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CONTUSÕES, ENTORSES E FRATURAS

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Contusão, entorse, luxação e 
fratura. 
Contusão 
A contusão se refere ao impacto de algum objeto 
contra nosso corpo ou quando nosso corpo se choca 
contra um anteparo sem lesões estruturais aos ossos, 
articulações e pele. 
Apesar de não causar lesões estruturais definitivas, 
a contusão gera edema (inchaço), vermelhidão ou 
rouxidão (caso haja algum hematoma na região), 
limitação de movimentos e dor em graus variáveis a 
depender da força do trauma. O tratamento, de 
maneira geral, consiste em crioterapia (gelo), repouso, 
elevação do membro para evitar o inchaço e 
medicações analgésicas e anti-inflamatórias. 
Entorse 
É uma lesão que ocorre quando se ultrapassa o 
limite normal de movimento de uma articulação. 
Normalmente, ocasiona distensão dos ligamentos e da 
cápsula articular e, consequentemente, dor intensa ao 
redor da articulação, dificuldade de movimentação em 
graus variáveis e, às vezes, sangramentos internos. 
Como é uma lesão de ligamentos articulares, o 
paciente apresenta dificuldade de mobilizar a 
articulação acometida. Outros sintomas são edema 
(inchaço), vermelhidão e rouxidão (caso haja 
hematoma). Além disso, o paciente também pode 
sentir um “estalido” no momento do trauma que pode 
corresponder à lesão do ligamento. 
A gravidade da entorse depende dos sintomas do 
paciente e principalmente da lesão ligamentar 
envolvida. Entorses leves podem ser tratadas com 
repouso, imobilização, gelo e medicações analgésicas e 
anti-inflamatórias. Lesões mais graves podem 
demandar imobilização, fisioterapia e em alguns casos, 
até mesmo cirurgia. 
Luxação 
A luxação se refere à perda da congruência articular 
entre dois ossos. Em outras palavras, a articulação 
perde sua anatomia habitual porque um dos ossos se 
desarticula do outro movendo-se em outra direção. 
Os principais sintomas são dor, limitação de 
mobilização, edema (inchaço) e deformidade em razão 
do desvio ósseo. Por apresentar um desvio importante, 
muitas vezes é confundida com fratura. 
Dessa forma, o tratamento da luxação deve ser 
realizado o quanto antes com auxílio médico. 
As luxações mais comuns são do ombro, patela e dos 
dedos das mãos. 
Fratura 
A fratura acontece quando o osso se quebra. As 
causas são variadas assim como a gravidade de cada 
fratura. Podem ocorrer após simples quedas, acidentes 
automobilísticos e durante a prática de atividades 
físicas. A qualidade óssea também influencia bastante 
nestes casos, sendo a osteoporose um fator de risco. 
Na suspeita de fratura, o ideal é buscar auxílio 
médico e imobilizar a área acometida. 
 
CONTUSÕES/ ENTORSE E LUXAÇÕES 
A torção é uma lesão na junção muscular ou 
musculotendinosa, enquanto uma entorse é uma lesão 
no ligamento. A contusão muscular ocorre quando um 
músculo é submetido a uma força compressora intensa 
e repentina, como uma pancada direta no músculo. 
Nas distensões, uma força de tensão excessiva 
aplicada ao músculo leva ao estiramento excessivo das 
miofibrilas e, consequentemente, a uma ruptura 
próxima da junção musculotendinosa. As distensões 
musculares tipicamente afetam músculos superficiais 
entre 2 articulações, como o reto femoral, o 
semitendinoso e os músculos gastrocnêmios. 
A distensão muscular geralmente ocorre em 
exercícios excêntricos. Nos exercícios excêntricos, o 
músculo em contração é forçosamente alongado; já 
nos exercícios concêntricos, o músculo é encurtado. Se 
por um lado as contrações concêntricas iniciam os 
movimentos, as excêntricas diminuem a velocidade 
dos mesmos e os interrompem (por exemplo, ao 
abaixar um peso). 
Uma contusão muscular ocorre quando um músculo 
é submetido a uma força compressora intensa e súbita, 
como uma pancada direta no músculo. Esse tipo de 
trauma muscular ocorre tipicamente em esportes de 
contato, enquanto distensões musculares se 
correlacionam mais comumente a atividades como 
corridas de velocidade e saltos. 
Nas distensões, uma força de tensão excessiva 
aplicada ao músculo leva ao estiramento excessivo das 
miofibrilas e, consequentemente, a uma ruptura 
próxima da junção musculotendinosa. As distensões 
musculares tipicamente afetam músculos superficiais 
https://www.veronicachang.com.br/luxacao-do-ombro/
https://pedrogiglio.com/instabilidade-patelar-ou-luxacao-da-patela/
 
 
entre 2 articulações, como o reto femoral, o 
semitendinoso e os músculos gastrocnêmios. 
 
Fisiopatologia 
A fisiopatologia das entorses e distensões 
musculoesqueléticas difere, dependendo da estrutura 
anatômica envolvida. 
Lesões musculares 
Uma unidade músculo-tendão pode ser lesionada 
quando é passivamente alongada ou estirada 
enquanto está ativa. Nos exercícios excêntricos, o 
músculo em contração é forçosamente alongado; já 
nos exercícios concêntricos, o músculo é encurtado. Se 
por um lado as contrações concêntricas iniciam os 
movimentos, as excêntricas diminuem a velocidade 
dos mesmos e os interrompem. Uma lesão de 
distensão frequentemente ocorre devido à contração 
excêntrica. As forças geradas no músculo ativado 
excentricamente são maiores que as do músculo 
ativado concentricamente, aumentando, desta forma, 
a suscetibilidade à lesão. 
 
Classificação de acordo com o mecanismo das 
lesões 
Lesão indireta: distensão muscular 
• Sem contato direto 
• As lesões ocorrem na junção musculotendinosa 
• Frequentemente ocorre devido à contração 
excêntrica. As contrações excêntricas diminuem a 
velocidade ou interrompem os movimentos (por 
exemplo, ao abaixar um peso). 
Indireta: dor muscular de início tardio 
• Ocorre 24 a 48 horas após exercícios físicos não 
rotineiros 
• Resolve-se em até 5 a 7 dias 
• Exercício excêntrico. Esse tipo de exercício se 
correlaciona com alongamento forçado do músculo em 
contração. 
Lesão direta 
• Força direta 
• Pode ocorrer miosite ossificante. 
 
