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Ascite Denomina-se ascite o acúmulo de líquido de origem patológica na cavidade peritoneal. Embora a origem desse líquido possa variar, a maioria das ascites tem como causa a cirrose hepática, em que o líquido é derivado do plasma. Nos casos de cirrose hepática, a ascite é a complicação mais comum e que mais leva à internação hospitalar. O surgimento dessa complicação significa piora do prognóstico de vida dos pacientes e cerca de 15% daqueles que a apresentam morrem em 1 ano. Clínica Na anamnese, deve-se questionar quando surgiu a ascite, que pode ser aguda ou crônica. Além disso, é importante saber sobre o consumo de álcool (qual bebida, frequência e quantidade ingerida), exposição anterior a hepatites virais crônicas, uso de fármacos potencialmente hepatotóxicos e histórico de familiares que faleceram por insuficiência hepática. Se estiver acompanhado de febre ou dor abdominal, pode indicar complicações do quadro. Em geral, as ascites causadas por cirrose não causam dor, a presença dessa queixa pode indicar peritonite bacteriana ou outra causa de ascite (exemplo: neoplasias). Também devemos investigar se houve perda de peso. Exame Clínico Abdominal Inspeção: Em decúbito dorsal, o abdome com ascite assume a forma de “ventre de batráquio”, pois o líquido ocupa preferencialmente os flancos. Em pé, para manter o equilíbrio, o paciente joga o tronco para trás. A distensão do abdome pode provocar o aparecimento de estrias (rosada: recente, brancas: antigas). Além disso, pode ser constatada a presença de circulação colateral venosa, principalmente em ascites de longa duração. Há três tipos: circulação tipo porta (sinal de cabeça de medusa), circulação tipo cava ou mista porto-cava (mais rara). Percussão e Palpação: Nessa etapa estão os principais sinais de pesquisa da ascite. Quantidades de líquidos inferiores a 1,5L dificilmente são detectados por meio da percussão. Nesses casos, utiliza-se a ultrassonografia de abdome. Em decúbito dorsal, o líquido ocupa os flancos. Assim, a “macicez no flanco” é um sinal útil para pesquisa de ascite de pequeno volume e ajuda a diferenciar de outros aumentos de volume abdominal (como cisto no ovário ou gravidez), em que a percussão do flanco não é maciça. Para o sinal de “macicez móvel”, percute-se o flanco até encontrar uma região maciça. Depois, solicita-se ao paciente que fique em decúbito lateral do lado oposto ao que se está percutindo. Então, uma nova percussão no ponto fixado revela som timpânico em razão de deslocamento do líquido, por gravidade, para o lado contralateral. O sinal de piparote é feito com uma mão espalmada sobre um flanco, enquanto no flanco colateral dá um piparote. Assim, forma- se onda no líquido que pode ser sentida na mão espalmada do outro lado. Esse sinal não é útil para o diagnóstico das ascites pequenas, somente nas médias e grandes. Logo, é o sinal menos sensível para diagnosticar, mas um dos mais específicos para ascite. Outro sinal útil para pesquisa de ascite são os semicírculos de Skoda, em que é preciso percutir o abdome a partir da região timpânica para a região maciça. Em caso de ascite, a região timpânica será a parte central do abdome, formando um semicírculo voltado para cima, que se diferencia dos casos de cistos de ovário, bexigoma e gravidez (em que o semicírculo possuirá concavidade voltada para baixo). Classificação • Grau I: ascite leve, detectada apenas por USG. • Grau II: moderada, abaulamento simétrico dos flancos, detectada por macicez móvel. • Grau III: acentuada, marcante distensão abdominal, detectada por sinal de piparote. REFERÊNCIAS: MARTINS, Milton de Arruda et al. Semiologia Clínica. Santana de Parnaíba: Manole, 2021. Sugestão: realizar os sinais de “macicez nos flancos” e “macicez móvel” em todos os casos. Realizar o sinal de piparote em casos de ascite média ou grande. Pesquisar os semicírculos de Skoda em caso de dúvida diagnóstica.
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