Dividendos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!''! 2.5.1! Modelo de Desconto de Dividendos (DDM) de Crescimento Constante!$$$!''! 2.5.2! Modelo de Walter!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'(! &$*! >?7";48@03!A4;"214"3!0!B1C0=14;"214"3!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'*! 3.! ASPECTOS METODOLÓGICOS!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(,! 3.1! Mínimos Quadrados Generalizados!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(,! 3.2! Regressão com Dados em Painel!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(%! 3.3! Efeitos Fixos e Aleatórios!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!('! '$(!!!!>=077412D<21/!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(*! '$)!!!!E06=03392!526F3C";4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(*! 4.! AMOSTRA!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G! 4.1! Definição da Amostra!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G! ($&! H"?IC0303!0!J4="K#0"3!B1/0?01/01C03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!),! 4.3! Estatísticas Descritivas!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)(! 4.4! Evolução no tempo!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*,! 4.5! Correlações!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*+! 5.! REGRESSÕES!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-&! 6.! CONCLUSÃO!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!--! 7.! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-G! 8.1! Apêndice A – Histogramas!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!G,! +$&! >?L1/";0!<!MNO?=0343!/4!>O23C=4!PC"7"Q4/4!143!E06=033@03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%,%! ! #""! LISTA DE QUADROS ! RS4/=2!%!M!T1/";03!/0!5"US"/0Q!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-! RS4/=2!&!M!T1/";03!/0!>C"#"/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!G! RS4/=2!'!M!T1/";03!/0!N1/"#"/4O01C2!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%%! RS4/=2!(!M!T1/";03!/0!V0=;4/2!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%'! RS4/=2!)!M!T1/";03!/0!E01C4W"7"/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%)! RS4/=2!*!M!>=C"623!32W=0!2!NX0"C2!Y7"01C074!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&%! RS4/=2!-!M!>=C"623!32W=0!4!H"?IC030!/4!Z"147"Q4892!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&&! RS4/=2!+!M![="1;F?"23!/4!\2#0=14184!Y2=?2=4C"#4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&-! RS4/=2!G!M!V2/072!/0!]47C0=!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'(! RS4/=2!%,!M!J4="K#0"3!B1/0?01/01C03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)(! !#"""! LISTA DE TABELAS ^4W074!%!M!Y2O?23"892!/4!4O23C=4!?2=!30C2=!/0!4CS4892!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G! ^4W074!&!M!N3C4CF3C";43!/03;="C"#43!/4!4O23C=4!2="6"147!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!))! ^4W074!'!M!N3C4CF3C";43!/03;="C"#43!4?I3!=0C"=4/4!/23!2SC7"0=3!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)*! ^4W074!(!M!NO?=0343!;2O!?4_2SC!`!,a!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)-! ^4W074!)!M!NO?=0343!;2O!?4_2SC!4;"O4!/0!%,,a!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)-! ^4W074!*!M!Vb/"4!/0!?4_2SC!?2=!30C2=!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)+! ^4W074!-!M!Y2O?23"892!4;"21K="4!/4!4O23C=4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)G! ^4W074!+!M!N3C4CF3C";4!/03;="C"#4!?2=!412!/4!#4="K#07![4_2SC!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*,! ^4W074!G!M!Vb/"4!?2=!412!/43!#4="K#0"3!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*&! ^4W074!%,!M!V0/"414!?2=!412!/43!#4="K#0"3!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*&! Tabela 11 – N3C4CF3C";4!/03;="C"#4!cOb/"4d!?2=!412!/43!/0O4"3!#4="K#0"3! "1/0?01/01C03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*+! ^4W074!%&!M!V4C="Q!/0!Y2==074892!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*G! ^4W074!%'!M!E03S7C4/23!/43!E06=033@03!5"104=03!Ve7C"?743!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-(! ^4W074!%(!M!E03S7C4/23!/43!E06=033@03!526F3C";43!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-)! ! "f! LISTA DE GRÁFICOS ! \=KX";2!%!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!#4="K#07!?4_2SC!cOb/"4d!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*%! \=KX";2!&!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!#4="K#07!?4_2SC!cO0/"414d!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*%! \=KX";2!'!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!03C=SCS=4!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!cOb/"4d!$$$$!*'! \=KX";2!(!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!03C=SCS=4!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!cO0/"414d*'! \=KX";2!)!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!C4f4!O01347!/0!Y.B!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*)! \=KX";2!*!M!N#27S892!C0O?2=47!/4!^g5[!4;SOS74/4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*)!\=KX";2!-!M!N#27S892!C0O?2=47!/2!B[Y>!O01347!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!**! \=KX";2!+!M!N#27S892!C0O?2=47!/2!APYB!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!**! \=KX";2!G!M!J4="4892!?0=;01CS47!/2![B<!C="O03C=47!0O!=074892!42!O03O2!?0=F2/2!/2! 412!41C0="2=!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!**! \=KX";2!%,!M!N#27S892!C0O?2=47!/2!BYNB!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*-! ! f! GLOSSÁRIO DE SIGLAS BLUE – Best Linear Unbiased Estimator BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias e Futuros & Bolsa de Valores de São Paulo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CVM – Comissão de Valores Mobiliários IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa GLS – Generalized Least Square GMM – Generalized Method of Moments ICEI – Índice de Confiança do Empresário Industrial IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo JCP – Juros sobre Capital Próprio NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria OLS – Ordinary Least Squares PIB – Produto Interno bruto ROA – Return On Assets ROE – Return On Equity ROI – Return On Investment SA – Sociedades Anônimas TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo NASDAQ – National Association of Securities Dealers Automated Quotations NYSE – New York Stock Exchange ! ! %! 1. INTRODUÇÃO Os dividendos são concebidos como as distribuições dos lucros em ativos reais entre os acionistas da empresa na proporção de suas propriedades (Frankfurter, Wood e Wansley, 2003). A dificuldade em entender os fatores que moldam as políticas de dividendos das corporações, torna este assunto bastante complexo, bem como abordado de forma recorrente na literatura acadêmica. As primeiras discussões relacionadas ao tema surgiram em 1956, quando Lintner constatou a relevância da política de dividendos para os investidores, considerando-a um elemento de grande influência na valoração de mercado das empresas. Segundo o autor, os gestores são relutantes em alterar suas políticas de distribuição de lucros, optando pela estabilização dos índices de pagamento (payout). Desse modo, as entidades conseguiriam minimizar o risco de no futuro serem obrigadas a cortar dividendos, uma decisão que poderia ser mal interpretada pelos investidores e demais stakeholders externos, afetando negativamente a precificação acionária das organizações. Na direção oposta, Miller e Modigliani (1961) defendem que a política de dividendos é irrelevante para a maximização da riqueza dos acionistas. Na visão dos autores, a distribuição de lucros implica em uma desvalorização futura nas ações da companhia. Da mesma forma, a retenção de caixa acarreta em uma posterior valorização das ações, de modo que sempre existirá este trade-off. Todas estas argumentações são embasadas em um mercado perfeito, o que não condiz com a realidade. Em conformidade com Lintner, Gordon (1963) foi um dos primeiros pesquisadores a contestar as ideias de Miller e Modigliani. Na opinião do estudioso, a política de dividendos é de fato importante para o valor de mercado de uma firma. De acordo com a teoria do pássaro na mão (“bird