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1 Índice: 1. Padrões hereditários em genética humana..................................................................................................pg 2 2. Anomalias congênitas....................................................................................................................................pg 3 3. Padrões não clássicos de herança.................................................................................................................pg 5 4. Hemoglobinopatias........................................................................................................................................pg 6 5. Determinação e Diferenciação sexual humana...........................................................................................pg 9 6. Farmacogenética e Farmacogenômica.......................................................................................................pg 12 7. Genética do câncer.......................................................................................................................................pg 14 8. Oncogenética................................................................................................................................................pg 20 9. Tratamento das doenças genéticas.............................................................................................................pg 23 10. Aconselhamentos genético...........................................................................................................................pg 27 Genética Clínica 2 Padrões hereditários em genética humana Tipos de mutações: os principais tipos de mutações ocorrem com uma duplicação ou deleção de um gene inteiro (CNV, comuns, boa parte não patogênica), pode ocorrer também uma ruptura de um gene (não ocorre a produção do transcrito, RNAm completo), as mutações podem afetar a transcrição de um gene intacto (região regulatória), podem afetar o splicing (abolindo ou criando um novo sítios de splicing), causar um erro de tradução (erro na matriz de leitura, deleção de exons, nonsense) e causar substituição de aminoácidos (missense). 3 Anomalias congênitas Uma anomalia é toda alteração que seja de função ou estrutura do desenvolvimento fetal, decorrente de fatores originados antes do nascimento, mesmo quando não for aparente no recém-nascido e só manifestar mais tarde (OPAS). Os componentes genéticos não são os únicos que influenciam nas más formações, alimentação, atividades diárias, fatores ambientais e multifatorial também se relacionam a essas anomalias, no entanto, em 50% das anomalias, não é possível determinar as causas. Nem toda doença genética é hereditária, mas o inverso é verdadeiro. Mutações ocorridas em células somáticas por exemplo, não vão ser passado para os descendentes por não ter ocorrido nas células germinativas. As anomalias afetam cerca de 1-3% dos nascimentos, 7% dessas crianças vão manifestar os problemas mais tarde (atraso do desenvolvimento, problemas de aprendizados). Essas anomalias são uma das principais causas de mortalidade e morbidade neonatal, sendo responsáveis por 20% das mortes infantis, e 10% das admissões nas UTIneo, correspondendo a 30% dos óbitos. Das internações pediátricas, metade tem componente genético associado. A incidência dessas anomalias é parecida para o mundo todo. No entanto, o controle de saneamento básico e outras necessidades básicas tem alguma relação com a redução das anomalias. As alterações morfológicas ou anatômicas exibem manifestações clínicas muito diversificadas, desde dismorfias leves altamente prevalentes na população, até defeitos complexos de órgãos ou mais raros. A classificação dessas anomalias são classificadas em menores ou maiores, com relação a morbidade/repercussão clínica. As maiores apresentam alguma implicação clínica, necessitando de uma intervenção. As menores são relativamente frequentes na população, não acarretando em problemas na população, acometem facilmente face e mãos, a presença de mais de 3 anomalias pode indicar a existência de uma anomalia maior, a incidência também varia em função da raça. Ex: alterações dos verticilos, plagiocefalia, occipital plano, suturas proeminentes, epicanto, hipotelorismo, hipertelorismo, base nasal achatada, microtia, hemangioma, polimastia, polidactilia, ponte nasal baixa, e diversas outras alterações. - Com relação a orelha, para verificar se está em normalidade é preciso verificar se há um conduto auditivo para audição, também é preciso investigar possíveis alterações renais, se as orelhas são proporcionais uma a outra, causadas normalmente por diabetes gestacionais - Prega palmar única forma-se entre 2º e 5º mês de gestação e dependo do movimento do feto, é muito comum na síndrome de Down, e também está mais presente em chineses (quase 17%) e caucasianos (4%). É importante analisar anomalias congênitas menores para poder definir um quadro sindrômico. Uma síndrome é um quadro associado a algumas características presentes em comum. A classificação quanto a nomenclatura é em isoladas, quando há a presença de apenas uma anormalidade (sobretudo de anomalias menores) ou associadas, quando temos mais de duas anomalias, esses casos levam a uma necessidade de investigação, quando se tem 3 anomalias presentes no indivíduo, a chance dele apresentar uma anomalia maior é de 20%. Quando isso ocorre, a investigação deve focar em fazer um ecocardiograma, raio x, tomografia computadorizada de crânio, ultrassom TF do a dome total e vias urinárias. As anomalias congênitas maiores podem estar isoladas ou associadas a síndromes, trazem consequências clínica ou estética para o portador, tem incidência de 2% nos recém-nascidos, necessitando em alguns casos investigações mais apuradas, pois podem deixar sequelas e aumentar as chances de mortalidade. Ex: trigonocefalia, luxação congênita de quadril, graus de fendas labiais (associados ao tabagismo durante a gestação), holoprosencefalia (apresenta causas genéticas, mas é difícil achar as mutações envolvidas), agnatia associada a otocefalia. Essas anomalias aparecem mais precocemente durante o desenvolvimento do embrião, o primeiro trimestre se torna o maior período de incidência das malformações, principalmente pelo fato de ser o momento de maior desenvolvimento dos órgãos. Há três formas de erros na morfogênese que podem causar uma anomalia. No primeiro caso, ocorre uma mal-formação pela fato de os códigos genéticos já terem vindo com defeitos, num segundo caso, ocorre uma disrupção, no qual a informação genética está correta, mas durante o desenvolvimento isso é quebrado, a deformação ocorre quando a informação genética não está alterada, mas uma causa mecânica causa essa deformação. Tipos de problemas na morfogênese: - Anomalias na formação dos tecidos: pode ser uma malformação única, com sequência malformativa, ou múltipla com síndromes de malformação. Nesse caso, o processo do desenvolvimento é anormal, com possíveis causas genéticas (genes mutantes, teratógenos, estocástico). São exemplos as anomalias maiores e menores. A prescrição de ácido fólico é responsável pela redução de 70% dos casos de defeito neural. 4 Sequência malformativa decorre de um único erro na embriogênese que passa a apresentar um efeito cascata. Por exemplo: a sequência do oligohidramnio (sequência de Potter), se refere a aparência física de um feto ou recém nascido causada pela oligodramnia in útero, as causas para isso são doenças renais que reduzem a saída da urina para o líquido, pode ser também por uma obstrução urinária baixa, isso causa pé torto congênito, hipoplasia pulmonar, anomalias cranianas. Outra sequência é sequência de Pierre Robin, nesse caso a existência de uma micrognatia causa glossoptose (língua pequena e inserida mais atrás), causando obstrução de vias respiratórios,fusão de palato e outros sinais síndromes. Síndrome é um padrão de anomalias associadas que se admite ser patogenicamente relacionadas, sem representar uma sequência ou defeito de campo politópico, o termo doença é frequentemente utilizado quando predomina a consideração causar, normalmente é de etiologia conhecida, apresentando componentes genéticos e ambiental. A síndrome de Down apresenta sinais característicos que se apresentam em todas as raças. A síndrome de Willians, é causada por uma deleção de uma região do cromossomo 7 que leva a uma ponte nasal afundada, inchaço ao redor dos olhos, epicanto palpebral, íris estrelada, filtrum longo, dentes pequenos e espaçados, boca grande, lábios inferior carnado e queixo pequeno. Outra síndrome é a Cornélia de Lange, são crianças com deficiência intelectual, de braquiocefalia, hipertrofia de cílios e sobrancelhas, com sinofre, mão e pé pequeno, sindactilia, implantação baixa de orelha, hirsutismo, 5 genes diferentes podem causar esse quadro clínico. A síndrome de Apert decorre de um fechamento de crânio precoce, hipoplasia de face média, sindactilia das mãos e pés, causadas por um defeito no gene FGFR2. No síndrome de Waardenburg temos uma perda auditiva, albinismo imparcial, como uma mecha branca na parte da frente da cabeça, olhos de cor diferente, podem apresentar alterações neurológicas ou estruturais e também pode ser provocada por genes diferentes. - Disrupção: o processo de desenvolvimento é normal porém é interrompido, normalmente por processos externos como acidentes vascular, bridas amnióticas, embriopatias medicamentosas (taliodomida). É um defeito morfológico de um órgão, ou região m que pode comprometer as funções dele. Alguns exemplos desses defeitos são a onfalocele, gastrosquise, síndrome de brida amniótica, sirenomelia, hidranencefalia. Durante o fechamento do embrião, pode ocorrer uma gastrosquise ou onfalocele, no primeiro caso, o intestino fica em contato direto com o meio externo, no segundo, uma