Classificação das lesões pelo grau 
Nomenclatura padrão da classificação da American 
Medical Association (AMA) para lesões atléticas 
Lesões musculares 
• Grau 1: distensão intersticial leve 
• Grau 2: ruptura muscular parcial moderada 
• Grau 3: ruptura completa grave. 
Graus de entorse (entorse de tornozelo como 
protótipo) 
Sinal/sintoma 
Grau 1 
• Ruptura de ligamento: ausente 
• Perda da capacidade funcional: mínima 
• Dor: mínima 
• Edema: mínimo 
• Equimose: frequente 
• Dificuldade para suportar peso: ausente. 
Grau 2 
• Ruptura de ligamento: parcial 
• Perda da capacidade funcional: parcial 
• Dor: moderada 
• Edema: moderado 
• Equimose: rara 
• Dificuldade para suportar peso: frequente. 
Grau 3 
• Ruptura de ligamento: completa 
• Perda da capacidade funcional: elevada 
• Dor: severa 
• Edema: severo 
• Equimose: sim 
• Dificuldade para suportar peso: quase sempre. 
 
Fatores de risco 
Tipo de esporte (basquete, patinação no gelo, 
futebol, esportes de contato) 
• A incidência de lesão e entorse do tornozelo pode 
ser maior nos jogos de quadra e esportes 
coletivos. 
• A prevalência relatada de lesões no tornozelo é 
maior no basquete, patinação no gelo e futebol. 
• Esportes de contato podem aumentar o risco de 
contusão. 
Variação anatômica 
• Variações anatômicas dos pés, como pés chatos 
ou frouxidão articular generalizada, podem afetar o 
risco de lesão no tornozelo. 
• A dorsiflexão limitada do tornozelo em crianças 
pode aumentar o risco de lesão no tornozelo. 
Exercício excêntrico 
• Esse tipo de exercício se correlaciona com 
alongamento forçado do músculo em contração (por 
exemplo, ao abaixar um peso). 
• As forças geradas no músculo ativado 
excentricamente são maiores que as do músculo 
 
 
ativado concentricamente, aumentando, desta forma, 
a suscetibilidade à lesão. 
Arquitetura penada dos músculos e fibras 
musculares tipo II (contraçãorápida) 
• Constatou-se que um número maior de músculos 
penados (músculos com um tendão central para o 
qual as fibras musculares convergem)apresenta um 
percentual mais alto de alongamento antes da 
falha que músculos menos penados. As fibras 
musculares do tipo II (contração rápida) comumente 
sofrem mais lesões. 
Unidades músculo-tendão que abrangem 2 
articulações 
• Músculos como o reto femoral, o semitendinoso e 
os músculos gastrocnêmios comumente sofrem 
mais lesões. 
História pregressa de entorse de tornozelo 
• Uma história prévia de entorse no tornozelo foi 
citada como fator de risco comum num estudo 
prospectivo sobre o basquete recreativo. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico de entorses e distensões musculares 
é feito com base na história do mecanismo da lesão e 
no exame clínico. 
História 
Ao coletar a história da lesão, o médico deve sondar os 
seguintes aspectos: 
• Tempo, circunstância e tipo de trauma 
experimentado, incluindo sua força e direção. Os 
exercícios excêntricos apresentam maior probabilidade 
de causarem lesão na junção musculotendinosa. 
Esse tipo de exercício se correlaciona com 
alongamento forçado do músculo em contração (por 
exemplo, ao se abaixar um peso ou arremessar uma 
bola). 
• Início e apresentação de sintomas como dor, 
inchaço, hematoma, perda de função, calor e 
sensação de instabilidade. A instabilidade pode indicar 
entorse significativa. 
• Sentir um estalo ou estouro no momento da lesão 
pode indicar ruptura do ligamento ou fratura 
óssea. 
• Quaisquer quadros clínicos predisponentes ou 
agravantes, como epilepsia, anticoagulação ou 
hemofilia. 
• Episódios prévios, incluindo manejo e desfecho 
dos mesmos. 
Exame físico 
As características gerais ao exame físico incluem: 
• Assimetria, deformidade ou atrofia (o médico 
deve comparar o membro atingido com o não 
atingido): 
• Uma distensão com ruptura completa geralmente 
produz uma fenda pronunciada no contorno normal do 
músculo, com uma mossa sob a pele no local onde as 
porções rompidas do músculo se separaram. 
• Pode haver presença de calor sobre o local da 
lesão, possivelmente irradiando aos poucos para 
áreas adjacentes. 
• Sensibilidade localizada no local do ligamento ou 
músculo afetado. 
• Inchaço e hematoma: 
• A extensão do inchaço e do hematoma depende 
em parte da gravidade e em parte do tempo decorrido 
desde a lesão, podendo levar até 24 horas para que a 
extensão completa do hematoma se manifeste. 
• A distensão muscular geralmente resulta em 
hematoma extenso. Nos hematomas intramusculares, 
o sangramento é contido na bainha do músculo, 
resultando em dor e inchaço localizado. Nos 
hematomas extramusculares, o sangramento se infiltra 
nos espaços intermusculares; a dor é menor que a 
causada por hematomas intramusculares, sendo o 
inchaço mais difuso. 
• Perda da função: 
• Inicialmente agravada durante os primeiros dias 
na medida em que o inchaço aumenta. 
• A amplitude de movimento (ADM), tanto ativa 
quanto passiva, pode ser afetada. 
• Pode ocorrer instabilidade nas articulações 
afetadas. Todas as direções de movimento 
devem ser verificadas quanto a frouxidão. 
• A perda completa da função muscular sugere 
distensão grave com ruptura completa. 
• Outros diagnósticos como fratura ou neoplasia 
podem ser descartados na ausência dos seguintes 
sinais: 
• Sensibilidade óssea. 
• Deformidade, inchaço ou assimetria não 
decorrentes da entorse ou distensão atual. 
• Deficit neurológico, sensitivo ou motor. 
Lesão de membro inferior 
Nas entorses de tornozelo, deve-se avaliar a 
possibilidade de ruptura do complexo do ligamento 
lateral se houver: 
 