in the hand”) formulado pelo mesmo, o caráter comportamental dos investidores é justificado pelas incertezas futuras. Os acionistas preferem receber os dividendos hoje ao invés dos dúbios ganhos de capital futuros. Desde então, diversas teorias e estudos têm sido desenvolvidos para examinar os determinantes das políticas de dividendos. Nos últimos anos, especialistas têm se ! ! &! fundamentado na ideia de que o comportamento dos dividendos pode ser explicado pelas teorias da agência e do ciclo de vida. Segundo Easterbrook (1984), empresas pagam dividendos de modo a atenuar os custos decorrentes do problema principal-agente, haja vista que uma menor retenção dos lucros implica consequentemente em uma redução no fluxo de caixa disponível para os administradores. Além disso, Fama e French (2001) atestam que companhias que apresentam alta lucratividade e baixa perspectiva de crescimento, são mais propensas a pagar dividendos, enquanto que aquelas que possuem as características opostas às mencionadas tendem a reter os fluxos de caixa. Apesar de muitas evidências empíricas, como as mencionadas acima, terem ajudado a desmistificar parcialmente o enigma dos dividendos, não há ainda uma total compreensibilidade acerca deste tópico. 1.1 Objetivos Diante do contexto apresentado, esta monografia visa determinar como são modelados os dividendos das empresas estudadas durante o período de 2011 à 2015. Como objetivo secundário, busca-se identificar a existência de correlação entre suas respectivas estruturas de controle e propriedade e as políticas de distribuição de lucros. 1.2 Contribuição Como já relatado na seção introdutória, a política de dividendos é um tópico bastante explorado e discutido no âmbito das finanças corporativas, principalmente devido à divergência de alguns resultados encontrados. Miller e Modigliani (1961) formularam o teorema de irrelevância dos dividendos, o qual diz que a política de dividendos é irrelevante para o valor da empresa quando as condições de mercado são perfeitas e os investimentos são mantidos constantes. Este pensamento contrapõe-se aos estudos de Lintner (1965), e Allen e Michaely (2003), os quais indicam a existência de padrões na distribuição de dividendos ao revelarem que os índices de pagamento de dividendos não decresciam mesmo com o aumento de recompras de ações, comprovando, assim, a importância dos mesmos para as instituições, gestores e órgãos reguladores do mercado. ! ! '! Outro exemplo de inconsistência presente na literatura reside na teoria de sinalização, a qual enfatiza o conteúdo informativo da declaração da distribuição ou não de dividendos. Bhattacharya (1979), John e Williams (1985), e Miller e Rock (1985) sugerem uma forte associação entre a precificação acionária e a política de distribuição de proventos. Entretanto, esta proposição é refutada pelas pesquisas de Watts (1973) e de Benartzi, Michaely e Thaler (1997), na qual concluiu-se que as mudanças de dividendos não são necessariamente indicativos de alterações nos lucros futuros. Portanto, em razão da falta de consenso entre os principais estudiosos deste campo de pesquisa, julga-se interessante a elaboração de um novo trabalho sobre o referido tema, de modo a trazer outras discussões à tona, assim como, possivelmente, descobertas instigantes. 1.3 Justificativa A distribuição dos lucros entre os acionistas é considerada uma prática de grande valia para as companhias, funcionando como um importante mecanismo de captação e manutenção de novos investidores. Um dos principais fatores fomentadores para a escolha deste tema foi a necessidade de atualizar a literatura nacional. Diferentemente de muitos trabalhos sobre a política de dividendos no Brasil, o presente projeto analisará também a influência de fatores macroeconômicos no índice payout, não restringindo-se apenas ao estudo das variáveis empresariais tradicionais. Deve-se ainda salientar a dicotomia legislativa e tributária no que concerne ao pagamento de dividendos entre os Estados Unidos e Inglaterra, países que apresentaram estudos de destaques nesta linha, e o Brasil, foco do artigo. Uma das principais diferenças compreende a imposição legal do pagamento de dividendos mínimos obrigatórios que existe no Brasil. 1.4 Limitações Este projeto de investigação está restrito apenas às empresas nacionais que negociaram suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&FBOVESPA)entre 2011 e 2015. ! ! (! 1.5 Descrição dos Capítulos Além da parte inicial introdutória, este trabalho está estrutura em mais 5 capítulos. No capítulo 2 será realizada uma revisão da literatura, de modo a enriquecer o referencial teórico do presente trabalho. Os principais conceitos referentes aos indicadores financeiros, políticas e modelos de dividendos, e de governança corporativa serão expostos. Trabalhos recentes, nacionais e internacionais, relacionados ao tema em questão, também serão retratados. O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada, justificando como se dará o tratamento dos dados para a criação do modelo econométrico. No capítulo 4 será definida a amostra, apresentando as estatística descritivas, a análise temporal, além da matriz de correlação das variáveis do estudo. No capítulo 5, encontram-se detalhados os principais resultados das regressões. No capítulo 6, estão resumidas as descobertas inerentes à este projeto, averiguando, assim, a conformidade ou não com as evidências empíricas da literatura. No capítulo 7 serão documentadas todas as referências bibliográficas que foram empregadas no trabalho, enquanto que no capítulo 8 exibe-se os apêndices do trabalho. ! ! )! 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Indicadores Financeiros As informações mais relevantes dos balanços contábeis são interpretados de maneira mais clara e precisa a partir da determinação dos indicadores financeiros, instrumentos que auxiliam a tomada de decisão dos gestores, especialmente em relação à qual tipo de política de dividendos assumir, na medida em que permitem a avaliação da performance, assim como da eficiência da gestão do negócio. Segundo Assaf Neto (2006, págs. 103 e 104), “a análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período do passado, para diagnosticar, em consequência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras”. “A análise por índices compreende o cálculo de quocientes resultado do inter- relacionamento dos saldos das diversas contas das demonstrações contábeis. Por meio de quocientes calculados, denotados na forma decimal ou percentual, associados a outras técnicas de análise, além de informações setoriais e conjunturais, o analista procurará interpretar os números obtidos e vislumbrar qual a perspectiva do desempenho futuro da empresa” (SECURATO, 2000, pág. 76 apud NETO e SÉRGIO, 2009, pág. 91). De acordo com Assaf Neto (2001, pág. 55), um indicador não deve ser julgado isoladamente, uma vez que o mesmo, sozinho, não irá fornecer informações que representem a real solidez financeira da organização. É necessário comparar a evolução dos resultados das empresas e de seus concorrentes ao longo dos anos, para que, assim, seja possível obter um retrato mais condizente com a realidade econômico-financeira das companhias. Para uma análise ainda mais completa e conclusiva, Costa, Limeira, Gonçalves e Carvalho (2011) sugerem que as condições setoriais e macroeconômicas sejam consideradas. Segundo Gitman (2004), os principais indicadores financeiros são categorizados em 5 (cinco) grupos: liquidez, atividade, endividamento, valor de mercado e rentabilidade. ! ! *! 2.1.1 Índices de Liquidez Conforme Limeira et al. (2010, pág. 34), “os índices de liquidez apontam a capacidade financeira da empresa para honrar os compromissos com terceiros. Evidenciam quanto a empresa dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo período”. Assim, é razoável pensar que firmas com maiores liquidez possuem uma boa saúde financeira. Porém, Damodaran (2004) interpreta que um índice de liquidez muito alto pode também sinalizar que a corporação está enfrentando problemas diminuindo seu estoque, ou seja, dificuldades em conseguir mais fundos para o seu capital de giro líquido. 