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WBA1114_v1.0 Enzimologia Imobilização e aplicações industriais de enzimas Imobilização enzimática: conceito, vantagens e limitações Bloco 1 Rayza Morganna Farias Cavalcanti Imobilização de enzimas • 1940: amilase aplicada na indústria. • Enzimas livres. • Imobilização enzimática. Alto custo. Instáveis. Impossível à recuperação. Dificuldade de separar produto-enzima. Confinamento da biomolécula em um suporte sólido insolúvel, com retenção da atividade catalítica. (SOUZA et al., 2016) Derivado = enzima +suporte/matriz. Por que imobilizar enzimas? Tabela 1 – Vantagens e limitações de enzimas imobilizadas Fonte: adaptada de Basso e Serban (2019, p. 2). Fonte: Adaptado de Basso e Serban (2019, pág. 2) Vantagens Limitações Fácil separação do biocatalisador. Atividade enzimática mais baixa.Custos reduzidos de processamento downstream. Reutilização do biocatalisador. Custos adicionais de suportes, reagentes e processo de imobilização.Melhor estabilidade a temperaturas mais altas e solventes orgânicos. Facilidade na aplicação em reatores enzimáticos. Taxas de reação mais baixas (transferência de massa). Co-imobilização com outras enzimas. Maior resistência a ação de inibidores. Sujeito a incrustações. Figura 1 – Fatores que afetam a imobilização Enzima Suporte Imobilização Métodos Efeitos na transferência de massa Estabilidade operacional Fonte: adaptada de Basso e Serban (2019, p. 2). • Reagentes atóxicos. • Melhoria das propriedades funcionais. • Biocatalisadores versáteis. • Custo. • Processo de imobilização. Critérios Suportes Fonte: adaptado de Adhikari (2019, p. 713). Tipo Natureza química Exemplos de suporte Orgânico (polímero natural). Polissacarídeo. Celulose, alginato, quitosana, agarose. Proteínas. Colágeno, albumina. Orgânico (polímero sintético). Sintético. Poliestireno; Amberlite; DEAE. Orgânico (outro polímero). Tipo misto. Poliacrilamida, poliamadas. Inorgânicos. Minerais naturais. Bentonita, sílica. Materiais processados. Vidro, metais. Quadro 1 – Classificações dos suportes usados para imobilização enzimática Fonte: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Glass_microspherulites.jpg. Acesso em: 1 maio 2022 Figura 3 – Esferas de vidro Figura 2 – Esferas de alginato Fonte: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Enzymes_immobilised_in_alginat e_gel.jpg. Acesso em: 1 maio 2022. Métodos para imobilização enzimática RecuperaçãoEficiênciaRendimento IMOBILIZAÇÃO ENZIMÁTICA Imobilização e aplicações industriais de enzimas Imobilização por adsorção, ligação covalente, reticulação e aprisionamento Bloco 2 Rayza Morganna Farias Cavalcanti Adsorção física • Interações: • Regeneração do suporte. • Limitação: aleatoriedade da interação enzima-suporte. Figura 4 – Enzima adsorvida no suporte Fonte: elaborada pela autora. Figura 5 – Enzima imobilizada por ligação iônica no suporte Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Ion_exchange.jpg. Acesso em: 1 maio 2022. Interações hidrofóbicasVan der WaalsLigações de hidrogênio Ligações iônicas Imobilização covalente • Vários resíduos de aminoácidos ligados covalentemente ao suporte – rigidez estrutural. • Ativação do suporte – gluataraldeído e glioxila. • Ligação covalente multiponto. Fonte: adaptada de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Figure_1_Example_of_Enzyme_ Immobilization_by_Covalent_Binding.png. Acesso em: 30 abr. 2022. Figura 6 – Enzima imobilizada por ligação covalente Reticulação – imobilização sem suporte Figura 8 - Enzima imobilizada por reticulação CLEAs Fonte: adaptada de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:CLEA.jpg. Acesso em: 1 maio 2022. (SOUZA et al., 2016) Reticulados de enzimas (CLEs) Cristais de enzima reticulados (CLECs) Enzimas atomizadas reticuladas (CSDE) Agregados enzimáticos reticulados (CLEAs) Figura 7 – Enzima imobilizada por reticulação CLECs Fonte: adaptada de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:CLEC.png. Acesso em: 3 maio 2022. Aprisionamento Método: polimerização da matriz porosa (suporte) em torno da enzima. Enzima incorporada na mistura reativa a ser polimerizada. Confinamento da enzima no suporte. Figura 9 – Enzima imobilizada aprisionamento Fonte: elaborada pela autora. Co-imobilização. Não há ligação química entre enzima e suporte. Vantagens e limitações dos métodos Tabela 2 – Vantagens e limitações dos métodos de imobilização