Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio de Janeiro Dissertação Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae) Filipe da Silva Rangel Pereira Rio de Janeiro 2014 ii Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae) Filipe da Silva Rangel Pereira Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Instituto de Biologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos Requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Orientador: Dr. Wilson José Eduardo Moreira da Costa Rio de Janeiro Janeiro de 2014 iii Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae) Filipe da Silva Rangel Pereira Orientador: Wilson José Eduardo Moreira da Costa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Instituto de Biologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos Requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Aprovada por: ___________________________________ (Presidente) Prof. Dr. José Ricardo Miras Mermudes _________________________________ Prof. Dr. Renner Luiz Cerqueira Baptista _________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Fernandes _________________________________ Prof. Dra. Leila Maria Pessôa _________________________________ Prof. Dr. Sérgio Potsch de Carvalho e Silva Rio de Janeiro Janeiro de 2014 iv Rangel-Pereira, Filipe da Silva. Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae)/ Filipe da Silva Rangel Pereira – Rio de Janeiro: UFRJ/ CCS, 2014. xviii, 64f.: 24il, Orientador: Wilson José Eduardo Moreira da Costa Dissertação – UFRJ / Instituto de Biologia / Programa de Pós- graduação em Biodiversidade Evolutiva, 2014. Referências Bibliográficas: f. 40-45. 1. Biodiversidade. 2. Mata Atlântica. 3. Peixes elétricos. 4. Sistemática. 5. Morfologia. 6. Ostariophysi. I. Costa, Wilson José Eduardo Moreira da. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Evolutiva. III. Título. v - A todos os mestres, graduados ou não, que em algum momento dividiram comigo seu saber. vi Agradecimentos A Wilson Costa, quem me orientou, por me servir como exemplo de ética e compromisso profissional, pelas oportunidades oferecidas, pela confiança depositada no meu trabalho, pelos ensinamentos, pela paciência muito necessária e pelas portas que abriu e continua abrindo em meu caminho acadêmico. A toda a equipe de amigos do Laboratório de Sistemática e Evolução de Peixes Telósteos pelo bom e divertido ambiente de trabalho, pelas contribuições, conselhos, incentivos e puxões de orelha recebidos durante o processo. A Axel Katz e Felipe Ottoni, pela ajuda providêncial que me prestaram ao longo desta etapa e ajuda em coletas. A Maria Anaïs Barbosa por todas as vezes que não hesitou em me abrigar embaixo das asas, com atenção e bons conselhos. A Pedro Amorim e José Leonardo de Mattos pelo socorro tantas vezes prestado quando se tratava de tecnologia, orientações e ajuda em coletas. A Pedro Bragança pela companhia nos trabalhos em hora extra. A Elisabeth Henschel, Raisa Rizzieri e Carol Mello pela ajuda nas coletas e compreensão para com as minhas alfinetadas involuntárias. A Orlando Simões e Gilvan Joaquim pela ajuda diária no laboratório e bom humor. A Renata Capellão pela colaboração em coletas. A Wellendorf Helmut, Gerald Benyr e demais integrantes do setor de Ictiologia do Museu de Viena, pela solicitude em atender meus pedidos de material. Aos professores Marcelo Britto e Paulo Buckup, além da equipe da Coleção de Ictiologia do MNRJ, pela atenção dedicada. Aos professores Carlos e Margarete Lucena, além dos demais integrantes do Laboratório de Ictiologia do MCP, pelo carinho, atenção e préstimo com os quais me receberam. A Julia Giora e Juliana Wingert, além da equipe do Laboratório de Ictiologia da UFRGS, pelas dicas, atenção e favores prestados. A Osvaldo Oyakawa e Michel Gianet, além dos demais integrantes da Coleção de Ictiologia do MZUSP, pela atenção, paciência e préstimo. A professora vii Luisa Sarmento e equipe do Laboratório de Zoologia do MBML, pela atenção, préstimo e solicitude. A todos os citados neste parágrafo pela boa vontade. A meu pai Luiz Antonio pelos exemplos de responsabilidade, honestidade e altruísmo. A minha mãe Laura pelos exemplos de amor, boa vontade e paciência. A ambos pelo amor e apoio incondicional que me ofereceram em todas as decisões e fases da vida e por terem me criado “para alçar grandes vôos”. A meu avô Antonio por não me deixar perder a hora e por me ajudar na solução de muitos pepinos da vida adulta. A todos que vieram a esse mundo como minha família e que de certo contribuiram de alguma forma da minha formação de caráter e personalidade. A Marcela Duarte, pela inspiração, amor, carinho e compreensão nas minhas ausências. A Legião da Boa Vontade, obra onde meu coração e ideal residem, e a tudo e a todos que ela representa, por me apontar o caminho reto e me propiciar muitas oportunidades de crescer espiritualmente. Este projeto foi financiado pelo programa Protaxa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). “A Ciência, iluminada pelo Amor, eleva o homem à conquista da Verdade!” Paiva Netto viii Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae) Filipe da Silva Rangel Pereira Orientador: Wilson José Eduardo Moreira da Costa Resumo da dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Instituto de Biologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos Requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Gymnotus pantherinus é uma espécie amplamente distribuida no leste do Brasil, habitando riachos da Mata Atlântica. A ocorrência em inúmeras bacias isoladas e a existência de pequenas diferênças morfológicas ao longo da distribuição gera a suspeita de que G. pantherinus se trate de um complexo de espécies. Portanto, a espécie G.pantherinus é revisada com base em caracteres morfológicos. Gymnotus pantherinus sensu stricto é redescrito com base em material tipo, topótipo e do restante da distribuição. São ainda descritas duas novas espécies pertencentes ao complexo G. pantherinus: Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”, da bacia do rio Jucuruçu, no estado da Bahia e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”, das bacias dos rios Trancoso, da Barra e Taípe, além de micro-bacias adjacentes. As espécies do complexo G. pantherinus diferem de todos seus congêneres pelas seguintes combinações exclusivas de caracteres: Gymnotus pantherinus s.s. (linha lateral com algumas descontinuidades nas porções anterior e mediana; cauda com manchas dispostas aleatóriamente, nunca formando uma série única); Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” (linha lateral com algumas descontinuidades nas porções anterior e mediana; cauda com série única de manchas; cabeça sempre com par de máculas; coloração de fundo do tronco claramente predominante sobre as manchas; 9 escamas acima da linha lateral; ix 45 vértebras pré-caudais); Gymnotus sp.n. “Porto Seguro” (linha lateral com algumas descontinuidadesnas porções anterior e mediana; cauda com série única de barras; cabeça com manchas ausentes ou distribuidas aleatóriamente; coloração de fundo do tronco não prevalecendo sobre as manchas; 10 escamas acima da linha lateral; 46-48 vértebras pré-caudais. Palavras-chave: Biodiversidade; Mata Atlântica; Peixes elétricos; Sistemática; Morfologia; Ostariophysi. Rio de Janeiro Janeiro de 2014 x Variação Morfológica e Taxonomia do Complexo Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes; Gymnotidae) Filipe da Silva Rangel Pereira Orientador: Wilson José Eduardo Moreira da Costa Abstract da dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Instituto de Biologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos Requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. Gymnotus pantherinus is a widely spread species, occurring in streams of eastern Brazil’s Atlantic Forest. The Occurrence in uncountable isolated basins and the existence of small morphological differences along the distribution range raises the suspicion that G. pantherinus may be a species complex. Therefore, G. pantherinus is revised with the aid of morphological characters. Gymnotus pantherinus sensu stricto is herein re-described with type material, topotypes and additional material. Furthermore, two new species, belonging to the complex, are herein described: Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”, from the Jucuruçu river basin, in Bahia state, and Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”, from the Trancoso, da Barra and Taípe river basins, besides adjacent micro- basins. The members of G. pantherinus species complex can be distinguished from all their congeners by the following unique combinations of characters: Gymnotus pantherinus s.s. (lateral line with discontinuities in anterior and medial portions; tail with randonly distributed spots, never disposed in a sole series); Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” (lateral line with discontinuities in anterior and medial portions; tail with a sole series of spots; head always with a pair of ventral blotches; ground colour of trunk clearly predominating over spots; 9 over lateral line; 45 pre-caudal vertebraes); Gymnotus sp.n. “Porto Seguro” (lateral line with discontinuities in anterior and medial portions; tail xi with a sole series of bands; head spots absent or randonly distributed; ground color of trunk not prevailing over bands; 10 scales over lateral line; 46-48 pre-caudal vertebraes. Key-words: Biodiversity; Atlantic Rainforest; Electric Knifefish; Systematics; Morfology; Ostariophysi. Rio de Janeiro xii Janeiro de 2014 