2.1.1.1 Liquidez Corrente O índice de Liquidez Corrente reflete a capacidade da empresa em saldar suas dívidas no curto prazo. Este é calculado pela divisão do ativo circulante pelo passivo circulante. Marion (2009, pág. 38) pondera que a análise deste indicador possui algumas limitações: (1) o índice não revela a qualidade dos itens no Ativo Circulante; (2) o índice não aponta a sincronização entre recebimento e pagamento, ou seja, por meio dele não identificamos se os recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas vincendas; (3) o índice pode estar distorcido em razão dos critérios para avaliação dos estoques. 2.1.1.2 Liquidez Seca Para a obtenção do índice de Liquidez Seca, exclui-se o estoque do cálculo. É um índice considerado mais rigoroso, pois o Estoque é o ativo circulante menos líquido, ou seja, que apresenta maior dificuldade em se transformar em caixa. O seu resultado, portanto, indica qual o nível de dependência da empresa com a realização de seu estoque para o cumprimento de suas obrigações no curto prazo. 2.1.1.3 Liquidez Imediata Como o próprio nome sugere, este indicador mede a capacidade de pagamento sobre o Passivo Circulante, contabilizando apenas os ativos de tesouraria. Em outras palavras, este índice trabalha somente com as contas disponíveis de forma imediata, tais como: caixa, bancos e aplicações financeiras. ! ! -! 2.1.1.4 Liquidez Geral A Liquidez Geral, diferentemente dos 3 (três) índices citados anteriormente, leva em consideração todos os ativos realizáveis, sejam de curto ou longo prazo, para a quitação de todas as exigibilidades. O quadro 1 apresenta um resumo de todos estes índices de liquidez, com suas respectivas fórmulas e análises. ! Índice de Liquidez Fórmula Análise Referência Liquidez Corrente (LC)! !"#$%!!"#$%&'()* !"##$%&!!"#$%&'()*! “Para um credor – especialmente um de curto prazo, como um fornecedor – quanto maior o índice de liquidez corrente melhor. Para a empresa, um índice de liquidez corrente alto indica liquidez, mas também pode indicar um uso ineficiente do caixa e de outros ativos de curto prazo” Ross, Westerfield, Jordan e Lamb (2013, pág. 61) Liquidez Seca (LS)! !"#$%!!"#$%&'()* ! !"#$%&' !"##$%&!!"#$%&'()* ! “Índice de liquidez seca alto implica menos risco da empresa experimentar uma falta de caixa em um futuro próximo” Berk, DeMarzo, Harford (2010, pág. 65) Liquidez Imediata (LI) !"#$%&"'"(")*)+ !"##$%&!!"#$%&'()* “ Em um cenário de retração econômica, a empresa deve manter uma margem de segurança nesse índice para garantir seus pagamentos sem necessidade de crédito. Já em um cenário de aquecimento econômico, a empresa poderá concentrar suas disponibilidades em estoques e duplicatas para atingir uma maior lucratividade” Debastiani e Russo (2008, pág. 83) Liquidez Geral (LG) !"#$%!!"#$%&'()* ! !"#$%&!!"#!!" !"##$%&!!"#$%&'()* ! !"#$!!"#!!" “Podemos dizer que este indicador não dá uma informação relevante. Isso porque o perfil de longo prazo pode ser variável. Aceitam-se indicadores abaixo de 1,00 porque, para a maioria das empresas, o exigível a longo prazo pode ser amortizado em vários anos” Padoveze (2004, pág. 163) ! Quadro 1 – Índices de Liquidez Fonte: O autor (2017) ! ! +! 2.1.2 Índices de Atividades Os índices de atividades mensuram as durações de um ciclo operacional, fornecendo informações referentes à liquidez e rentabilidade da empresa, a partir da determinação do tempo que a mesma leva para obter o retorno de suas vendas, efetuar o pagamento de suas compras e renovar seus estoque. 2.1.2.1 Prazo Médio de Recebimento De acordo com Pereira (2009, pág. 47), “o prazo médio de recebimento compreende o tempo que decorre entre o momento em que a venda ocorre e o seu efetivo recebimento”. 2.1.2.2 Prazo Médio de Pagamento O prazomédio de pagamento representa a média de dias que a empresa dispõe para realizar o pagamento de suas contas (duplicatas, títulos, etc...), atendendo todas suas obrigações junto aos fornecedores e outros credores. 2.1.2.3 Prazo Médio de Estoques O prazo médio de estoques mostra o período compreendido entre a aquisição de matéria prima e a venda dos bens, isto é, a duração com que o estoque é renovado. 2.1.2.4 Giro de Estoques O giro de estoque, também denominado de rotação de estoque, denota a quantidade de vezes que o estoque é renovado durante certo período contábil. 2.1.2.5 Giro do Ativo Total Santos (2012) declara que o giro do ativo revela a competência com que a empresa utiliza seus ativos na geração de receita. ! ! ! ! ! G! Índice de Atividade Fórmula Análise Referência Prazo Médio de Recebimento (PMR) !"#$%&!!!!"#"$"% !"#$%&!!"#$%& !"# ! ! “Reflete a política adotada junto aos clientes e é representado pelo prazo média (em dias) dos principais clientes e das vendas mais relevantes. Em princípio, quanto menor este prazo, melhor; mas deve-se analisar também o custo financeiro embutido na compra prazo” Kassai (1997, pág. 14) Prazo Médio de Pagamento (PMP) !"#$%&!!!!"#"$ !"#$%&'!!!!"#"$ !"# ! ! “ O prazo Médio de Pagamento só é significativo em comparação com as condições médias de crédito concedidas pelo empreendimento. Em termos de liquidez, é saudável uma dilatação do Prazo Médio de Pagamento, sem entretanto cometer exageros. Quanto mais dilatado for o prazo obtido junto aos fornecedores, maior será o ônus financeiro por aplicação deste capital” Salim, Salim, Ferreira (2011) Prazo Médio de Estoques (PME) !"#$%&' !"#$%!!"#$%&#!!"#$%$& !"# ! ! “ O prazo médio de estocagem deve refletir a política de estoques da empresa. Caso o prazo médio de estocagem seja superior ao estabelecido, é um indicativo de que existe estoque em demasia em relação ao volume atual de vendas” Padoveze (2004, pág. 87) Giro de Estoques !"#$%!!"#!!"#$%&#'!!"#$%$&' !"#$%&' ! “ Comparando as médias industriais, um baixo giro pode indicar excesso de estoque, sinal pouco salutar, pois esses excessos representam um investimento com uma taxa de retorno baixa ou nenhuma taxa de retorno e também porque tornam a empresa mais vulnerável à queda de preços. Uma contínua queda no giro do estoque, em comparação a períodos anteriores, pode revelar ausência de uma política de vendas suficientemente agressiva ou compras ineficientes” Downes, Goodman (1993, pág. 245) Giro do Ativo Total !"#$%& !"#$%!!"#$%! ! “ (...) quanto mais alto o índice de giro do ativo total e mais baixo o índice de intensidade do capital, mais eficiente é a gestão de ativos no geral. No entanto, se o índice de giro do ativo total é extremamente alto e o índice de intensidade do capital é extremamente baixo, a empresa poderá realmente ter um problema em relação a gestão de ativos” Cornett, Adair, Nofsinger (2013, pág. 51) Quadro 2 – Índices de Atividade Fonte: O autor (2017) ! ! ! ! %,! 2.1.3 Índices de Endividamento Estes índices retratam a situação patrimonial de uma organização, apontando o seu grau de endividamento. Os mesmos estabelecem em que proporção os recursos próprios e capitais de terceiros são utilizados para o financiamento dos ativos. De acordo com o estudo de Rajan e Zingales (1995) apud Brealey, Myers e Allen (2013, pág. 427), os índices de endividamento são dependentes de 4 (quatro) elementos principais: 1. Tamanho: As grandes empresas tendem a ter índices de endividamento maiores. 2. Ativos tangíveis: As empresas com elevados índices de ativos fixos sobre os ativos totais têm índices de endividamento maiores. 3. Lucratividade: As empresas mais lucrativas tendem a ter índices de endividamento menores. 4. Índice valor de mercado-valor contábil: As empresas com índices mais elevados entre o valor de mercado e o valor contábil têm índices de endividamento menores. 2.1.3.1 Índice de Endividamento Geral O endividamento geral expõe a necessidade da instituição em recorrer aos credores para a capitalização de recursos. De forma simplificada, esta medida identifica a proporção de ativos obtidos junto ao capital de terceiros. 2.1.3.2 Índice de Cobertura de Juros O índice de cobertura de juros quantifica a capacidade da entidade em liquidar os juros contratuais. Damodaran (2004) manifesta a existência de correlação significativa entre o índice de cobertura de juros e: (1) classificações de títulos; (2) índice de cobertura de dívida; (3) índices de fluxo de fundos. ! ! %%! 