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Caderno processo penal 3

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caderno processo penal 3 
Habeas Corpus; Revisão Criminal; Medida de Segurança; Nulidades.
Thiago Ferreira
Sumário:
· Habeas Corpus: Página 1 ao 6;
· Revisão Criminal: Página 6 a 9;
· Mandado de Segurança: Página 9 a 14;
· Nulidades: Página 14 a 18.
HABEAS CORPUS
Etimologia: “Habeas corpus eram as palavras iniciais da fórmula do mandado que o tribunal concedia, endereçado a quem tivesse em seu poder, ou guarda, o corpo do detido. A ordem era do teor seguinte, ‘toma (literalmente: tome, no subjuntivo, habeas, de habeo, habere, ter, exibir, tomar, trazer etc.) o corpo deste detido e vem submeter ao Tribunal o homem e o caso’”. (Pontes de Miranda, 1962)
Writ: palavra em inglês que significa ordem escrita ou mandamento. No Direito, tal palavra é empregada nas peças referentes a "Habeas Corpus" e ao Mandado de Segurança, em que é pedida a concessão do writ, ou seja, pede-se a concessão da ordem, do pedido formulado em tais petições.
Conceito: O habeas corpus é ação autônoma de impugnação, constitucionalmente estabelecida, objetivando preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente ameaçada ou violada.
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5.º, LXVIII, da CF).
Previsão Legal e Natureza Jurídica do HC:
a.1) Como Direito e Garantia Fundamental: Art. 5º, LXVIII CF - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
b.2) No CPP: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Resumo:
· O HC é ação penal popular constitucional voltada à proteção da liberdade de locomoção, ilegalmente violada ou potencialmente ameaçada;
· Não é recurso, pois os recursos, além de terem prazos fixados, têm como pressuposto a existência de um processo e de uma decisão não transitada em julgado, enquanto o HC não está sujeito a prazo, pode ser utilizado ainda que não haja processo ou decisão a ser impugnada e serve como meio de rescindir a coisa julgada.
· Em algumas circunstâncias tem o HC função de impugnação de decisão judicial, ocasionando a revisão do ato contra o qual foi investido. (Gonçalves, 2018)
Espécies de HC: 
· Habeas corpus repressivo ou liberatório, cabível na hipótese de já ter sido consumado o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Nesse caso, concedida a ordem, será expedido alvará de soltura com o intuito de restabelecimento da liberdade (art. 660, § 1.º, do CPP).
· Habeas corpus preventivo, impetrado quando houver fundado receio de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Necessário referir que a ameaça de prisão que justifica a concessão da ordem não pode se caracterizar como um temor remoto ou mera suspeita. É preciso que seja, efetivamente, ameaça séria e concreta, devidamente demonstrada, quanto à iminência de prisão ilegal. Não basta a possibilidade, sendo preciso a probabilidade do constrangimento à liberdade. Deferido, expede-se salvo-conduto, impedindo-se, pelo fato objeto do habeas corpus, que ocorra a segregação (art. 660, § 4.º, do CPP). “O habeas corpus preventivo tem cabimento quando, de fato, houver ameaça à liberdade de locomoção, isto é, sempre que fundado for o receio de ser o paciente preso ilegalmente. E tal receio haverá de resultar de ameaça concreta de iminente prisão” (STJ, AgRg no HC 108.655/SP, DJ 16.03.2009).
· Habeas corpus profilático, destinado a suspender atos processuais ou impugnar medidas que possam importar em prisão futura com aparência de legalidade, porém intrinsecamente contaminada por ilegalidade anterior. Neste caso, a impugnação não visa ao constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já consumado ou à ameaça iminente de que ocorra esse constrangimento, mas sim a potencialidade de que este constrangimento venha a ocorrer.
O constrangimento ilegal:
O art. 647 do CPP refere-se à coação ilegal como fundamento principal da impetração do habeas corpus. Em sequência, o art. 648 do mesmo estatuto contempla as hipóteses nas quais se considera ilegal o constrangimento, arrolando as seguintes:
· Quando não houver justa causa (art. 648, I)
Justa causa é conceito que não se confunde com a justiça ou injustiça da decisão. Há justa causa para uma coação quando estiver prevista em lei e quando observados seus requisitos. Por exemplo, inexiste justa causa para que o delegado de polícia determine, por ato seu, a prisão para averiguações do suspeito, pois tal modalidade segregatória não possui previsão legal. Também inexiste justa causa para que o juiz decrete a prisão preventiva de alguém quando ausentes indícios suficientes de autoria, eis que, apesar de prevista essa prisão em lei, não estão atendidos seus requisitos. Agora, há justa causa para o deferimento judicial de prisão temporária de suspeito de latrocínio quando evidenciado que a segregação é imprescindível ao êxito das investigações policiais.
· Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei (art. 648, II)
A hipótese abrange duas possibilidades: primeira, o esgotamento do tempo previsto em lei para a prisão, o que ocorre, por exemplo, quando, terminado o prazo da prisão temporária e sua prorrogação, não for o indivíduo posto em liberdade; e, segunda, quando detectado excesso no prazo legalmente estabelecido para a prática de determinados atos (v.g., conclusão do inquérito policial, oferecimento da denúncia etc.) ou quando superada a soma dos prazos individuais que compõem cada fase do procedimento (no rito processual previsto para o crime de tráfico de drogas, por exemplo, o tempo para a conclusão do processo tem sido fixado pela jurisprudência em 252 dias2). De qualquer forma, neste último caso, é necessária cautela na apreciação, sempre se considerando que “o excesso de prazo não resulta de mera soma aritmética, sendo necessária, em certas circunstâncias, uma maior dilação do prazo em virtude das peculiaridades de cada caso concreto”3.
Deve-se observar, ainda, que, por construção jurisprudencial, o reconhecimento do excesso de prazo na prisão condiciona-se a que não esteja vencida a fase da pronúncia ou encerrada a instrução criminal, regras estas predispostas nas Súmulas 52 e 64 do STJ, respectivamente.
E não é só. Quando se trata de reconhecer o excesso de prazo como fundamento para a concessão da ordem de habeas corpus, devem ser considerados, além dos critérios estabelecidos nos referidos verbetes do STJ, os seguintes:
•Atraso processual decorrente exclusivamente de diligências suscitadas pela acusação, não sendo motivado por manobras protelatórias da defesa (Súmula 21 do STJ); e
•Inércia injustificada do Poder Judiciário no impulso processual, em violação ao princípio da razoável duração do processo consagrado no art. 5.º, LXXVIII, da CF. Para evitar tautologia, remetemos, neste enfoque, o leitor ao Capítulo 11, item 11.7.12, em que tratamos do excesso de prazo sob a ótica do princípio da razoabilidade.
· Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo (art. 648, III)
Contempla-se aqui a hipótese em que a coação, apesar de prevista em lei e mesmo se atendidos os seus requisitos legais, tenha sido determinada por autoridade incompetente para a prática do ato. Exemplo: A decretação de prisão preventiva de um promotor de justiça por juiz de 1.º grau, com violação manifesta das regras que disciplinam a competência em razão da função e o privilégio de foro que assiste ao agente do Ministério Público.
· Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação (art. 648, IV)
Nesta hipótese o constrangimento não decorre de ilegalidade ou abuso de poder, sendo legal na sua origem. Entretanto, posteriormente, deixam de subsistir as razões que o motivaram. Logo, se não determinada a sua cessação (do constrangimento), faculta-se a impetração de habeas corpuspara que seja alcançado esse objetivo.
Exemplos:
•Se decretada a prisão preventiva do acusado unicamente para fins de conveniência da instrução criminal, quando encerrada essa fase do processo, impõe-se a imediata revogação da segregação.
•Se o acusado está preso, tão somente, para fins de cumprimento da pena, finda esta, deverá ser posto em liberdade, pois cessado o motivo que autorizou a segregação.
· Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza (art. 648, V)
A previsão legal tem em vista hipótese de prisão por crime afiançável, não sendo, porém, arbitrada fiança em favor do paciente. Aqui, a impetração do habeas corpus não visa à sua liberação, mas, unicamente, o arbitramento da fiança, conforme se vê do art. 660, § 3.º, do CPP ao dispor que, “se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial”
· Quando o processo for manifestamente nulo (art. 648, VI)
Assim como no inciso anterior, esta modalidade de habeas corpus também possui efeito específico, vale dizer, não visa diretamente à liberdade do paciente, mas sim a anulação total ou parcial do processo e, se for o caso, sua renovação (art. 652 do CPP). Entre as hipóteses mais comuns de impetração do writ com base no art. 648, VI, encontram-se:
•O indeferimento do pedido de anulação total ou parcial do processo. Neste caso, a parte poderá optar entre aguardar a sentença e tentar obter a anulação por meio de preliminar de apelação, ou impetrar imediatamente o habeas corpus visando com isso alcançar esse objetivo antes da fase decisória.
•A decisão que indefere o reconhecimento da ilicitude de meio de prova juntado aos autos (art. 157, caput e § 3.º, do CPP). Nesta hipótese, é importante ter em vista que o conhecimento do remédio heroico condiciona-se a que não seja necessário exame aprofundado dos elementos de convicção trazidos pelo impetrante, uma vez que o habeas corpus é ação constitucional que pressupõe ilegalidade ou abuso de poder flagrantes, isto é, que possam ser demonstrados de plano.