Sumário Agradecimentos.............................................................................................................VI Resumo........................................................................................................................VIII Abstract...........................................................................................................................X Sumário.........................................................................................................................XII Índice de Tabelas........................................................................................................XIV Índice de Figuras..........................................................................................................XV 1. Introdução....................................................................................................................1 2. Material e Métodos......................................................................................................7 3. Resultados.................................................................................................................10 3.1. Definição do Complexo de espécies Gymnotus pantherinus.....................10 3.2. Análise de Agregação Populacional (PAA).................................................11 3.3. Taxonomia..................................................................................................13 3.3.1. Chave artificial para as espécies do complexo G. pantherinus....................................................................................................................13 3.3.2. Gymnotus pantherinus (Steindachner).........................................13 3.3.2.1. Diagnose........................................................................21 3.3.2.2. Descrição.......................................................................21 3.3.2.3. Distribuição e Conservação...........................................23 3.3.3. Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”, nova espécie...................................24 3.3.3.1. Diagnose........................................................................24 3.3.3.2. Descrição.......................................................................25 3.3.3.3. Distribuição e Conservação...........................................27 3.3.4. Gymnotus sp. n. “Porto Seguro”, nova espécie...........................27 3.3.4.1. Diagnose........................................................................28 3.3.4.2. Descrição.......................................................................29 3.3.4.3. Distribuição e Conservação...........................................30 3.4. Osteologia do Grupo de Espécies Gymnotus pantherinus.........................31 4. Discussão..................................................................................................................33 xiii 4.1. Distribuição do complexo............................................................................33 4.2. Método e Fontes de Caracteres.................................................................34 4.2.1. Morfometria, Merística e Sistema Latero-sensorial......................34 4.2.2. Padrão de Colorido......................................................................35 4.2.3. Dados Moleculares.......................................................................37 4.3. Espécies delimitadas..................................................................................38 5. Conclusões................................................................................................................39 6. Referências...............................................................................................................40 7. Tabelas......................................................................................................................46 8. Figuras.......................................................................................................................49 8.1. Pranchas.....................................................................................................49 8.2. Ilustrações Osteológicas.............................................................................56 8.3. Mapas.........................................................................................................60 Apêndice I......................................................................................................................62 xiv Índice de Tabelas Tabela Página 1: Dados morfométricos das espécies do complexo Gymnotus pantherinus. O comprimento total é dado em valor bruto de milímetros. As demais medidas são dadas em porcentagens de CT ou em porcentagens de CC...................................................46 2: Dados morfométricos das espécies do complexo Gymnotus pantherinus. O comprimento total é dado em valor bruto de milímetros. As demaismedidas são dadas em porcentagens de CT ou em porcentagens de CFO.................................................47 3: Dados merísticos das espécies do complexo Gymnotus pantherinus. Nas células que possuem dois números, o valores se referem à estruturas pares, onde o número da esquerda é relativo a a parte esquerda e o número da direita é relativo à parte direita.............................................................................................................................48 xv Índice de Figuras Figura Página 1: Amostra da variação de colorido em G. pantherinus sensu stricto. A, UFRJ 9064, 118 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Rio das Ostras: Reserva Biológica União; B, UFRJ 9646, 134,6 mm CT; C, UFRJ 9646, 119 mm CT; D, UFRJ 9646, 127,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Silva Jardim: Córrego cruzando a RJ-126, cerca de 4km após passar o rio São João; E, UFRJ 8528, 206,3 mm CT; F, UFRJ 8528, 149,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Magé: rio Roncador, bacia do rio Suruí; G, UFRJ 8720, 162,7 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Itanhaém: Riacho na localidade de Poço Azul; H, UFRJ 3384, 153,3 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Ubatuba: Afluente do rio do Surdo em Ubatumirim; I, UFRJ 5466, 151,3 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Macaé: Sana; J, UFRJ 7852, 141,1 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Petrópolis: Córrego na estrada da cachoeira, logo após o resort Bom Tempo, Santa Mônica...........................................49 2: Variação de colorido cefálico em G. pantherinus s.s.. A, UFRJ 9064, 118 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Rio das Ostras: Reserva Biológica União; B, UFRJ 9646, 134,6 mm CT; C, UFRJ 9646, 119 mm CT; D, UFRJ 9646, 127,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Silva Jardim: Córrego cruzando a RJ-126, cerca de 4km após passar o rio São João; E, UFRJ 8528, 206,3 mm CT; F, UFRJ 8528, 149,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Magé: rio Roncador, bacia do rio Suruí; G, UFRJ 8720, 162,7 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Itanhaém: Riacho na localidade de Poço Azul; H, UFRJ 3384, 153,3 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Ubatuba: Afluente do rio do Surdo em Ubatumirim; I, UFRJ 5466, 151,3 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Macaé: Sana; J, UFRJ 7852, 141,1 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Petrópolis: Córrego na estrada da cachoeira, logo após o resort Bom Tempo, Santa Mônica................................................................................50 3: Variação do colorido caudal em G. pantherinus s.s., onde as manchas são distribuidas aleatóriamente, nunca formando uma série única. A, UFRJ 9064, 118 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Rio das Ostras: Reserva Biológica União; B, UFRJ 9646, 134,6 mm CT; C, UFRJ 9646, 119 mm CT; D, UFRJ 9646, 127,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Silva Jardim: Córrego cruzando a RJ-126, cerca de 4km após passar o rio São João; E, UFRJ 8528, 206,3 mm CT; F, UFRJ 8528, 149,9 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Magé: rio Roncador, bacia do rio Suruí; G, UFRJ 8720, 162,7 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Itanhaém: Riacho na localidade de Poço Azul; H, UFRJ 3384, 153,3 mm CT, Brasil: Estado de São Paulo: Município de Ubatuba: Afluente do rio do Surdo em Ubatumirim; I, UFRJ 5466, 151,3 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Macaé: Sana; J, UFRJ 7852, 141,1 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Petrópolis: Córrego na estrada da cachoeira, logo após o resort Bom Tempo, Santa Mônica.................................................................................51 xvi 4: Gymnotus pantherinus s.s., fotografia em vida. UFRJ 7805, 163,5 mm CT, Brasil: Estado do Rio de Janeiro: Município de Sumidouro: riacho na estrada para a Fazenda Encanto.........................................................................................................................51 5: Gymnotus sp. n. “Jucuruçu”, fotografia em vida. UFRJ 9625, 130,3 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: rio do Ouro.................................................52 6: Gymnotus sp. n. “Jucuruçu”, fotografia em vida. UFRJ 9625, 157,6 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: rio do Ouro.................................................52 7: Linha lateral do complexo Gymnotus pantherinus. Quadriláteros vermelhos evidênciam os fragmentos da linha lateral, cujos poros se dividem em