membrana passa a envolver o intestino. O principal causador de efeito teratogênico é o álcool, que leva a síndrome alcoólica fetal (SAF), aqui no Brasil são 50 mil crianças que nascem por ano, essas crianças apresentam uma deficiência intelectual, microcefalia, pregas epicanticas, ponte nasal baixa, anomalias nas orelhas, nariz curto, queixo fino, lábio superior fino, filtrum pouco visível, bochechas planas, fissura palpebral curta. O uso do álcool também vai afetar diversas áreas no cérebro - Deformação: o processo de desenvolvimento é normal, mas forças mecânicas ou trauma alteram a estrutura, gestações múltiplas, postura irregular, acidentes podem causar, isso raramente compromete os órgãos internos, e são assimétricas nas estruturas externas, quando for bilateral, normalmente ocorreu problemas genéticos. Exemplos de deformidades são - Associação: é a ocorrência não casual de duas ou mais anomalias em dois ou mais indivíduos cuja ligação entre as anormalidades... Existem algumas formas de determinar a associação, usando a associação VACTERL, caso uma criança apresente 3 desses sinais, defeitos vertebrais, atresia renal, anomalias cardíacas, fístula traqueo-esofágica, atresia de esôfago, anomalias renais, anomalias de membros. Outra associação é a de CHARGE, presença de coloboma de íris, cardiopatia conotruncal, atresia de coanas, atraso no desenvolvimento pós natal, anomalias gênito-urinárias, anomalias de ouvido e orelhas , fenda labial palatina, essa síndrome decorre de uma alteração no gene CHD7. Outra associação é a de MURCS, nesse caso ocorre aplasia dos dutos Mullerianos, aplasia renal, displasia cervicotorácica, anomalia dos somitos. As ferramentas usadas para a procura e identificação de malformações são sites com bases de dados, como por exemplo o March of Dimes, Safe Fetus, Serviço de Investigação Agentes Teratogênicos. As condutas necessárias para o médico é fazer uma avaliação clínica completa, revisar histórico familiar, estudar nem os diagnósticos, exames de imagem e laboratoriais, seguimento clínico e aconselhamento genético, fornecer referências de organização e apoio e no caso de óbito buscar nas autópsia uma analise patológica especifica, documentar o caso e oferecer a oportunidade de ver e segurar o bebê. 5 Padrões não-clássicos de herança Imprinting genômico: existe um número de genes no genoma humana que é expresso de apenas uma cópia ou alelo de um gene. Essa expressão monoalélica é baseada na origem parental (paternal/materna). Por exemplo, se em determinado gene o alelo com origem paterna é expresso, o de origem materna estará silenciado nas células somáticas. No imprinting genômico a escolha do alelo a ser silenciado é não aleatória, sendo determinada unicamente pela origem parental. O imprinting é um processo normal que envolve a introdução de marcas epigenéticas para o mecanismo de silenciamento alélico. O silenciamento do alelo “imprintado” ocorre através da metilação do DNA. Os genes de imprinting são sensíveis a sinais do ambiente. O gene imprintado sempre manterá seu padrão, ou seja, se o gene A tem imprinting paterno, em condições normais, o gene sempre manterá o imprinting paterno, em todos os humanos. O imprinting ocorre durante a gametogênese, antes da fertilização, e marca determinados alelos/genes como sendo de origem materna e paterna. Após a concepção, o imprinting de origem parental é mantido em todos os tecidos somáticos do embrião e persiste no pós-natal até a vida adulta. Esse é um fator crítico para viabilidade do embrião. Quando um indivíduo recebe um gene em que o de origem paterna é o imprintado, este vai desenvolver todos os tecidos de forma imprintado, no entanto, durante a gametogênese, esse imprinting é apagado e os genes sofrem uma restauração, caso esse indivíduo se desenvolva para o sexo feminino, esse gene vai ser silenciado, caso ele se desenvolva para o sexo masculina, o gene então vai ser imprintado. Quando um gene silenciado sofre mutação na linhagem germinativa isso não gera necessariamente um problema, vai depender da onde ocorreu a mutação e qual a origem do gene. Por exemplo, num gene imprintado de origem materna, quando a linhagem paterna for ser formada, todos os genes do gameta a ser formado vão estar inativos, mesmo que um deles sofra mutação, isso não vai gerar problemas para a prole, uma vez que esses genes não vão estar expressos, no entanto, caso a linhagem materna sofra mutação em um dos alelos, isso vai gerar uma chance de 50% de passe o gene mutado para os filhos. Esse processo vai gerar então um padrão de herança não clássico, pois, nesse caso, caso um gene mutado e silenciado de origem paterna seja passado para a prole, e este indivíduo seja do sexo feminino, quando ele for realizar a gametogênese, esse gene mutado que estava silenciado passa ser ativado, ocorrendo a chance do mutado ser transmitido adiante, deixando um padrão não clássico. Dissomia uniparental (UPD): ocorre quando ambos cromossomos de um par de homólogos é herdado de um mesmo genitor. Esse processo pode ocorrer através do resgate da trissomia ou resgate da monossomia, por exemplo, durante a fecundação, quando um gameta apresenta os dois alelos ao invés de um, quando ele se fecundar com o outro, o zigoto formado vai apresentar então uma trissomia, no entanto, a célula apresenta mecanismos de reparo, eliminando um dos cromossomos de forma aleatória, ocorrendo uma chance de 2/3 do indivíduo se apresentar normal (pois há dois cromossomos duplicados de mesma origem parental) ou 1/3 dele desenvolver a UPD, quando eliminar o cromossomo originado do gameta normal. Doenças imprinting: quando ocorre deleção no cromossomo 15q11-13 pode causar duas diferentes síndromes, dependendo da origem parental do cromossomo 15 que sofre a deleção, pode gerar então a síndrome de Prader-Wili, quando o gene de origem paterna sofrer deleção, ou a de Angelman, quando o gene da origem materna forsilenciado. A síndrome de Prader-Willi ocorre em 1/10.000-30.000 pessoas, nesse caso ocorre deleção do gene SNPRN do alelo paternal enquanto recebe... O diagnóstico molecular pode ser feito por meio do FISH, aCGH e análise de metilação do DNA por meio da PCR específica da região metilada (mãe... Expansão de trinucleotídeos: algumas doenças genéticas se manifestam em idades mais precoces e/ou exibem uma expressão antecipação (procurar – prova) Herança mitocondrial: decorre de mutações mitocondriais (mtDNA), nesse caso, o indivíduo afetado são de ambos os sexos, mas apenas as mulheres transmitem as características, as doenças relacionadas à essa herança são aquelas que afetam mais o SNC e o tecido muscular. Um pequeno, porém significativo, número de doenças pode ser causado por mutações no DNA mitocondrial, essas doenças exibem modos característicos de herança e um alto grau de variabilidade fenotípica. As doenças mitocondriais são clinicamente heterogêneas, podendo ocorrer em qualquer idade e se manifestam com uma ampla gama de sintomas. Taxa de mutação é 10x a taxa de mutação do nuclear, pois falta mecanismos de reparo para o mtDNA... Procurar depois nos slides. 6 Hemoglobinopatias São um grupo de doenças monogênica mais comum no mundo. São descritas mais de 1000 mutações, e cerca de 5% da população mundial é portadora de genes para distúrbios de hemoglobina clinicamente importantes. A patologia molecular é a mais bem conhecida, foram elucidados os processos evolutivos tanto no nível molecular como no nível populacional. Forneceram modelos para ação gênica durante o desenvolvimento. Modelo de doenças molecular: uma mutação leva a uma formação de uma proteína alterada e de função anormal que acarreta em uma doença. Anemia falciforme: foi descrita pela primeira vez em 1910 por Herrick, em 1922, devido ao formato desenvolvido pela hemoglobina, ela passou a ser denominada como é feita hoje, em 1923 descobriu-se o caráter hereditário dela, o traço falciforme das hemoglobinas podem ser detectados por eletroforese, e em 1956 foi descoberto o aminoácido trocado envolvido no processo, o Glu por Val Estrutura das hemoglobinas: é a principal proteína das hemácias, transporta o O2, é uma das primeiras estruturas proteicas decifradas, os genes da globina foram os primeiros a serem clonados. Ela é formada por uma estrutura quaternária (tetrâmera) formado por 2 moléculas de α-globina e 2 moléculas de β-globina mais um grupo prostético Heme, que contém o ferro que fornece a coloração vermelha para o sangue. Os genes para formação da α-globina estão presentes no cromossomo 16, já os genes para formação da β-globina estão no cromossomo 11. Uma hemácia normal vai conter as hemoglobinas A, que apresentam esse tetrâmero. No entanto, 2% dessas hemoglobinas são do tipo HbA2, pois um segundo gene codifica a estrutura β-globina, gerando um segundo tipo de hemoglobina. O cromossomo 11 e 16 tem que trabalhar em sincronia para formação da estrutura da hemoglobina, no entanto, os genes do cromossomo 16, que vão formar a estrutura α, trabalham em maior quantidade, portanto, cada gene da α-globina deve produzir metade da quantidade de proteína que o gene da β-globina, isso faz com que a produção de subunidades de proteínas seja igual. Além disso, os cromossomos apresentam ainda pseudogenes, que não apresentam atividade para formação da das globinas atualmente, mas que no passado elas tiveram uma provável função. Ocorre a talassemia quando um gene da globina falha e a produção das subunidades de globina ficam em desequilíbrio. Ontogenia das hemoglobinas: apresenta três períodos, umas fase embrionária, fetal e pós-natal. Conforme essas fases vão passando, é exigido da hemoglobina uma intensidade de atuação diferente das outras. No processo evolutivo, foi observado a separação das hemoglobinas das mioglobinas, e então, as hemoglobinas se separaram em cadeias β e α. O oxigênio é transportado pela