· Quando extinta a punibilidade (art. 648, VII)
Trata-se da hipótese na qual a ilegalidade do constrangimento decorre da circunstância de já se encontrar extinta a punibilidade pela prescrição ou outra causa. Neste caso, o habeas corpus objetiva apenas o reconhecimento de que a punibilidade está extinta com o consequente arquivamento do inquérito policial ou processo.
Sujeitos no HC
Paciente:
Assim é considerado quem sofre ou está ameaçado de sofrer o constrangimento à sua liberdade de locomoção
Coator:
É quem exerce ou determina o constrangimento ilegal.
O coator pode ser tanto uma autoridade quanto o particular. Isto ocorre porque a Constituição Federal, ao tratar do habeas corpus, estabeleceu a possibilidade de seu cabimento “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Ora, se, por um lado, apenas a autoridade pode abusar do poder que detém ou lhe é delegado, por outro a ilegalidade pode ser cometida tanto pela autoridade quanto pelo particular.
Impetrante:
Trata-se da pessoa que impetra o habeas corpus, podendo ser qualquer pessoa do povo em favor de outrem e, inclusive, o próprio paciente em seu favor.
Para a impetração do habeas corpus, não se exige a presença de advogado. Basta ver que a Lei 8.906/1994, no seu art. 10, § 1.º, estabelece que “não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal”.
Estrutura da petição do HC
O art. 654, § 1.º, do CPP estabelece os requisitos da petição do habeas corpus, os quais consistem:
1. “O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação [...].” Trata-se da identificação do paciente. Na atualidade, entende-se que a referência a seu nome não é fundamental à impetração, podendo o paciente ser identificado por características físicas inequívocas e, até mesmo, pelo lugar onde se encontra ilegalmente preso (se for esse o constrangimento).
2. O nome “de quem exercer a violência, coação ou ameaça”. Tratando-se de habeas corpus destinado à cessação do constrangimento determinado pelo particular (v.g., gerente de hotel que impede a saída do hóspede enquanto não houver o pagamento das diárias e o diretor do nosocômio que não permite a alta enquanto as despesas hospitalares não forem atendidas), sempre se entendeu que, efetivamente, era indispensável a identificação pelo nome. Tal orientação, contudo, hoje vem sendo flexibilizada, muitos admitindo, em face da natureza da ação de habeas corpus, a identificação do coator, mesmo nesses casos, pela condição profissional, a exemplo que ocorre na hipótese em que coator é uma autoridade, em que basta ao impetrante declinar a função ou cargo que exerce (v.g., habeas corpus contra ato do “MM. Juiz de Direito da 2.ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre”), sendo prescindível a referência ao nome.
3. “declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor”. É necessário que a petição de habeas corpus demonstre a ilegalidade do constrangimento sofrido ou ameaçado, expondo as razões de fato e de direito pelas quais assim se entende.
4. A “assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências”. Não se admite que a petição de habeas corpus seja apócrifa, vale dizer, sem subscrição. Destarte, não sabendo ou não podendo assinar o impetrante, alguém deverá subscrever a seu rogo, sob pena de indeferimento ou não conhecimento. “Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte, embora o habeas corpus possa ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente da assistência de advogado, a ausência da assinatura na petição inicial, por si só, inviabiliza o conhecimento da impetração” (STJ, HC 85.565/SP, DJ 03.12.2007).
Possibilidade de liminar:
Apesar de não existir previsão legal de liminar em habeas corpus, a jurisprudência assim como a doutrina são consolidadas no sentido da possibilidade de seu deferimento, desde que presentes os pressupostos atinentes a toda e qualquer cautelar – fumus boni iuris e periculum in mora.
Uma vez concedida a liminar, poderá, futuramente, por ocasião do julgamento do mérito do writ, tanto ser mantida como revogada, restabelecendo-se, nesse último caso, a situação anterior ao deferimento.
Perceba-se que, muito embora seja possível o manejo de recurso em sentido estrito contra decisão do juiz que, no mérito, denegar a ordem de habeas corpus perante ele impetrado, e de recurso ordinário constitucional contra o acórdão dos tribunais que decidir de igual modo, as mesmas soluções não podem ser aplicadas quando se trata do indeferimento de liminar requerida no writ. Nem mesmo outro habeas corpus pode ser impetrado contra tal decisão.
REVISÃO CRIMINAL
Conceito:  revisão criminal é medida que tem por objetivo a desconstituição da decisão judicial condenatória transitada em julgado.
Assim como ocorre em relação ao habeas corpus, também não possui natureza recursal, apesar de se encontrar prevista no Código de Processo Penal como tal. É, enfim, uma verdadeira ação, tanto que não está sujeita a prazos, podendo ser deduzida, inclusive, após a morte do réu. Ademais, o próprio Código refere-se à procedência da revisão (art. 626 do CPP), juízo este próprio de ações, pois quando se trata de recurso fala-se em provimento.