 
• Dor à palpação no lado anterior do maléolo 
lateral. 
• Hematoma visível ou frouxidão ao empurrar o 
calcanhar à frente. Com relação à ruptura do tendão 
de Aquiles, comumente encontrada, as seguintes 
manobras clínicas são indispensáveis: 
• Palpação para verificação da presença de fenda. 
• Teste de aperto da panturrilha (teste de 
Thompson/Simmonds): este é o teste clínico com 
sensibilidade e especificidade mais altas em relação à 
ruptura do tendão de Aquiles. O teste é realizado 
solicitando-se que o paciente se deite em posição 
prona com os pés fora do colchão de exame. O 
examinador aperta a panturrilha do paciente 
distalmente ao ponto mais espesso. Se o tendão de 
Aquiles estiver intacto, será observada uma flexão 
plantar do pé. Com o rompimento do tendão de 
Aquiles, o pé consegue apresentar uma leve flexão 
plantar (devido ao músculo plantar estar intacto), 
porém, em grau muito menor que a do pé não 
lesionado. 
• Teste de Matles (dorsiflexão passiva do tornozelo 
aumentada). Para realizar esse teste, solicita-se que o 
paciente se deite em posição prona com os joelhos 
flexionados a 90 graus. Na presença de ruptura do 
tendão de Aquiles, o pé lesionado deve assumir uma 
posição que apresenta uma flexão dorsal mais 
acentuada que a do pé não lesionado. 
Lesão de membro superior 
Na ruptura do tendão do bíceps (uma apresentação 
encontrada com frequência): 
• A integridade é avaliada mediante teste de aperto 
do bíceps, manobra semelhante ao teste de 
Thompson, usado para avaliação da ruptura do tendão 
de Aquiles. 
• O teste do “gancho” para avaliação de avulsão 
completa do tendão do bíceps também é altamente 
sugestivo. Esse teste consiste em supinação ativa do 
braço pelo paciente com o cotovelo flexionado a 90 
graus. O examinador então tenta enganchar seu dedo 
indicador sob o tendão do bíceps no lado lateral. Isso é 
possível caso o tendão do bíceps esteja intacto. 
Entretanto, na presença de avulsão distal do tendão do 
bíceps, o examinador não deve conseguir sentir a 
estrutura semelhante a uma corda e, portanto, não 
será capaz de enganchar o dedo embaixo dela. 
 
Raio-X 
Deve-se requisitar radiografia apenas se houver 
necessidade de descartar fraturas ou suspeita de 
fratura exigindo tratamento específico. 
Regras de Ottawa para o tornozelo 
Uma série de radiografias do tornozelo é indicada 
em pacientes com lesão no tornozelo e que também 
apresente: 
• Sensibilidade óssea na borda ou extremidade 
posterior do maléolo lateral ou medial; ou 
• Incapacidade de dar 4 passos sem apoio 
imediatamente após a lesão e também ao ser 
examinado. 
Regras de Ottawa para o joelho 
Uma série de radiografias do joelho é indicada em 
pacientes com uma lesão do joelho substancial e 
qualquer uma das seguintes características: 
• Idade ≥55 anos 
• Sensibilidade isolada na patela (ausência de 
sensibilidade óssea em outra parte do joelho além da 
patela) 
• Sensibilidade na cabeça da fíbula 
• Incapacidade de flexionar até 90° 
• Incapacidade de dar 4 passos sem apoio 
imediatamente após a lesão e no pronto-socorro. 
 
RNM 
A RNM pode ser útil para confirmar o diagnóstico; 
determinar a extensão da lesão, especialmente 
visando diferenciar ruptura parcial de ruptura 
completa; e observar outras lesões relacionadas. Não é 
usada rotineiramente como um estudo de imagem 
inicial para trauma agudo no tornozelo. 
A RNM deve ser requisitada se: 
• Houver dor contínua 
• A dor for desproporcional apesar do tratamento 
• Os sintomas não melhorarem após um tempo 
razoável 
• A função piorar apesar do tratamento 
• Houver suspeita de comprometimento de 
qualquer outra estrutura relacionada. 
A ultrassonografia ou a RNM geralmente é 
necessária para confirmar o diagnóstico de ruptura de 
tendão. 
A RNM é o método de escolha, exibindo o músculo 
intacto com retração do tendão. A RNM é considerada 
padrão ouro na identificação de lesões agudas dos 
ligamentos do tornozelo. 
 
 
 
Ultrassonografia 
A ultrassonografia pode ser usada para definir a 
natureza da distensão muscular. Ela não é útil nas 
entorses ligamentares. 
A ultrassonografia ou a RNM geralmente é 
necessária para confirmar o diagnóstico de ruptura de 
tendão. A confiabilidade do diagnóstico por 
ultrassonografia depende do observador e exige um 
profissional experiente. 
 
Artroscopia diagnóstica 
A artroscopiaé útil na avaliação quando há alguma 
lesão associada que precisa ser avaliada 
simultaneamente: por exemplo, para descartar lesão 
osteocondral na entorse do tornozelo. 
 
Tratamento 
Os principais objetivos do tratamento são aliviar a 
dor, manter a amplitude de movimento (ADM), manter 
a força, retornar às atividades ou ao nível anterior da 
lesão e impedir a recorrência da lesão. As etapas gerais 
do manejo incluem: 
• Início do tratamento no curto prazo com repouso, 
gelo, compressão e elevação (RICE). 
• Tratamento com analgésicos, se a dor necessitar 
de medidas adicionais. 
• Um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) oral 
pode ser considerado se o retorno rápido ao trabalho 
ou esportes competitivos for importante. 
• Mobilização precoce, geralmente começando 
após 2 a 3 dias de repouso. 
• Conselhos sobre o prognóstico. A recuperação da 
função normal no trabalho e nos esportes depende 
do local e da gravidade da lesão, bem como dos níveis 
de atividade (por exemplo, com uma torção 
grave no tornozelo: o retorno ao trabalho pode levar 
algumas semanas; a participação ativa e plena 
nos esportes pode levar vários meses). 
Os pacientes com entorse ou distensão grave 
devem ser reavaliados quando o inchaço ceder em sua 
maior parte (após cerca de 7-10 dias) para verificar se 
houve ruptura completa e determinar se há 
necessidade de encaminhamento a outras 
investigações e tratamento. 
Técnicas de campo aberto, de campo parcialmente 
aberto e percutâneas são opções para o tratamento de 
pacientes com ruptura aguda do tendão de Aq uiles. 
Não há evidências conclusivas quanto ao uso de 
enxertos ou adjuvantes biológicos. 
 
Abordagem geral a distensões e entorses 
Pacientes que buscam atendimento durante as 
primeiras 24 a 48 horas após a lesão apresentando 
características clínicas sugestivas de ruptura 
incompleta (grau 1: perda mínima de função, dor e 
inchaço, sem dificuldades de suportar peso, alguma 
presença de hematoma; grau 2: alguma perda de 
função, dor e inchaço moderados, geralmente alguma 
dificuldade de suportar peso) devem ser tratados com 
RICE, seguido de mobilização cuidadosa. Analgesia na 
forma de paracetamol ou AINEs pode ser utilizada 
como terapia adjunvante conforme necessário. A 
fisioterapia pode ser iniciada depois de 48 horas. 
Os pacientes devem ser reavaliados quanto à 
melhora após 1 semana. Pacientes com piora da dor 
e sem melhora funcional à reavaliação após 1 semana 
possivelmente apresentam ruptura de grau 3. Nesse 
estágio, é indicada avaliação adicional com 
ultrassonografia e/ou RNM (ressonância nuclear 
magnética). As rupturas de grau 3 exigem reparo 
cirúrgico seguido de reabilitação com fisioterapia. 
As distensões atendidas nas primeiras 24 a 48 horas 
com ruptura completa confirmada (grau 3) devem 
ser submetidas a reparo cirúrgico seguido de 
reabilitação com fisioterapia. As características 
sugestivas de ruptura de grau 3 incluem hematoma 
grave; falta de concordância entre o nível de dor e a 
história da lesão; limitação funcional intensa, como 
incapacidade de deambular; sensibilidade local intensa 
e radiografia sem presença de fratura; inchaço e dor 
significativos. Noventa por cento dos pacientes com 
ruptura de grau 3 procuram atendimento 
apresentando essas características. 
 