2.1.3.3 Composição do Endividamento A composição do endividamento exibe um panorama de todas as obrigatoriedades a serem cumpridas pela companhia, assinalando a proporção de dívidas que devem ser atendidas no curto prazo e no longo prazo. Logo, este índice descreve como é estruturada a política de captação de recursos de terceiros. ! Índice de Endividamento Fórmula Análise Referência Endividamento Geral !"##$%&!!"#$% !"#$%!!"#$% ! ! “Quanto maior for este índice, maior será o montante de capital de terceiros, que vem sendo utilizado para gerar lucros” Gitman (1997, pág.117) Cobertura de Juros !"#$ !"#$%! ! “Quanto mais altos os índices de cobertura de juros, de cobertura de obrigações fixas e de cobertura de caixa, mais capital próprio e menos dívida o postulante usa para financiar seus ativos. Assim, os níveis baixos de dívida levarão à diluição do retorno para os acionistas, devido a um aumento maior no uso de capital próprio, e ao não aproveitamento da dedução fiscal da despesa de juros” Cornett, Adair, Nofsinger (2013, pág. 55) Composição do Endividamento !"##$%&!!"#$%&'()*! !"##$%&!!"#$%&'()* ! !!!!!"#$%&'()*! “Admite-se que quanto maior a concentração de endividamento no curto prazo, maior será o risco oferecido pela empresa a seus credores. Por outro lado, um endividamento com perfil de longo prazo, principalmente para o financiamento do ativo não circulante, propicia à empresa situação mais confortável, podendo sinalizar, portanto, eficiente política de captação de recursos” Limeira, Silva, Vieira, Silva (2015) ! Quadro 3 – Índices de Endividamento Fonte: O autor (2017) ! ! ! ! ! ! ! ! %&! 2.1.4 Índices de Mercado Os índices de valor de mercado vinculam a precificação acionária de uma firma com sua rentabilidade, valor patrimonial e fluxo de caixa. Seus resultados possibilitam realizar comparações entre os valores das ações de diferentes corporações. A sua análise é essencial para os investidores, uma vez que permite aos mesmos a aferição das empresas sob aspectos de risco e retorno. 2.1.4.1 Índice Preço por Lucro (P/L) Este múltiplo mede o quanto os investidores estão dispostos a pagar por unidade monetária do lucro corrente. Agentes de mercado selecionam as ações a partir destes indicadores, que trazem informações referente aos seus custos e rendimentos. 2.1.4.2 Índice Preço por Valor Patrimonial (P/VP) O preço por valor patrimonial é um indicador que dá suporte às decisões dos investidores, visto que estabelece uma comparação entre as cotações das ações e o quanto os acionistas estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da empresa. ! ! ! %'! Índice de Mercado Fórmula Análise Referência Preço por Lucro (P/L) !"#!!!!"!!"#$%&'!!"!!!"! !"#$%!!"#$!"! ! “Um índice preço-lucro alto significa que os investidores estejam dispostos a pagar um prêmio pelas ações da empresa – isso porque, ao certo, espera-se que os lucros da empresa tenham um crescimento futuro mais alto que a média. Ao contrário, se os investidores acreditarem que as perspectivas de crescimento dos lucros futuros de uma empresa são restritas, o índice preço-lucro seriarelativamente baixo” Garrison, Noreen, Brewer (2013, pág.681) Preço por Valor Patrimonial (P/VP) !"#$!"!!!"!!!"! !"#$%!!"#$%&'(%")!!"!!!"!! “A situação ideal para esse indicador é que seu valor seja maior que 1, denunciando a existência do ágio nas negociações. Porém, um P/VP muito elevado pode representar risco ao investimento, indicando valorização especulativa sem amparo nos fundamentos da empresa” Debastiani e Russo (2008, pág. 97) ! Quadro 4 – Índices de Mercado Fonte: O autor (2017) ! ! 2.1.5 Índices de Rentabilidade A performance de uma companhia também pode ser constatada através dos índices de rentabilidade, os quais demonstram a eficácia da mesma no que tange a aplicação de ativos para geração de resultados. De forma resumida, os índices de rentabilidade mensuram o retorno do capital investido na empresa, mostrando em que condições atinge-se ou não a lucratividade. 2.1.5.1 Margem Líquida Expressa a relação entre o lucro líquido da empresa e suas vendas líquidas. É um indicador que traduz a eficiência e viabilidade de um negócio. ! ! %(! 2.1.5.2 Lucro por Ação Corresponde ao lucro líquido de cada ação ordinária emitida pela companhia. Deve-se atentar que a fórmula que expressa este índice, considera apenas o montante disponível aos acionistas ordinários, ou seja, o lucro corrente deduzido dos dividendos preferenciais. 2.1.5.3 Retorno sobre o Ativo Total (ROA) Povoa (2008, pág. 53) explica que “o ROA mensura a rentabilidade dos recursos aplicados pelos acionistas e credores da empresa. O indicador deve ser sempre comparado ao chamado custo de capital, que é a média ponderada entre o custo da dívida e o custo de capital próprio”. De acordo com Wernke (2008, págs. 284 e 285) apud Vieira et al (2011), a análise do ROA apresenta os seguintes benefícios: (1) identificação de como a margem de lucro aumenta ou se deteriora; (2) a possibilidade de medir a eficiência dos ativos permanentes em produzir vendas; (3) possibilidade de avaliar a gestão do capital de giro por intermédio de indicadores mensurados em dias; (4) faculta o estabelecimento de medidas que aferem a habilidade do gestor para controlar custos e despesas em função do volume de vendas; (5) propicia a comparação das medidas de eficiência citadas anteriormente e estabelece o patamar máximo de custo de captação de recursos que a empresa pode suportar. 2.1.5.4 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) Também conhecido como Retorno do Capital Próprio, o ROE delineia a capacidade da organização na geração de resultados sobre o capital investido. Mauad (2015) afirma que o ROE, assim como o ROA, deve ser analisado de forma comparativa, levando em consideração os concorrentes e os relatórios contábeis anteriores da companhia. 2.1.5.5 Retorno sobre o Investimento (ROI) Os resultados financeiros resultantes de determinados investimentos são medidos através do ROI. Isto é, esta métrica examina o custo benefício destes investimentos, ! ! %)! comparando os custos incorridos destas aplicações financeiras com os rendimentos provenientes das mesmas. ! ! Índice de Rentabilidade Fórmula Análise Referência Margem Líquida !"#$%!!!!"#$% !"#"$%&!!"#$%&'()%*!!!!"#$%! ! “ O gestor deve estar muito atento a esse indicador, pois a sua evolução no sentido positivo é de fundamental importância para o fortalecimento da empresa. A geração de despesas e/ou custos, sem o aumento proporcional de receita, acarretará perdas de resultado e, por consequência, “enfraquecimento” da empresa” Galvão et al (2007, pág. 75) Lucro por Ação (LPA) !"#$%!!!!"#$% !!!"#$!!"!!!"!"! ! “Do ponto de vista do acionista, um aumento fixo nos lucros por ação é uma boa medida de uma empresa bem-sucedida” Markham (2005, pág. 359) Retorno do Ativo Total (ROA) !"#$%!!!!"#$% !"#$%!!"#$% ! ! “Casos de ROA ou ROE negativos significam prejuízo no balanço do ano corrente, e revelam não estar a empresa usando adequadamente os recursos nela investidos. Tanto o ROA quanto o ROE de uma empresa devem ser superiores à taxa de juros livre de risco, para manter a atratividade do investimento na ação e cobrir os custos de oportunidade para os acionistas. Quando uma empresa apresenta um ROA ou ROE abaixo da taxa de juros livre de risco não estará gerando lucros satisfatórios dado o nível de sua dívida e nem remunerando adequadamente o capital investido pelos acionistas, dado o seu nível de risco” Mauad (2015, pág. 92) Retorno do Capital Próprio (ROE) !"#$%!!!!"#$% !"#$%&!!"#!!!!"#$%! ! Retorno sobre o Investimento (ROI) !"#$%!!!!"#$% !"#$%&'($"&) ! ! “Com a análise do ROI a empresa verifica suas diferentes linhas de produtos e verifica onde o capital está sendo empregado com maior eficiência, além de poder fazer uma aplicação balanceada do capital para alcançar um lucro global maior” Chiaventato (2007, pág. 348) Quadro 5 – Índices de Rentabilidade Fonte: O autor (2017) ! ! %*! 2.1.6 Sistema Du Pont O sistema Du Pont é utilizado para analisar de forma mais criteriosa o ROA e o ROE, reconhecendo os fatores responsáveis por eventuais variações nestes índices de rentabilidade. Póvoa (2012) entende que o desmembramento destes indicadores pelo Sistema Du Pont proporciona uma melhor compreensão do perfil de lucratividade de uma companhia. Seu conceito é expresso pela seguinte equação (1): !"