vários grupos sem conexão aparente.................................................................................................52 8: Amostra da variação de colorido em Gymnotus sp. n. “Jucuruçu”, onde a coloração de fundo do tronco prevalece sobre as manchas. UFRJ 9625, 127,1-157,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: rio do Ouro......................................53 9: Amostra da variação de colorido caudal em Gymnotus sp. n. “Jucuruçu”, onde as manchas estão dispostas em uma série única. UFRJ 9625, 127,1-157,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: rio do Ouro.......................................53 10: Cabeça de Gymnotus sp. n. “Jucuruçu” em vista ventral. Os círculos vermelhos evidênciam o par de manchas ventrais, caráter diagnóstico, possívelmente apomórfico, para essa espécie.........................................................................................................53 11: Amostra da variação de colorido cefálico em Gymnotus sp. n. “Jucuruçu”. UFRJ 9625, 127,1-157,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: rio do Ouro..............................................................................................................................54 12: Amostra da variação de colorido cefálico em Gymnotus sp. n. “Porto Seguro”. A, MBML 6722, 152,1 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Rio da Barra. Rio do Norte na RPPN rio do Brasil em Trancoso; B, MBML 6693, 108,2 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego da sede. Rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil; C, MBML 6666, 184,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego Manoelzinho, afluente do rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil.......................................54 13: Amostra da variação de colorido em Gymnotus sp. n. “Porto Seguro”, onde pode- se observar barras conspícuas de margens irregulares por todo o tronco, por vezes reticulando ou tomando forma de “y” invertido. A, MBML 6722, 152,1 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Rio da Barra. Rio do Norte na RPPN rio do Brasil em Trancoso; B, MBML 6693, 108,2 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego da sede. Rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil; C, MBML 6666, 184,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego Manoelzinho, afluente do rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil................................................................................55 14: Amostra da variação de colorido caudal em Gymnotus sp. n. “Porto Seguro”, onde pode-se observar uma única série de barras na porção distal. . A, MBML 6722, 152,1 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Rio da Barra. Rio do xvii Norte na RPPN rio do Brasil em Trancoso; B, MBML 6693, 108,2 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego da sede. Rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil; C, MBML 6666, 184,7 mm CT, Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: Córrego Manoelzinho,afluente do rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil.............................................................55 15: Neurocrânio do complexo G. pantherinus em vista dorsal. Áreas em cinza escuro representam abertura de poros. Met, mesetmóide; C, canais; Io, série infraorbital; F, frontal; Pa, parietal; Eop, epiocipital; Sop, supraocipital..............................................56 16: Neurocrânio do complexo G. pantherinus em vista lateral. Áreas em cinza escuro representam abertura de poros. Met, mesetmóide; V, vômer; C, canais; Orb, orbitoesfenóide; F, frontal; Pts, pteroesfenóide; Pas, paraesfenóide; Esf, esfenóide; Pro, proótico; Pto, pterótico; Exo, exocipital; Pa, parietal; Epo, epiocipital; Boc, basiocipital.....................................................................................................................56 17: Neurocrânio do complexo G. pantherinus em vista ventral. Áreas em cinza escuro representam abertura de poros. V, vômer; C, canais; Orb, orbitoesfenóide; Pts, pteroesfenóide; Pas, paraesfenóide; Pro, proótico; Pto, pterótico; Exo, exocipital; Boc, basiocipital.....................................................................................................................57 18: Suspensório mandibular do complexo G. pantherinus em vista lateral. Áreas em cinza escuro representam abertura de poros. D, dentário; Ma, maxila; An, ângulo- articular; Qua, quadrado; Msp, mesopterigóide; Sim, simplético; Mtp, metapterigóide; Pre, préoperculo; Hio, hiomandíbula; Op, opérculo; Iop, interopérculo..................................................................................................................57 19: Arcos brânquiais do complexo G. pantherinus em vista dorsal. A porção ventral esquerda foi suprimida para melhor visualização. Bh, basial; Ehv, epihial ventral; Ehd, epihial ventral; Ch, ceratohial; Hh, hipohial; Hb, hipobranquiais; Cb, ceratobranquiais; Eb, epibranquiais; Ib, infrafaringobranquiais; Pfi, placa dentígera faringeal inferior; Pfs, placa dentígera faringeal superior.................................................................................58 20: Arco hióide do complexo G. pantherinus em vista dorsal. Ehv, epihial ventral; Ch, ceratohial; Hh, hipohial; Uh, urial; Rb, raios branquiostegais.......................................58 21: Cintura escapular do complexo G. pantherinus em vista dorsal. Ptp, póstemporal; Scl, supracleitrum; LI, canais da linha lateral; Mcr, mesocoracóide; Pcl, póscleitrum; Sca, escápula; Cor, coracóide; Cle, cleitrum; Rad, radiais............................................................................................................................59 22: Distribuição das espécies do complexo Gymnotus pantherinus. As estrelas vermelha, verde e amarela representam a localidades tipo de G. pantherinus s.s., Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro, respectivamente. Os circulos amarelos e azuis representam registros de G. pantherinus s.s e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro, respectivamente...........................................................................60 23: Distribuição de Gymnotus pantherinus s.s. A estrela vermelha marca a localidade tipo.................................................................................................................................61 xviii 24: Distribuição de Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”. As estrelas vermelha e verde marcam a localidade tipo de Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”, respectivamente. Os circulos laranjas representam a distribuição de Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”..........................................................................................................................61 1. Introdução A região Neotropical abriga uma diversidade ictiológica de proporções gigantescas, pronunciada principalmente nas formas dulcícolas que, somando mais de 4500 espécies, representam cerca de um terço da ictiofauna de água doce do planeta. Entretanto, esse número pode ainda ser maior (6000 espécies) segundo estimativas ( Reis et al., 2003), já que vários grupos permanecem pouco estudados. Essa grande diversidade se deve, em parte, a grande heterogeneidade de habitats encontrados nesta parte do mundo, que variam entre grandes rios de planície, lagos de altitude, poças temporárias, cachoeiras, corpos d’água subterrâneos e muitos outros, distribuidos em uma grande variação latitudinal. Outros fatores responsáveis pela estonteante diversificação dos peixes de água doce neotropicais são as novidades evolutivas bem sucedidas que surgiram em meio a este grande mosaico de habitats, possibilitando o sucesso adaptativo de muitos grupos taxonômicos através de novas estratégias de interação com o meio circundante. Destacando-se entre as variadas estratégias de sobrevivência desenvolvidas por estes organismos, se encontra a combinação de eletrogênese e eletrorrecepção ativa, dos chamados peixes elétricos. A combinação de eletrogênese e eletrorrecepção ativa e passiva, na região Neotropical, é característica exclusiva dos Gymnotiformes, uma ordem monofilética, endêmica da região Neotropical e pertencente a superordem Ostariophysi (Fink & Fink, 1981; Albert & Campos-da-Paz, 1998; Albert, 2001). Essas características são possibilitadas devido a presença de três elementos fisiológicos essenciais: orgãos em ampola, que possibilitam a detecção passiva de campos e outros estímulos elétricos; orgãos em tubérculo, que possibilitam a percepção ativa e minuciosa do campo elétrico gerado pelo animal, além das distorções que ocorram no mesmo; orgão elétrico, constituido primariamente por células musculares especializadas, chamadas eletrócitos, que produzem eletricidade em pulsos ou ondas permitindo a formação do campo elétrico inerente a cada indivíduo (Caputi et al., 2005; Hopkins, 2005; Albert & 2 Crampton, 2005). Todo este maquinário, eletrogênico e sensorial, permite aos animais a caracterização precisa do ambiente circundante através da interpretação das distorções geradas no campo elétrico autógeno, pelo meio. Essa propriedade, aliada a outros sentidos, permite predação, defesa, orientação e comunicação acuradas, mesmo em águas desprovidas de luminosidade (Albert & Crampton, 2005). Acompanhando o desenvolvimento da percepção elétrica, uma ampla reformulação do plano corpóreo é selecionada de forma a imprimir nos Gymnotiformes um padrão morfológico externo bem distoante do bauplan basal dos peixes