Repouso, gelo, compressão, elevação (RICE) 
Repouso: 
• Evita a dor decorrente do movimento. 
• A área afetada deve ser estabilizada, protegida e 
mantida em repouso durante 48 horas após a 
lesão, dependendo da dor. 
• A imobilização completa (por exemplo, com 
gesso) não é indicada nas entorses e distensões 
tratadas nas unidades básicas de saúde. 
• Recomenda-se o uso de tornozeleira tipo Air-
stirrup combinada com faixa elástica para os graus 1 
 
 
e 2.[38] [39] Mesmo na lesão de grau 3, a colocação de 
tala funcional é fortemente recomendada em vez de 
imobilização com gesso. 
Gelo (ou seja, crioterapia) 
• Reduz a dor. 
• A área afetada deve ser imersa em água com gelo 
durante até 10 minutos ou aplicada bolsa de 
gelo maleável (por exemplo, um saco de ervilhas 
congeladas) durante 10 a 30 minutos. A lesão 
por frio deve ser evitada, devendo-se permitir que a 
área afetada se aqueça antes de repetir o 
procedimento, o que pode ser feito na frequência 
desejada durante 48 horas: por exemplo, repetir 
o procedimento a cada 2 horas enquanto o paciente 
está acordado. 
Compressão 
• Proporciona alívio ao limitar o movimento, 
podendo restringir o aparecimento de inchaço. 
• Deve ser aplicada com cuidado para evitar a 
restrição do fluxo sanguíneo. Caso os tecidos distais 
à compressão se tornem azulados ou doloridos, a 
compressão deve ser afrouxada e reaplicada 
com uma tensão menor. 
• Deve ser usada com cautela se houver presença 
ou suspeita de doença arterial periférica (por 
exemplo, nos pacientes idosos ou diabéticos). 
Elevação 
• Ajuda a controlar o inchaço. 
• A área lesionada deve ser elevada acima do nível 
do coração, caso viável. 
Medicamentos: paracetamol e/ou AINEs 
O paracetamol tomado regularmente é efetivo no 
alívio da dor, sendo a primeira opção nas pequenas 
lesões. 
Os AINEs também fornecem alívio eficaz da dor, 
mas o risco de efeitos adversos gastrointestinais 
associados aos AINEs orais pode ser maior do que com 
o paracetamol. Os AINEs tópicos têm uma 
relação benefício-dano mais favorável. 
Uma revisão Cochrane avaliando o tratamento de 
lesões agudas de tecidos moles em adultos <65 anos 
revelou que, em comparação com o paracetamol, os 
AINEs orais não fazem diferença para a dor em 1-2 
horas e 2-3 dias, e podem não fazer diferença no dia 7 
ou além. 
Ao pensar em prescrever um AINE para entorses e 
distensões musculoesqueléticas, observe que: 
• Os AINEs podem reduzir o tempo de recuperação 
das entorses e distensões 
• Deve-se avaliar a possibilidade de prescrever 
algum AINE a pacientes que precisam retornar o 
mais rápido possível à função completa no trabalho ou 
em competições desportivas. 
• O ibuprofeno é recomendado como primeira 
opção de AINE oral; ele apresenta o menor risco de 
efeitos adversos. 
• Pode-se prescrever gastroproteção (com inibidor 
da bomba de prótons ou misoprostol) a pacientes 
com alto risco de sofrer efeitos adversos no trato 
gastrointestinal decorrentes do AINE, tais como 
desconforto no estômago ou hemorragia digestiva alta 
em pacientes com uma história de úlcera 
ou sangramento estomacal. Pode-se usar uma 
combinação de paracetamol com AINEs, sendo, porém, 
contraindicada a combinação de 2 AINEs. 
Mobilização precoce 
A mobilização precoce, conforme a dor permitir, 
ajuda a prevenir a rigidez e a manter a ADM. O uso de 
suporte externo com mobilização precoce pode ser 
benéfico no caso de entorse de tornozelo. 
Diatermia de ondas curtas 
Comumente utilizada, apesar de haver poucas 
evidências respaldando seu uso visando a melhora do 
inchaço, da dor e da ADM. 
Cirurgia 
Pode ser necessária a abordagem cirúrgica nos 
pacientes que tenham sofrido ruptura completa ou 
apresentem deficit funcional persistente com ruptura 
incompleta. No entanto, estudos que compararam 
a cirurgia de reparo com o tratamento não cirúrgico 
não relataram nenhuma diferença no desfecho 
funcional; portanto, o tratamento não cirúrgico tem 
sido cada vez mais preferido. 
Em um ensaio clínico randomizado e controlado 
(ECRC) de pacientes tratados de forma não cirúrgica 
para ruptura do tendão de Aquiles, o gesso não foi 
considerado superior à aplicação de carga precoce com 
uma órtese funcional. 
Em atletas de alta demanda, ou em casos que não 
respondem a um tratamento completo e abrangente 
baseado em exercícios, o reparo cirúrgico pode ser 
considerado caso a caso após discussão com o 
paciente. 
Se necessária, a cirurgia de reparo geralmente é 
feita em até 1 semana. Os autores não recomendam 
 
 
operar nas primeiras 24 horas apósa lesão devido aos 
efeitos negativos do edema sobre a recuperação. 
 
