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Simone Pereira dos Santos ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 2021 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Pré-Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial da Disciplina de Pesquisa e Prática em Educação do curso Superior em Pedagogia apresentado a Universidade Estácio de Sá. 2021 1. INTRODUÇÃO: Na busca de compreender o processo de alfabetização e letramento usando rótulos e embalagens na educação infantil utilizamos atividades com portadores de texto no qual os alunos já estão habituados. Ao inserir atividades lúdicas percebe -se o empenho dos alunos com relação ao conteúdo que está sendo ministrado em sala ou até mesmo fora dela. Quando professor inova nas suas metodologias de ensino oportuniza uma nova prática e descobre que lúdico também se faz eficaz. E, a criança se desenvolve quando participa ativamente das atividades intermediadas pelo professor. Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado ate por que alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, interpretar mas, que responde adequadamente às demandas da sociedade voltada ao uso adequado da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser não apenas alfabetizado, mas também letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social de cada um. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada. O presente artigo tem como problema de pesquisa responder como os rótulos e embalagens podem ser usados como recursos pedagógicos no processo de alfabetização e letramento na educação infantil. O objetivo geral é desenvolver atividades explorando os portadores de textos na educação infantil tomando como base os rótulos e embalagens com intuito de desenvolver habilidades de letramento e por consequente alfabetização. O conceito de alfabetização para Paulo freire tem um significado mais abrangente na medida em que vai além do domínio do código escrito, ele tinha uma visão mais ampla desse conceito, enquanto prática discursiva que possibilita uma leitura critica da realidade. Ele defendia a ideia O conceito de alfabetização para Paulo freire tem um significado mais abrangente na medida em que vai além do domínio do código escrito, ele tinha uma visão mais ampla desse conceito, enquanto prática discursiva que possibilita uma leitura critica da realidade. Ele defendia a idéia de que o ser humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e escrever defendia que a leitura do mundo precede a leitura da palavra fundamentando se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos linguísticos, já lia o seu mundo. A ideia de que o ser humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e escrever defendia que a leitura do mundo precede a leitura da palavra fundamentando se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos linguísticos, já lia o seu mundo. O ensino e a aprendizagem ocorrem em diferentes ambientes, mas o ensino desenvolvido dentro do espaço escolar tem o diferencial de trazer aos alunos um saber sistematizado e ao mesmo tempo graduado em anos com conteúdos pré-selecionados em um crescente desenvolvimento, atendendo a educação contemporânea (Senna, 2007). Todo o processo educativo, seja formal ou informal só é possível através da linguagem oral ou escrita. Através dela o homem questiona sobre a realidade, percebida e concebida individualmente. Assim, é a língua o principal instrumento de conhecimento do mundo pelo sujeito (Reily, 2004). Soares (2004, p.7) afirma que, [...] no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem, sendo possível perceber uma progressiva extensão do conceito de alfabetização em direção ao conceito de letramento: do saber ler e escrever em direção ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita. A partir da minha vivência como professora de educação infantil percebi a importância de introduzir atividades com material concreto usando variados portadores textos, com intuito de inserir as crianças no mundo letrado e por consequente no processo de alfabetização e sempre valorizando o conhecimento prévio das crianças sobre o assunto. Nesse trabalho iremos trabalhar com rótulos e embalagens em diversas atividades em sala de aula. A alfabetização é um processo que não termina, pois no decorrer de nossas vidas estaremos sempre em constante aprendizagem, seja na questão intelectual na escrita ou na fala estar aprendendo