# ! !"#!! ! !"#$%&%"'(!"#$%&!!"#!!!!"#$% (1) Esta fórmula principal é decomposta da seguinte maneira (2): !"# ! !"#$%!!!"!!"#$%!!!!!"#$!!"!!"#$%!!"!#$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ! !!!!"#$%&#%'()*+!!"!!"#$%&!!"#!!!!"#$%! Assim, o ROE pode ser calculado por meio de 3 elementos principais, que representam a eficiência operacional e no uso dos ativos, além da alavancagem financeira. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! %-! 2.2 Política de Dividendos Baker (2009) define a política de dividendos como a diretriz de pagamento que uma empresa segue para determinar o tamanho e padrão da distribuição de caixa aos acionistas ao longo do tempo. De acordo com Damodaran (2002), esta política, juntamente com as de investimento e de financiamento, compreendem a base para as decisões pertinentes à esfera das finanças corporativas. Os debates sobre as tendências e comportamentos dos dividendos corporativos foram enfatizados a partir das investigações de 3 (três) principais doutrinas. A primeira delas diz respeito à Teoria de irrelevância dos dividendos, apoiada na hipótese de Miller e Modigliani (1961). Os autores afirmam que o pagamento de dividendos não influencia na valoração da empresa, sendo portanto irrelevantes. Em outras palavras, a riqueza dos acionistas é dependente dos lucros da empresa, que por sua vez provém de sua respectiva política de investimento ao invés da política de dividendo. Estes argumentos sustentam-se em um cenário econômico ideal, caracterizado pelos seguintes pressupostos assumidos: 1. Mercado de capitais perfeito: Os preços das ações e títulos de valores mobiliários não são impactados pelos agentes de mercado; O acesso às informações concernente as ações é igualmente disponibilizado e de forma gratuita à todos os interessados; A comercialização de ações não ocasiona custos de transição; Não há distinção de tributação entre lucros distribuídos e retidos ou entre dividendos e ganhos de capital. 2. Comportamento racional: Para os investidores, quanto mais riqueza melhor, independente se o ganho adicional é sob a forma de pagamento em dinheiro ou na valorização das ações. 3. “Certeza perfeita”: Não há risco de incerteza em relação aos futuros programas de investimentos e os futuros lucros das empresas. Assim, o modelo de valuation formulado por Miller e Modigliani (1961) não incluios efeitos das decisões de dividendos, considerando apenas os níveis de investimento e a receita líquida da empresa, conforme a equação 3: ! ! %+! !! ! ! !!!!! ! !!! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!! (3) Onde: !! ! – Valor da empresa no período t ! ! – Investimento da empresa no período t ! ! – Receita Líquida no período t ! - Taxa Interna de Retorno Contrário à esta ideia, Lintner (1956) estudou 28 empresas dos Estados Unidos e observou a existência de padrões e regras claras na determinação da política de dividendos, sendo esta parametrizada por 2 (dois) elementos principais: O Índice de Pagamento dos Dividendos (Lucro Líquido/Dividendos) e a velocidade com que os mesmos ajustam-se a meta. O autor pode constatar que os acionistas preferem a estabilidade dos dividendos e que o lucro corresponde o determinante mais relevante para qualquer alteração na distribuição de dividendos. A modificação de fato ocorrerá somente quando os lucros atingirem níveis sustentáveis. Além disso, o artigo evidencia a priorização da política de dividendos em detrimentos das demais decisões competentes à uma entidade. Gordon (1959/1963) foi mais um pesquisador a apoiar a teoria de relevância de dividendos, na qual afirma que o incremento no pagamento de dividendos pode propiciar um aumento no valor de mercado da empresa, devido à redução do custo de capital. O autor ainda acredita que a distribuição de lucros é uma forma de sinalizar ao mercado que a corporação possui uma situação financeira favorável. Desse modo, a mesma tende a obter um rating maior, facilitando, consequentemente, a arrecadação de capital ou o recebimento de empréstimos junto às instituições financeiras credoras. Gordon (1963) também sugere a preferência dos investidores em receber seus dividendos no presente momento, em relação aos potencias ganhos futuros do capital investido, por causa da incerteza associada à esta possível valorização. Este argumento constitui o princípio da Teoria do Pássaro na Mão (“Bird in the Hand”), desenvolvida pelo referido autor, em conjunto com Lintner (1962). ! ! %G! Outra vertente de pensamento sobre os efeitos dos dividendos é sintetizada pelas descobertas de Damodaran (1999). O autor mostra que as políticas de dividendos se comportam de acordo com o ciclo de vida das firmas. As empresas são suscetíveis a não pagar dividendos durante a fase de expansão rápido, enquanto que no estágio de maturidade os mesmos tendem a aumentar. A etapa de declínio, por sua vez, é caracterizada pelo uso de dividendos especiais, bem como pela recompra de ações. Damodaran (1999) também verifica que a distribuição de maiores dividendos minimiza a valorização das ações, por causa das suas implicações fiscais e tributárias para os investidores que os recebem. Diante das concepções divergentes sobre as políticas de dividendos, muitas outras teorias e hipóteses, ao longo dos últimos anos, foram criadas com o intuito de solucionar o “Dividend Puzzle1”. Estas explicações serão detalhadas a seguir. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 Artigo escrito por F. Black (1976) em que é exposta a ideia de que os investidores não necessitam de dividendos como incentivo para comprar ações em uma companhia. Diante da ausência de explicações para tal fato, o autor compara a questão dos dividendos com um quebra-cabeça/enigma. ! ! ! &,! 2.2.1 Efeito Clientela Esta hipótese baseia-se na premissa de Miller e Modigliani (1961), a qual diz que as companhias atraem investidores que possuem preferências condizentes com a política de dividendos das mesmas. Investidores tendem a direcionar seus recursos em firmas que apresentem uma filosofia e intensidade de distribuição de fluxo de caixa que atendam às suas expectativas. Elton e Gruber (1970) foram um dos precursores a demonstrarem a veracidade desta teoria. As seguintes hipóteses foram testadas e aceitas estatisticamente por eles: 1. “Quanto menor for o rendimento do dividendo (dividend yield) de uma empresa, menor será a porcentagem de seu retorno total que um acionista espera receber sob a forma de dividendos e maior será o percentual que ele espera receber na forma de ganhos de capitais.” (Tradução do autor, pág 68-74) 2. “Empresas que exercem um maior payout são propensas a atrair investidores que estão situados em uma faixa de tributação na pessoa física relativamente mais baixa do que as empresas que apresentam um baixo payout.” (Tradução do autor, pág 68-74) Alguns questionamentos sobre o referido trabalho foram levantados em estudos posteriores. Kalay (1982) considera os custos de transação decorrentes da negociação das ações como fatores responsáveis pela queda do preço das ações na data ex dividendos, negando que tal fato tenha qualquer relação com o efeito da tributação. Na pesquisa de Bali e Hite (1988) esta queda é explicada pelas imposição de microestruturas de mercado. Milonas e Travlos (2001) analisaram a bolsa de valores de Atenas, onde não há nenhum tipo de incidência tributária sob dividendos e ganhos de capital. Os autores averiguaram que no dia ex dividendos, os preços das ações caíram menos do que os dividendos pagos, o que também gerou indagações sobre as conclusões de Elton e Gruber (1970). Pettit (1977) encontrou evidências empíricas que corroboram o efeito clientela. Através de uma base de mais de 900 portfólios de ações de investidores americanos, o autor sustenta a existência de diferentes perfis de investidores no mercado. Aqueles mais idosos, menos avessos ao ricos e de classe social mais baixa possuem predileção pelo pagamento de altos ! ! &%! payouts. Já os investidores mais jovens e pertencentes a classes sociais mais altas, tendem a selecionar empresas