FRATURAS ABERTAS E FECHADAS 
Uma fratura é definida como a perda de 
continuidade do osso. Na maioria das vezes, é causada 
por um trauma de alta energia sobre um osso 
previamente hígido, mas também pode ocorrer com 
traumas de baixa energia em ossos doentes, poróticos, 
ou mesmo por pequenos traumas repetitivos, como 
veremos adiante nas chamadas “fraturas por estresse”. 
A substância óssea, embora possua certo grau de 
plasticidade, pode não resistir a forças tensionais de 
angulação, torção, tração ou compressão. São estes os 
mecanismos físicos das fraturas e podem determinar o 
tipo de fratura quanto à sua configuração geométrica. 
Forças de angulação produzem fraturas transversas 
ou fraturas oblíquas; forças de torção causam as 
fraturas espirais; forças de tração, por intermédio de 
um tendão inserido no osso, podem ocasionar as 
fraturas por avulsão (principais exemplos: patela, 
maléolos, epicôndilo medial do úmero); e forças 
compressivas provocam fraturas de compressão 
(fraturas impactadas). Este último tipo é característico 
do osso esponjoso, como por exemplo as fraturas 
compressivas do corpo. 
Podem ser classificadas ainda: 
- quanto ao traço: simples, em cunha e complexa; 
- quanto ao acometimento articular: intra ou extra- 
articular; 
- quanto à lesão de partes moles associada: aberta 
ou fechada. 
As fraturas simples apresentam traço único com 
apenas dois fragmentos ósseos; fraturas em cunha 
apresentam, pelo menos, um terceiro fragmento, 
porém com contato entre os dois principais; fraturas 
complexas são aquelas em que não há contato entre os 
dois fragmentos principais. É importante diferenciar 
esta última da denominada fratura cominutiva, que, 
por definição, é uma fratura multifragmentada. Ou 
seja, se, em uma fratura cominutiva, não houver 
contato entre os dois principais fragmentos, ela será 
dita também complexa, porém, caso haja contato, 
estaremos diante de uma fratura cominutiva em 
cunha. 
Fraturas em galho verde são fraturas incompletas 
(afetam apenas uma cortical) que só acometem o 
esqueleto imaturo – periósteo é mais espesso. 
As fraturas também podem ser simples (dois 
fragmentos fraturários), cominutivas (três ou mais 
fragmentos) ou segmentares (duas linhas de fratura, 
separando o fragmento intermediário do fragmento 
proximal e distal). Podem ser completas (separação 
total dos fragmentos) ou incompletas (separação 
parcial). As fraturas completas podem ser não 
desviadas, quando os fragmentos mantêm o 
alinhamento, ou desviadas, quando há um 
desalinhamento desses fragmentos, necessitando 
redução da fratura. As fraturas desviadas podem ser: 
anguladas, cavalgadas, rodadas, com desvio lateral, 
com diástase (aumento da distância entre os 
fragmentos). 
 
As fraturas ainda podem ser fechadas (sem 
comunicação com o meio externo) ou expostas, 
também chamadas de abertas (comunicando-se com o 
meio externo). As fraturas expostas são as fraturas 
com maior índice de complicação, especialmente a 
infecção óssea (osteomielite). 
 
Quanto à porção do osso acometida, as fraturas 
podem ser diafisárias, metafisárias, epifisárias e ainda 
intra-articulares. As fraturas intra-articulares 
comprometem a cartilagem articular epifisária e 
 
 
merecem maior atenção, exigindo redução perfeita 
(anatômica), pois consolidam mal (dependem do 
reparo da cartilagem articular, um tecido não 
vascularizado) e têm como consequência futura a 
osteoartrose ou a perda da função articular. 
A fratura patológica é aquela que ocorre em um 
osso enfraquecido por uma patologia prévia (ex.: 
osteoporose, mieloma múltiplo). Estas fraturas podem 
ocorrer após pequenos traumas, muitas vezes nem 
lembrados pelo paciente. A fratura por estresse, ou 
fratura por fadiga, é aquela que ocorre, não por um 
trauma agudo, mas por pequenos traumas repetidos. 
Um osso descondicionado, quando submetido a 
tensões não costumeiras, pode “ceder”, determinando 
geralmente fraturas incompletas (fissuras), embora 
dolorosas. 
São mais comuns em pacientes jovens que, 
despreparados, participam de intensas atividades 
esportivas, como longas marchas, corridas etc. 
 
Consolidação das Fraturas 
O osso é um tecido com um enorme potencial de 
reparo. Após um período de 4-8 meses o osso 
fraturado se reconstitui sem deixar cicatriz, contanto 
que fatores essenciais estejam presentes, tais como 
uma boa vascularização dos fragmentos e a 
manutenção da estabilidade da fratura (evitar o 
movimento acentuado entre os fragmentos). A 
consolidação das fraturas pode ser primária ou 
secundária. O segundo tipo é o mais comumente 
observado e será descrito em primeiro lugar. São três 
as etapas do processo: 
1- Fase Precoce (Hematoma Fraturário): No 
momento em que ocorre a lesão, pequeninos vasos do 
osso fraturado e de seu envoltório (periósteo) rompem 
e sangram, provocando a formação de um hematoma 
entre e ao redor das bordas dos fragmentos 
fraturários. Este hematoma coagula e serve de 
estímulo para iniciar o processo de consolidação, 
sendo invadido por pequenos vasos (angiogênese), 
trazendo consigo células mesenquimais pluripotentes 
do tecido conjuntivo, originárias do periósteo ou dos 
tecidos moles circunjacentes. 
2- Fase do Calo Fraturário Mole: Dentro das 
primeiras duas semanas, começa a se formar um 
tecido que se interpõe aos fragmentos e circunda suas 
bordas, dando a forma de um abaulamento no ponto 
de fratura do osso (calo). 
Este calo é viscoso e funciona como uma verdadeira 
“cola” para o osso. Nesta fase, o calo é composto por 
tecido fibrocartilaginoso, trazendo alguma resistência e 
estabilidade à fratura, mas ainda não aparecendo na 
radiografia, pois não é tecido ósseo. 
3- Fase do Calo Fraturário Duro (Calo Ósseo): Após 
as duas primeiras semanas, as células mesenquimais 
começam a gerar osteoblastos que então começam a 
produzir tecido ósseo com uma velocidade absurda. 
Este tecido começa a ser formado num local um pouco 
distante do traço de fratura, aparecendo na radiografia 
como uma reação periosteal. Em seguida, começa a 
preencher todo o foco de fratura, neste momento 
aparecendo no RX como um verdadeiro calo ósseo, 
bem visualizado ao se completar seis semanas, mas 
ainda podemos perceber um tênue traço de fratura. 
Neste momento, a fratura já está clinicamente 
estável (consolidação clínica), quando o ortopedista 
cuidadosamente provoca forças tensionais sem 
resultar em movimento entre os fragmentos 
fraturários e nem dor por parte do paciente. Ao longo 
das próximas semanas ou meses, o calo ósseo vai se 
tornando cada vez mais consistente, à medida que o 
tecido ósseo primitivo (osso imaturo) inicialmente 
depositado é convertido em tecido ósseo maduro (osso 
lamelar). Este processo se completa após 4-8 meses, 
sendo mais rápido nas crianças; no RX não se observa 
mais traço de fratura (consolidação radiológica). Ao 
longo dos próximos meses, o calo ósseo vai se 
remodelando, com reabsorção do excesso, até que o 
osso volte ao seu formato original. 
 