Pressupostos da Revisão Criminal:
· Existência de decisão judicial condenatória
Não se admite a utilização da revisão criminal nem de qualquer outra via impugnativa para a desconstituição da sentença absolutória. 
A esta regra ressalva-se apenas a hipótese de absolvição imprópria (absolvição acompanhada de medida de segurança), modalidade de veredicto aplicávelao autor da infração penal que, à época do fato, se encontre completamente incapaz, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, de compreender o caráter ilícito de sua conduta e de se autodeterminar segundo esse entendimento (arts. 26 e 97 do CP, c/c o art. 386, parágrafo único, III, do CPP). Justifica-se esta exceção ao cabimento da ação revisional na circunstância de que a medida de segurança, na hipótese referida, é aplicada diante da impossibilidade jurídica de condenação (o inimputável por doença mental é isento de pena, ex vi do art. 26, caput, do CP), praticamente substituindo o juízo condenatório. Neste contexto, nada mais sensato do que permitir o ingresso da revisão criminal contra a decisão de absolvição imprópria objetivando-se a absolvição própria do imputado, isto é, sem a imposição de medida de segurança, tendo em vista, por exemplo, prova nova no sentido de que tenha o sentenciado agido ao amparo de excludentes de ilicitude
· Ocorrência de trânsito em julgado
Somente a decisão contra a qual estiverem preclusas todas as vias recursais rendem ensejo à propositura da revisão criminal. Este pressuposto consta expressamente do art. 625, § 1.º, do CPP ao dispor que “o requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória (...)”, sob pena de indeferimento in limine (art. 625, § 3.º, do CPP).
Art. 621.  A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Cabimento:
· Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos.
Trata-se de dispositivo que contempla duas situações de cabimento da revisão.
Entende-se por contrária ao texto expresso da lei penal, para fins de revisão criminal, não a decisão que interpretar determinado dispositivo em sentido oposto ao que entende a maioria, mas sim aquela que contrariar os termos explícitos do direito objetivo ou interpretá-lo de forma absurda, à revelia de qualquer critério ou margem de aceitabilidade.
· Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos.
Para que se perfaça a hipótese em exame, não basta a existência de depoimento, exame ou documento falso nos autos. É preciso, pois, que tais elementos tenham sido o alicerce ou, pelo menos, uma das bases principais da sentença impugnada. Tanto que utilizada no texto legal a expressão “se fundar”, sugerindo a necessidade de que a prova falsa tenha sido relevante na formação do convencimento do juiz.
· Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial de pena.
É a prova nova de que o réu não teve agir reprovável ou de circunstância que possa beneficiá-lo na reprimenda aplicada. Muito comum, na prática, tratar-se de pessoas que aparecem após o trânsito em julgado ou de testemunhas que haviam prestado depoimento no curso do processo e que, agora, retornam para se retratarem da versão anterior ou contar fatos que tinham esquecido de mencionar em prol do réu.
Legitimidade:
· Primeiro: possibilidade de ingresso da revisão criminal diretamente pelo réu, isto é, sem que esteja assistido por advogado.
· Segundo: legitimidade do Ministério Público para o ajuizamento da revisão criminal.
Consequências jurídicas da procedência da revisão criminal
As soluções possíveis, no caso de revisão criminal, encontram-se previstas no art. 626 do CPP, que preceitua: “julgada procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo”.
Como se vê, todas as hipóteses contemplam consequências processual ou materialmente vantajosas ao acusado, não se admitindo, em nenhuma hipótese, o agravamento da situação do réu em termos de pena, regime carcerário etc. Em suma, é vedada a reformatio in pejus, dispondo, inclusive, o parágrafo único do artigo citado que “de qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista”.
Dilação probatória:
Na Ação de Revisão Criminal não há espaço para o contraditório, nem tampouco uma fase instrutória voltada à produção probatória.
Em decorrência, além de necessariamente vir instruída com a certidão de trânsito em julgado da sentença condenatória, os fatos arguidos na inicial devem estar comprovados por provas pré-constituídas.
Por esta razão, quando as provas que se pretenda produzir depender, v.g., de oitiva de testemunhas, oitiva do ofendido ou exame pericial, o autor da ação deve valer-se antes da Ação de Justificação a ser proposta no juízo monocrático criminal (1º grau). 
IMPORTANTE:
Especificamente no caso dos Juizados Especiais Criminais, como não há vedação na Lei 9.099/95 à utilização da Revisão Criminal para desconstituição dos seus julgados (ao contrário da clara vedação do uso da Ação Rescisória para a matéria cível da lei), é pacífico o entendimento de seu cabimento.