com menores níveis de dividendos. Conforme as descrições anteriores, ainda não há unanimidade entre os estudiosos no que tange a autenticidade do efeito clientela. O quadro 6 resume as conclusões de alguns outros importante estudos realizados neste campo particular. ! ! Autor Artigo Conclusões F. Black e M. Scholes (1974) “The effects of dividend yield and dividend policy on common stock prices and returns” Não há distinção entre os retornos esperados sobre as ações que pagam elevados rendimentos em dividendos e os retornos esperados das que pagam baixos rendimentos em dividendos. Ou seja, a hipótese de que há alguma relação estatisticamente significante entre o rendimento em dividendos e o retorno dos títulos é refutada. S.Abrutyn e R.W. Turner (1990) “Taxes and firms’ dividend policies: survey results” Os questionários respondidos pelos CEO’s de 550 importantes firmas dos EUA indicam que o comportamento dos dividendos não pode ser explicado pelas teoria do efeito clientela, custos de agência, sinalizações, entre outras clássicas R. Michaely (1991) “Ex-dividend Day Stock Price Behavior: The Case of the 1986 Tax Reform Act” O comportamento dos preços das ações de ex-dividendo não são afetadas pelas alterações das taxas de impostos entre dividendos e os rendimentos de ganho de capital, para investidores individuais de longo prazo F. Allen, A. Bernardo, e I. Welch (2000) “A theory of dividends based on tax clientele” Empresas que pagam dividendos atraem mais investidores/instituições, assim como apresentam um desempenho melhor ! Quadro 6 – Artigos sobre o Efeito Clientela Fonte: O autor (2017) ! ! ! &&! 2.2.2 Hipótese de Sinalização Uma falha de mercado apontada por Akerlof (1970) é a chamada assimetria de informação. A alta gerência, por estar envolvida no cotidiano da empresa, tem informações mais privilegiadas sobre a situação financeira da mesma, em comparação com os acionistas. De acordo coma hipótese de sinalização, os dividendos possuem caráter informacional ao mercado, correspondendo um reflexo da performance e sustentabilidade financeira das instituições. Segundo Bhattacharya (1979), Miller e Rock (1985) e John e Williams (1985), um aumentos no pagamento dos dividendos seriam um prenúncio de um cenário positivo quanto aos lucros futuros das mesmas, trazendo uma posterior valorização das ações. Da mesma forma, reduções ou cortes dos dividendos poderiam ser interpretados como uma perspectiva de baixa rentabilidade da corporação, resultando na diminuição dos preços das ações. Os estudos de Amihud e Murgia (1997), e Nissim e Ziv (2001) também confirmaram o poder de transmissão de informação dos dividendos ao identificarem uma relação positiva entre os mesmos e os lucros futuros. Em contrapartida, Grullon, Michaely e Swaminathan (2002) refutam a teoria de sinalização ao mostrar que os dividendos possuem uma relação inversa com o risco da empresa. Eles acreditam que os dividendos elevam-se quando a companhia encontra-se na fase de maturidade, em que oportunidades de investimentos são mais limitadas. O quadro 7 mostra as conclusões de renomados trabalhos desta linha de investigação. Autor Artigo Conclusões R. Richardson Pettit (1972) “Dividend Announcements, Security Performance, and Capital Market Efficiency” O aumento nos dividendos sugere uma perspectiva de maiores lucros no futuro, enquanto que a redução na distribuição dos dividendos gera incertezas sobre a performance futura da firma H. DeAngelo, L. DeAngelo, L e D. J. Skinner (1996) “Reversal of Fortune, Dividend Signalling and the Disappearance of Sustained Earnings Growth” Alterações nos dividendos não transmitem informação sobre mudanças nos lucros futuros da entidade J. Benzinho (2004) “The dividend policy of the Portuguese corporations: Evidencef rom Euronext Lisbon” Os dividendos do ano anterior e o resultado líquido do exercício são os principais fatores que impactam positivamente a decisão de distribuir proventos Quadro 7 – Artigos sobre a Hipótese da Sinalização. Fonte: O autor (2017) ! ! &'! 2.2.3 Hipótese do Fluxo de Caixa Livre e Teoria da Agência A separação entre propriedade acionária e o controle administrativo, somada a assimetria de informação, desencadeia conflitos de interesse entre os stakeholders e a administração corporativa de uma organização. Este tipo de desentendimento é também denominado de problema principal-agente. As ações dos gestores não são fáceis de serem observadas pelos acionistas, o que estimula os agentes a tomarem decisões que visam potencializar seus próprios interesses, os quais costumam não coincidir com os objetivos dos principais (maximização da riqueza dos acionistas). A dificuldade em atenuar este problema se dá pelos altos custos de agência, que segundo Jensen e Meckling (1976), englobam 3 principais despesas: 1. gastos de monitoramento das atividades dos agentes pelo principal 2. custos de implantação e adesão aos mecanismos de controle pelo agente 3. perdas residuais, provenientes da redução do preço da ação, causada pelas decisões do agente, desalinhadas com os interesses do principal. Os mesmos autores também alegam que o fornecimento de incentivos por parte dos principais para os agentes, é uma forma de fomentar que os gestores façam alocações de recursos que convirjam com os interesses dos acionistas. Estas compensações incluem participação nos lucros da empresa e elevados bônus, por exemplo. Jensen (1986) propõe o modelo de fluxo de caixa livre, o qual relaciona os custos de superinvestimentos com a disponibilidade de fluxo de caixa para os gestores. Uma maior quantidade de ativos sob o controle dos administradores tende a ocasionar decisões de investimentos não rentáveis, contrárias à vontade dos proprietários. O mesmo autor também declara que o pagamento de maiores dividendos é um mecanismo de restringir e inibir a liberdade e poder dos gestores nas escolhas de investimento, haja vista que a distribuição de proventos diminui o valor dos recursos disponíveis para a gerência. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Easterbrook (1984) é mais um pesquisador a manifestar a importância do pagamento de dividendos para a redução dos custos de agência. Segundo o respectivo autor, a distribuição contínua dos lucros incita a empresa a procurar ! ! &(! alternativas de aumentar o seu capital através de financiamento e custeio externo, por exemplo. Isto acaba sendo benéfico para os principais, pois a companhia passa a ser monitorada não só por eles, mas também pelos referidos credores e investidores externos. Logo, a exposição da corporação ao mercado de capitais, em busca de novas oportunidades, minimiza os custos de agência. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! &)! 2.3 Governança Corporativa ! Em busca de transparência e otimização organizacional, companhias têm intensificado suas práticas de governança corporativa nos últimos anos. Uma definição completa deste termo, dentre as inúmeras existentes na literatura, é dada por Di Miceli (2015, pág. 2): ! “ O que chamamos de governança corporativa diz respeito à maneira pela qual as sociedades são dirigidas e controladas, incluindo suas regras explícitas e tácitas, com destaque para o relacionamento entre principais e personagens: diretoria, conselho de administração e acionistas. Trata-se de uma tema que exige uma abordagem multidisciplinar, englobando áreas como ética empresarial, gestão, liderança, psicologia social, direito, economia, finanças, contabilidade, entre outras. Em última instância, a governança corporativa visa criar, nas empresas, um ambiente no qual as pessoas procurem voluntariamente cumprir as regras e tomar decisões no melhor interesse comum no longo prazo da organização...” ! A governança corporativa surgiu ao longo do século 20, em razão da reformulação da estrutura de controle das instituições, caracterizada pela separação entre propriedade e gestão empresarial, o que fez com que investidores e principalmente acionistas minoritários percebessem a necessidade do estabelecimentos de diretrizes que os protegessem contra os modelos de administração desalinhados com seus interesses, a ausência de auditorias externas, negligência dos conselhos de administração, os abusos das