Fonte: adaptada de Thangaraj e Solomon (2019, p. 162). Métodos Vantagens Limitações Adsorção física Afeta pouco a estrutura da enzima. Facilidade na dessorção da enzima do suporte. Não há limitações de difusão. Simples, baixo custo e aplicável. Sem reagentes de reticulação. Ligação covalente Ligação forte. Enzimas modificadas quimicamente. Não há vazamento da enzima. Baixa imobilização (quantidade). Menor risco de dessorção. Reticulação Ampla aplicabilidade. Pode ocorrer alterações no sítio ativo.Menor risco de dessorção. Baixo vazamento da enzima. Encapsulamento Simples e condições suaves de imobilização. Resistência à transferência de massa para substratos e produtos. Menor chance de mudanças conformacionais. A enzima pode vazar para o meio circundante.Ampla aplicabilidade. Imobilização e aplicações industriais de enzimas Aplicações das enzimas na indústria farmacêutica, alimentícia, têxtil, ração e detergentes Bloco 3 Rayza Morganna Farias Cavalcanti Aplicação industrial • Biotecnologia – Enzimas com propriedades aprimoradas. • Enzimas com ação hidrolítica. AgriculturaSíntese orgânica Processamento de gorduras e óleos Produção de biocombustível Indústria farmacêutica • Enzimas são usadas em diagnóstico clínico - diabetes. • Síntese de compostos farmacêuticos ativos. Enzimas Aplicação Ribonuclease, Serrapeptase Antiviral Dextranase Cárie dentária Catalase Antioxidantes Tirosinase Dopamina (tratamento da doença de Parkison) Quitosanase Fármacos antimicrobianos, antioxidantes L -asparaginase Antitumoral Penicilina oxidase Antibióticos Tabela 3 – Enzimas aplicadas na indústria farmacêutica Fonte: adaptada de Singh et al. (2016, p. 6). Indústria alimentícia • Queijo, massa fermentada, cerveja, vinho e vinagre. • Embalagem ativa. • Indicadores de qualidade e aprimoramento das propriedades físico-químicas. Enzimas Aplicação Protease Coagulação do leite, fórmulas infantis (baixo alergênico), biscoitos Lipase Sabor de queijo Lactase Remoção de lactose (leite) Amilase Maciez e volume do pão, ajuste da farinha Pectinase Produtos à base de frutas, despectinização, maceração Acetolactato descarboxilase Maturação (cerveja) Catalase Embalagem inteligente Tabela 4 – Enzimas aplicadas na indústria alimentícia Fonte: adaptada de Kirk, Borchert e Fuglsang (2002, p. 346). Indústria têxtil • Meio ambiente – biorremedição – ação enzimática. Catalase e lipase – indicadores de degradação de hidrocarbonetos. Enzima Aplicação Celulase Acabamento, amaciamento de algodão Catalase Terminação de branqueamento Lacase Branqueamento, tingimento de tecidos Protease Remoção de escamas de fibras de lã Lipase Remoção de lubrificantes Tabela 5 – Aplicação de enzimas na indústria têxtil Fonte: adaptada de Kirk, Borchert e Fuglsang (2002, pág. 346) Indústria de ração e detergentes Tabela 6 – Aplicações industriais das enzimas em detergentes e ração animal Indústria Enzima Aplicação Detergentes Protease Remoção de manchas de proteína. Amilase Remoção de manchas de amido. Lipase Remoção de manchas de lipídios. Celulase Limpeza, clarificação da cor. Mananase Remoção de manchas de que reaparecem. Ração Fitase Digestibilidade do fitato. Xilanase Digestibilidade. β-glucanase Digestibilidade. Fonte: adaptada de Kir, Borchert e Fuglsang (2002, p. 346). Teoria em Prática Bloco 4 Rayza Morganna Farias Cavalcanti Questão problema No laboratório de análises da empresa Ozto, mundialmente conhecida por aplicar tanases imobilizadas para produção de sucos e chásgelados, os pesquisadores estão investigando a imobilização de tanase por adsorção física em resinas tipo amberlite e DEAE-Sepharose, por ligação covalente em fibras de coco ativadas com glutaraldeído e por aprisionamento em alginato. A Figura 10 apresenta os desempenhos da enzima com relação a estabilidade térmica a 37 °C, ao pH 5,0 e a estabilidade operacional. A empresa utilizou durante a produção de chá verde gelado a enzima tanase imobilizada em DEAE-Sepharose. No entanto, após 15 ciclos de aplicação, os pesquisadores verificaram que não foi detectada atividade enzimática no derivado recuperado e o suco apresentou índices de acidez fora da média. Como pesquisador na área de biotecnologia, aponte as causas e possíveis soluções para superar esta questão com base nos dados obtidos das diferentes imobilizações. Análise dos dados 0 1 2 3 4 5 6 0 20 40 60 80 100 120 DEAE-Sepharose Alginato de cálcio Amberlite Fibra de coco At ivi da