Nesse caso, entretanto, a competência será das Turmas Recursais e não do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal respectivo. 
MANDADO DE SEGURANÇA
Conceito: Opostamente ao habeas corpus (que é cabível contra ato de particular ou autoridade), no caso do mandado de segurança, o coator deverá ser, necessariamente, uma autoridade pública, podendo ser tanto a que praticou o ato impugnado como a que ordenou essa prática (art. 6.º, § 3.º, da Lei 12.016/2009).
 Note-se que, relativamente aos atos que praticarem em razão da função delegada, equiparam-se a autoridades os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público (art. 1.º, § 1.º, da Lei 12.016/2009). No mesmo sentido, aliás, já era a posição do STF externada na Súmula 510, dispondo que, praticado o ato por autoridade, no exercício da competência delegada, contra ele cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.
Procedimento e prazo: 
O prazo para impetração é de 120 dias, contados da ciência acerca do teor do ato a ser impugnado (art. 23 da Lei n. 12.016/2009). A contagem obedece à regra processual, excluindo-se, pois, o dia inicial. Tal prazo tem natureza decadencial, sendo, portanto, insuscetível de interrupção ou de suspensão.
O procedimento é sumário e compõe-se dos seguintes atos: 
1. petição inicial; 
2. recebimento da petição inicial; 
3. possibilidade de concessão de liminar;
4. notificação da autoridade coatora, para prestar informações; 
5. informações da autoridade coatora;
6. julgamento.
7. 
Atenção: 
1º) No mandado de segurança não há fase instrutória, assim as alegações serão por meio de provas pré-constituídas. 
2º) A petição inicial deverá ser instruída com documentos que demonstrem o “direito líquido e certo” do Impetrante. 
3º) Com as informações da autoridade coatora são juntados aos autos documentos comprovantes de suas alegações fáticas. 
Recursos:
· Da sentença, concedendo ou denegando o mandado, cabe apelação (art. 14, caput, da Lei n. 12.016/2009), que poderá ser interposta inclusive pela autoridade coatora.
· Do acórdão proferido na apelação referida no item anterior, NÃO caberá recurso ordinário ao STJ, mas recurso especial e/ou extraordinário.
· A sentença concessiva de mandado de segurança está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (art. 14, § 1º, da Lei n. 12.016/2009).
· No caso de denegação da ordem pelos tribunais locais, caberá recurso ordinário em mandado de segurança para o STJ (CR, art. 105, II, b, c/c Lei 8.038/1990, art. 33). Se a denegação for pelo STJ, será cabível recurso ordinário para o STF (CR, art. 102, II, a).
· Concedida a ordemde mandado de segurança pelos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais, caberá recurso especial e/ou extraordinário. 
Quanto à legitimação ativa para impetração:
Poderá ser qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, cujo direito líquido e certo tenha sido violado ou esteja ameaçado em razão de ilegalidade ou abuso de poder. Sob o enfoque estritamente criminal, o impetrante poderá ser o acusado, o Ministério Público, o ofendido, o querelante e até mesmo terceiros interessados.
Condições da Ação de MS:
· (Im)possibilidade jurídica do pedido: art. 5.º da Lei 12.016/2009: “Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
· I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
· II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
· III – de decisão judicial transitada em julgado”.
· Interesse de agir: adequação e necessidade. O mandado de segurança será adequado sob dois enfoques: 
· (i) a natureza do direito; 
· (ii) a forma de comprovação do direito.
· Legitimidade: o titular do direito que se considera violado é o legitimado ativo para a propositura do mandado de segurança (Impetrante). Já o legitimado passivo no mandado de segurança é a autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (art. 1º, caput e § 1º, da Lei n. 12.016/2009), mostrando -se defeso utilizar o remédio para atacar ato emanado de particular.
Exemplos de MS Criminal:
· Como tutela meramente declaratória: declarar extinta a punibilidade de eventual crime ambiental praticado por pessoa jurídica;
· Como tutela constitutiva-positiva: quando reconhece o direito da vítima de ser admitida como assistente de acusação;
· Como tutela constitutiva negativa: quando revoga o sequestro de bens, porque demonstrada a origem lícita dos mesmos;
· Como tutela mandamental: em razão de inépcia da denúncia, determina o chamado trancamento da ação penal, movida contra pessoa jurídica.
· Outros: atribuir efeito suspensivo aos recursos; contra obstáculo ao exercício da advocacia; acesso aos autos do IP pelos interessados; indeferimento infundado de produção de provas; exclusão do nome do reabilitado criminal dos registros externos de antecedentes, etc.