Teleósteos. Assim sendo, torna-se simples caracterizar qualquer gymnotiforme pelas seguintes características: corpo alongado (50 vértebras em Hypopygus Hoedeman à 300 em Electrophorus Gill), nadadeira anal bem desenvolvida, ocupando quase toda superfície ventral do indivíduo (100 à 350 raios), completa ausência de nadadeiras pélvicas, dorsal e adiposa, assim como de seus suportes ósseos . A longa nadadeira anal permite que estes peixes baseiem sua propulsão quase que exclusivamente na ondulação desta, executando movimentos progressivos ou retrógrados somente pela inversão do sentido ondulatório. Graças a essa funcionalidade, a natação anguiliforme é reservada somente para os movimentos agressivos e de auto-preservação. A soma destes traços morfológicos e comportamentais proporciona aos Gymnotiformes o aspecto de uma faca, permitindo que toda a superfície de seus corpos funcione como um eixo sensorial, prevenindo distorções no campo elétrico que não sejam geradas por fatores físicos ou biológicos do meio circundante (Albert & Crampton, 2005). Os Gymnotiformes habitam riachos, várzeas e lagos, bem como margens e zonas profundas de grandes rios, desde a bacia do rio San Nicolas, no sul do México (15º N), até a bacia do rio Salado, no norte da Argentina (36º S), tanto em drenagens cis-andinas quanto trans-andinas (Albert & Crampton, 2005).São predadores territorialistas e de hábitos noturnos, em sua maioria, que durante o dia são 3 encontrados escondidos em meio a vegetação marginal, fendas, raízes, foliço e outros abrigos em potencial. Compondo a ordem, são reconhecidas cinco famílias: Apteronotidae, Hypopomidae, Rhamphichtydae, Sternopygidae e Gymnotidae (Albert & Crampton, 2005). Entre elas, Gymnotidae abriga os gêneros Electrophorus Gill e Gymnotus Linnaeus, onde o primeiro é monotípico e o último compreende 38 espécies válidas (Froese & Pauly, 2013). O gênero Gymnotus é o que possui distribuição mais ampla dentro da ordem, ocupando toda a área de ocorrência da mesma. Os principais estados de caráter apomórficos e diagnósticos para o gênero são a ausência de espinhos hemais deslocados no final da cavidade corporal, dois processos separados por um entalhe na porção anterior do osso mesetimóide, a ausência de fontanelas craniais na superfície dorsal da cabeça em adultos, boca prognata e narinas anteriores inclusas nos cantos da abertura bucal (Campos-da-Paz & Costa, 1996; Albert & Crampton, 2005). Três principais grupos monofiléticos são reconhecidos em Gymnotus (sensu Albert et al., 2005) com base em padrões derivados de padrão de colorido, morfometria e osteologia: o grupo de espécies G. carapo, distribuido por todo o continente sulamericano, acima dos 36º S, e na ilha de Trinidad; o grupo G. cylindricus, representado por duas espécies da América Central; o grupo G. pantherinus, distribuído do Panamá ao Uruguai em bacias cis-andinas. O último, por sua vez, compreende as seguintes espécies: G. jonasi Albert & Crampton, 2001, G. melanopleura Albert & Crampton, 2001, G. onca Albert & Crampton, 2001 e G. javari Albert et al., 2003, do alto rio Amazonas; G. coropinae Hoedeman, 1962, das bacias dos rios Amazonas e Orinoco e escudo das Guianas; G. stenoleucus Mago-Leccia, 1994, da bacia do rio Amazonas e Escudo das Guianas; G. pedanopterus Mago- Leccia, 1994, G. cataniapo Mago-Leccia, 1994 e G. anguillaris Hoedeman, 1962, das bacias dos rios Amazonas e Orinoco; G. panamensis Albert & Crampton, 2003, das drenagens atlânticas do Panamá; G. pantanal Fernandes et al., 2005, do sistema 4 Paraná-Paraguay e bacia do rio Chapare-Mamoré; G. tiquie Maxime et al. , 2011, do alto rio Negro; G. coatesi La Monte, 1935, da bacia do rio Amazonas; e G. pantherinus (Steindachner, 1908). Gymnotus pantherinus foi descrito como Giton fasciatus var. pantherinus por Franz Steindachner em 1908, a partir de uma amostra de onze exemplares coletados pelo Major João Martino Silva Coutinho em Santos-SP e enviada ao Museu de História Natural de Viena (Naturhistorisches Museum Wien), juntamente ao material proveniente da expedição Thayer ao Brasil (1865-1866). Entretanto, esta descrição não possui imagens associadas e caracteriza a espécie de maneira bem sucinta, exaltando as seguintes características: exemplares medindo até ~25 cm; corpo coberto com manchas mais ou menos irregulares, vermiformes ou em meio arco que por vezes coalescem ou formam zigue-zague; corpo fino e baixo; nos exemplares de maior tamanho, a altura, próximo ao início da nadadeira anal, está incluida de 11 à 123/5 vezes no comprimento total e o comprimento da cabeça está incluso de 91/2 à 92/3 vezes no comprimento total. Gonçalves (2005) adicionou, ainda, que esta espécie difere de todas as outras congenéricas por possuir a linha lateral interrompida em diversos pontos. Ao longo do último século, muitos espécimes têm sido identificados como G. pantherinus, provenientes de coletas realizadas em diversas bacias costeiras no leste do Brasil, da Bahia, na bacia do rio Buranhém, até o Rio Grande do Sul, em contribuintes do sistema lagunar dos Patos. São encontrados em riachos de água límpida, principalmente nas porções mais estreitas e menos profundas, tanto em locais lênticos quanto lóticos, com valores de pH tendendo ao ácido. Ocorrendo preferencialmente onde a cobertura vegetal ainda se mantém, passam o período diurno entocados na vegetação marginal, raízes, folhiços e barrancos, deixando o 5 esconderijo somente ao crepúsculo, quando dão início ao forrageamento (Obs. Pess.; Gonçalves, 2005; Baroni, 2010). Durante sua tese de doutorado, enquanto analisava os Gymnotiformes das bacias do São Francisco, Paraná, Paraguay e costeiras do leste do Brasil, Campos- da-Paz (1997) verificou que espécimes já identificados como G. pantherinus, provenientes do norte do Espírito Santo e sul da Bahia, possuiam um corpo de maior altura que os espécimes coletados mais ao sul. Essa observação, iniciou as suspeitas de que G. pantherinus pudesse se tratar de um complexo de espécies. Desde então, dois trabalhos foram empreendidos visando a elucidação deste caso. O primeiro foi realizado por Gonçalves (2005) em sua dissertação de mestrado, onde foi realizada uma redescrição de G. pantherinus sensu stricto, bem como a descrição de quatro novas espécies pertencentes ao complexo, com base em dados morfológicos. O segundo teve origem como a tese de doutorado de Baroni (2010), onde foram conduzidos estudos moleculares que resultaram na identificação de cinco unidades evolutivas pertencentes ao complexo G. pantherinus, sendo uma delas sugerida como nova espécie. Entretanto, nenhuma das conclusões obtidas, nos dois últimos trabalhos, foi efetivada por meio de publicação. A ausência de uma resolução taxonômica adequada para esta parcela da diversidade motiva este trabalho, que tem por objetivo a revisão taxonômica do complexo de espécies G. pantherinus, delimitando espécies através da Análise de Agregação Populacional, formalizada por Davis & Nixon (1992), focando caracteres de origem morfométrica, merística, pigmentar e osteológica. Desta forma será possível determinar a diversidade e a distribuição do complexo de espécies através de estudo taxonômico, estabelecendo eventuais áreas de endemismos. Essa tarefa deve ser realizada com urgência, devido à rápida degradação dos ambientes nas regiões onde as prováveis espécies ocorrem. Ademais tal conhecimento servirá de base para a 6 realização de futuros trabalhos ecológicos, biogeográficos, filogenéticos e etológicos, além de outros que requeiram uma boa resolução taxonômica, bem como fornecerá dados importantes para o caso de eventuais medidas conservacionistas serem tomadas, levando-se em conta a diversidade, a distribuição dos taxa, áreas de endemismo e possíveis situações de vulnerabilidade. 7 2. Material e Métodos O material utilizado nesta revisão está depositado nas seguintes instituições: NMW, Naturhistorisches Museum Wien, Viena; MNRJ, Museu Nacional do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; MZUSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo; MCP, Museu de Ciências e Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MBML, Museu de Biologia Professor Mello Leitão, Santa Teresa. Caracteres morfológicos foram analisados em exemplares de todas as populações conhecidas e passíveis de serem acessadas, incluindo material topótipo (somado a fotografias e radiografias do material tipo). A morfometria segue os procedimentos propostos em Mago-Leccia (1978) e Campos-da-Paz (2002). A descrição detalhada dos caracteres morfométricos pode ser encontrada no Apêndice I, estes são calculados com base em três referências: Comprimento padrão (medido da extremidade anterior do lábio superior até a extremidade da cauda), Comprimento da Cabeça (sensu Mago-Leccia, 1978) e Comprimento Focinho-Opérculo (igual a Comprimento da cabeça sensu Albert & Crampton, 2003). Partindo desta abordagem, os dados gerados neste trabalho são passíveis de serem comparados à grandemaioria da literatura de referência para o grupo. A merística é realizada conforme Albert & Crampton (2003), exceto pela contagem de vértebras pré-caudais que segue Campos-da-Paz (2002), onde as quatro primeiras vértebras, formadoras do aparato Weberiano, também são incluidas na contagem. O detalhamento dos caracteres merísticos encontra-se no Apêndice I. A preparação do material osteológico foi realizada segundo o protocolo proposto por Taylor & Van Dyke (1985), que se baseia na remoção de pigmentos por meio de H2O2, clarificação dos tecidos por meio da digestão com pancreatina suína e 8 posterior recoloração