hemoglobina do sangue materno através da placenta, com o nascimento o oxigênio passa a ser captado pelos pulmões. Assim, há diferentes hemoglobinas adequada à vida intra e extra uterina: HbE, presente no primeiro mês de vida intra-uterina, o HbF, presente até o oitavo mês de vida fetal e que começa a diminuir sua quantidade dando lugar a HbA, quando nascemos, 10% das nossas Hb são do tipo A, e que vai gradualmente aumentando até o sexto mês, se tornando 97% de todas as Hb. Para que essa mudança ocorra, diferentes genes vão estar ativados ao longo desses períodos, no período embrionário os genes ξ ε vão estar ativos, formando a HbE, no período fetal, os genes α e γ vão estar ativos, formando a HbF, e no período do indivíduo adulto, temos a ativação dos genes α e β para formar o HbA e os genes α e δ para formar a HbA2. O local da produção dessas hemoglobinas também muda ao longo desses períodos, no período embrionária temos a formação das hemoglobinas no saco vitelínico, no período fetal, a eritropoese ocorre pelo fígado e então na vida pós-natal ocorre a formação delas na medula óssea. As mutações que envolvem o gene da β- globina vão apresentar consequência só 7 pós-natal, pois só então eles passam a ser expressos, caso uma mutação ocorra no gene da α, as consequências serão tanto pré quanto pós-natal. O controle da expressão certa desses genes nos períodos correspondentes ocorre devido a região controladora do locus, LCR, uma região que codifica proteínas, interagindo com os promotores dos genes para que eles vão se expressando ao longo do desenvolvimento, isso ocorre por meio de difusão. No começo da vida, os genes que estão mais expressos são aqueles que estão mais próximos da região LCR, ao longo do desenvolvimento, eles vão começar a atuar cada vez mais distantes nas regiões cromossômicas. O LCR é importante então para a regulação de todos os genes das globinas, quanto à quantidade e época de expressão, se utilizando de dois mecanismos, promovendo um domínio de cromatina aberta que contém motivos de ligação com vários fatores de transcrição, e atuando como um super intensificador de transcrição doe genes do agrupamento. Tipos de hemoglobinopatias: - Variantes estruturais: alteram o polipeptídios, normalmente por mutação de ponto, e essas alterações podem ocorrer em qualquer uma das cadeias polipeptídicas, temos descritas mais de 400 hemoglobinas anormais descritas e 50% destas tem um caso significativo clínico. Essas alterações são causadoras de anemia hemolítica (ex: anemia falciforme), apresenta um transporte de O2 alterado e há um fenótipo de talassemia. Os defeitos em genes deformam as moléculas de hemoglobina que ficam instáveis ou adquirem estrutura mais rígidas causando um maior destruição de hemácias e que resultam em anemia, como a anemia falciforme. A anemia falciforme é provocada pela troca de uma base presente na cadeia beta de códon número 6 na segunda posição, essa mutação não apresenta heterogeneidade, ocorre a troca do aminoácido, de ácido glutâmico para valina, essa hemoglobina consegue se polimerizar com mais facilidade, ficando mais rígidas, deformando a parede da hemácias , causando esse aspecto de foice. Essa hemoglobina é do tipo falcêmica ou siclêmica, HbS. Com a liberação do oxigênio, os polímeros de hemoglobina formados causam deformidade nas hemácias, pois o oxigênio impede a polimerização, bloqueando o fluxo das células e interrompendo a entrega de O2, as hemácias falcêmicas podem causar obstrução vascular, acarretando hipóxia, crises falcêmicas doloridas e infarto de vários tecidos, como os ossos, baços, rins e pulmões. As primeiras manifestações ocorrem nos primeiros dois anos de vida, é caracterizada por anemia hemolítica, pois essas hemácias falcêmicas vão ser mais destruídas pelo baço, não dando tempo de suprir a produção pela medula óssea, a partir disso podem ocorrer episódios de crise hemolítica, esplenomegalia, icterícia, propensão a infecções e efeitos deletériosda vaso oclusão. Esses indivíduos morrem por volta da quarta ou quinta década de vida, em decorrência de infecções, anemia profunda, bloqueio da artéria pulmonar e crise blastocística por agente infeccioso. O tratamento ainda não foi identificado e não há nenhuma terapia que reverta esse quadro. A anemia falciforme só é expressa clinicamente se o indivíduo for homozigoto recessivo, caso o indivíduos tenha uma heterogeneidade, ele vai ter tanto a produção de HbA quanto HbS, apesar desse indivíduo apresentar menos problemas do que os clinicamente afetados, ele ainda pode desenvolver certas condições em determinados momentos, como aqueles indivíduos que vivem em altas altitudes, que podem ter maiores problemas pelo ar rarefeito. Essa anemia está muito relacionado aos ambientes com malária, os indivíduos que forem HbA HbA, ele tem maiores chances de morrer por malária, os indivíduos HbS/HbS morrem da anemia, mas os indivíduos HbA/HbF tem maiores chances de sobrevida nessas regiões, isso acontece por que o plasmodiun se multiplica melhor na HbA, uma vez que o HbF fica pouco tempo na circulação e é logo destruído. Isso acabou selecionando os indivíduos heterozigotos, aumentando a chance de nascerem indivíduos com o a anemia falciforme. Outros tipos de hemoglobinopatias de variante estrutural é a hemoglobina Lepore, não decorrente de uma mutação, mas decorre de um crossing-over desigual, levando a uma síntese de globinas em quantidades diferentes. - Talassemias: As talassemias são justamente esse desequilíbrio de síntese de cadeias das globinas, é um grupo heterogêneo de doenças muito frequente. A mutação leva a uma diminuição no nível de síntese da cadeia α ou β, essa distorção das cadeias em excesso lesam a membrana, destruindo as hemácias. Muitas vezes, há alelos de ambos tipos de talassemias no mesmo indivíduo. Essa doença é de alta frequência na região do Mediterrâneo. As α-Talassemias afetam a hemoglobina fetal e adulta (doenças intra-uterina e pós-natal), ocorre uma diminuição na síntese da α-globina, gerando um tetrâmero β4 e um tetrâmero γ4, ambos incapazes de liberar o oxigênio para os tecidos. Essa talassemia é mais comum de ocorrer por meio de delações dos genes da α-globina (crossing-over desigual). 8 Os sinais clínicos vão aparecer em indivíduos que apresentarem alterações de 3 ou 4 genes da α, aqueles que apresentarem menos alterações que essas, o portador vai ser assintomáticos ou com apenas uma talassemia menor e leve, os que apresentam alterações nas 4 regiões eles morrem ainda no período fetal. As β-talassemias ocorrem no período pós-natal, ocorre uma menor síntese da β-globina, levam a uma precipitação de cadeias α em excesso, lesam a membrana das hemácias e formam os corpúsculos de Heinz na hemácias. Indivíduos que apresentarem os 2 alelos para β-talassemia são chamados de talassemia major, aqueles que apresentarem apenas um alelo vão ter a talassemia minor, clinicamente benigna, e de leve anemia. A talassemia major tem suas primeiras manifestações ainda nos lactentes, ocorre uma anemia hemolítica intensa, atraso de crescimento, hepatoesplenomegalia e expansão da medula óssea causadora de alterações esqueléticas evidentes (face talassêmica), os ossos zigomáticos são proeminentes, e ocorre expansão da cavidade medular dos ossos do crânio e face. A β-talassemia apresenta uma grande variabilidade genética, são diversas mutações que podem gerar ela. O teste é feito analisando a quantidade de hemácias, o teste molecular para avaliar a região mutada é por paneis de sequenciamento. - Síndrome da Persistência Hereditária da hemoglobina fetal: ocorre por conta de uma mutação ou mecanismo epigenéticos na região do LCR, essa alteração do LCR acaba mantendo o funcionamento dele e portanto a síntese da HbF, o que é benigna sem gerar problemas. 9 Determinação e diferenciação sexual O sexo é determinado no momento em que somos concebidos, mas esse indivíduo ainda tem que passar por todo um processo de diferenciação para culminar em um indivíduo com sexo biológico feminino ou masculino. O feto é sexualmente indiferenciado, até a décima quinta semana de gestação O gênero do sexo pode ser avaliado em três critérios, um cromossômico (genético), um gonadal e um somático (fenotípico). A determinação é determinada pela diferenciação gonadal, enquanto que a diferenciação é um processo conduzido pela atividade da gônada diferenciada. Base cromossômica da determinação sexual: o óvulo, que sempre vai apresentar o cromossomo X, e o espermatozoide, que pode tanto apresentar o cromossomo X ou Y, uma vez que ocorrer a fecundação, teremos um indivíduo do sexo feminino ou masculino. É o espermatozoide quem vai determinar essa diferenciação, pois, toda vez que temos um sinal do cromossomo Y, o diferenciamento segue para as características do indivíduo masculino, independente das anomalias cromossômicas (XXY por exemplo), e na falta dele, ocorre sempre o desenvolvimento feminino, portanto, o Y é o responsável por garantir a formação das características masculinas. Cromossomo Y: é acrocêntrico, tem uma origem comum com o X, é geneticamente inerte, apresenta uma heterocromatina Yq não codificante, apresenta poucos genes, sendo que alguns tem homologia com o X e tem sua expressão principalmente nos testículos. Cromossomo X: apresenta semelhança com um autossomo e apresenta um menor número de genes do que o esperado. Apesar de serem diferentes, para que ocorra o pareamento na meiose eles precisam de uma região em comum, que apresenta um grupo de genes homólogos nos dois cromossomos, essa região é chamada de pseudo-autossômica, e se encontram no braço curto de cada cromossomo, isso permite que ocorra o crossing-over entre eles. Embriologia do sistema reprodutivo: uma vez que temos a presença do cromossomo Y, vai ocorrer uma atuação na gônada, ainda rudimentar e bipotencial, que tem uma estrutura de córtex e medula, na