é estar se alfabetizando. Sugestão de Alfabeto dos Rótulos de Marcas para ser utilizado em sala de aula. Uma ideia simples e interessante de se colocar em prática, e chama atenção dos alunos fazendo com que eles identifiquem os produtos em casa e assim assimilar o que foi falado em sala de aula. 1.3 APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS DE PESQUISA Essa pesquisa tem por objetivo geral o intuito de estudar, analisar, perceber e compreender como assimilar as imagens com as letras, interferem de maneira produtiva no processo de desenvolvimento e aprendizagem na Educação Infantil e assim contribuir de uma maneira positiva e de forma eficaz para a educação no processo de Alfabetização e letramento, enriquecendo a dinâmica das relações sociais em sala de aula . Utilizar o conhecimento prévio das crianças sobre rótulos e embalagens para trabalharmos atividades que envolvam o processo de letramento e alfabetização em uma sequência didáticas. Estimular as crianças o reconhecimento de rótulos e embalagens usados por meio de letras e palavras; Identificar as principais informações contidas nas embalagens e nos rótulos; Utilizar o conhecimento prévio das crianças sobre rótulos e embalagens para trabalharmos atividades que envolvam processo; Possibilitar o educando uma nova possibilidade de leitura através da linguagem já conhecida em seu cotidiano. O professor ao receber a sala de aula, deve tornar o ambiente letrado, é importante etiquetar todo o ambiente, identificando cada objeto da sala de aula, nos mínimos detalhes. Sempre com um contexto significativo, o aluno precisa entender, o porquê daquelas letras, assim como símbolos e números. A avaliação do trabalho com rótulo e embalagens ocorreu durante todo o desenvolvimento do projeto, apoiada em questões pré-estabelecidas que sirvam para verificar se ocorreu a compreensão por parte dos alunos ou se é preciso retomar algum item para melhor assimilação. - Aluno/a identifica a função social dos rótulos e embalagens? - Utiliza as imagens para ler o texto? - Identifica e reconhece os tipos e os tamanhos de letra nos rótulos e nas embalagens? - Identifica e reconhece o produto nos rótulos o produto nos rótulos e nas embalagens? - Localiza a data de validade do produto? - Identifica a composição do produto? - Reconhece o modo de usar e armazenar do produto? 1. 4 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa busca discorrer sobre a introdução do uso dos portadores textuais: rótulos e embalagens na educação infantil para desenvolvimento do processo de letramento e alfabetização. Vivemos em uma sociedade no qual o letramento e base da maioria das ações como vemos jornais, revistas, embalagens e rótulos. Alfabetizar e letrar são conceitos diferentes, mas que andam de forma conjunta. De maneira geral a alfabetização se dá como o processo de aprender a ler e escrever. E, o letramento como aquisição de práticas de leitura e escrita no contexto social. Tendo em vista que as crianças também têm conhecimento prévio sobre rótulos e embalagens da se a importância de trabalhar de forma didático pedagógica através de atividades usando rótulos e embalagens para atingir de forma satisfatóriano processo de alfabetização e letramento. A sequência didática é uma metodologia que se adapta a qualquer gênero textual e que tem o objetivo de preparar o aluno para a etapa seguinte do conteúdo partindo do mais simples para o mais complexo. O professor deve elaborar suas atividades tendo em mente que nesta metodologia sempre é possível fazer adaptações que promovam uma melhor aprendizagem para o grupo 1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA Inicialmente a pesquisa será feita em uma revisão bibliográfica através dos autores que abordam as questões da alfabetização e letramento, como Ana Teberosky, Emília Ferreiro e Magda Soares. E, os documentos que apoio para definição da educação infantil e os currículos para esta fase. De acordo com Gil (2008) este tipo de pesquisa é desenvolvido, “a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Após este estudo partiremos por uma pesquisa de abordagem qualitativa, como método o estudo de caso. “A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim, com os aprofundamentos da compreensão de um grupo social, de uma organização etc.”