 
 
A consolidação do tipo primária ocorre quando 
existe perfeita aposição entre os fragmentos 
fraturários e estabilidade absoluta por osteossíntese 
por placa e parafuso (cirurgia estabilizadora de 
fratura). Neste tipo, o tecido ósseo “novo” é formado 
diretamente a partir do próprio osso fraturado e do 
endósteo. Na consolidação secundária (mais comum), 
antes de formar osso, há formação de tecido 
fibrocartilaginoso intermediário (como descrito acima) 
– isso ocorre quando a estabilidade é relativa 
(fornecida pela maior parte dos tratamentos: gesso, 
haste intramedular, fios, fixador externo). 
 
 Apresentação Clínica 
O paciente geralmente chega com história de 
trauma, dor e impotência funcional (não consegue 
utilizar o membro ou a articulação fraturada). As 
circunstânciasdo trauma devem ser detalhadamente 
avaliadas na anamnese, pois certos mecanismos de 
trauma relacionam-se a determinadas fraturas. 
Ao exame clínico, a dor é exacerbada pela palpação 
no foco de fratura e pela angulação dos fragmentos 
fraturários. Nota-se também tumefação local e, por 
vezes, equimoses e crepitação (sentimento tátil do 
atrito entre as extremidades ósseas fraturadas). Nas 
fraturas desviadas, a deformidade pode ser nítida e, no 
caso da fratura rotacional, o exame físico é melhor que 
o exame radiográfico para se perceber o desvio. Certas 
deformidades orientam quanto ao tipo de fratura. Por 
outro lado, algumas fraturas não desviadas possuem 
exame clínico inocente, sendo diagnosticadas apenas 
pelo exame de imagem. O médico nunca deve 
esquecer de avaliar o pulso periférico e a presença ou 
ausência de sinais de isquemia distal (dor, palidez, 
redução da temperatura), pois algumas fraturas 
desviadas podem lesar gravemente uma artéria 
circunvizinha, o que traz um caráter emergencial ao 
caso. 
 
Abordagem Inicial 
A abordagem às fraturas e luxações começa na letra 
“E” (exposition). 
De qualquer forma, os cuidados com a fratura já 
devem começar no transporte ao hospital, quando a 
equipe de resgate deve providenciar talas de 
imobilização provisória. 
Se estivermos diante de uma fratura exposta ou de 
uma fratura com lesão vascular grave, o paciente deve 
seguir sem demora para o centro cirúrgico, após um 
pronto exame radiográfico. 
No restante dos casos, um exame clínico minucioso 
está indicado, seguido pelo exame radiológico (com 
radiografia em, no mínimo, duas incidências 
perpendiculares entre si, como AP e perfil), para que se 
possa programar com calma a melhor estratégia 
terapêutica. Durante o exame de RX, a tala provisória 
não deve ser retirada e todo cuidado é pouco durante 
a mobilização do paciente. 
 
Tratamento Definitivo 
Os objetivos principais do tratamento definitivo das 
fraturas são quatro: (1) alívio da dor; (2) obter e 
manter uma posição satisfatória dos fragmentos 
fraturários, ou seja, reduzir a fratura; (3) manter a 
redução, com imobilização gessada, com órtese ou 
fixação cirúrgica; e (4) restaurar a função máxima do 
osso ou articulação envolvidos. 
Redução da Fratura 
As fraturas desviadas (ou deslocadas) devem ser a 
princípio reduzidas! Redução de fraturas é o ato de 
realinhar os fragmentos fraturários, pois, sem um 
alinhamento mínimo, isto trará problemas para a 
consolidação (instabilidade), para a função 
musculoesquelética e até mesmo estéticos. 
Algumas fraturas, como as diafisárias, aceitam 
discreto grau de desvio após a redução; contudo, as 
fraturas articulares precisam de uma redução perfeita 
ou quase perfeita, sem a qual graves problemas 
 
 
funcionais e ou estéticos podem sobrevir, como no 
caso das fraturas do cotovelo. 
Como reduzir uma fratura? 
Dependendo das características da fratura, o 
ortopedista pode indicar uma redução fechada 
(incruenta) ou uma redução aberta (cruenta ou 
cirúrgica). A redução fechada, por sua vez, pode ser 
executada por manipulação (manobras de redução) ou 
feita por tração contínua. 
A tração serve para “vencer” de forma progressiva a 
tensão muscular que dificulta ou impossibilita o 
realinhamento. 
Redução Fechada por Manipulação: Este é um 
método comum do tratamento das fraturas desviadas. 
A redução fechada é realizada sob anestesia (local, 
regional ou geral), por um profissional experiente. O 
profissional faz inicialmente uma tração longitudinal, 
corrigindo a angulação, seguida de uma manipulação 
que primeiro acentua a deformidade da fratura para 
depois “engrenar” os fragmentos fraturários. Durante 
a redução (especialmente na hora da tração), um 
auxiliar deve estar presente para segurar a outra 
extremidade. 
Após a redução, uma radiografia com duas 
incidências deve ser obtida, para avaliar o resultado. 
Caso seja insatisfatório, uma nova redução fechada 
deve ser tentada ou, dependendo do caso, parte-se 
para a redução aberta. 
Exemplos clássicos de fraturas que podem ser 
tratadas por redução fechada por manipulação: 
fraturas diafisárias, fratura desviada supracondiliana 
do úmero em crianças, fratura de Colles (da 
extremidade distal do rádio) no adulto, fratura das 
falanges. 
 
Redução Fechada por Tração Contínua: Para vencer 
a contratura muscular, aplica-se uma tração contínua 
no fragmento fraturário distal, no mesmo eixo do 
fragmento proximal para que a tensão da musculatura 
seja aliviada paulatinamente, permitindo o 
alinhamento da fratura. Em crianças, pode-se utilizar a 
tração cutânea, por meio de esparadrapo. 
Em adultos, para vencer a tensão muscular, é 
preciso utilizar a tração esquelética: um pino de 
Steinman ou um fio de Kirschner é introduzido através 
do osso e ligado a um estribo tensor que, por sua vez, é 
puxado por um mecanismo de peso e roldana. Os 
pacientes em tração contínua devem ser monitorados 
radiograficamente para avaliar a posição dos 
fragmentos fraturários. Em geral, a tração deve 
permanecer por pelo menos duas semanas. 
Exemplos clássicos de fraturas que são reduzidas 
por tração contínua: fraturas diafisárias desviadas do 
fêmur em crianças (ou em adultos que estão 
esperando a cirurgia por problemas clínicos a serem 
compensados), fratura-luxação da coluna cervical. 
É importante frisar os inconvenientes da tração 
contínua. O primeiro deles é a necessidade de 
internação prolongada em posição de decúbito, 
aumentando o risco de infecções, trombose venosa 
profunda, tromboembolismo pulmonar e úlceras de 
decúbito, especialmente em idosos. 
Uma tração excessiva pode causar diástase 
(afastamento) dos fragmentos fraturários, impedindo a 
 