presença do cromossomo Y, a parte da medula vai se desenvolver, e se diferencia formando os testículos. Essa estrutura testicular apresenta as células de Leydig, que vão secretar a testosterona, e as células de Sertoli, que secretam o HAM (anti-mülleriano). Sem o cromossomo Y, a região cortical da gônada se desenvolve, formando um ovário que secreta o estradiol, desenvolvendo os folículos ovarianos. Embriologia do sistema urogenital: com a presença do cromossomo Y e o desenvolvimento do testículo, vão se desenvolver também os órgãos internos masculinos, a partir dos dutos de Wolff, que origina os ductos deferentes, epidídimo, glândula prostática e vesícula seminal. Sem o cromossomo Y, os dutos de Müller se desenvolvem, e assim, temos o amadurecimento do terço superior da vagina, útero, ovário e tubas uterinas. É importante lembrar que ainda no primeiro estágio, o indivíduo apresenta tanto dutos de Müller quanto de Wolff, presentes de forma bilateral, no entanto, as gônodas de um lado não interferem no desenvolvimento do outro, necessitando que os dois lados atuem da mesma forma. Desenvolvimento da genitália externa: com a presença do hormônio masculino e de receptores celulares para esse hormônio e potencializadores do hormônio masculino, teremos o desenvolvimento da genitália masculina, o tubérculo genital vai originar a glande peniana, as pregas lábio-escrotais vai originar o corpo do pênis (corpo cavernoso, uretra) e vai preparar o escroto, para que as gônadas que estão na região abdominal desçam para o escroto. Sem hormônios masculinas, essas mesmas estruturas seguem o caminho da genitália feminino, o tubérculo genital forma o clitóris, as pregas lábio-escrotais não se fecham, formando os pequenos e grandes lábios e a abertura da vagina (terço inferior). O cromossomo Y tem o gene SRY, que tem uma expressão local e temporal, ele vai atuar na gônada garantindo a formação do testículo, que vai produzir oHAM (hormônio anti-mülleriano) e a testosterona (para formação da célula de Leydig, outros hormônios vão ter que atuar sobre ela, como o hCG e LH), a testosterona estimula os ductos de Wolff formando os vasos deferentes, epidídimo e vesícula seminal, além disso, a testosterona estimula a produção da 5αDHT (testosterona de maior intensidade), um hormônio de atuação muito mais prolongado do que a testosterona, o que vai atuar sobre seio urogenital formando a uretra, no tubérculo genital para formar a glande peniana, nas pregas genitais que forma a coluna peniana e na saliência lábios-escrotais para formar o escroto. Sem o cromossomo Y, a gônada vira ovário, e os ductos de Müller se desenvolvem originando as tubas, o útero e o terço superior da vagina, enquanto que os ductos de Wolff se regridem, e sem o estímulo da 5αDHT, temos o desenvolvimento do seio urogenital que vai originar a parte inferior da vagina, o tubérculo genital vai formar o clitóris, as pregas genitais originam os pequenos lábios e as saliências labio-escrotais originam grandes lábios. 10 O cromossomo Y apresenta apenas uma pequena parte de relevância, presente na parte superior do cromossomo, que é esse gene SRY, presente no braço curo. Alterações dos cromossomos sexuais: por meios dessa anomalias a gente conseguiu notar que certas síndromes acometem sempre um só sexo, indicando essa função do cromossomo Y no processo de diferenciação sexual. - Síndrome de Turner (45,X): os indivíduos são sempre femininos, pelo fato de não haver o cromossomo Y. Na verdade, essa síndrome também pode se apresentar em indivíduos com 46 cromossomos X e Y, mas esse Y cromossomo é um isocromossomo, com dois braços longos, e assim não apresenta a região do gene SRY. - Síndrome de Klinefelter (47,XXY): os indivíduos são sempre masculinos. No entanto, é importante notar que que essas síndromes podem decorrer sem se ter uma presença completa de um cromossomo. No caso de ocorrer um isocromossomo Y que apresenta dois braços longos, dessa maneira, o gene SRY não estará presente, e assim o indivíduo passa a expressar o Turner. Para que ocorra o pareamento de maneira adequada, ambos cromossomos precisam apresentar um região pseudo- autossômica, para que o crossing over seja normal. Caso o pareamento entre os cromossomo X e Y seja desigual, o SRY pode migrar para o cromossomo X. Caso o indivíduo originado acabe herdando o cromossomo Y, por este cromossomo não apresenta o SRY, ele vai se desenvolver como mulher (46, XY com fenótipo Turner like), da mesma maneira, caso ele herde o X com o SRY, ele vai ser um indivíduo masculino (46, XX), nesse caso, esse homem será estéril, pois a meiose masculina é feita pelos genes presentes no cromossomo Y, ele não vai apresentar mosaicismo, apesar de que um dos cromossomos X se desliguem, o gene SRY não se inativa, vai ser um indivíduo basicamente normal, mas estéril. O gene SRY (sex determining region of the Y) está localizado então na região pseudo-autossômica e codifica a proteína testículo-específico, na crista gonadal e testículo do adulto, a expressão do Sry ocorre imediatamente antes da formação do testículo. Em experimentos realizados em camundongos, foi observado que, mesmo quando tínhamos um embrião de uma fêmea XX, ao ser adicionado o gene SRY, ainda no início do desenvolvimento, essa fêmea se desenvolvia com as características. Esse gene é bem pequeno, e apresenta uma conservação, em quase todas as espécies esses genes são muito parecidos. Formam uma proteína de 204 aminoácidos. Anomalias de desenvolvimento sexual: - Síndrome de Turner: normalmente o seu cariótipo é 45, X, mas que pode decorrer de um mosaicismo (45, X/46, XY) ou de uma aberração estrutural por del(Xp), i(Xq) ou r(X ou Y). O fenótipo característico, com baixa estatura, mal desenvolvimento das estruturas sexuais secundárias, tórax alargada, amenorréia e disgenesia gonadal. - Síndrome de Klinefelter: 47,XXY. Esses cromossomos vão causar uma ginecomastia, distribuição de gordura diferenciada, testículos atróficos e de alta estatura. Outras anomalias como síndrome do triplo X, com 47, XXY, ou no hermafroditismo verdadeiro que pode apresentar mosaicismo e quimeras com 46,XX/46,XY e também em aberrações estruturais do cromossomo Y. Distúrbios no desenvolvimento gonadal (DDS) - Disgenesia gonadal com aberração cromossômica: podemos ter a deleção de Xq, t (X com autos) e região X crítica. Na disgenesia gonadal mista podemos ter um mosaicismo 45,X/46,XY. A gônada normal deve ser capaz de gerar gametas, a gônada disgenética em fita, ocorre quando não o desenvolvimento e a diferenciação dessa gônada em sexuais, apresenta um tecido fibroso, sem função hormonal, sem gametogênese e sem estrutura que permitam caracteriza-la como ovário ou testículos. Nesse caso, ocorre em indivíduos de fenótipo feminino com síndrome de Turner, ou com 46,XY com mutações do SRY ou em 46, XX (mutação autossômica recessiva). Já quando ocorre alguma diferenciação, podemos ter um testículo disgenético, nesse caso, o testículo também não vai apresentar gametogênese, mas apresenta um tecido fibrótico, hialinizado e com deficiência no papel hormonal. Nesse caso, houve um estímulo cromossômico para se desenvolver o testículo, mas que não se completou, pode ocorrer em indivíduos com fenótipo masculino ou ambíguo, homens XX, síndrome de Klinefelter, pode ser uma disgenesia gonadal parcial, com mutações em genes da diferenciação testicular (NR5A1), ou mista, com 45,X/46,XY. O homem XX apresenta um fenótipo masculino, semelhante ao da síndrome de Klinefelter (exceto em estatura), 80% apresenta o SRY (Xp, Yp) e em outros casos, pode haver uma ausência de SRY, apesar de não sabermos os mecanismos que fazem isso ocorrer. Os homens XX com essa ausência de SRY podem apresentar uma hipospádia, isto é, quando o pênis não apresenta um fechamento por completo. No caso da disgenesia gonadal XY, os indíviduos são fenotipicamente mulheres, mas com cariótipo XY, apresenta a gônada em fita, na maioria dos casos, esses indivíduos apresentam um SRY inalterada, 10% apresenta mutação do SRY e mais raramente, podem não ter o SRY (translocação ou deleção do Yp). Na disgenesia gonadal mista ocorre o desenvolvimento de um testículo disgenético de um lado e gônada vestigial ou ausente do outro. Ocorre uma persistência dos derivados Müllerianos, apresenta graus variados dessa ambiguidade 11 genital, com risco aumentado de ocorrer tumores gonadais. Decorre de um mosaicismo (45X/46,XY), pode apresentar uma genitália ambígua, assimétrica, gônada palpável e discreta clitoromegalia. - Hermafroditismo: é uma DDS ovotesticular, é um indivíduo que apresenta gônada diferenciada bipotencial, podendo produzir tanto óvulos quanto espermatozóide. Esse indivíduo pode ser fértil. Nesse caso, um dos lados pode apresentar ovário e outro testículo, ou os dois lados apresentar as duas gônadas. Em cerca de 90% desses indivíduos sÃo. 46,XX, a maioria não apresenta SRY, mas alguns apresentam o SRY com translocação Xp,Yp. Em10% dos casos são pessoas com 46,XY. Pode haver também aqueles com 46,XX/46,XY ou 46,XX/47,XXY. O hermafroditismo verdadeiro são aqueles que apresentam testículo e ovário, podendo ter uma genitália ambígua ou não, os hermafroditas que apresentarem apenas uma genitália externa ambígua, não será um hermafroditismo. Envolvimento de outros genes (autonômicos ou ligados ao X) na determinação sexual: o gene SRY é regulado por diversos genes e regula diversos outros, quando algum desses compostos está deficiente, pode causar esses problemas. É um sistema extremamente complexo que envolve inúmeros genes e substâncias. Anomalias na determinação do sexo fenotípico: - ADS da síntese de andrógenos: ocorre a partir de um defeito na síntese de certos hormônios como a testosterona, 5- alfa-DHT e outros hormônios andrógenos, os receptores celulares podem não conseguir perceber eles, gerando uma síndrome da insensibilidade androgênica.