. (Goldeberg, 1999). O campo de pesquisa será o Núcleo de Educação Infantil Criança Feliz, localizado no Bairro da Massagueira em Marechal Deodoro Alagoas. Será realizada com catorze crianças com faixa etária de 3 e 4 anos de idade. Irá ser realizado um levantamento prévio dos conhecimentos com as crianças através de uma conversa informal sobre rótulos e embalagens, onde encontramos? Para que servem? O que as embalagens e os rótulos informam? Todas as respostas serão pontuadas e seguiremos no projeto que servirá de coleta de dados. A avaliação se dará pelo envolvimento das crianças nas atividades realizadas. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Educação infantil De acordo com artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e compreende crianças de 0 a 5 anos de idade, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando ação da família e da sociedade. No artigo 30 da respectiva lei a educação infantil será organizada em creches para crianças de zero até três anos de idade e pré -escolas, para crianças de quatro a cinco anos de idade, - nesse caso obrigatório para essa faixa de idade como encontramos na emenda constitucional n ° 59 / 2009.” A educação básica obrigatória e gratuita 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. É dever do Estado oferecer escola pública e gratuita e de qualidade sem requisitos de seleção. O ingresso da criança na educação infantil requer recomendação quanto ao corte etário vemos isso no documento das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI). “É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula”. (2010) E, foi a partir da modificação introduzida na LDB em 2006 que antecipou o ingresso do ensino fundamental aos 6 anos. De acordo com Referencial Curricular para Nacional para Educação Infantil (RCNEI) de 1998 a educação infantil se faz dentro das creches, entidades equivalentes e pré escola. Educação infantil é a primeira etapa da jornada escolar, período de adaptação tanto da criança quanto para os pais, já que ela ficará um turno ou até dois turnos ausentes de sua casa. Por este motivo se faz necessário que escola esteja apta a receber esse aluno em um ambiente acolhedor e que propicie o desenvolvimento desta criança e garanta seus direitos de aprendizagem. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2010)27, em seu Artigo 4º, definem a criança como sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2010). As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), aborda que o currículo dessa faixa etária de 0 aos 5 anos 11 deve respeitar as vivências dessas crianças. Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (BRASIL, 2010) E, ainda nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, descreve que as práticas pedagógicas devem ter como eixo norteadores interação e brincadeiras e garantir diversas experiências. Como promover o conhecimento de si e do mundo, favorecer o conhecimento das crianças nas diferentes linguagens, possibilitar as crianças experiências de narração, apreciação e interação com linguagem oral e escrita, recriar contextos de quantidade, medidas e formas, ampliar confiança e participação, possibilitar situações de aprendizagem para sua autonomia, possibilitar vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, incentivar curiosidade e exploração, interação com diversos segmentos das artes, promover cuidado e a preservação com meio ambiente, promover a interação com a cultura brasileira e possibilitar o uso de diversas mídias. De acordo com texto das Diretrizes e Curriculares Nacionais da Educação Infantil as escolas que irão elaborar os modos de integração destas experiências de acordo com suas características locais. No próximo tópico iremos abordar a Base Comum Curricular Nacional para ensino infantil e ensino fundamental homologada em dezembro de 2017. 2.2 Base Comum Curricular Nacional (BNCC) A BNCC é um documento que regulamenta quais são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas públicas e privadas no ensino infantil, nos ensinos fundamentais e ensino médio. A BNCC é uma referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1, e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)2. (BRASIL,2017) Este trabalho está centrado na educação infantil e daremos continuidade fazendo recorte da Base Comum Curricular Nacional para essa primeira fase da educação básica. A BNCC para educação infantil aborda seis direitos de aprendizagens e desenvolvimento. Esses direitos tem por base os eixos estruturantes das práticas pedagógicas citados no corpo do