diretorias executivas, entre outras medidas prejudiciais, intrínsecas à este novo modelo de gerência. A importância das práticas de governança corporativa ganhou ainda mais notoriedade após os escândalos de fraude contábil de grandes corporações norte-americanas como a Enron, WorldCom e Tyco. Estas companhias forjavam suas demonstrações financeira a fim de mascarar suais reais conjunturas econômicas. Depois destes episódios, muitos agentes de mercado ficaram relutantes em realizar novos investimentos. Assim, o congresso dos Estados Unidos aprovou, em 30 de julho de 2002, a Lei Sarbanes-Oxley (Sox), visando garantir a autenticidade dos balanços contábeis divulgados, bem como uma maior fiscalização dos procedimentos de controle financeiro interno. O papel da governança corporativo no combate à corrupção também é reiterado pela organização Transparency International: “Governança corporativa envolve a direção e ! ! &*! supervisão dos valores e responsabilidades de uma empresa e, assim, reduz os riscos financeiros e não financeiros (operacionais), incorporando integridade, transparência e responsabilidade dentro da empresa. A governança corporativa garante que os membros da diretoria, gerentes e funcionários direcionem e controlem a empresa para fornecer os resultados adequados dentro de um código de integridade, em conformidade com os interesses dos acionistas e outras partes interessadas. Além disso, serve como uma estrutura para garantira confiança dos investidores, melhorar o acesso aos mercados de capitais, promover o crescimento e reforçar as economias”. A aplicação da governança corporativa objetiva eliminar ou ao menos diminuir o problema principal-agente, a partir de medidas de monitoramento e incentivos, assegurando, assim, a confiabilidade da corporação para os seus acionistas. A factibilidade de um bom sistema de governança requer que determinados princípios sejam atribuídos e respeitados pela empresa, conforme listados no quadro 8. Existe uma ampla variedade de ações de governança, de natureza interna e externa à empresa, capazes de contornar estas divergências entre gestores e investidores ou até mesmo o conflito entre acionistas majoritários e minoritários. No que diz respeito aos mecanismos internos, pode-se mencionar o Conselho de Administração. No Brasil, os códigos de melhores práticas de governança divulgados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), recomendam que haja uma quantidade ímpar de conselheiros, geralmente este número situa-se entre 5 (cinco) e 11 (onze). O tamanho do conselho é negativamente associado com a performance das companhias e, por conseguinte, com a qualidade das decisões tomadas. (Hermalin e Weisbach, 2003). Relativo aos mecanismos externos, Jensen (1988) e Denis e McConnell (2003) defendem que a possibilidade de aquisição hostil ameaçaria o comportamento indevido dos executivos, incentivando um maior alinhamento entre suas decisões com os objetivos dos principais. Jensen (1988) também acredita que o preço da ação limita as decisões arbitrárias dos gestores, visto que uma alocação indevida de recursos pode implicar na redução do valor de mercado da empresa. ! ! &-! Princípio global de governança corporativa Descrição Transparência e integridade das informações prestadas Divulgação aberta, honesta e tempestividade das informações materiais financeiras e não financeiras aos públicos interno e externo. Entre os aspectos não financeiros, destacam-se os relativos ao modelo de governança, estrutura acionária, principais políticas e diretrizes, perspectivas estratégicas, sistemas de incentivos, avaliação de desempenho, impacto socioambiental etc. Prestação de contas voluntárias e responsabilização pelas decisões tomadas Vontade dos administradores de apresentar os resultados de sua gestão e os elementos que fundamentaram as principais decisões tomadas, bem como de assumir a responsabilidade pelas ações e omissões ocorridas durante seus mandatos Avaliação de desempenho, remuneração justa e meritocracia Necessidade de avaliar regular e formalmente o desempenho de todos os administradores e órgãos de governança, atribuindo remuneração em montante adequado, vinculada a desempenho levando em consideração os riscos incorridos e a visão de longo prazo do negócio. Além de impactar a remuneração, a avaliação de desempenho deve resultar em recompensações e sanções justas, de modo a fomentar um ambiente meritocrático Contrapesos independentes no processo decisório Implantação de um modelo de governança que incentive visões diferentes na tomada de decisões, de modo a evitar excessiva concentração de poder e mitigar potenciais análises parciais ou vieses cognitivos. Deve haver regras para mitigar situações envolvendo conflitos de interesses e mecanismos eficientes para a resolução de disputas Sustentabilidade e visão de longo prazo na condução do negócio Adoção de um horizonte de longo prazo com prioridade nas decisões, o que implica assegurar relações saudáveis com as partes interessadas (stakeholders) e iniciativas concretas a fim de melhorar a situação das comunidades nas quais a organização está inserida. Temas como sucessão de lideranças, mitigação de potenciais passivos futuros e impactos socioambientais inserem-se nesse princípio Respeito às formalidades, controles e supervisão independentes Conscientização de que a informalidade é um inimigo de boa governança e de que controle e supervisão independentes são elementos essenciais. É necessário desenhar os processos e estabelecer as regras a serem cumpridas antes, durante e depois das reuniões dos órgãos de governança. Entre os controles contidos neste princípio, destacam-se os relacionados à gestão formal dos riscos do negócio, o compliance e as auditorias. Essas áreas e seus responsáveis devem contar com toda a independência e os recursos humanos, financeiros e tecnológicos necessários Tom e comportamento ético das lideranças Necessidade de que os membros da cúpula organizacional, notadamente conselheiros e diretores, comportem-se com integridade e apliquem elevados padrões éticos e de conduta em suas decisões, liderando pelo exemplo. É preciso promover incessantemente os valores da organização por meio de ações de aculturamento e atitudes concretas, como a priorização da ética na seleção dos administradores Cooperação entre colaboradores e promoção do interesse coletivo da organização Criação de um contexto social que fomenta a cooperação entre os colaboradores e os executivos, evitando a competição excessiva e rivalidades internas que releguem o interesse coletivo comum a um segundo plano. É necessária a conscientização de que o interesse da empresa deve prevalecer em todas as situações, mesmo quando houver conflito com os interesses pessoais dos indivíduos ou dos acionistas que os elegeram. Equidade e promoção da participação efetiva de todos os acionistas Observância da igualdade de direitos de todos os acionistas e facilitação do exercício efetivo desses direitos. A empresa precisa estabelecer uma boa comunicação com seus acionistas de maneira proativa, incentivando e facilitando ao máximo sua participação nas assembleias. O tratamento com os acionistas deve ser imparcial, evitando benefícios particulares decorrentes de informações privilegiadas Diversidade interna, tratamento justo dos stakeholders e ausência de políticas discriminatórias Criação de políticas concretas para ampliar a diversidade (de gênero, etnia, formações acadêmicas, idade, cultural, etc.) de pensamento nos órgãos de governança, bem como para evitar preconceitos e punir quaisquer atitudes discriminatórias para com seus stakeholders. É preciso definir e monitorar parâmetros concretos em relação a esses temas Quadro 8 – Princípios da Governança Corporativa Fonte: DI MICELI, ALEXANDRE (2015) ! ! ! &+! Dentre as vantagens inerentes à um modelo de governança eficiente encontram-se a maior transparência e respeito administrativo da instituição para com os stakeholders, a geração de um ambiente meritocrático, e o aprimoramento na gestão dos riscos e no desempenho operacional. No longo prazo, estes benefícios podem resultar em um aumento do valor da empresa. As Investigações de Durnev e Kim (2005), Dahya, Dimitrov e