- Pseudo-hermafroditismo masculino: nesse caso ele apresenta um defeito nos ductos internos e/ou na genitália externa. Nesse caso, pode decorrer de uma falha na produção da testosterona, defeito no metabolismo da testosterona, insensibilidade androgênica, síndrome da persistência dos ductos de Müllerianos, por falto do HAM, nesse caso pode ter uma mutação no gene do receptor androgênico. Um outro tipo de pseudo-hermafroditismo masculino ocorre por conta da falta da enzima que produz a 5-alfa-DHT, assim, não haverá o desenvolvimento da genitália masculina, mas durante a puberdade, ele começa a responder a própria testosterona, engrossa a voz, fornece a libido masculina a um indivíduo com genitália feminina. Na síndrome de persistência dos ductos de Müller, por conta da falta dos HAS, ocorre o desenvolvimento interno dos ductos internos, esse homem é fenotipicamente normal, mas apresenta essas estruturas internas preservadas - Pseudo-hermafroditismo feminino: em que ele apresenta ovários mas. Com uma virilização da genitália externa. Normalmente decorre de uma influência hormonal, pode decorrer de uma hiperplasia da adrenal congênita, dessa maneira a enzima 21-hidroxilase sofre uma mutação, por influência androgênica materna, por meio de administração de hormônios androgênicos e progestágenos, por fim, pode decorrer de neoplasias virilizantes do feto. Na síndrome de Rokitansky, por exemplo, a mulher não desenvolve o útero. 12 Farmacogenética e farmacogenômica Medicina personalizada: adaptação do tratamento médico às características individuais de cada paciente. A abordagem se baseia em informações científicas que mostram como base molecular e o perfil genético de uma pessoa a torna suscetível a certas doenças. Essas mesmas pesquisas estão aumentando nossa capacidade de prever quais tratamentos médicos serão seguros e eficazes para cada paciente e quais não são, evitando que ocorra efeitos colaterais, expondo a pessoa a menor toxicidade, evitando reações adversas e melhorando o diagnóstico. Existe aquele tratamento tradicional, para todos os pacientes, mas caso quisermos ter um tratamento personalizado devemos buscar os biomarcadores para fornecer uma terapia individual para cada um. O uso de medicamentos estão relacionado às reações adversas às drogas e são a quinta maior causa de morte nos EUA, para que tenhamos um uso racional dos medicamentos, deve ser dado em doses adequadas, por um período adequado e no menor custo para o indivíduo e comunidade (evitando internações). Observamos que um mesmo medicamento sendo utilizado em pacientes diferentes, mas com mesmo sintomas, vão acabar tendo efeitos diferentes para cada um. Ao se utilizar a dosagem recomendada, o medicamento vai ser eficaz para a maioria, mas uma parte não terá efeito e para outros vai ocorrer prejuízo ao invés de benefício. Fatores que determinam a resposta ao medicamento: uma parte da dose administrada vai ser absorvido, gerando uma determinada concentração plasmática, para atuar por uma determinada concentração no sítio de ação, gerando efeitos farmacológicos, podendo gerar tanto uma resposta eficaz ou tóxica. Além disso, a droga no plasma vai acabar sendo distribuída para os tecidos e então metabolizada para eliminação ou excreção. O efeito farmacocinético é aquilo que o corpo faz com o medicamento, absorção, distribuição, metabolismo e eliminação, já o efeito farmacodinâmico é aquilo o que o medicamento faz com o corpo, as proteínas alvos e os mensageiros “downstream”. A resposta diferencial que pode ser gerada por um medicamento decorre do acaso que é a variabilidade individual, depende da etnia, idade, se a pessoa é gestante, os fatores genéticos, doenças prévias, interações com outras drogas. Esses fatores genéticos são decorrentes do polimorfismo, que pode ser de base única ou número de cópias, SNP. A farmacogenética/farmacogenômica pode identificar os fatores genéticos que explicam a variabilidade individual na resposta ao medicamento. A variação genética afeta a terapia medicamentosa de duas maneiras, afetando a farmacocinética (biodisponibilidade) e a farmacodinâmica (mecanismo de ação), a maior parte da resposta ao medicamentos é poligênica. Para alguns medicamentos, porém, pode haver uma resposta monogênica. Biomarcadores farmacogenômicos: - enzimas de biotransformação: afetam a concentração plasmática do medicamento (farmacocinética). A enzima citocromo P450 age em substratos endógenos (colesterol, esteroides, ácidos graxos) e em exógenos (medicamentos, aditivos dos alimentos, toxinas ambiente). Nos humanos, as enzimas codificadas pelos genes da família CYP450 presentes nos hepatócitos, atuam de moda a modificar esses compostos, aumentando a sua solubilidade e facilitando a sua excreção, além disso, alguns medicamentos (pró-fármacos) precisam ser metabolizados pelas CYPs para só então se tornarem ativos. Esses processos afetam (facilitando ou dificultando) os níveis sanguíneos dos fármacos. Portanto, a variação no gene que codifica as enzimas CYP450 tem impacto na resposta ao medicamento. A CYP é um grupo de genes, e apresentam famílias, subfamilías, variantes e sub-variantares descritos, e portanto, é altamente polimórfica, por conta de SNVs, variação no número de cópias e genes híbridos. Categorias para metabolizadores de medicamente: existem os ultra-rápidos, eficientes/extensivos, intermediários e os lentos/pobres. Cada indivíduo se encaixa em uma categoria para o metabolismo de um determinado medicamento. 13 Para muitos medicamentos, a ação de um CYP450 é iniciar o processo de desintoxicação através de uma série de reações que tornam o fármaco menos ativos e mais fácil de ser excretado. Outros fármacos são do tipo pró-fármacos (inativos) em si, cuja conversão em um metabólito ativo pelo CYP450 é necessária para o efeito terapêutico. O impacto de cada tipo de metabolizador na resposta ao medicamento depende do papel que a enzima exerce no metabolismo da droga específico em questão. Por exemplo, a metabolização rápida de um fármaco, faz com que ele seja eliminada rapidamente, não deixando tempo suficiente para que a droga consiga atuar, necessitando de uma dose maior para atingir o limite terapêutico. Já com uma metabolização lenta, o fármaco permanecerá por mais tempo, gerando efeitos colaterais e intoxicação, uma vez que se acumula, portanto, o ideal é diminuir a dose ou escolher outro medicamento para que seja metabolizado por outra CYP. Quando for um pró-fármaco, e o indivíduo for do tipo metabolizador rápido, esse pró-fármaco vai ser transformado em fármaco, rapidamente, estando associado a uma exposição aumentada a droga, podendo levar a reações adversas. Quando o pró-fármaco for fornecido para um metabolizador lento, esse medicamente não vai ter efeito terapêutico desejado, porque teve baixa ativação da droga. Alvos terapêuticos (receptores, enzimas, proteínas): depende da concentração intracelular e não plasmática. Um exemplo é o medicamento varfarina (anticoagulante), esse medicamento inibe a epóxido redutase, que participa na formação de fatores coagulantes, se temos um polimorfismo que aumenta muito a ação dessa redutase, teremos que usar muito mais varfarina para conseguir o efeito anticoagulante, além disso, a varfarina vai ter que acabar sendo metabolizada pela CYP, que nesse caso apresenta um efeito lento, e que portanto é importante administrar a varfarina em menor quantidade. Reações medicamentosas adversas: 75-80% dos eventos adversos são toxicidade previsíveis (overdose, doença hepática ou renal e internações medicamentosas). Do restante, 25-50% apresentam reações de hipersensibilidade (anafilaxia, arritmia cardíacas, hipotensão acentuada e outros). 50-75% apresentam manifestações com grande dano à pele e mucosas conhecidos como a síndrome de Steven-Johnson (aparecimento de bolhas dolorosas em todo o corpo do indivíduo)e Necrólise Epidérmica Tóxica, essa última é mais grave, mas que são reações imunes geneticamente determinadas. O medicamento Abacavir é um fármaco administrado em portadores de HIV, cuja interaçãoo medicamentosa não é farmacocinética, pois não há um gene envolvido em sua metabolização, e nem farmacodinâmica, pois não se refere a enzimas ou proteínas. Essa interação está aparte, ela é uma resposta imunológica geneticamente programada. Algumas pessoas que possuem o alelo HLA-B tem risco de 50% das doenças citadas acima. Testes farmacogenéticos: Para aquelas pessoas que apresentam esse polimorfismo, e portanto tem uma possibilidade de gerar uma reação adversa, devemos realizar testes farmacogenéticos para se conhecer o genótipo do paciente, devendo cobrir vários genes e alelos. Para isso, podemos realizar Sanger ou PCR, quando quisermos descobrir se há um alelo mutado, se quisermos saber o genoma do paciente e quais fármacos não se deve usar, podemos escolher fazer um chip, painel. Etnia e farmacogenética: a etnia é um importante fator que deve ser levado em consideração na relação medicamentosa. 5-10% dos caucasianos e entre 1-4% dos indivíduos da maioria dos grupos étnicos são considerados metabolizadores com atividade enzimática reduzida e sofrem o risco de se intoxicarem. Além disso, 1-7% dos caucasianos e acima de 20% da população do leste europeu são metabolizadores ultra-rápidos e não atingem a concentração terapêutica da droga no plasma sob o mesmo tratamento. Um medicamento pode possuir uma maior chance de causar reações adversas em certas etnias. No Brasil, contudo, por conta da forte miscigenação, é muito difícil relacionar um indivíduo com os traços físicos de uma raça. Em resumo, devemos buscar em uma população de indivíduos aqueles que devem ser separados da população em geral, para que possam receber um tratamento personalizado em coerência com sua genética. Assim, os medicamentos deverão ser mais específicos, provocando menos efeitos colaterais ao mesmo tempo que apresente uma resposta mais eficiente. Ao mesmo tempo, é importante notar que o fator genético não explica toda a variabilidade na resposta aos medicamentos. A resposta aos medicamentos é um fenótipo complexo, um processo que envolve vários fatores. Além da genética, fatores como o peso, idade, sexo, função renal, função hepática, hábitos alimentares, alcoolismo e tabagismo podem afetar o como uma droga é processada e os efeitos que ela vai apresentar. 