texto das DCNEI que são as interações e brincadeiras. ● Conviver. ● Brincar. ● Participar. ● Explorar. ● Expressar. ● Conhecer-se. Com base nos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento a BNCC estabelece cinco campos de experiências. ● O eu, o outro e o nós. ● Corpo, gestos e movimentos. ● Traços, sons, cores e formas. ● Escuta, fala, pensamento e imaginação. ● Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. “Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos por faixa etária.” (BRASIL, 2017) Faixasetárias ficam definidas: Bebês: zero a 1 ano e 6 meses Crianças bem pequenas: (1 ano e 7 meses à 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos à 5 anos e 11 meses) Para continuidade deste artigo iremos esboçar sobre campo de experiência Escuta, fala, pensamento e imaginação que aborda atividades que valorizam a comunicação. O uso do gosto pela leitura escrita. Vamos transcrever o que o documento da BNCC descreve sobre este campo de experiência. A BNCC discorre que desde cedo a crianças vivenciam situações comunicativas e se faz necessário que na educação infantil seja ambiente que oportunize o enriquecimento do vocabulário e promova participação nas múltiplas linguagens, pois dessa forma ela se constitui como sujeito social. Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua. (BRASIL, 2017). A Base Comum Curricular é documento norteador aos professores que define conjunto de aprendizagens a serem desenvolvidas em sala de aula. No próximo tópico abordaremos os conceitos de alfabetização e letramento. E, o uso das embalagens e rótulos na educação infantil. 2. Alfabetizar, letrar e o uso das embalagens e rótulos. A alfabetização processo de aprendizagem onde sujeito desenvolve habilidade de ler e escrever. Para Soares (2005, p. 24) chamamos de alfabetização o ensino e o aprendizado da linguagem humana; a escrita alfabética- ortográfica. O ensino do processo de alfabetização para professor se tornou tarefa importante, pelo fato de não somente ensinar a ler e escrever, mas preparar o aluno para interpretar os contextos de leitura em sociedade. Kramer (1986) aponta que o professor deve levar em conta o conceito de alfabetização e o valor atribuído à aquisição da linguagem escrita pelo grupo social a que pertence a criança. E, ainda considerar o grau de familiaridade da criança em relação, a livros, jornais e revistas. De Entende-se que alfabetizar é ato de decodificar, mas é preciso ir além, para isso as informações devem ser interpretadas para que o sujeito possa compreender as práticas de leitura no contexto social. Nessa vertente surgiu termo letramento que foi citado a primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística em 1986. Depois foi usado em diversos livros no Brasil. Em Soares (1999) aborda a diferença entre sujeito alfabetizado e letrado, o indivíduo alfabetizado que sabe ler e escrever, já letrado não sabe somente ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura. Durante o processo de alfabetização no ambiente escolar se faz necessário que professor insira o aluno à cultura letrada mostrando textos em livros, revistas, jornais embalagens e rótulos. Para Ana Teberosky (2018), “um ambiente alfabetizador é aquele onde há cultura letrada com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritores que circulam socialmente”. De acordo com Emília Ferreiro, (1996) “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.” A alfabetização e letramento tem conceitos distintos, mas são indissociáveis. Enquanto uma ensina a decodificar a língua materna, a outra faz com que a criança compreenda o uso social da linguagem. Diante desses conceitos partiremos para elaboração das atividades com uso de embalagens e rótulos. Realizamos Identificação quanto ao uso, ao conteúdo e dessa forma realizamos uma leitura de mundo com as crianças. Durante minha experiência em sala de aula com alunos da educação infantil elaborei algumas atividades com intuito de aguçar a curiosidade e interesse em participar. E, também aprender de forma lúdica com esses portadores de texto. Na primeira semana elaboramos um mural da higiene. Antecipadamente os alunos trouxeram de casa embalagens de produtos que eles usam para sua higiene. Analisamos as embalagens quanto a cor, se havia letras nos quais eles já reconheciam ou até mesmo números. Abordamos também a importância dos bons hábitos de higiene pessoal. Na segunda semana fizemos