de re lat iva (% ) Tempo (h) A) 0 1 2 3 4 5 6 0 20 40 60 80 100 120 At ivi da de re lat iva (% ) Tempo (h) B) 1 2 3 4 5 6 7 8 0 20 40 60 80 100 120 At ivi da de re lat iva (% ) Ciclos de reutilização DEAE-sepharose; Alginato de cálcio; Amberlite; Fibras de cocoC) Figura 10 – Estabilidade térmica (A) e ao pH (B) e ciclos de reutilização (C) da tanase imobilizada por adsorção física, aprisionamento e ligação covalente Fonte: elaborada pela autora. Norte para a resolução • DEAE-Sepharose – Imobilização por ligação iônica; alto custo. • O que pode ter provocado a perda da atividade do derivado? Dessorção! • Acidez? Presença da enzima no suco e liberação de produtos no meio reacional. • Soluções: • Substituir o método e suporte. • Analisar o suporte que promoveu maior estabilidade térmica e ao pH. • Analisar custos e disponibilidade do suporte. • Toxicidade dos reagentes para aplicação. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Rayza Morganna Farias Cavalcanti Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 O presente estudo analisa a aplicação de fosfolipase livre e imobilizada em alginato de cálcio na hidrólise de lipídeos presentes em efluentes de abatedouro de suínos, a reutilização do biocatalisador imobilizado e a estabilidade ao armazenamento. Referência KEMKPA, A. P. et al. Fosfolipase imobilizada na hidrólise da fração lipídica de efluente de frigorífico de suínos: comparação com a enzima livre. Engenharia Sanitária e ambiental, v. 23, n.2, 2018. Indicação de leitura 2 Nesta tese, a lipase de Thermomyces lanuginosus foi analisada quanto à imobilização empregando diferentes métodos e suportes. Em seguida, o biocatalisador imobilizado foi caracterizado e aplicado para síntese de ésteres nos reatores contínuos de leito fixo e de leito fluidizado. Referência MATTE, C. R. Estudos de imobilização de lipase de Thermomyces lanuginosus em Immobead 150, caracterização dos derivados e suas aplicações em reatores contínuos e em batelada para a síntese de butirato de butila e biodiesel. 2015. 144 f. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Molecular) – Centro de Biotecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Dica da(o) Professor(a) O documentário Die Penizillin-Story / La pénicilline - Une révolution de la médecin aborda a história de penicilina e o estado atual dos antibióticos. No ano de 1928, o médico Alexander Fleming descobriu a penicilina por acidente; após duas décadas e uma guerra mundial, o antibiótico foi produzido em escala industrial. O documentário foi escrito por Wilfried Hauke e tem duração de 52 minutos. Aproveitem! ADHIKARI, S. Application of immobilized enzymes in the food industry. Enzymes in Food Biotechnology, p. 711- 721, 2019. BASSO, A.; SERBAN, S. Industrial applications of immobilized enzymes - A review. Molecular Catalysis, v. 479, p. 1 10607, 2019. KAUSHAL, J. et al. Catalase enzyme: Application in bioremediation and food industry. Biocatalysis and Agricultural Biotechnology, v. 16, p. 192–199, 2018. KIRK, O.; BORCHERT, T. V.; FUGLSANG, C. C. Industrial enzyme applications. Current Opinion in Biotechnology, v. 13, n. 4, p. 345-351, 2002. SINGH, R. et al. Microbial enzymes: industrial progress in 21st century. 3 Biotech, v. 6, n. 174, 2016. SOUZA, L. T. A. et al. Imobilização enzimática: princípios fundamentais e tipos de suporte. In: RESENDE, R. R. (Org.). Biotecnologia aplicada à agroindústria: fundamentos e aplicações. São Paulo: Blucher, 2016. Cap. 15, p. 529-568. THANGARAJ, B.; SOLOMON, P. R. Immobilization of Lipases – A Review Part I: Enzyme Immobilization. ChemBioEng Reviews, v. 6, n. 5, p. 157–166,2019. Referências Bons estudos! Enzimologia Imobilização e aplicações industriais de enzimas Imobilização de enzimas Por que imobilizar enzimas? Figura 1 – Fatores que afetam a imobilização Suportes Métodos para imobilização enzimática Imobilização e aplicações industriais de enzimas Adsorção física Imobilização covalente Reticulação – imobilização sem suporte Aprisionamento Vantagens e limitações dos métodos Imobilização e aplicações industriais de enzimas Aplicação industrial Indústria farmacêutica Indústria alimentícia Indústria têxtil Indústria de ração e detergentes Teoria em Prática Questão problema Análise dos dados Norte para a resolução Dicas do(a) Professor(a) Número do slide 25 Indicação de leitura 1 Indicação de leitura 2 Dica da(o) Professor(a) Referências Bons estudos!