14 Genética do câncer O câncer é uma doença genética das células somáticas, independente se a ocorrência for de forma esporádica ou hereditária. A carcinogênese sempre se inicia com danos no DNA, normalmente por causas esporádicas, como por mutações ou alterações epigenéticas . O DNA somático mutado envolve um grupo de células que sofreram a mutação após a fase de desenvolvimento, o DNA mutado germinativo corresponde a um material genético mutado e herdado que, em tese, essa mutação se encontra presente em todo o organismo. O câncer pode se apresentar em qualquer tecido, apesar de que apresenta uma maior incidência em tecidos específicos. No caso do homem, o câncer de próstata apresenta 29,2% de todos os casos de câncer que ocorre nos homens, enquanto que nas mulheres, o câncer de mama representa 29,7%. O câncer é caracterizado como uma doença de vida pós-reprodutiva, multifatorial (fatores genéticos, poligênico e ambientais) e comum na população. Existem mecanismos comuns para origem e progressão do câncer, contudo, em certos casos, os mecanismos são específicos para certos tecidos. As mutações podem ocorrer no gene, no promotor, nos genes de microRNA específicos desses genes e nas regiões regulatórias. Qualquer alteração desse tipo pode acarretar em uma alteração no produto gênico. Controle do crescimento e divisões celulares: as células apresentam uma identidade fenotípica (se é um fibroblasto, hepatócito, neurônio e outros), sendo determinado pelo grupo de genes que é expresso neste tipo celular, dependendo da epigenética. Cada tipo celular possui seu programa de controle genético para o controle de crescimento, divisão e morte (apoptose). As células normais possuem sinais celulares para o controle do ciclo celular, temos o controle para o crescimento/mitose, e o controle de parada desse crescimento e da morte celular, tudo isso é regulado por genes. Na mitose celular, durante a intérfase em G1, momento em que a célula passa a maior parte de seu tempo, ela consegue expressar proteínas, organelas, exercendo suas funções biossintéticas. Depois dessa fase, se houver um estímulo de crescimento para ela começar a crescer e se dividir, ela entra na fase S, ocorrendo a síntese do DNA (duplicação, passando de 2n para 4n). Uma vez que essa fase termina, ela entra em G2, crescendo de tamanho, expressando os microtúbulos, expressando proteínas para a condensação dos cromossomo para a mitose. Uma vez que essa última fase se concluiu, a célula entra na mitose para sua divisão. Ao longo dessas fases, a célula passa por “checkpoints”, garantindo que o ciclo celular se dê de forma correta. No final da fase de G1, nós temos um ponto de checagem, em que a célula verifica se o tamanho dela está de acordo, se há os nutrientes necessários, se há fatores de crescimento e se há dano no DNA. Caso tudo esteja de acordo, uma proteína, chamada de quinase dependente de ciclina (CDK), presente no núcleo da célula vai precisar ser ativada antes, por meio de ciclinas específicas presentes em determinadas fases do ciclo celular. A ciclina G1/S, consegue permitir que a célula siga o seu ciclo celular, quando essa ciclina se liga à CDK, esta passa a fosforilar outras enzimas e a célula recebe sinalizações indicando que pode seguir o seu crescimento para a fase S. No entanto, quando houver algum dano no DNA, a proteína p53, presente no núcleo da célula, passa a ser expressa em maior quantidade, isso também ocorre em situações de estresse. Essa proteína consegue ativar fatores de transcrição para outros genes, se ligando a uma região promotora de um gene que forma a inibidora de CDK, impedindo que a célula continue sua divisão, além disso, a p53 também se liga na região promotora, ativando as enzimas para o reparo do DNA, impedindo que esse erro se propague. Caso o reparo não seja possível, essa proteína vai induzir a apoptose. 15 O checkpoint também ocorre no final da fase G2, checando se todo o DNA foi replicado sem erro, se os microtúbulos estão corretos e se o tamanho está adequado, sendo que o p53 também atua nessa fase da mesma forma que no processo anterior. Durante a mitose, também haverá o checkpoint, que vai verificar se os cromossomos estão alinhados no fuso mitótico. Todo esse processo para garantir que as células filhas se mantenham com o DNA íntegro. As células do corpo são programadas para se desenvolver, crescer, se diferenciar (quando for célula tronco) e morrer em resposta a um complexo sistema de sinais bioquímicos genéticos. Em condições normais as células apresentam um equilíbrio entre a proliferação, crescimento e mitose e a senescência, morte celular e apoptose. No câncer, ocorre um desequilíbrio dessa balança, havendo um aumento nos sinais de proliferação e crescimento e uma diminuição dos fatores de controle do ciclo celular, morte celular e senescência. O câncer é resultado de um surgimento de um clone de células livres dessas limitações de programação e de desenvolvimento, sendo capazes de uma proliferação anormal. Esse descontrole ocorre em determinadas vias, principalmente aquelas que envolvem os fatores de apoptose, de transcrição, de crescimento e de checagem, tudo isso dependendo da interferência genômica e epigenômica. Carcinogênese: quando o DNA sofre mutações em vias pró-crescimento ou em vias anti-crescimento, seja por erros durante a replicação, por agentes químicos, físicos, mecânicos, por vírus ou bactérias,e essa mutação não for corrigida, esse erro é passado para as células filhas. Com o acúmulo dessas mutações, as células podem ser levadas a sofrerem divisões sucessivas e descontroladas, dando início às neoplasias, que podem ser hiperplasias, tumores benignos ou malignos (câncer). Qualquer mutação que envolve as vias de controle do DNA, do controle epigenômico e da expressão gênica, podem acarretar nessas neoplasias. O processo da propagação do câncer se dá em múltiplos passos. Por exemplo, quando uma célula epitelial sofrer uma mutação, e ocorrer uma ativação sustentada das vias de proliferação, as células filhas que recebem essa mesma mutação ganham uma vantagem de crescimento, dessa forma, elas passam a crescer mais que as células vizinhas, levando à hiperplasia. Essas células da hiperplasia podem sofrer mais uma mutação, dando origem às displasias, que não sofrem apoptose, e começam a perder a sua identidade (alguns genes passam a ser ligados e outros desligados), dessa forma, essas células sofrem um acúmulo de mutações podendo sofrer uma terceira modificação. Após muitos anos, 20 a 30 anos, teremos um aglomerados de células tumorais, algumas com poucas mutações, outras já com acúmulos de mutações, 16 gerando essa perda de identidade celular, com potencial para invadir a membrana basal e sofrer metástase (malignização), mas ainda assim, enquanto não invadir a membrana basal, o câncer é chamado de in situ e/ou localizado. Quando as células sofrerem mais uma modificação, elas podem adquirir a capacidade de invadir a membrana basal, dando origem ao câncer invasivo, com fatores para invasão celular e metástases. Esse acúmulo de mutações acarretam nessa perda de identidade celular, dessa maneira, a célula passa a adquirir a capacidade tronco. Quanto mais indiferenciada a célula tumoral, mais agressivo o câncer. O que diferencia um câncer de um tumor benigno é a sua capacidade de invadir tecidos, o câncer in situ, apesar de ainda não ter invadido outros tecidos, ele já apresenta célula com esse potencial. Dentro dessas mutações que acabam acarretando no desenvolvimento do câncer podemos ter o tipo mutações “drivers”, que são aquelas que acarretam no desenvolvimento do câncer em si, e as mutações “passengers”, não causam o câncer mas acompanham as mutações driver. O câncer é uma massa de células heterogênea com diversas características moleculares diferentes umas das outras, para a maioria dos cânceres sólidos (não envolvendo a leucemia), cerca de 3 a 7 genes precisam ser mutados (drivers) para que tenhamos a origem e o desenvolvimento do câncer, ao mesmo tempo, de 25-75 genes sofrem mutações “passengers”. Expansão clonal: diz respeito ao fato de que uma célula mutada pode passar a mutação para suas células filhas que poderão sofrer novas mutações e passar, então, as duas mutações para as suas células filhas (novos clones), que poderão sofrer novas e assim por diante. Dando origem a diferentes linhagens de células com acúmulos de mutações. Dessa forma, o câncer é uma doença essencialmente genética, e que, apenas uma mutação de um gene não leva ao desenvolvimento do câncer, sendo necessário desmantelar muitos dos elementos dos controles celulares. Vários genes precisam estar mutados. Mutações adquiridas ao longo do tempo, de forma sequencial, nas células somáticas que se acumulam acabam por levar ao tumor Portanto, uma mutação não leva ao câncer, mas uma mutação no gene driver aumenta o risco de ocorrer o processo tumoral. Capacidades essenciais do câncer – Hallmarks os Cancer: apesar das mutações levarem ao desenvolvimento do câncer, não é qualquer mutação acontecendo em qualquer gene, mas sim, aquelas que ocorrem em posições especiais que acabam levando a essa transformação tumoral. Como fatores essenciais para o câncer se desenvolver, temos que ter uma auto-suficiência em sinais de crescimento, insensibilidade aos sinais de anti-crescimento, invasão tecidual e metástase, potencial replicativo