 
consolidação. Finalmente, existe o risco de infecção no 
trajeto do pino ou fio transfixante. 
A infecção pode ser apenas no subcutâneo ou no 
próprio osso (osteomielite). Pelos inconvenientes da 
tração contínua, algumas fraturas que antigamente 
eram tratadas apenas com este método, agora 
merecem tratamento cirúrgico. 
Redução Aberta (Cruenta): Fraturas extremamente 
cominutivas e instáveis, especialmente quando em 
posição intra-articular, frequentemente exigem 
redução cirúrgica, pois os resultados da redução 
fechada costumam ser insuficientes para a 
recuperação funcional desejada. 
Estabilização da Fratura 
Embora algumas fraturas estáveis de ótimo 
prognóstico possam ser tratadas apenas com 
observação, ou com uma tipoia ou muletas, a imensa 
maioria das fraturas necessita de um procedimento de 
estabilização, para manter os fragmentos alinhados, 
mesmo aquelas com ausência de desvio. Estas últimas 
podem sofrer desvio posteriormente. Se os fragmentos 
vierem a se deslocar, isto prejudicará bastante a 
consolidação e o resultado funcional do tratamento. 
Existem três estratégias de estabilizar uma fratura: 
(1) apenas imobilização por contenção externa (em 
geral, aparelho gessado); (2) fixação externa cirúrgica; 
(3) fixação interna (osteossíntese da fratura). 
Imobilização apenas por Contenção Externa: Neste 
caso, a imobilização geralmente é providenciada com 
aparelho gessado (cast), devidamente modelado para 
estabilizar corretamente a fratura. Exemplos: fraturas 
diafisárias estáveis umerais, do antebraço (rádio e 
ulna) de crianças e da perna (tíbia e fíbula). É 
fundamental o acompanhamento radiográfico, pois um 
desvio ulterior da fratura pode vir a ocorrer. O tempo 
mínimo de contenção externa numa fratura não fixada 
internamente é geralmente de seis semanas, com 
algumas exceções, como a fratura diafisária de tíbia, 
que necessita de mais tempo. Fraturas de falanges 
consolidam em três semanas. O médico deve estar 
atento para as complicações da imobilização gessada, 
sendo as principais: isquemia de extremidades pela 
contenção do edema pelo gesso, úlcera de pressão, 
pela compressão da pele e subcutâneopelo gesso 
sobre uma proeminência óssea. Em algumas fraturas, 
permite- se a contenção externa por órteses plásticas. 
Neste caso, o paciente deve ser cooperativo, pois a 
retirada indevida da órtese pode prejudicar a 
estabilização. 
Fixação Externa: É um método utilizado para tratar 
fraturas diafisárias expostas de grau avançado ou 
intensamente cominutivas da tíbia, e fraturas da 
extremidade distal do rádio (Colles cominutiva), dentre 
outras fraturas. Neste método, realizado em centro 
cirúrgico, três ou mais pinos ou parafusos são fixados 
no osso, abaixo e acima do foco de fratura e mantidos 
juntos por barras externas para permitir a fixação firme 
da fratura. O termo “fixação externa” vem do fato de a 
maior parte do aparelho fixador localizar-se 
externamente ao paciente. 
Fixação Interna: Diversas fraturas somente são bem 
estabilizadas por fixação interna, ou seja, o aparato 
fixador encontra-se dentro do paciente. Existem 
diversos dispositivos disponíveis aos ortopedistas para 
fixar internamente uma fratura. O ortopedista atual 
está bem familiarizado com uma grande variedade de 
dispositivos de osteossíntese: parafusos, canulados ou 
deslizantes, placas de fixação (que seguram parafusos 
transfixantes), pinos, fios de Kirschner, cerclagem, 
bandas de tensão, hastes intramedulares (cilindros 
metálicos colocados no interior do canal medular de 
um osso longo para estabilizar fraturas diafisárias), que 
podem ser simples ou bloqueadas (seguras parafusos 
em cada extremidade) etc. Os fios de Kirschner são 
peças muito utilizadas em cirurgia ortopédica; são 
arames finos e rígidos capazes de transfixar facilmente 
um osso, mesmo que pequeno, sem provocar lesões. 
Embora em muitos casos a fixação interna seja 
realizada em conjunto com a redução aberta, alguns 
dispositivos podem ser inseridos sem abertura do foco 
fraturário, executando-se a redução fechada no centro 
cirúrgico (sob anestesia) e introduzindo-se as peças 
cirúrgicas usando a radioscopia como guia. Veja os 
exemplos: haste intramedular: (pode ser simples ou 
“bloqueada” com parafusos, um em cada ponta, 
atravessando a haste para fixá-la), parafusos canulados 
ou para fixar fraturas do colo femoral em adultos 
jovens, fios de Kirschner transfixando a linha de fratura 
para tratar fratura do rádio distal (Colles) cominutiva. A 
osteossíntese pode ser realizada sem abertura do foco, 
por exemplo, na haste IM: as incisões são realizadas 
longe do foco de fratura ou redução fechada seguida 
de fixação com fios percutâneos – cirurgias 
minimamente invasivas. 
 
 
Substituição por Endoprótese 
Alguns ossos têm suprimento arterial precário e, 
portanto, a fratura em si ou a manipulação cirúrgica da 
fratura podem causar necrose avascular do osso, 
trazendo graves problemas futuros. 
O exemplo mais clássico é a cabeça do fêmur. Em 
pacientes idosos, a estratégia de escolha para tratar a 
fratura de colo de fêmur é a substituição da epífise 
femoral por uma endoprótese de quadril, de natureza 
metálica ou de polietileno . Essas próteses devem 
durar cerca de 15-20 anos, sem acarretar problemas. 
Por isso, num adulto jovem, vale mais a pena tratar 
a fratura do colo femoral sem endoprótese (mesmo 
correndo o risco da necrose avascular), pois a cirurgia 
para troca de prótese acabará sendo necessária no 
futuro, e este segundo procedimento é mais 
complicado. Outro exemplo do uso da endoprótese é a 
fratura cominutiva da cabeça do rádio. Existem duas 
opções: a simples ressecção da cabeça do rádio ou a 
substituição pela prótese, nos casos de cotovelo 
instável. 
 