dos óssos por meio de um corante com afinidade por cálcio. Este método é o mais eficiente para este caso, pois o tamanho médio dos espécimes não permite técnicas como a maceração ou a limpeza por dermestério. A nomenclatura osteológica utilizada é consoante a Albert et al. (2005), para elementos ósseos pertencentes ao neurocrânio, suspensório mandibular e cintura escapular e a Mago-Leccia (1978) para elementos ósseos do aparato faringobranquial. A análise do material osteológico foi realizada através da comparação de três grupos funcionais ósseos entre as diversas populações. A nomenclatura do sistema latero-sensorial cefálico e pós-cefálico segue Albert & Crampton (2003). Características referentes ao arranjo e distribuição de cromatóforos, foram utilizadas na diagnose de espécies. Os padrões de colorido de exemplares fixados e vivos (quando possível), foram descritos de maneira a representar a variação inerente a cada espécie delimitada. O método de delimitação de espécies utilizado é o descrito e formalizado por Davis & Nixon (1992), conhecido como Análise de Agregação Populacional ou PAA (sigla inglesa). Este postula que a existência de, pelo menos, um estado de caráter que não se sobreponha entre duas populações evidencia o isolamento reprodutivo das mesmas, o que permite considerá-las linhagens que evoluem independentemente uma da outra. De maneira prática, cada espécie é reconhecida através de uma combinação exclusiva de caracteres, a qual permite que esta seja reconhecida em meio a todas as demais espécies relacionadas. As populações, do complexo G. pantherinus, presentes no sistema lagunar dos Patos e bacias costeiras adjacentes, no Rio Grande do Sul, não foram analisadas, pois o material existente em coleção encontra-se como objeto de trabalho de uma equipe de pesquisadores da região, portanto, estando indisponível para exame. De acordo com Giora (com. pess., 2013), este material compreende uma nova espécie em fase 9 final de descrição. Tendo em vista estes fatos, o escopo geográfico desta análise compreende a área entre as bacias do rio Buranhém, no sul do estado da Bahia, e a Ilha de Santa Catarina, no estado de Santa Catarina, excluindo-se assim a região adjacente ao sul. 10 3. Resultados 3.1. Definição do Complexo de espécies Gymnotus pantherinus Albert (2001), Albert et al. (2005) e Campos-da-Paz (1996) definiram o seguinte conjunto de caracteres sinapomórficos para o gênero Gymnotus: boca superior com mandíbula prognata; ricto decurvado; primeiro par de narinas incluido nos cantos da abertura bucal, parcialmente coberto pelo lábio inferior; olhos posicionados dorso- lateralmente; cavidade corporal longa, com 35-51 vértebras pré-caudais; ramificações na porção posterior da linha lateral pós cefálica; mesetimóide com dois processos anteriores, separados por um entalhe mediano. Destes caracteres, os que são passíveis de visualizaçao externa foram encontrados em todos os exemplares analisados neste estudo. Os caracteres visíveis apenas em exemplares tratados para estudo osteológico foram identificados em todos os exemplares diafanizados e corados, exceto pela quantidade de vértebras pré-caudais que varia entre 45 e 54, ampliando em três o intervalo proposto por Albert (2005). O grupo de espécies G. pantherinus (sensu Albert & Crampton, 2003), pode ser diferenciado dos grupos G. carapo e G. cylindricus pelas seguintes características: corpo delgado (AC modal = 6,1-9,0% do CT); porção proximal da quinta costela com crista triangular pelo menos três vezes mais larga que a sexta costela; dentário com um par de processos orientados ventro-posteriormente na região da sínfise mental. Os exemplares analisados neste estudo se enquadram nas duas primeiras características. A presença do par de processos no dentário não pode ser confirmada, pois este caráter não é devidamente esclarecido pelo autor proponente, o que torna sua interpretação passiva de subjetividade. 11 Observando as espécies do gênero Gymnotus, as espécies do complexo G. pantherinus podem ser facilmente diagnosticadas pela presença de interrupções na linha lateral, que em suas porções anterior e mediana se divide em grupos de poros de número variado, não havendo ligação perceptível entre os grupos (Gonçalves, 2005). A distribuição do complexo de espécies Gymnotus pantherinus se dá pela grande maioria das drenagens costeiras do leste e sul do Brasil. Um mapa com registros pontuais, restritos ao escopo geográfico do presente estudo, pode ser observado na Figura 22. A ocorrência mais ao norte foi registrada para tributários do rio Buranhém (16º S), no município de Porto Seguro, estado da Bahia, já a ocorrência mais ao sul foi registrada para contribuintes do sistema lagunar dos Patos (31º S), no estado do Rio Grande do Sul. Ocorrências foram ainda registradas para as bacias dos rios Ribeira do Iguape, Paraíba do Sul e Tietê (porções altas). 3.2. Análise de Agregação Populacional (PAA) A aplicação da PAA permitiu a delimitação de três espécies a partir do complexo de espécies G. pantherinus. Duas destas espécies puderam ser bem delimitadas graças a caracteres provenientes dos padrões de colorido e contagens. Entretanto, a resolução referente a G. pantherinus s.s. ainda não é satisfatória, pois mesmo nas várias populações analisadas, apresentando uma grande variabilidade em alguns caracteres, como padrão de colorido, número de vértebras pré-caudais, número raios da peitoral e número de dentes no dentário, ocorreram sobreposições que impediram o delineamento de espécies, o que pode ser encarado como forte indício de compor um conjunto de espécies crípticas. O padrão de colorido de G. pantherinus s.s. (Fig. 1) apresenta uma grande variabilidade, porém, se observada em populações geograficamente próximas ou 12 vizinhas, essa característica pode permitir, até mesmo, uma clara diferenciação. Tomando por exemplo as populações do rio Macaé (Fig. 1I) e do rio São João (Fig. 1B;C;D), bacias vizinhas localizadas no estado do Rio de Janeiro, podemos diferenciá- las claramente quanto a forma e tamanho das manchas. Ainda assim, ao analisarmos o padrão de colorido da população das bacias que drenam para a baía da Guanabara (parcialmente representado na Figura 1E;F), é possível verificar a existência de sobreposições entre os padrões. Casos como o anteriomente descrito ocorrem diversas vezes ao longo da distribuição do taxon aqui chamado de G. pantherinus sensu stricto, havendo populações sem conexão geográfica onde padrões semelhantes surgem, inclusive. Os intervalos de caracteres merísticos foram igualmente notados pela grande variabilidade. O número de vértebras pré-caudais, que nas demais espécies do gênero não apresenta variações superiores a cinco unidades (Albert & Crampton, 2003: Tabela 3), se apresenta neste taxon com um intervalo que varia nove unidades. O mesmo ocorre com o número de raios da nadadeira peitoral, que não varia mais que quatro unidades nos demais congêneres (Albert & Crampton, 2003: Tabela 3), e se apresenta em um intervalo que varia seis unidades. O número de dentes no dentário, por sua vez, se dá em um intervalo que variaentre 12 e 22 (Tab. 3), enquanto as outras duas espécies do complexo apresentam uma variação de apenas duas unidades. Curiosamente, nas populações individualisadas de G. pantherinus s.s., por maior que o fosse o tamanho amostral, os intervalos referentes à VPC, RP e DD não apresentavam variações superiores a cinco, quatro e cinco unidades, respectivamente, valores estes que são congruentes aos valores máximos de variação encontrados nos demais congêneres. Tendo em vista os casos citados acima, e sendo a PAA um método que se baseia na não sobreposição de caracteres para diagnosticar espécies, a ocorrência de 13 pequenas sobreposições entre os estados de caráter das populações de G. pantherinus s.s. torna inviável, segundo as premissas do método, a delimitação das possíveis espécies crípticas ainda inclusas neste taxon. Portanto, o presente trabalho define G. pantherinus s.s. como uma espécie amplamente distribuida e de acentuado polimorfismo. 3.3. Taxonomia 3.3.1. Chave artificial para as espécies do complexo G. pantherinus 1. Cabeça com par de máculas ventrais posicionadas anteriormente ou sobre vertical que passa pelo olho.......................................Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” Cabeça com manchas ausentes ou distribuídas aleatóriamente........................2 2. Cauda com série única de barras....................Gymnotus sp.n. “Porto Seguro” Cauda com manchas posicionadas aleatoriamente, distribuidas em mais de uma série...........................................................................Gymnotus pantherinus 3.3.2. Gymnotus pantherinus (Steindachner) (Figs. 1-4) Giton fasciatus var. pantherinus (Steindachner, 1908): 129-130 [localidade tipo: Santos]; Gymnotus carapo pantherinus (Eigenmann, 1910) : 450. [Santos]; Gymnotus carapo (Ellis, 1913): 117-120; 14 Gymnotus pantherinus (Costa, 1987) : 148-152; [rio Mato Grosso, Município de Saquarema, Estado do Rio de Janeiro, Brasil]. Material Examinado: Síntipos: NMW 76443, 4 (fotografias/radiografias); NMW 11275, 3 (Fotografias/radiografias); Santos, Staat São Paulo, Maj. J. S. Coutinho, 1865-66. Material complementar: Brasil: Estado de São Paulo: Município de São Bernardo do Campo: MZUSP 113616, 4; Rio Cubatão, B. Abreu-Santos & C. R. Romero, 06 Jan. 2011. MZUSP 113632, 5, 2 (C&S); Rio Cubatão, B. Abreu-Santos & P. D. T. Corrêa, 13 Jul. 2012. Município de Biritiba Mirim: MCP 25550, 2; Arroio na estrada Biritiba Mirim/Casa Grande, na estrada para a Estação Biológica da Boraceia, L.R.Malabarba, O.Oyakawa, J.C.Nolasco, E.T.Tamura & N.Calette, 17 Dez. 1999. Município de Salesópolis: MCP 20665, 3; Riacho Paraitinguinha na estrada Salesópolis para Jacareí, a 3 Km N de Salesópolis, R.E.Reis, J.Pezzi, E.Pereira & J.Montoya, 13 Jan. 1997. MCP 25548, 1; Rio Paraitinga, acima da cidade, L.R.Malabarba, O.Oyakawa, J.C.Nolasco, E.T.Tamura & N.Calette, 17 Dez. 1999. MCP 25547, 1; Rio Paraitinga na cachoeira da Porteira, L.R.Malabarba, O.Oyakawa, J.C.Nolasco, E.T.Tamura & N.Calette, 17 Dez. 1999. Município de Santo André: MZUSP 86977, 3 (C&S); Galeria 1 próx. do asfalto na Reserva Biológica Alto da Serra de Paranapiacaba, desconhecido, 10 Mar. 2005. MCP 20664, 2; Arroio ca. 6 Km a NW de Piranapiacaba, próximo à capela, na estrada de Campo Grande para Paranapiacaba, R.E.Reis, J.Pezzi, E.Pereira & J.Montoya, 12 Jan. 1997. UFRGS 13683, 1; Paranapiacaba, V. Bertaco, F. Carvalho & A. Thomaz, 2008. Município de Caraguatatuba: MZUSP 55296, 2; Rio Camburu e afluentes, fazenda Serramar, L. F. 15 Mendes, 2-6 Mai. 1994. MZUSP 22352, 1; Caraguatatuba, W.B.Borodin, 14 Dez. 1946. MZUSP 22538, 6, 2 (C&S); Rio do Ouro, Reserva Florestal de Caraguatatuba, Expedição do Departamento de Zoologia, 22 Mai. 1962. MCP 31532, 4, 1 (C&S); Arroio na praia de Massaguaçú, ca de 700 m a oeste da SP 55, V.A.Bertaco, J.F.P.Silva & P.Lehmann, 16 Out. 2002. UFRGS 10212, 2; Altos de Jetuba. Loteamento do Capricórneo. Entrar à esquerda no Km 94 da SP 55, V. Bertaco, J. Ferrer, G. Neves, & D. Thomaz, ???. MCP 31530, 2, 1 (C&S); Arroio Santo Antônio na localidade de Santo Antônio, V. A. Bertaco, J. F. P. Silva & P. Lehmann, 16 Out. 2002. Município de Pindamonhangaba: MZUSP 58568, 2; Córrego do Ferraz, no Sítio do Ferraz, O. T. Oyakawa, C. Oliveira & M. Gazzi, 13 Nov. 1999. MZUSP 49305, 1; Riacho afluente do Ribeirão Grande, talhão 2, próximo à sede da Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, C.E.Espírito Santo, 18 Dez. 1995. MCP 45119, 2; Córrego tributário do Ribeirão Grande na Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, Ictiologia PUCRS, 10 Abr. 2010. Município de Jacareí: MZUSP 51671, 10, 3(C&S); Córrego do Campo Grande, próximo à foz no Rio Paraíba do Sul, R.S.Lima, O.T. Oyakawa & J.C.Oliveira, 24 Jan. 1993. MZUSP 51670, 2; Ribeirão Santa Fé ou do Mato Dentro, R. S. Lima, O. T. Oyakawa, J.C. Oliveira & O. Campos Jr., 24 Jan. 1993. Município de Ubatuba: MZUSP 24727, 6, 1 (C&S); Vala entre Jardim Acaraú e a estrada Rio-Santos, J.L.Figueiredo & H.Masuda, 04 Out. 1975. UFRJ 5279, 6, UFRJ 9723, 2(C&S); Estrada para casa da Farinha, Núcleo Picinguaba, meandros do rio da Fazenda, M. Gonçalves, D. Almeida, P. Hollanda & A. Castro, 11 Jun. 2001. Município de Bertioga: MZUSP 87564, 27, 3 (C&S); Córrego sem nome, afluente do rio Vermelho, km 208 da rodovia Rio/Santos, próximo à entrada da Riviera São Lourenço, W. G. R. Crampton, 01 Jun. 2005. Município de São Sebastião: MZUSP 62934, 1; Rio Boiçucanga, na trilha do Boiçucanga, perto da estrada de cascalho, M.C.C. de Pinna, M.Toledo-Piza, F.Di Dário, W.B. Wosiacki, C.Campanário, M.R Britto, F.C.T.Lima & C. Ragazzo, 27 Mar. 1999. MZUSP 45255, 3; Rio Juqueí, 16 pequeno córrego afluente, praia de Juqueí, F.C.T.Lima, 19 Jan 1993. MZUSP 54171, 1; Rio Boissucanga, vila de Boissucanga, A.AKama, M. Pinna & E.Trajano, 14 Ago. 1995. MZUSP 2643, 1; Ilha de São Sebastião, B. Bicego, 1906. MZUSP 107324, 1; Corrego das Tocas, Trecho em area urbana P.E. Ilha Bela, A. Silva, C. S. Goncalves, A. Carmassi, 12 Ago. 2010. MCP 31531, 5; Arroio na praia de Perequê após a prefeitura de Ilhabela, V.A.Bertaco, J.F.P.Silva & P.Lehmann, 16 Out. 2002. UFRGS 10207, 2; arroio ao longo da rua Cel. Vicente de Faria Lima 994, riacho da Cachoeira da Toca, V. Bertaco, J. Ferrer, G. Neves, & D. Thomaz, ???. MCP. 31529, 3; Córrego da Barra ao lado da pousada Carmel a 400 m da BR 101, V. A. Bertaco, J. F. P. Silva & P. Lehmann, 15 Out. 2002. Município de Itanhaém: UFRJ 8720, 2; Riacho na localidade de Poço Azul, afluente do rio Branco, ao norte de Itanhaém, A. M. Katz, F. Rangel-Pereira & J. L. Mattos, 25 Abr. 2012. Bacia do rio Ribeira do Iguape: UFRJ 4306, 4; Riacho a 34km ao sul de Jacupiranga, W. Costa, 30 Jul. 93. UFRJ 4319, 4; Riacho 20km ao sul de Jacupiranga, W. Costa, 30 Jul. 1993. MZUSP 78408, 47, 3 (C&S); Riacho Água da Lorentina, afluente do Rio Juquiá, na Cachoeira do França, fora do PE. Jurupará, Projeto Biota/Fapesp Ribeira, 21 Out. 2001. MZUSP 93121, 5, 2 (C&S); Córrego afl. rio Momuna, c. 1,5 km da vila de Momuna, F.C.T. Lima & W.G.R. Crampton, 27 Jul. 2006. MZUSP 69577, 2; Vala na entrada da Sede Cidreira do PE Campina do Encantado, Oyakawa, Akama, Nolasco & Paixao, 13 Jun. 2001. MZUSP 54901, 1; Rio Soarez = Águas Claras, Fazenda Águas Claras, estrada Iporanga/Núcleo Casa de Pedra, S. Buck et al., 03 Mar. 1999. MZUSP 40206, 1; Vale do Rio Ribeira de Iguape, SEMA/SUDELPA, ???. MZUSP 80015, 2; Rio Espraiado, Estação Ecológica Juréia-Itatins, próximo a segunda ponte de concreto, Oyakawa; Nolasco; V.Moreira; Nakasumi, 11 Out. 2002. Município de Bofete: MNRJ 36876, 2; Bofete, G. Amora, J. Sin & N. Carneiro, 28 Set. 1999. Estado do Paraná: Município de Paranaguá: UFRJ 0197, 3; Poça em floresta, Km 5 da estrada das Praias, W. Costa, 21 Dez. 1985. UNIRIO não catalogado, 2; Afluente 17 do rio Ribeirão, segunda bifurcação,J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & G. F. Pinto, 20 Mar. 1995. UNIRIO não catalogado, 1; rio Ribeirão, trecho inferior, estrada para Morro Inglês, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 09 Jan. 1996. UNIRIO não catalogado, 1; rio Colônia Pereira, acima da ponte na rodovia Alexandra-Matinhos, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 12 Jan. 1996. UNIRIO não catalogado, 1, 1(C&S); rio Colônia Pereira, sob ponte na rodovia Alexandra-Matinhos, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro , M. O. Moura & E. L. Tonetti, 14 Jul. 1995. UNIRIO não catalogado, 2, 1(C&S); rio Pombas, acima da ponte na rodovia Alexandra-Matinhos, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & E. E. Pinto, 26 Mar. 1995. UNIRIO não catalogado, 1; rio Cabral, junto à UHE Parigot de Souza, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 18 Nov. 1995. UNIRIO não catalogado, 1; rio Mergulhão, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 11 Jan. 1996. Município de Guaratuba: MZUSP 28654, 2; Pequeno riacho de água preta ao sul de Guaratuba e cerca de 25 a 50 m do mar, N.A.Menezes & W.Fink, 28 Dez. 1975. MZUSP 25055, 5, 1 (C&S); Córrego junto à praia, Expedição MZUSP/USNM, 23 Set. 1977. UFRGS 9027, 9, 2 (C&S); Vala marginal a rua, L. R. Malabarba, R. Quevedo e V. Bertaco, ???. Município de Antonina: UNIRIO não catalogado, 1; rio Cabral, junto à UHE Parigot de Souza, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 18 Nov. 1995. UNIRIO não catalogado, 1; rio Mergulhão, J.M.R. Aranha, M. S. Menezes, D.F. Takeuti, L.F. Favaro & M. F. Amaral, 11 Jan. 1996. MNRJ 13444, 1; Rio Mergulhão, sob a ponte da BR-101, T.M. Ioshimura, D. F. Takeuti & E. L. Tonetti, 30 Out. 1993. Estado de Santa Catarina: Município de Itapoá: UFRJ 5215, 2; Proximidades de Itapoá, W. Costa, C. Bove & B. Costa, 04 Nov. 2000. MZUSP 35424, 2; Córrego em floresta próxima a Itapoá, litoral norte de Santa Catarina, W.M.Costa, 22 Dez. 1985. 18 Município de São Francisco do Sul: UFRGS 10590, 1; Brasil: arroio que deságua no lago Acaraí, L. R. Malabarba, R. Quevedo & V. Bertaco, ???. UFRGS 11143, 1; Corpo d’água, L. R. Malabarba, R. Quevedo e V. Bertaco, ???. UFRGS 9015, 11, 3 (C&S); Arroio sob a ponte, L. R. Malabarba, R. Quevedo & V. Bertaco. ???. Município de Florianópolis: UFRJ 9499, 7, UFRJ 9725, 3(C&S); Estrada Bento Manoel Ferreira, Ratones, A. Katz, F. Pereira & M. A. Barbosa, 30 Mai. 2013. UFRJ 9500, 8, UFRJ 9726, 1(C&S); Ponte sobre estrada Bento Manoel Ferreira, asfalto em frente a estação de tratamento da CASAN, A. Katz, F. Pereira & M. A. Barbosa, 30 Mai. 2013. UFRJ 9502, 3, UFRJ 9727, 1(C&S); Apicultura, Rodovia Virgílio Várzea, A. Katz, F. Pereira & M. A. Barbosa, 30 Mai. 2013. Estado do Rio de Janeiro: Município de Sumidouro: UFRJ 7805, 1; Saída para fazenda Encanto, estrada de terra em saída à direita da estrada Sumidouro-Carmo, F. Ottoni, P. Bragança, A. Katz & F. Pereira, 04 Jun. 2010. Município de Sapucaia: UFRJ 7859, 1; rio São Francisco, cerca de 1km antes de passar por N. S. de Aparecida, P. Bragança & A. Katz, 12 Ago. 2010. Município de Anta: UFRJ 0451, 6, UFRJ 9319, 3(C&S); Córrego Banqueta, afluente do rio Calçado, 12 km ao sul de Anta, W. Costa, C. Weber & M. Melgaço, 10 Dez. 1990. Município de Xerém: UFRJ 8525, 3, UFRJ 9009, 2(C&S); Baixada Fluminense, rio Mato Grosso A, bacia do rio Estrela, B. Terra, 17 Jun. 2010. UFRJ 8524, 1; Baixada Fluminense, rio Mato Grosso B, bacia do rio Estrela, B. Terra, 17 Jun. 2010. Município de Magé: UFRJ 8526, 5, UFRJ 9010, 2(C&S); Baixada Fluminense, rio Roncador, bacia do rio Suruí, B. Terra, 11 Ago. 2010. UFRJ 8528, 3; Baixada Fluminense, rio Roncador, bacia do rio Suruí, B. Terra, 12 Ago. 2010. UFRJ 8523, 4, UFRJ 9163, 2(C&S); Baixada Fluminense, rio do Ouro, bacia do rio Suruí, B. Terra, 28 Jul. 2010. Município de Duque de Caxias: UFRJ 8527, 4, UFRJ 9164, 1(C&S); Baixada Fluminense, rio Taquara, bacia do rio Estrela, B. Terra, 03 Jun. 2010. UFRJ 8529, 1, UFRJ 9165, 1(C&S); Baixada Fluminense, rio em Imbariê, bacia do rio Estrela, B. Terra, 21 Jul. 2010. Município de 19 Cachoeiras de Macacu: UFRJ 5316, 5, UFRJ 9011, 2(C&S); Estrada para cachoeira do Faraó, Expedição da Turma de Ictiologia