abordagem sobre a importância dos alimentos saudáveis da mesma forma da atividade anterior os alunos trouxeram embalagens e rótulos de alimentos que eles consumiam em casa. Em sala separamos em dois grupos os alimentos que são saudáveis e benéficos ao desenvolvimento e os alimentos que não são saudáveis e fazem mal a nossa saúde. Concluímos nossa atividade com piquenique com diversas frutas. Na terceira semana levei para sala de aula o alfabeto formado com as letras iniciais dos rótulos e embalagens. Analisamos todas as letras, perguntei se eles já identificavam alguma letra nos rótulos e embalagens. E, em seguida trabalhamos as letras iniciais dos nomes de cada aluno. Na quarta semana pedi que os responsáveis trouxessem rótulos e embalagens diversificadas. Sentamos na roda de conversa e examinamos todos os rótulos. Em seguida disse que nos iriamos separar os rótulos e embalagens de acordo com sua especificidade. Separamos em grupos: higiene pessoal, limpeza, alimentação saudável e alimentação não saudável. Após separação montamos uma venda em sala de aula registramos a brincadeira quanto ao uso de cada rótulo, observamos letras, números, formas, cores, quantidade, tamanho e forma. De acordo com os PCNs: A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição de um ambiente de letramento e alfabetização. A seleção do material escrito, portanto deve estar guiada pela necessidade de iniciar o aluno no contato com os diversos textos e de facilitar os a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam consideradas. Neste sentido os textos de literatura, como jornais, revistas, textos publicitários, propagandas, rótulos, entre outros, são modelos que se podem oferecer para que o aluno aprenda sobre a linguagem que se usa para escrever. Podemos usar variados gêneros textuais para desenvolver a leitura e a escrita de nossos alunos, entre eles podemos citar: receitas culinárias, regras de jogos, textos impressos de embalagens, rótulos de alimentos, anúncios, cartazes, folhetos de lojas e de supermercado contendo promoções variadas, cartões de aniversário e de natal, histórias em quadrinhos, parlendas, canções, poemas, quadrinhas, mitos, lendas, fábulas entre muitos outros gêneros existentes dentro das possibilidades de letramento e alfabetização (BRASIL, 1998, p.58). Conclusão: As atividades foram elaboradas no período de entre os meses de fevereiro e março de 2020. Com intuito de explorar os rótulos e embalagens na educação infantil. Pudemos verificar que estes objetos são portadores de texto e que as crianças já se encontravaminseridas em seu convívio. Realizamos uma leitura contextualizada através das atividades voltadas para lúdico. Observamos que foram momentos prazerosos e de muito aprendizado. De acordo com Parâmetros Curriculares para Educação Infantil (PCNs), “a grande parte das crianças, desde pequenas, estão em contato com a linguagem escrita por meio dos seus diferentes portadores de texto, como livros, jornais, embalagens, cartazes, placas de ônibus etc.”. É muito importante que o professor compreenda como uma criança aprende aquilo que se quer ensinar porque todo profissional de sucesso conhece o seu objeto de trabalho, por exemplo o cardiologista é um especialista em coração, biólogo é na ciência da natureza e etc. Assim, deve ser o professor na Educação infantil é conhecer como se dá o processo de aprender. Ao se apropriar desse conhecimento o professor estará mais seguro para desenvolver estratégias de ensino que motivem a aprendizagem. O trabalho desenvolvido com rótulos e embalagens foi significativo para trazer um contato que normalmente não se usa no trabalho de alfabetização e letramento, percebendo que a contextualização que existe entre o que é ensinado na escola e o cotidiano dos alunos deve ser sempre valorizado, pois facilita a aprendizagem em todos os sentidos. Através do uso da sequência didática percebeu-se que o fato dos alunos conhecerem antecipadamente as etapas do projeto fez com que a etapa posterior fosse aguardada, o que motivou muito os alunos, fato não observado em aulas normais. . REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: Alfabetização e letramento. Magda Soares. Reflexões sobre alfabetização. Emília Ferreiro BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação doEnsino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa,vol. 2. Brasília, 1997. 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