ilimitado, angiogêneses sustentada e evasão da apoptose. Se um câncer se desenvolveu é porque as células superaram os mecanismos de defesa do organismo. Ao passo que a célula normal evolui progressivamente para um estado neoplásico, ela vai adquirindo essas capacidades biológicas através de mutações e epimutações nos genes que, agora alterados, garantem essas capacidades. A sucessão das aquisições dessas capacidades e o processo de várias etapas da patogênese do tumor humano poderiam ser racionalizadas pela necessidade das células cancerígenas adquirirem as 17 características que lhes permitam torna-se tumorigênicas e, finalmente, malignas. A aquisição de cada capacidade significa superar um mecanismo regulador separado, ou uma linha de defesa do organismo. Compatíveis com essa proposta, os estudos clássicos de incidência de cânceres epiteliais comuns sugeriram que era necessário de 3 a 7 eventos (driver mutations) independentes para a geração de um tumor maligno. - Auto-suficiência em sinais de crescimento: os genes que garantem os sinais de crescimento estão agrupados em nos grupos de proto-oncogenes, quando eles sofrem uma mutação de ganho de função, eles passam a ser chamados de oncogenes. Um exemplo é o gene MYC, que é também um fator de transcrição, estando relacionado com o processo das divisões, quando ele estiver mutado ele se torna um oncogene. Um outro exemplo é o HER2, um receptor de membrana que responde aos fatores de crescimento, permitindo a liberação de sinais para que a células se prepare para a mitose, algumas mutações de ponto podem tornar esses receptores hiperativos, dessa maneira, mesmo sem fatores de crescimento, esse receptor pode enviar ainda as sinalizações intracelulares. Os fatores de crescimento são captados por receptores de outras células, mandando uma sinalização intracelular que permite a transcrição de fatores para a proliferação celular, os proto-oncogenes são todos esses genes formadores dos fatores das vias de crescimento que temos normalmente em nossas células, quando qualquer parte dessa via estiver em maior quantidade ou for super-ativado será em decorrência da formação dos oncogenes. A ativação do proto-oncogenes em oncogene envolve ganho de função, que pode ser obtido por diversas maneiras, como ocorrer por translocação ou transposição da região promotora por um novo promotor, por uma amplificação gênica e por uma mutação de ponto no promotor ou no próprio gene. - Insensibilidade aos sinais anti-crescimento: relacionados aos mecanismos de parada do ciclo celular quando houver um dano ao DNA. Essas proteínas, supressoras de tumores, acabam apresentando uma mutação causando uma perda de sua função, aumentando a chance do tumor se desenvolver. Os supressores de tumores são guardiões e cuidadores da célula, sua função é prevenir os erros no DNA durante a replicação, detectar esses erros, revenir a replicação do DNA danificado e iniciar a apoptose no caso de não reparação. Por exemplo, p53 (TP53), envolvido em enviar sinais intracelulares, que quando houver anormalidades ele consegue segurar a divisão e até mesmo disparar apoptose. Outra proteína supressora é o RB, que integra os sinais extracelulares e intracelulares, e decide se a célula deve continuar crescendo e dividindo. Uma outra molécula relacionada ao surgimento dos tumores é a BRCA1 mutada, relacionado com o câncer de mama. As mutações desses supressores é explicada pela hipótese dos dois Hits, que diz que, para que haja uma perda de função, a mutação deve ocorrer nos dois alelos, havendo dois cenários possíveis. Em um, o indivíduo já apresenta um alelo mutado de forma hereditária, dessa maneira se torna mais fácil para ele desenvolver a perda de função dessas proteínas quando ocorrer uma outra mutação no outro alelo. O outro cenário envolve uma pessoa sofrer duas mutações nos mesmos alelos na mesma célula, muito mais difícil de ocorrer. Essas mutações podem ser de ponto,deleção, por metilação do DNA no promotor e miRNAs com expressão alterada. - Evasão da apoptose: normalmente, stress celular dispara sinais para a apoptose, o tumor consegue resistir a esses sinais. Se houver alguma mutação que cause a perda de função dessas proteínas sinalizadoras, como a APC (controla a apoptose via BCL2) a apoptose não ocorre. - Potencial replicativo ilimitado: as células normais possuem número limitado de divisões (encurtamento do telômero – limite Hayflick), uma forma de senescência celular. A célula tumoral escapa desse controle por meio da ativação da enzima telomerase (adicionando segmentos ao telômero, reiniciando o potencial replicativo ilimitado). - Angiogênese sustentada: como os tecidos normais, os tumores necessitam de nutrientes e oxigênio e capacidade de eliminar os resíduos do metabolismo e dióxido de carbono. A angiogênese normal no adulto só ocorre durante o processo de reparação tecidual ou no ciclo reprodutivo feminino. No câncer, há controvérsias, mas em uma hipótese se pensa que as células do tumor secretam substâncias que promovem angiogênese (mutação?), uma outra hipótese é que esses fatores angiogênicos são uma resposta do organismo em direção ao tumor (hipóxia). O RAS e MYC são capazes de aumentar os fatores da angiogênese. - Ativação da invasão e metástase: a célula tumoral consegue induzir a quebra da matriz extra celular (MEC) e membrana basal, ocorrendo o desprendimento das células epiteliais que se tornam móveis. Alguns exemplos são as enzimas que degradam a MEC – MMPs, a perda da função da E-caderina (que garante a adesão das células epiteliais) ou ativação da N-caderina (células mesenquimais, fornecendo um fenótipo mais diferenciado da célula epitelial). Recentemente, duas novas capacidades foram adicionadas recentemente à aquisição dessas capacidades da célula tumoral, é possível através de duas características que as habilitam para esta aquisição. Esses mecanismos são desregulações do metabolismo energético celular e a capacidade de fugir do sistema imune. Além disso, as células 18 tumorais apresentam algumas características que as ajudam no ganho dessas capacidades, como a instabilidade do gene e mutação e os fatores pró-inflamatórios liberados pelas células. - Instabilidade genética: é uma das características chaves das células tumorais, é vista em nível cromossomal, sequência do DNA e nos fatores epigenéticos. Como a célula tumoral foi acumulando mutações necessárias à tumorigênese (instabilidade), elas passam a apresentar alto índice de mutações e aneuploidias. As primeiras mutações aumentam drasticamente a chance de mutações que aparecem mais tarde. O acúmulo de mutações pode ser acelerado com o comprometimento do sistema de vigilância (que normalmente monitora a integridade genômica responsável por levar as células danificadas geneticamente à senescência ou apoptose). Todos esses passos podem ser vistos durante o desenvolvimento do câncer. Os tumores malignos se desenvolvem ao longo dos estágios marcados pelo aumento de crescimento e pela perda de identidade celular. Os estágios mais precoces são os mais críticos, porque essas mutações devem causar instabilidade ou uma vantagem multiplicativa em uma célula relativamente normal que ainda tem intacta as suas defesas. Origem e progressão do câncer: o início do processo oncogênico se da por meio de ganho de funções pelos oncogenes e por perda de função pelos genes supressores de tumor, a mutação nesses genes promovem uma maior instabilidade em decorrência do aumento das mutações e alterações cromossômicas que se acumulam. Citogenética do câncer: em geral, as células tumorais tem cariótipo excessivamente anormais, com muitos ganhos, muitas perdas e muitos rearranjos. Tudo isso como resultado da alteração nos sistemas que cuidam da integridade cromossômica. Quando essas alterações forem em genes passengers, não temos problemas, no entanto, quando ocorrer em genes drivers temos o desenvolvimento e progressão do tumor. Por exemplo, a translocação pode agir como driver por ativar oncogenes, no caso da leucemia mielóide crônica temos a geração do chamado cromossomo Philadelphia – t(9;22), em que o proto-oncogene ABL localizado no 9q que vai para região do ponto de quebra do gene BCR em 22q, acarretando na formação de uma proteína quimérica que vai ter sua atividade aumentado, por ganho de função. Epigenética do câncer: Além disso, as alterações por epimutações também levam à alteração de expressão de determinados genes e que serão passadas para as células filhas. Em casos de uma hipermetilação dos supressores de tumor, esses genes não são expressos. Esse tipo de alteração epigenética é bastante comum, principalmente nos cânceres de cólon, gástrico e fígado. Quando ocorre hipometilação do DNA de forma generalizada aumenta a instabilidade genômica, esse processo ocorre em regiões de repetição, promotores não densos em CpG, íntrons e regiões intergênicas, ativando genes específicos como imprinting e miRNAs. Os microRNAs são pequenas moléculas de RNA que modulam a expressão gênica se ligando especificamente ao RNAm. Normalmente, eles tem função de repressão no gene alvo. Diferentes miRNA podem agir como oncogenes ou supressores de tumor. Da mesma forma como ocorre com os genes que codificam proteínas, a expressão de miRNAs está alterada nos tumores através de amplificações, deleções e mecanismos epigenéticos. Lembrando que, um único miRNA pode afetar a expressão de vários genes. E um mesmo gene pode controlar diversos miRNA. Heterogeneidade intratumoral: pode ser um problema para as terapias, pois podem conferir certa resistência aos quimioterápicos. As mutações drivers permitem que o câncer tenha a sua progressão e se espalhe, as mutações passengers não são relevantes para a progressão do tumor em si, mas acabam conferindo uma mudança da célula, causando essa heterogeneidade, dificultando o tratamento quimioterápico. No entanto, as mutações passengers podem servir como alvos terápicos. Temos dois modelos que propõem a iniciação e manutenção da massa tumoral. No modelo estocástico (aleatório) de câncer, quase todas as células no tumor tem a mesma habilidade de contribuir para a iniciação do crescimento. No modelo de célula tronco tumoral, apenas um grupo de células dentro da massa tumoral pode iniciar e manter o crescimento desse tumor, essas células são chamadas de células tronco tumorais. Os dois modelos têm sido usados para explicar o crescimento e progressão do tumor, o interesse no estudo desses dois modelos vem do fato de que há um acúmulo de evidências de que as células-tronco tumorais, ou células iniciadoras de tumor, são resistentes à quimioterapia e radioterapia convencional. Para as leucemias, o modelo das células tronco tumorais são aceitos, enquanto que para os tumores sólidos as pesquisas indicam o modelo das células tronco também. 