de 2001-1, 25 Mai. 2001. MZUSP 91075, 3; Rio Bengala, S. Baroni, ???. MCP 20663, 1; Rio da Toca, junto a foz do rio Macacu, estrada Nova Friburgo-Cachoeiras de Macacu, RJ-116 Km 44, J.Pezzi, E.Pereira & J.Montoya, 19 Jan. 1997. MNRJ 22133, 1; Rio Soarinho, bairro de Granada, localidade de Papucaia, M. R. S. Melo & I. Silveira, 21 Jul. 2001. MNRJ 13747, 3; Rio branco, afluente da margem esquerda do rio Bengala, no pontilhão da estrada, P. A. Buckup et al., 21 Mar. 1995. Município de Paraty: UFRJ 0536, 11, UFRJ 8642, 4(C&S); Riacho afluente do rio Taquari, perto de Tarituba, W. Costa, J. P. Moreira & C. P. Bove, 23 Jul. 1991. UFRJ 4612, 6, UFRJ 9292, 2(C&S); 20,5km da entrada para Tarituba na estrada Rio-Santos, C. Moreira & M. I. Landim, 20 Out. 1997. MCP 32152, 7; Rio da Graúna na estrada Parati/Angra dos Reis, E.Pereira, R.Reis & F.Fernandes, 02 Fev. 2003. MCP 31527, 1; Arroio afluente do rio Taquari em Taquari a 2,3 Km da BR 101 próximo a Tarituba, V.A.Bertaco, J.F.P.Silva & P.Lehmann, 18 Out. 2002. Município de São José do Vale do Rio Preto: UFRJ 0455, 1; Rio Preto, afluente do rio Piabanha, Br-492, entre Águas claras e São José do Vale do Rio Preto, W. Costa, C. Weber & M. Melgaço, 10 Dez. 1990. Município de Petrópolis: UFRJ 7852, 7, UFRJ 9317, 2(C&S); Córrego na estrada da cachoeira, logo após o resort Bom Tempo, Santa Mônica. F. P. Ottoni, P. Bragança & F. Pereira, 28 Jul. 2010. UFRJ 8575, 3, UFRJ 9318, 1(C&S); Cachoeira da Rocinha, rio Maria Comprida, bacia do Piabanha, início da da estrada da Rocinha a partir de Secretário, P. Bragança, G. Aranha, J. Mattos & E. Henschell, 13 Mar. 2012. MNRJ 28800, 1; Rio Maria Comprida, afluente do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias & E. S. Tojoro, 20 Out. 2002. MNRJ 28859, 1; Rio Maria Comprida, afluente do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias & C. B. S. F., 30 Ago. 2003. MNRJ 28778, 1; Rio Maria Comprida, afluente do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias & J. C. Oliveira, 18 Jul. 2002. MNRJ 28739, 1; Rio Maria Comprida, afluente do rio 20 Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias & J. C. Oliveira, 09 Jun. 2002. MNRJ 28762, 2; Rio Maria Comprida, afluente do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias, J. C. Oliveira & E. S. Tojoro, 14 Ago. 2002. MNRJ 28786, 1; Rio Maria Comprida, afluente do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul, S. M. S. Dias & E. S. Tojoro, 15 Set. 2002. Município de Maricá: UFRJ 0024, 2; Rio Bananal, W. Costa, 12 Out. 1984. Município de Saquarema: UFRJ 0158, 8; UFRJ 9290, 2(C&S); Rio Mato Grosso, W. Costa, 1983. UFRJ 8809, 2, UFRJ 9293, 1(C&S); Afluente do rio Tinguí, junto a rodovia Amaral Peixoto, W. Costa, P. Amorim, G. Aranha & F. Pereira. Município de Silva Jardim: UFRJ 9646, 19, UFRJ 9724, 3(C&S); Córrego cruzando a RJ-126, cerca de 4km após passar o rio São João, A. Katz, C. Mello, F. Pereira & O. Simões, 27 Jul. 2013. Município de Nova Friburgo: UFRJ 7913, 7, UFRJ 8285, 2(C&S), UFRJ 9162, 3(C&S); Rio da bacia do Macaé, sob ponte na estrada RJ-142, altura do KM 19, acima de Poço Feio em direção à capela de São Thiago, P. Amorim, P. Bragança & J. Mattos, 07 Out. 2010. Município de Macaé: UFRJ 0297, 7; Rio Macaé na confluência com o rio Sana, C. Bizerril, 25 Jan. 1991. UFRJ 7526, 4, UFRJ 9161, 3(C&S); Alto de Sana, bacia do rio Macaé, W. Costa, C. Bove & B. Costa, Jan. 2004. Município de Teresópolis: UFRJ 9316, 2(C&S); Rio Canoas, Varginha,de baixo da ponte próxima ao hotel Holandês, F. P. Ottoni, A. Katz, P. Bragança & F. Pereira, 03 Jun. 2010. Município de Rio Claro: MNRJ 37961, 1; Rio Piraí, a montante da ponte na rodovia Lídice-Angra dos Reis, P. A. Buckup, M. R. Britto & F. L. K. Salgado, 10 Set. 2010. MNRJ 38054, 9; Rio Piraí, a jusante de Lídice, P. A. Buckup, M. R. Britto & F. L. K. Salgado, 13 Set. 2010. Município de Angra dos Reis: MNRJ 28731, 2; Córrego Andorinha, na localidade Dois Rios, Ilha Grande, R. Mazzoni & S. A. Schubart, 11 Abr. 2000. Estado do Espírito Santo: Município de Sooretama: MNRJ 13204, 10; Córrego Chumbado, estrada Linhares-São Mateus, L. Travassos, H. Travassos & J. T. Freitas, 05 Mar. 1948. 21 Estado de Minas Gerais: Município de Chiador: UFRJ 8074, 1; Caminho para Chiador, cerca de 10km após sair da MG-126, A. Katz, F. Pereira & P. Bragança, 27 Mar. 2011. 3.3.2.1. Diagnose Gymnotus pantherinus s.s. é membro tipo do grupo de espécies Gymnotus pantherinus, possuindo um corpo delgado (AC é 6-9,5% do CT), porção proximal da quinta costela com crista triangular e grossa, três vezes mais larga que a sexta costela (vs. crista fina e tendo menos que três vezes a largura da sexta costela nos grupos de espécies G. carapo e G. cylindricus), um poro latero-sensorial na porção dorso- posterior do osso pré-opercular (vs. dois poros no grupo G. carapo) e 45-54 vértebras pré-caudais (vs. 31-36 VPC no grupo G. cylindricus). Gymnotus pantherinus s.s. pode, ainda, ser distinguido de todos os seus congêneres pela seguinte combinação de caracteres: linha lateral com algumas descontinuidades nas porções anterior e mediana (Fig. 7) [vs. linha lateral contínua em todas as outras espécies, exceto Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”]; cauda com manchas dispostas aleatóriamente, nunca formando uma série única (Fig. 3) [vs. cauda com série única de manchas redondas ou barras em Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” e com série única de barras em todas as demais espécies exceto G.bahianus Campos-da- Paz & Costa (1996), G. cylindricus La Monte (1935) e G. maculosus Albert & Miller (1995)]. 3.3.2.2. Descrição Forma geral do corpo (Fig. 1) cilíndrica ou subcilíndrica, progressivamente mais comprimido do primeiro ou segundo 1/5 da nadadeira anal ao final da nadadeira anal. 22 Maior altura do corpo logo após origem da nadadeira anal. Perfil dorsal do corpo reto ou levemente convexo. Extremidades das nadadeiras peitorais arredondadas. Nadadeira anal terminando antes da extremidade posterior do corpo. Ânus posicionado entre vértice das pregas operculares e vertical passando pela base da nadadeira peitoral. Escamas ciclóides cobrindo todo tronco, menores sobre pterigióforos e cauda, maiores na zona de ramificação da linha lateral e medianas no restante do tronco. Primeira escama perfurada, da linha lateral, após vertical tangente à margem posterior da base da nadadeira peitoral. Sistema latero-sensorial cefálico com quatro canais; série supratemporal com um poro mediano na região occipital, raramente com dois ou três poros; série supraorbital com seis poros; série infraorbital com seis poros; série pré-opercular-mandibular com 10 poros laterais e um poro mediano no queixo. Maiores largura e altura da cabeça na região opercular. Focinho semi-truncado em vista dorsal, perfil dorsal reto ou ligeiramente convexo. Boca prognata e superior, ricto decurvado. Narinas anteriores arredondadas contidas nos cantos da abertura bucal, margem anterior se projetando sobre posterior formando lobo. Narinas posteriores em forma de poro arredondado ou elíptico. Ricto alcançando ou ultrapassando ligeiramente vertical que passa pela narina posterior. Pré-maxila com duas fileiras de dentes cônicos agudos, fileira interna com 5 à 7 dentes, fileira externa com 8 à 9 dentes. Dentário com 12 à 22 dentes. Mesopterigóide com 0 à 4 dentes. Maxila sem dentes. Placa dentígera do quarto epibranquial com 10 à 28 dentes. Placa dentígera do quinto ceratobranquial com 6 à 16 dentes. Coloração em Álcool Coloração geral em exemplares fixados pode ser vista na Figura 1. Porções dorsal e dorso-lateral da cabeça (Fig. 2) marrom escuras à marrom claras, com ou sem manchas conspícuas. Porções ventral e ventro-lateral da cabeça marrom escuro à bege, com manchas conspícuas de formato e tamanho variados. Pupilas pretas, 23 região esclerótica amarelo claro. Cor de fundo do tronco bege à amarelo pálido abaixo da linha lateral, marrom escuro à marrom claro acima da linha lateral. Manchas vermiculadas e/ou arredondadas de diferentes tamanhos e formas e/ou rosetas de diferentes tamanhos e formas distribuídas aleatoriamente por todo o tronco, sempre mais conspícuas e complexas abaixo da linha lateral. Cauda (Fig. 3) com manchas distribuídas aleatoriamente, nunca formando barras em série. Coloração em vida Coloração em vida (Fig. 4) semelhante à coloração pós fixação e preservação, exceto pelas zonas vascularizadas que possuen o tom róseo ou avermelhado. 3.3.2.3. Distribuição e Conservação A distribuição de Gymnotus pantherinus (Fig. 23). inclui as seguintes bacias: três bacias isoladas na Ilha de Santa Catarina; bacias que desaguam na baía da Babitonga; drenagens costeiras entre a foz do rio Cubatão-SC e a baía de Paranaguá; bacias que desaguam na baía de Paranaguá; drenagens alta e baixa do rio Ribeira do Iguape; tributários do rio Tietê originários da Serra do Mar; drenagens costeiras de todo o litoral de São Paulo; porções alta e média do rio Paraíba do Sul, incluindo as bacias dos rios Piraí, Piabanha e Dois Rios; bacias costeiras do litoral do Rio de Janeiro até a foz do rio Paraíba do Sul, incluindo as bacias dos rios São João e Macaé; bacias costeiras entre a foz do rio Doce e a bacia do São Mateus-ES. As partes altas e médias dos cursos d’água são as que preferencialmente abrigam as populações dessa espécie. Em muitos casos referentes a micro-bacias costeiras, as partes baixas dos rios apresentam características de médio curso, sendo ainda possível encontrar exemplares de G. pantherinus. Muito comumente esta espécie é encontrada em simpatria com espécies do grupo G. carapo, embora dificilmente 24 ocorram em sintopia. A proporção de indivíduos destas espécies é equilibrada quando os ambientes conservam suas características originais, estando cada uma em seu micro-habitat. Porém, quando o ambiente perde suas características originais, devido à ação antrópica, a perda dos micro-habitats, para margens de gramíneas, parece favorecer as espécies do grupo G. carapo que se tornam mais abundantes enquanto a ocorrência de G. pantherinus s.s. torna-se rara ou ausente (obs. pess.; Ferreira & Casatti, 2006). 