Hipóteses comuns de impetração do mandado de segurança criminal:
· Decisão que indefere a habilitação do assistente de acusação: Conforme estabelece o art. 273 do CPP, é irrecorrível a decisão (o dispositivo refere-se, impropriamente, a “despacho”) que defere ou indefere a habilitação da vítima ou de qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão da vítima) como assistente do Ministério Público. Ocorre que tal habilitação constitui-se em direito líquido e certo, podendo ser indeferida pelo juízo, tão somente, se o requerente não for um dos legitimados para tal ou se, mesmo legitimado, não estiver assistido por procurador legalmente habilitado. Assim, negada que venha a ser a admissão postulada por qualquer outra razão, restará viabilizada a impetração do remédio heroico.
· Decisão que determina o sequestro de bens do indivíduo à revelia dos requisitos legais: Segundo o art. 126 do CPP, caberá o sequestro de bens imóveis do indivíduo quando houver indícios veementes de que estes foram adquiridos com o produto da infração penal. Sem embargo da previsão inscrita no art. 130 do mesmo diploma, no sentido de que o sequestro é medida que admite defesa por meio de embargos, tem-se aceito a via do mandamus como forma de impugnação dessa medida assecuratória quando for evidentemente ilegal a sua decretação. Necessária, contudo, a devida comprovação do direito líquido e certo alegado, sendo isto condição intransponível à concessão do mandado de segurança. Como exemplo de situação que comportaria o uso do writ contra ordem judicial de sequestro de bens, ilustra-se a hipótese de alguém ter sequestrado um bem de sua propriedade, adquirido antes do cometimento do crime pelo qual está sendo acusado, circunstância esta que afasta a possibilidade de ter sido utilizada, na respectiva aquisição, a verba proveniente do ilícito penal.
· Impetração visando agregar efeito suspensivo a recurso em que não haja previsão de tal efeito: Por muito tempo, a via do mandado de segurança foi utilizada largamente com o objetivo de agregar efeito suspensivo a recursos que não o tivessem, v.g., ao agravo contra decisões do juiz da execução, que não suspende a decisão agravada (art. 197 da LEP).
· Direito de acesso do advogado a autos de inquérito policial e/ou extração de cópias quando estabelecido pelo Delegado de Polícia sigilo nas investigações: Embora predomine, há bastante tempo, o entendimento de que o sigilo que pode ser conferido ao inquérito policial pelo delegado é apenas aquele que impede pessoas do povo e o próprio investigado de manusear os respectivos autos, não atingindo o advogado, esse tema apenas se consolidou com a edição, pelo STF, da Súmula Vinculante 14 (aprovada em 02.02.2009), dispondo que “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Logo, negado esse acesso e ofendidos, em consequência, os termos de súmula vinculante, faculta-se ao prejudicado deduzir reclamação ao STF, conforme preceitua o art. 103-A, § 3.º, da CF.
· Exclusão do nome do impetrante dos registros externos de antecedentes criminais: É pacífico o entendimento de que os dados relativos a inquéritos arquivados ou os processos nos quais tenha ocorrido o cumprimento da pena imposta (art. 202 da Lei 7.210/1984), assim como a absolvição por sentença penal transitada em julgado e o reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva do Estado, devem ser excluídos, preservando-se apenas o sigilo no Distribuidor Criminal, este para efeitos internos do juízo.
Súmulas do STF sobre MS
701 - No MS impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
632 - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
631 - Extingue-se o processo de MS Se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
626 - A suspensão da liminar em MS, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.
625- Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de MS.
624- Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de MS contra atos de outros tribunais.
623- Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do MS com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do Tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.
622 - Não cabe Ag. Regimental contra decisão do relator que concede ou indefere liminar em MS.
597 - Não cabem Embargos Infringentes de acordão que, em MS decidiu, por maioria de votos, a apelação.
512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de MS.
510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o MS ou a medida judicial.
474 - Não há direito liquido e certo, amparado por MS, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo STF.
430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o MS.
429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade.
405 - Denegado o MS pela sentença, ou no julgamento do agravo, delainterposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária.
392 - O Prazo para recorrer de acordão concessivo de segurança conta-se da publicação oficial de suas conclusões, e não da anterior ciência à autoridade para cumprimento da decisão.
330 - O STF não é competente para conhecer de MS contra atos dos TJ Estaduais.
319 - O prazo do recurso ordinário para o STF, em HC ou MS, é de cinco dias.
304 - Decisão denegatória de MS, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.
299 - O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo processo de MS, ou de HC, serão julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno.
294 - São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do STF em MS.
272 - Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de MS.
268 - Não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em julgado.
267 - Não cabe MS contra ato judicial passível de recurso ou correição.
266 - Não cabe MS contra lei em tese.
NULIDADES
 Conceito: Para Fernando Capez, por exemplo, a nulidade conceitua-se como um vício processual decorrente da inobservância de exigências legais, sendo capaz de invalidar o processo no todo ou em parte1.