FRATURA EXPOSTA 
Podemos definir fratura exposta como sendo uma 
solução de continuidade da pele e tecidos moles 
subjacentes, permitindo a comunicação óssea direta 
ou de seu hematoma fraturário com o meio ambiente. 
A comunicação pode vir de fora para dentro (lesão por 
PAF, arma branca, acidente com máquinas cortantes) 
ou de dentro para fora (um fragmento de uma fratura 
cavalgada perfura a pele). Em diversas situações esta 
comunicação pode estar mascarada. Isto se refere 
principalmente a fraturas com comunicação com o 
tubo digestivo, vagina e ânus. Importante lembrarmos 
que, quando uma fratura ocorre no mesmo segmento 
do membro de uma ferida, a mesma deverá ser 
considerada como fratura exposta, até que se prove o 
contrário (no caso de dúvida se houve contato do osso 
com o meio externo através de uma ferida deve ser 
pesquisada a presença de saída de sangue com 
gotículas de gordura – sangue proveniente da medula 
óssea gordurosa). 
Devemos lembrar que o prognóstico da fratura 
exposta será proporcional ao nível de energia que 
causou o trauma. Sendo assim, a evolução do caso será 
determinada pela extensão/quantidade de tecidos 
desvitalizados e não apenas pela caracterização da 
fratura isoladamente. 
 
Classificação de Gustillo e Anderson 
 
Classificação de Gustillo-Anderson 
Tipo I – Ferida até 1 cm com lesão de partes moles 
mínima. Contaminação mínima. Fratura transversa/ 
oblíqua curta. 
Tipo II – Ferida de 1-10 cm com lesão de partes 
moles moderadas. Esmagamento mínimo/moderado. 
Contaminação moderada. Fratura transversa ou 
oblíqua curta/mínima cominução. 
Tipo III – Ferida com mais de 10 cm com extensa 
lesão de partes moles e/ou esmagamento. Grande 
contaminação. Trauma de alta energia. 
IIIA – Adequada cobertura óssea com partes moles, 
apesar de lacerações e retalhos presentes. 
IIIB – Lesão extensa, não permitindo cobertura 
óssea, necessitando de reconstituição cirúrgica. 
IIIC – Lesão arterial que necessita reparo cirúrgico. 
 
 
Tratamento Inicial 
O atendimento deve ser realizado segundo as 
recomendações (ABCDE) do ATLS (Advanced Trauma 
Life Suport), sendo a primeira atenção dada à 
ressuscitação, quando necessária, seguida de 
estabilização clínica do paciente. Concomitante a esta 
fase inicial procede-se à cobertura da ferida com 
curativo estéril e imobilização provisória (tala). 
Após o atendimento inicial, partimos para o exame 
ortopédico, visando o membro afetado com avaliação 
de pulsos periféricos/perfusão, assim como exame 
neurológico e avaliação de partes moles. Somente 
partimos para a avaliação radiológica após examinar e 
estabilizar o paciente e o membro afetado. Pacientes 
instáveis ou com risco de morte devem ter o exame de 
imagem realizado no centro cirúrgico. 
 
 
Durante a avaliação primária, iniciamos a profilaxia 
contra o tétano, a antibioticoprofilaxia e analgesia. 
Diversas bactérias podem causar infecção, porém o 
germe mais comum é o S. aureus. Temos percebido 
também o aumento da infecção por Gram-negativos e 
infecções mistas. O esquema antibiótico baseado na 
classificação de Gustillo. 
 
Devemos lembrar que a antibioticoterapia é 
profilática, permanecendo por 48-72 horas, na maioria 
das referências; porém determinados autores mantêm 
por até sete dias. 
 
Tratamento Cirúrgico 
Após avaliação inicial do paciente, devemos 
encaminhá-lo para o centro cirúrgico em até seis horas 
classicamente, apesar de alguns autores defenderem 
intervenção mais precoce – 4 horas decorridas do 
acidente. Apenas no Centro Cirúrgico, após anestesia, 
assepsia e anti-sepsia podemos explorar a ferida. 
Inicialmente, realizamos o desbridamento dos tecidos 
desvitalizados e a lavagem mecânicocirúrgica com pelo 
menos 10 litros de solução salina. “A solução para a 
poluição é a diluição”. 
O desbridamento é o ato cirúrgico mais eficaz e tem 
por finalidade remover corpos estranhos, tecidos 
desvitalizados, reduzir contaminação e criar ferida 
vascularizada. 
Durante a avaliação da ferida devemos verificar o 
critério dos 4 “C” (cor, contratilidade, circulação e 
consistência). 
Caso não apresente viabilidade o tecido deve ser 
retirado; o mesmo serve para fragmentos ósseos sem 
suas inserções musculares. Após desbridamento e LMC 
faremos a fixação dafratura, que pode ser feita de 
diversas formas, dependendo das características da 
fratura, não existindo implante ideal. Podemos usar 
fixadores externos, placas e hastes intramedulares, 
cada qual tem a sua melhor indicação. 
Devemos fixar a fratura exposta sempre que 
possível, pois facilita o manuseio do paciente durante a 
internação, ajuda a diminuir a proliferação bacteriana 
e evita a perpetuação da lesão de partes moles. 
Os fatores que influenciam esta tomada de decisão 
são: padrão/tipo de fratura, localização da fratura, 
lesão de partes moles, contaminação, tempo de 
evolução, estado geral do paciente. Em princípio, as 
feridas devem ser deixadas abertas para posterior 
fechamento. 
Esta, porém, poderá ser alterada pelo julgamento 
do cirurgião. Nas feridas limpas, provocadas por baixa 
energia minimamente contaminadas, podemos optar 
por fechamento primário. Normalmente, as fraturas 
tipo I preenchem este requisito. As do tipo II devem ser 
julgadas e as do tipo III nunca devem ser fechadas 
primariamente. Sempre que houver dúvida, deixe 
aberta. Então após 48 horas podemos fechar a ferida 
second look. 
 
 Fraturas por PAF (Projétil de Arma de Fogo) 
As fraturas expostas por PAF vêm aumentando 
assustadoramente. Projéteis de baixa velocidade 
produzem lesões menores, mas nem por isso devem 
ser negligenciadas, devendo ser consideradas como 
qualquer outra fratura. E atenção para a classificação 
das fraturas expostas, pois Gustillo afirma que “as 
fraturas por PAF de alta energia são classificadas 
automaticamente como de grau III A”. 
 
 Amputação versus Salvação do Membro 
Os recentes avanços do tratamento dos membros 
permitem salvarmos muitos, ditos anteriormente, 
inviáveis. Porém, alguns trabalhos têm nos mostrado 
que em alguns casos, a tentativa de salvação 
proporcionou nos pacientes piores resultados que a 
amputação primária. Com o objetivo de responder a 
essas dúvidas, Joanes, em 1987, propôs um sistema de 
classificação por pontos para definir a viabilidade do 
membro; denominado MESS (Mangled Extremity 
Severity Score) onde, índices maiores ou iguais a 7 
eram relacionados com 100% amputação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	Contusão, entorse, luxação e fratura.
	Contusão
	Entorse
	Luxação
	Fratura

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