3.3.3. Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”, nova espécie (Figs. 5; 6 ;8-11) Material Examinado: Holótipo: Brasil: Estado da Bahia: Município de Itamaraju: UFRJ 9785, 131,0mm; Rio do Ouro, F. Pereira & F. Ottoni, 22 Jun. 2013. Parátipos: : Estado da Bahia: Município de Itamaraju: UFRJ 9625, 7, UFRJ 9728, 2 (C&S); Rio do Ouro, F. Pereira & F. Ottoni, 22 Jun. 2013. 3.3.3.1. Diagnose Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” é membro do grupo de espécies Gymnotus pantherinus, possuindo um corpo delgado (AC é 7,2-8,9% do CT), porção proximal da quinta costela com crista triangular e grossa, três vezes mais larga que a sexta costela (vs. crista fina e tendo menos que três vezes a largura da sexta costela nos grupos de espécies G. carapo e G. cylindricus), um poro latero-sensorial na porção dorso- posterior do osso pré-opercular (vs. dois poros no grupo G. carapo) e 45 vértebras pré- caudais (vs. 31-36 VPC no grupo G. cylindricus). Gymnotus sp.n. “Jucuruçu” pode, 25 ainda, ser distinguida de todas as demais espécies do grupo G. pantherinus pela seguinte combinação de caracteres: linha lateralcom algumas descontinuidades nas porções anterior e mediana (Fig. 7) [vs. linha lateral contínua em todas as outras espécies, exceto G. pantherinus e Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”]; cauda com série única de manchas redondas ou barras (Fig. 11) [vs. cauda com manchas dispostas aleatóriamente, nunca formando uma série única em G. pantherinus (Fig. 3)]; cabeça sempre com par de máculas ventrais posicionadas anteriormente ou sobre vertical que passa pelo olho (Fig. 10) [vs. cabeça com manchas ausentes ou posiocinadas aleatoriamente em Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”]; 9 escamas acima da linha lateral no meio do corpo (vs. 10 EAL em Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”); 45 vértebras pré- caudais (vs. 46-48 VPC em Gymnotus sp.n. “Porto Seguro”). 3.3.3.2. Descrição Forma geral do corpo (Fig. 8) cilíndrica ou subcilíndrica, progressivamente mais comprimido, do primeiro 1/6 da nadadeira anal à extremidade da cauda. Maior altura do corpo logo após origem da nadadeira anal. Perfil dorsal do corpo reto ou levemente convexo. Extremidades das nadadeiras peitorais arredondadas. Nadadeira anal terminando antes da extremidade posterior do corpo. Ânus posicionado anteriormente às nadadeiras peitorais, vertical que tange sua margem posterior tange margem anterior da base da nadadeira peitoral. Escamas ciclóides cobrindo todo tronco, menores sobre pterigióforos e cauda, maiores na zona de ramificação da linha lateral e medianas no restante do tronco. Primeira escama perfurada, da linha lateral, entre poros 5 e 6 da linha lateral pós-cefálica. Sistema latero-sensorial cefálico com quatro canais; série supratemporal com um ou dois ou três poros, sendo um mediano na região occipital; série supraorbital com seis poros; série infraorbital com seis poros; série pré-opercular-mandibular com 10 poros laterais e um poro mediano no queixo. 26 Maiores largura e altura da cabeça na região opercular. Focinho semi-truncado em vista dorsal, perfil dorsal convexo. Boca prognata e superior, ricto decurvado não alcançando vertical que passa pela narina posterior. Narinas anteriores arredondadas contidas nos cantos da abertura bucal, margem anterior se projetando sobre posterior formando lobo. Narinas posteriores em forma de poro arredondado ou elíptico. Pré- maxila com duas fileiras de dentes cônicos agudos, fileira interna com 6 dentes, fileira externa com 8 dentes. Dentário com 14 à 16 dentes. Mesopterigóide e maxila sem dentes. Placa dentígera do quarto epibranquial com 16 à 21 dentes. Placa dentígera do quinto ceratobranquial com 9 à 11 dentes. Coloração em vida Coloração geral pode ser observada nas Figuras 5 e 6. Porções dorsal e dorso- lateral da cabeça (Fig. 11) marrom escuras à marrom claras; porções ventral e ventro- lateral da cabeça marrom escuras ou marrom claras ou beges; cromatóforos mais esparsos na porção ventral da cabeça; cabeça com par de máculas ventrais posicionadas anteriormente ou sobre vertical que passa pelo olho; manchas adicionais presentes ou não. Pupilas pretas, região esclerótica bege quando visível. Regiões altamente vascularizadas, como opérculo, ou mais finas, como pterigióforos, com coloração rósea ou avermelhada vista por transparência. Cor de fundo do tronco amarelo pálido à marrom escuro, coloração sempre mais escura acima da linha lateral. Manchas conspícuas ou inconspícuas; vermiculadas e grossas ou arredondadas e grandes. Cauda (Fig. 11) com uma única série de manchas arredondadas ou em formas de barras. Membrana da nadadeiral peitoral transparente com cromatóforos esparsos. Membrana da nadadeira anal transparente com cromatóforos cuja concentração aumenta antero-posteriormente. Coloração em Álcool 27 Coloração geral em exemplares fixados pode ser visualizada na Figura 8. Espécimes fixados em formalina 10% e preservados em etanol 70%, por quatro meses, mantêm coloração similar a presente em vida, exceto pelo desaparecimento das cores rosadas e vermelhas em áreas onde havia alta vascularização. 3.3.3.3. Distribuição e Conservação Gymnotus sp. n. “Jucuruçu” é conhecida somente da localidade tipo, um tributário do rio Jucuruçu localizado no município de Itamaraju-BA (Fig. 24). O ambiente constituia um típico curso médio, com água de cor escura alternando entre alta e baixa velocidade de corrente. O ambiente ao redor já não apresenta a Mata Atlântica originária da região. Exemplares pertencentes ao grupo G. carapo foram encontrados em sintopia com essa espécie, sendo desconhecidas as interações entre estas. Devido às históricas alterações sofridas pelos ambientes naturais da bacia do rio Jucuruçu, a conservação desta espécie se encontra em situação crítica (Sarmento et al., 2009). Contudo, já existem propostas visando à criação de uma área de proteção ambiental que preserve os remanescentes naturais desta área (MMA/SBF/NAPMA, 2006). 3.3.4. Gymnotus sp. n. “Porto Seguro”, nova espécie (Figs. 12-14) Material Examinado: Holótipo: Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: MBML 6722 (a ser destacado), 151,9mm; Rio da Barra, Trancoso, J. L. Helmer, 20 Jul. 2012. 28 Parátipos: Brasil: Estado da Bahia: Município de Porto Seguro: UFRJ 0367, 6, UFRJ 9291, 2(C&S); Riacho na reserva florestal da CIA vale do Rio Doce, W. Costa, M. Melgaço, F. Pitanga & C. Bove, 16 Nov. 1990. UFRJ 1774, 1; Riacho no Vale Verde, 13 km ao norte de Trancoso, W. Costa & C. Bove, 14 Jun. 1993. MBML 6666, 8; Córrego Manoelzinho, afluente do rio do Norte, afluente do rio da Barra na RPPN rio do Brasil em Trancoso, J. L. Helmer, 16 Nov. 2012. MBML 6744, 3; Córrego da Sede. Rio da Barra na RPPN rio do Brasil em Trancoso, J. L. Helmer, 14 Nov. 2012. MBML 0533, 1; Rio Trancoso, R. L. Teixeira & G. I. Almeida, 07 Abr. 2001. MBML 6722, 1; Rio da Barra. Rio do Norte na RPPN rio do Brasil em Trancoso, J. L. Helmer, 20 Jul. 2012. MBML 6760, 1; Rio do Norte, afluente do Rio da Barra na RPPN rio do Brasil em Trancoso, J. L. Helmer, 16 Nov. 2012. 3.3.4.1. Diagnose Gymnotus sp. n. “Porto Seguro” é membro do grupo de espécies Gymnotus pantherinus, possuindo um corpo delgado (AC é 7,0-8,1% do CT), porção proximal da quinta costela com crista triangular e grossa, três vezes mais larga que a sexta costela (vs. crista fina e tendo menos que três vezes a largura da sexta costela nos grupos de espécies G. carapo e G. cylindricus), um poro latero-sensorial na porção dorso- posterior do osso pré-opercular (vs. dois poros no grupo G. carapo) e 46-48 vértebras pré-caudais (vs. 31-36 VPC no grupo G. cylindricus). Gymnotus sp. n. “Porto Seguro” pode, ainda, ser distinguido de todas as demais espécies do grupo G. pantherinus pela seguinte combinação de caracteres: linha lateral com algumas descontinuidades nas porções anterior e mediana (Fig. 7) [vs. linha lateral contínua em todas as outras espécies, exceto G. pantherinus e Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”]; cauda com série única de barras (Fig. 14) [vs. cauda com manchas dispostas aleatóriamente, nunca formando uma série única em G. pantherinus]; cabeça com manchas ausentes ou distribuidas aleatóriamente (Fig. 14) [vs. cabeça sempre com par de máculas ventrais 29 posicionadas anteriormente ou sobre vertical que passa pelo olho em Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”]; 10 escamas acima da linha lateral no meio do corpo (vs. 9 EAL em Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”); 46-48 vértebras pré-caudais (vs. 45 VPC em Gymnotus sp.n. “Jucuruçu”). 3.3.4.2. Descrição Forma geral do corpo (Fig. 14) cilíndrica ou subcilíndrica, progressivamente mais comprimido, do primeiro 1/5 da nadadeira anal à extremidade da cauda. Maior altura do corpo logo após origem da nadadeira anal. Perfil dorsal do corpo reto ou levemente convexo. Extremidades das nadadeiras peitorais arredondadas. Nadadeira anal terminando antes da extremidade posterior do corpo. Ânus posicionado
Compartilhar