Por sua vez, José Frederico Marques refere-se à nulidade como uma “sanção que, no processo penal, atinge a instância ou o ato processual que não estejam de acordo com as condições de validade impostas pelo Direito objetivo”. 
Já Mirabete adota posição eclética, aduzindo que a nulidade é, sob um aspecto, vício, e, sob outro, sanção, podendo ser definida como a inobservância das exigências legais ou como uma falha ou imperfeição que invalida ou pode invalidar o ato processual ou todo o processo
Sistemas:
Três são os sistemas utilizados no direito comparado para o reconhecimento de um ato como viciado:
•Sistema formalista: há a predominância do meio sobre o fim. Por este sistema, toda vez que o ato não for praticado da forma determinada em lei, estará irremediavelmente viciado, não importando se alcançou ou não seu objetivo.
•Sistema legalista: nulos são apenas os atos que assim considerar a lei, expressamente.
•Sistema instrumental (instrumentalidade das formas): o fim do ato deve prevalecer sobre a forma como ele é praticado. É o sistema adotado no direito brasileiro, consoante se vê dos arts. 563 e 566 do CPP. Destarte, se o ato, ainda que desobediente à forma legal, alcançar seu objetivo, poderá ser validado.
Classificações:
· Inexistência: O ato não existe e, não existindo, jamais poderá ser válido e eficaz.
· Nulidade absoluta: O ato existe, porém nunca será válido e eficaz.
· Nulidade relativa: O ato existe, não é válido nem eficaz. Contudo, poderá ser válido e produzir efeitos caso venha a ser sanado ou convalidado.
· Irregularidade: O ato existe, é válido e eficaz.
Inexistência
É o maior e mais grave de todos os vícios que podem macular um ato, atingindolhe elementos essenciais. Quando o ato for inexistente, não se fala em “nulidade”, pois não pode ser nulo algo que não existe. Por esse mesmo motivo, também é desnecessário um pronunciamento judicial declaratório da inexistência. O ato inexistente é simplesmente desprezado, ignorado, desconhecido
Exemplos:
•Denúncia subscrita apenas pelo estagiário do Ministério Público;
•Decisão de recebimento da denúncia sem subscrição do Juiz;
•Sentença proferida por juiz impedido em razão dos motivos do art. 252 do CPP;
•Nova sentença prolatada pelo juiz, nulificando, por sua própria iniciativa, sentença anterior de mérito proferida no mesmo processo;
•Determinação de arquivamento de decisão sujeita a reexame necessário, sem que esta providência tenha sido adotada (Súmula 423 do STF);
•Recurso interposto por advogado sem procuração nos autos (Súmula 115 do STJ);
•Habeas corpus apócrifo, vale dizer, sem a assinatura do impetrante.
Nulidade Absoluta
É vício que atinge normas de ordem pública, como tais consideradas aquelas que tutelam garantias ou matérias tratadas direta ou indiretamente pela Constituição Federal. O ato existe, porém, uma vez reconhecido o vício, jamais poderá ser considerado válido e eficaz. Sendo insanável, não está sujeito à preclusão.
Quanto à necessidade de demonstração do prejuízo na hipótese de nulidade absoluta, há divergências. Observe-se:
1.ª Corrente: A nulidade absoluta gera prejuízo presumido às partes. Essa presunção, porém, não é jure et jure, e sim juris tantum, o que significa que admite prova em contrário. Em síntese: ao mesmo tempo em que se dispensa a quem alega a nulidade absoluta de comprovar o prejuízo sofrido, faculta-se à parte ex adversa (aquela que será a prejudicada pelo reconhecimento do vício), visando salvar a integridade do ato impugnado, demonstrar nos autos a inocorrência do prejuízo que foi estabelecido por força da presunção.
2.ª Corrente: O princípio geral de que não se declara a nulidade do ato se dele não houver resultado prejuízo para as partes – pas de nullité sans grief – alcança tanto as nulidades relativas como as absolutas. Neste contexto, não se pode falar na existência de uma presunção de prejuízo, impondo-se, em qualquer caso, a devida comprovação. Trata-se da posição adotada pelo STF e pelo STJ12.
A nulidade absoluta, em regra, pode ser arguida em qualquer tempo e grau de jurisdição. 
Exemplos:
•As incompetências ratione materiae e ratione personae ensejam a nulidade absoluta do processo criminal.
•Realização do interrogatório do réu sem a presença de advogado.
•Ausência de intimação pessoal do defensor público ou do defensor constituído para a audiência ou sessão de julgamento.
•Não formulação de quesito obrigatório aos jurados por ocasião do julgamento pelo júri (Súmula 156 do STF).