McConnell (2008) comprovam tal afirmativa. Isto acontece porque organizações que apresentam uma melhor gerenciamento das relações empresarias são mais atraentes para os investidores, o que facilita a captação de recursos externos, acarretando na redução do custo de capital geral da empresa. A implementação de um sistema de governança, em contrapartida, demanda custos: “A opção por maior transferência, por exemplo, pode ocasionar gastos adicionais na produção de relatórios financeiros mais amplos e sofisticados, além dos maior investimento na área dedicada ao relacionamento com investidores. A eleição de conselheiros independentes, por sua vez, também tende a impor gastos adicionais, tendo em vista que a remuneração dos membros deverá ser compatível com suas elevadas responsabilidades” (DI MICELI, 2015, pág. 6). No Brasil, a relevância da governança corporativa foi difundida principalmente em 1995, ano de fundação do IBGC. Este órgão foi responsável pela elaboração do primeirocódigo de melhores práticas de governança corporativa, criado em 1999. Segundo o IBGC, “em cada país, as melhores práticas de Governança Corporativa são instituídas de acordo com o seu ambiente social, econômico, corporativo e regulatório. Dadas às peculiaridades empresariais de cada país, torna-se impossível descrever de forma detalhada todos os modelos de Governança vigentes no mundo”. A estrutura patrimonial de grande parte das companhias brasileiras é relativamente concentrada, geralmente composta por um único acionista majoritário ou um pequeno grupo controlador, detentor da maior parte do capital votante, conforme evidenciado nos estudos de Carvalhal (2004), Okimura, Silveira e Rocha (2007), Dalmácio e Corrar (2007), Hanh et al ! ! &G! (2010), Sonza e Kloeckner (2013). De acordo com o IBGC, o modelo de governança corporativa brasileiro apresenta maior similaridade com o Insider System2. A relação entre política de dividendos e práticas de governança corporativa constou no escopo de muitas pesquisas. Dittmar (2000), Jagannathan et al (2000) apontam uma associação entre baixos níveis de governança e maiores distribuições de lucros aos acionistas. Já com relação ao contexto nacional, Mota (2007) indica que empresas que apresentam uma maior preocupação com a governança corporativa tendem a pagar elevados proventos. Isto se deve ao fato de que firmas que aderem altos padrões de governança, oferecem uma maior proteção aos acionistas, de modo que os mesmos teriam condições de reivindicar com maior poder e veemência os gestores a pagarem elevados dividendos. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 2 Refere-se ao sistema em que os acionistas se colocam no comando das operações diárias, diretamente ou via pessoa de sua indicação, cujas características que lhes são peculiares são: (1) estrutura de propriedade mais concentrada; (2) presença de conglomerados indústrias- financeiros; (3) baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais; (4) reconhecimento mais explícito e sistemático de outros stakeholder não financeiros, principalmente funcionários (stakeholder oriented).(MICHAELIS, 2001, p. 316). ! ! ! ',! 2.4 Dividendos e a Legislação Fiscal Brasileira Como já relatado, a legislação brasileira, no que diz respeito à política de dividendos, apresenta algumas singularidades em relação aos países que foram objetos de trabalhos de investigação nesta área, tais como Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. O artigo 202 da lei 6.407/76 destaca que, para as empresas listadas em bolsa, há uma obrigatoriedade na distribuição de um valor mínimo dos dividendos, em caso de omissão no estatuto social. O percentual de distribuição mínimo é de 50% do lucro para empresas que ocultam informações referentes à este assunto em seus estatutos. Para as companhias que apresentavam um estatuto omisso anteriormente, mas que já retificaram o mesmo através da inclusão de cláusulas relacionadas as suas respectivas políticas de dividendos, a legislação estabelece um payout compulsório de 25%. A isenção do cumprimento deste dever está condicionada às seguintes situações, de acordo com o referido artigo: “A lei societária prevê que o dividendo obrigatório pode deixar de ser distribuído ou pode ser distribuído por valor inferior ao determinado no estatuto social da entidade, quando não houver lucro realizado em montante suficiente (Art. 202, inciso II). Quando o dividendo obrigatório, devido por força do estatuto social ou da própria lei, excede o montante do lucro líquido do exercício realizado financeiramente, pode a parcela não distribuída ser destinada à constituição da reserva de lucros a realizar.” “A lei societária ainda prevê que o dividendo obrigatório pode deixar de ser distribuído quando os órgãos da administração informarem à assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia (Art. 202, § 4º). É uma discricionariedade conferida por lei aos administradores com vistas a evitar o comprometimento da gestão de caixa e equivalente de caixa da entidade, desde que observadas outras condicionantes legais. A parcela dos lucros não distribuída deve ser destinada à constituição de reserva especial.” “O dividendo obrigatório pode também deixar de ser distribuído, ou pode ser distribuído por valor inferior ao determinado no estatuto social da entidade ou na lei, por decisão soberana e unânime da assembleia geral de acionistas de: (a) companhia aberta, se com registro na CVM exclusivamente para captação de recursos por debêntures não conversíveis em ações; ou (b) companhia fechada, exceto se controlada por companhia aberta registrada na CVM para captação de recursos por meio de qualquer valor mobiliário que não seja debênture não conversível em ações (Art. 202, § 3º)” ! ! ! ! '%! Conforme Ambrozini (2011) enfatiza, muitas firmas decidem distribuir 25% do lucro líquido ajustado do exercício aos seus acionistas, o que faz com que muitos pensem que este valor específico do payout é imposto pela legislação. Entretanto, como já salientado acima, a obrigatoriedade da distribuição de lucros é apenas para aquelas corporações com estatutos omissos ou que no passado eram omissos e agora reportam esta questão. O índice de pagamento de dividendos de pelo menos 25% possibilita que as empresas comercializem suas ações preferenciais em Bolsa, como documentado na Lei 6.407/76 (parágrafo I, alterado pela Lei 10.303/01). Por isso, este valor específico de payout é definido de forma recorrente nos estatutos sociais das firmas. ! O artigo 17 da Lei 6.407/76 também aborda as particularidades das ações preferencialistas, que ao contrário das ordinárias, não conferem aos acionistas o direito a voto na Assembleia Geral. Entretanto, estas ações dispõem das seguintes vantagens (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001): I – prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo II – prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou III – acumulação das preferências e vantagens de I e II A legislação, ao conceder tais benefícios aos preferencialistas, visa reduzir os conflitos entre os mesmos e os ordinários, os quais possuem maior poder de decisão. O artigo 11 da Lei 6.404/76 corrobora tal fato ao enunciar que: “As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.” Além disso, outras alterações promovidas na lei nº 6.404/76, através da incorporação do artigo 161, visam assegurar uma maior participação dos acionistas preferencialistas nos conselhos de administração e fiscal, possibilitando que seus interesses sejam defendidos de forma mais eficaz. ! ! ! '&! “Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a voto” ! Com a promulgação da lei 9.249/95, os acionistas e sócios passam a ter a opção de receber seus resultados sob a forma de um outro tipo de pagamento de provento, denominado juros sobre o capital próprio (JCP). O JCP tende a ser benéfico para a corporação, sob o ponto de vista fiscal, na medida que esta forma de remuneração é registrada como uma despesa financeira, o que implica na redução do lucro tributável e consequentemente na diminuição do imposto de renda (IR) a ser pago pela companhia. O valor do JCP é restringido pala taxa de
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