19 Assinatura dos tumores: cada tipo de tumor, seja de pulmão ou de mama, apresentará um conjunto específico de genes mutados (driver genes), que serão comuns àquele tipo de tumor (assinaturas). Dentro de um mesmo tipo de câncer, pode haver assinaturas diferentes que irão se correlacionar com o tratamento específico e prognóstico, garantindo a individualização das terapias. Segundo um estudo publicado na Science, existem tecidos que 2/3 das variações do rico de câncer entre os tecidos pode ser explicado pela diferenciação no número de divisões das células-tronco (erros durante a replicação do DNA). Em resumo, o câncer pode ser causado por mutações que podem ser herdadas, induzidas por fatores ambientais e resultados de erros na replicação do DNA. Cada tipo de câncer terá uma contribuição maior de um desses três fatores mutacionais. Essas mutações que ocorrem devido ao erro na replicação do DNA parecem ser mais frequentes do que as induzidas pelo ambiente. Mas como câncer é resultado do acúmulo de mutações, a mutação que tem origem nofator ambiental também é importante para o desenvolvimento da doença. Dessa forma, existe uma grande fração de cânceres que pode ser prevenida com o controle de agentes ambientais. Mais estudos ainda são necessários para se medir o efeito do fator ambiental sobre os erros de replicação do DNA. Pensando no controle dos fatores ambientais em relação à prevenção do câncer, segundo um estudo publicado no Brasil, a incidência dos cânceres do trato respiratório e de cólon e reto poderiam ser reduzidas pela metade caso os cinco fatores de risco (tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física) fossem eliminados. O conhecimento da genética e da biologia molecular das células tumorais são importante para o entendimento dos mecanismos celulares normais, identificação dos genes envolvidos no câncer, desenvolvimento de terapias específicas, terapia gênica e epigenética, identificação de fatores de risco (SNPS) e diagnóstico precoce. Diagnóstico: temos a biópsia líquida, em que o exame de sangue busca fragmentos de DNA do tumor, havendo uma análise molecular do plasma, onde fragmentos de DNA do tumor circulam, a presença de uma mutação pode detectar a recidiva do câncer antes mesmo de o tumor se formar. Com a análise do DNA, o exame revela o risco de o câncer voltar e se há células cancerígenas resistentes. Além disso, a farmacogenética pode ajudar na previsão da eficácia e da toxicidade do tratamento, avaliando o tipo de tumor, mutação e o melhor tratamento para ele. As terapias epigenéticas obtiveram sucesso em tornar a epimutação reversível, usado para o tratamento de linfoma célula T e síndrome mielodisplásica. 20 Oncogenética O câncer é uma doença de origem genética, provocada por mutações que vão alterar nosso material genético, fazendo com que as células tenham um comportamento diferente, que associados aos fatores ambientais, vão interagir com essa atividade gênica provocando a diferenciação e modificação da função celular. Essas mutações podem ser herdadas dos antepassados, fazendo parte do background genético, ou que, devido ao acaso, se acumulam ao longo da vida. Dessa maneira, essas mutações podem ser classificadas como somáticas ou germinativas. As mutações da linhagem germinativa nos acompanham desde o início, e todas as células do nosso organismo vão ser portadoras dessas mutações. As células somáticas são aquelas que vão ser originadas ao longo de nossa vida, dessa maneira, não temos ela distribuída de forma uniforme por todas as células, e dessa maneira, não pode ser transmitida para os descendentes. Para desenvolvermos o câncer, precisamos de um acúmulo de mutações, e então a célula sofre uma transformação, perdendo o controle de sua divisão celular, passando a se proliferar indefinidamente. Dessa forma, a diferença de um câncer esporádico e hereditário é que no hereditário, todas as células têm esse indício de que podem se tornar uma célula tumoral, enquanto que o esporádico as acumulações tem que ocorrer de forma aleatória, mas que se desenvolvam nas mesmas células, escapando dos sistemas de defesa do organismo, que vão se tornando mais fracos a medida que o indivíduo envelhece. Entre 5-10% dos tumores são do tipo hereditário, a maior parte é o esporádico. No câncer de mama, muito prevalente na população (1/12 mulheres vão o desenvolver), mas desses com câncer de mama, apenas 5% dos casos vão ser de origem hereditária/germinativa, o restante se desenvolveu por fatores somáticos e esporádicos. Os tumores esporádicos não apresentam um histórico familiar rico, a família apresenta poucos casos, e se originam, normalmente, na terceira idade e vida pós-reprodutiva, garantindo o acúmulo de mutações. No câncer hereditário, conseguimos observar vários indivíduos com o câncer na família, dessa forma temos um acúmulo de mutações desenvolvidas ao longo das gerações, o grau histológico das células são mais agressivos que os esporádicos, e a idade de manifestação é mais precoce, ainda na juventude. Alfred Knudson descobriu sobre a hipótese dos dois passos da carcinogênese, estudou bastante sobre os genes supressores de tumor, sendo que a perda de função de proteção celular fornecido por eles, está bastante relacionado ao desenvolvimento do câncer. Um dos tumores estudados foi o retinoblastoma, um tumor ocular provocado pela perda de função do gene RB1, quando o tumor é esporádico, conseguimos notar que poucos indivíduos são afetados, e acometem apenas um olho, e quando for hereditário, a incidência é muito grande em determinadas famílias, ainda em idades jovens, podendo acometer os dois olhos. Nessas famílias, todas as células da retina apresentam um passo (um alelo) para a carcinogênese, se tornando mais fácil para que essa célula sofram uma mutação do outro alelo do gene RB1, e dessa maneira, mais pessoas desenvolvem o tumor. Nas mutações herdadas, todas as células vão apresentar esse gene mutado, mas o desenvolvimento do câncer se dará em apenas alguns tecidos e não em todos, isso ocorre pois cada tecido apresenta a atuação de diferentes genes. O RB1 atua mais na retina do que nas células de mama ou de fígado. 21 Fatores de risco: os genes que estão associados a um risco de predisposição hereditária ao câncer, determinam o aparecimento de câncer em idades precoce (abaixo de 50 anos), as famílias nesse caso apresenta vários indivíduos que apresentam tumores, além disso, as observações histológicas indicam lesões precursoras mais agressivas e definidas, o acometimento é multifocal ou bilateral (se desenvolve nas duas mamas, nos dois olhos), apresentam mais de um tumor primário (tumor de adrenal quando criança, depois de alguns anos passa a ter leucemia, e mais alguns desenvolve o tumor de mama). Na clínica, para avaliarmos se é realmente uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer, precisamos realizar uma anamnese detalhada, exame físico e construção de um heredograma, que deve apresentar, no mínimo, até três gerações, deve-se perguntar sobre evidências diagnóstica e detalhes, comprovantes médicos, consanguinidade e origem étnica, a exposição ambiental, hábitos e sua duração (tabaco/álcool), sobre algumas dietas (rica em sal, carne vermelha). A etnia é importante pois em algumas temos mais incidentes de tumores que outros. Judeus Ashkenazi, descendentes de noruegueses, holandeses, islandeses, afro-americanos, hispânicos, orientais e brancos não-hispânicos. Classificação do câncer quanto ao componente hereditário: As síndromes de predisposição hereditária ao câncer, mais raro (5-10%), atribuem um risco elevado de alguns tipos de tumores. Em algumas famílias, apesar de apresentar uma incidência elevado de câncer nela, não é possível estabelecer uma relação genética, chamado de agrupamentos familiares de câncer (20-30%), podendo estar associados a fatores ambientais e genético. Por fim, temos os tumores esporádicos, de origem mais tardia, estando associados aos tumores mais prevalentes da população (70%). Na síndrome de predisposição hereditária, relativamente raras, geralmente de etiologia monogênica e representam em média 5-10% das ocorrências no câncer da população em geral. Nos agrupamentos familiares de câncer, não temos um padrão definido de herança, apresenta alta frequência de tumores múltiplos, em idade precoce, e tendo como etiologia os fatores ambientais e genéticos (polimorfismo modificadores de risco). Dessa forma, é fundamental pegarmos a história familiar desses indivíduos, e o quanto antes conseguirmos estabelecer essa relação, podemos identificar mais precocemente. Mas nem sempre a nossa investigação consegue elucidar esses fatores, por conta dos fatores de confusão, grande parte das famílias hoje são pequenas, tendo uma dificuldade de confirmação da história familial (laudos médios, indivíduos adotados e outros), em alguns casos pode ocorrer mutações de
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