•A ausência de intimação do advogado constituído pelo réu para o oferecimento de contrarrazões ao recurso interposto.
•Falta de notificação pessoal do defensor dativo para a prática de atos processuais (art. 370, § 4.º, do CPP).
Nulidade Relativa
São nulidades relativas aquelas que atingem normas que não tutelam o interesse público, e sim o interesse privado da parte. Aqui o ato existe, mas sua validade e eficácia dependem da ocorrência de uma condição suspensiva, ou seja, de evento posterior que suspenda o óbice existente ao aproveitamento do ato e à produção de seus efeitos no processo penal: trata-se do saneamento (ou convalidação).
Ao contrário do que ocorre com a inexistência e à semelhança do que ocorre com a nulidade absoluta, o ato relativamente nulo exige pronunciamento judicial, decretando o magistrado a nulidade do ato.
O prejuízo deverá ser comprovado, não sendo possível o reconhecimento do vício a partir da mera presunção de que tenha a parte sofrido um dano processual em decorrência da inobservância de forma prevista em lei (art. 572, II).
Exemplos:
•Incompetência do juízo ratione loci;
•Ausência de intimação do réu para audiência de oitiva de testemunhas quando presente o seu advogado constituído;
•Falta de intimação quanto à expedição de carta precatória;
•Falta de requisição do preso para assistir inquirição de testemunha mediante precatória;
•Inobservância da ordem de inquirição estabelecida no art. 212 do CPP, realizando o juiz os questionamentos iniciais para, apenas depois, oportunizar as perguntas das partes.
Irregularidade
É o menor de todos os vícios que pode atingir um ato jurídico, pois lhe afeta elementos acidentais. Aqui, o ato existe, é válido e eficaz.
A lei não comina nenhuma sanção ao ato irregular, que, assim, não precisa ser renovado.
No âmbito do Código de Processo Penal, materializa-se a irregularidade com a previsão do art. 569 do CPP, dispondo que as omissões da denúncia ou da queixa poderão ser supridas a qualquer tempo antes da sentença final.
Exemplos:
•Denúncia sem rol de testemunhas;
•Falta de pedido de citação ou de condenação na inicial acusatória;
•Falta do recibo de entrega do preso ao condutor do flagrante;
•Deferimento de compromisso à testemunha impedida de prestá-lo;
•Ausência de qualificação dos peritos no laudo de exame cadavérico.Por vezes, uma simples irregularidade pode gerar nulidade processual, inclusive de ordem absoluta. Exemplo: Imagine-se a hipótese em que o mandado de citação tenha sido confeccionado com base em equivocada menção ao endereço do réu na denúncia (situação de mera irregularidade). Não sendo localizado o acusado, suponha-se que determine o magistrado a citação editalícia. Ora, essa citação será nula e deverá ser renovada, uma vez que, possuindo endereço conhecido no processo, deveria o réu ser citado pessoalmente (art. 564, III, e, 1.ª parte, do CPP). A denúncia irregular, todavia, não precisará ser aditada ou corrigida, bastando, repita-se, que seja renovado o ato citatório por meio da forma prevista em lei, cumprindo-se o mandado no correto endereço do réu.
Nulidade por incompetência de juízo:
Doutrina e jurisprudência consagraram o entendimento de que a nulidade por incompetência ratione loci possui natureza relativa, ao passo que as incompetências ratione materiae e ratione personae produzem nulidades absolutas. Coerentemente com essa posição, o STF editou a Súmula 706 estabelecendo o caráter relativo da nulidade decorrente da inobservância de critérios de prevenção, fenômeno jurídico este que tem aplicação restrita à incompetência territorial, não possuindo nenhuma relação com a incompetência motivada pela violação de regras relativas à matéria e à pessoa.
Questões para estudar:
1) Na AIJ houve a expedição de carta precatória, mas o juiz não esperou o retorno da carta precatória e sentenciou o acusado. A defesa recorreu, entretanto, o TJ manteve a decisão do juízo do primeiro grau. Quando a carta precatória volta, nela contém provas de que o acusado não cometeu o crime. Obs.: Já houve o trânsito em julgado.
A) Qual é a medida judicial cabível para reverter a situação do réu?
Revisão Criminal
B) Qual é a fundamentação legal dessa reversão?
Art. 621, III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
C) Qual o prazo para a interposição da ação de reversão?
Não há prazo para a interposição de revisão criminal. Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
D) Qual é o juízo competente para julgar determinada ação?
COMPETÊNCIA: será sempre do TRIBUNAL, nunca do juiz singular.
2) Das situações que cabem Habeas Corpus:
A) quando não houver justa causa;
B) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
C) quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
D) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
E) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
F) quando o processo for manifestamente nulo;
G) quando extinta a punibilidade.

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