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PERDA AUDITIVA NO ADULTO DIAGNÓSTICO Quando se trata do diagnóstico da perda auditiva no adulto, duas perguntas devem nortear o raciocínio: · Etiológico: Qual a possível causa da perda auditiva: · Sobre a perda auditiva: Existe ou não existe? Qual o grau da perda? Qual o tipo da perda? CONSIDERAÇÕES INICIAIS Do ponto de vista dos tipos de perda auditiva, as perdas auditivas são divididas em dois tipos: · Condutivas: Relacionadas a orelha externa e média · Sensorioneural: Relacionado aos nervos e a orelha interna PERDAS CONDUTIVAS São causadas principalmente pelas patologias abaixo: · Otite media crônica(OMC) · Otite média secretora(OMS) · Otosclerose: Não é uma causa comum, mas sempre deve ser aventada diante um paciente com tímpano normal e perda do tipo condutiva. A otosclerose é uma Osteodistrofia da cápsula óptica que leva a uma alteração próxima a palatina do estribo, gerando uma fixação da platina do estribo. A causa exata ainda é desconhecida, sabendo-se apenas que o componente genético é muito importante. Otoscopia evidenciando uma OMS e uma OMC · A grande maioria das perdas condutivas possui diagnóstico através da otoscopia, diferentemente da perda sensorioneural que a otoscopia costuma ser pobre em achados. PERDAS SENSORIONEURAIS As perdas sensorioneurais podem ser as congênitas e as adquiridas, sendo que aqui serão abordadas as adquiridas, visto que as congênitas geram perda auditiva na imensa maioria dos casos na infância. As perdas auditivas adquiridos sensorineurais possuem as seguintes etiologias: · Infecciosas · Genéticas · Tóxicas: Sobretudo por ATB aminoglicosídeos · Traumáticas: Como pós-TCE · Autoimune: Como em doenças como LES, AR · Outras: Devido a neoplasias, hidropsia endolinfática, presbiacusia, barotrauma, surdez súbita DIAGNÓSTICO DA SURDEZ SENSORIONEURAL Para o diagnóstico de surdez sensorioneural, deve ser realizado: · História · Semiologia · Exame físico com otoscopia: Diferentemente da perda condutiva, a otoscopia na perda sensorioneural costuma ser pobre em achados · Acumetria: Através da realização do teste de Weber ou Rinne TESTES AUDIOLÓGICOS Podem ser realizados os seguintes testes: · Audiometria tonal · Logoaudiometria · Imitanciometria: Consiste na realização do reflexo estapédico + timpanometria Os testes servem para classificar o tipo, grau e intensidade da perda auditiva CLASSIFICAÇÃO A OMS, no ano de 2020, atualizou os graus de perda auditiva com base em até quantos dB a pessoa deixou de ouvir, sendo que a audição normal é quando a pessoa ouve sons abaixo de 20dB, o restante da classificação pode ser visto abaixo> · Audiçao normal: Ouve até <20Db · Perda auditiva Leve: Não ouve sons <20-35dB · Perda auditiva Moderada: Não ouve sons <35-50dB · Perda auditiva Severa: Não ouve sons <65-80dB · Perda auditiva Completa(Surdo): Ouve apenas sons >95dB · Na imagem acima existe a ilustração de uma audiometria e o valor em dB de determinados sons do nosso dia-a-dia , como latido de cachorro, pássaros, além de ser possível ver a “banana da fala” na região em azul, que é o nome da área na audiometria que concentra a maior parte dos sons do cotidiano da pessoa, sendo que ao perder a audição desta faixa sonora ela possui imenso prejuízo em sua vida. TRATAMENTO · O tratamento varia se a perda auditiva é condutiva ou sensorioneural: TRATAMENTO - PERDA AUDITIVA CONDUTIVA O tratamento consiste no tratamento da causa base, como: · Perfuração da membrana timpânica: Tratamento cirúrgico · Reconstrução da cadeia ossicular: É realizado quando falta algum ossículo, principalmente na OMC · Estapedotomia: É o tratamento preconizado para a otosclerose, na qual se realiza um “by-pass” do estribo, na qual retira o estribo e coloca uma prótese entre a bigorna e a orelha interna, com a colocação de um “pistão”. A doença não deixa de existir, ela permanece, porém traz excelentes resultados auditivos. · Aparelho auditivo: Sempre deve ser oferecido, deixando o paciente escolher entre aparelho auditivo e cirurgia, a cirurgia só é indicada unicamente nos casos de infecções ou desarticulação de cadeia · Na imagem acima é visto uma orelha normal na 1ª imagem da esquerda, na 2ª imagem uma orelha sem bigorna, na 3ª imagem uma reconstrução com colocação de prótese no lugar do bigorna, e na 4ª imagem a falta de um estribo e colocando uma prótese para substituí-lo PERDA AUDITIVA SENSORIONEURAL Agora será falado da perda auditiva sensorioneural, que geralmente são irreversíveis, diferentemente da condutiva Podem ser reversíveis dependendo da etiologia e tempo de início do tratamento (quanto mais precoce, melhor), sendo a reversibilidade vista nos casos abaixo: · Autoimune: Pode ser tratada com corticoide, imunossupressores · Meniére: Através do uso de diuréticos, corticoides · Fístula perilinfática: Tratamento cirúrgico preconizado · Surdez súbita: Tratamento com corticoides, normalmente tem etiologia idiopática. OUTRAS CAUSAS DE SURDEZ SENSORIONEURAIS Anteriormente foram dito das causas adquiridas, agora será focada nas causas tóxicas e traumáticas: ETIOLOGIA TÓXICA É causada por fármacos ototóxicos, sobretudo os abaixo: · Antibióticos: Principalmente pelos ATB aminoglicosídeos como amicacina, neomicina, gentamicina, streptomicina · Diuréticos: Furosemida, ácido etacrínico – Sobretudo pacientes com DRC · Outros: Salicilatos, quinino, quimioterápicos ETIOLOGIA TRAUMÁTICA Pode ser por trauma mecânico ou sonoro, este último podendo ser apenas um som intenso e agudo, ou exposição a sons com >85dB e ruído de aproximadamente 4000hZ de forma contínua, como visto abaixo: · Mecânica: Por traumatismo cranioencefálico · Perda sonora: · Trauma acústico: É uma perda aguda e intensa, há lesão das células ciliadas de forma irreversível, deve-se esperar 8-12hrs após o estímulo sonoro intenso para ver se realmente o dano foi permanente. · Perda auditiva induzida por ruído(P.A.I.R): É uma exposição prolongada, de intensidade elevada, mas não tão alta, porém de maneira repetitiva, muito relacionado a perda ocupacional e exposição a lazer. OBS: A partir de 80-85dB já causa danos a audição com exposição prolongada. P.A.I.R A perda auditiva induzida por ruído ocorre principalmente na faixa dos 4000Hz, quando se percebe o ideal é afastar do estímulo sonoro intenso que a perda auditiva tende a cessar/estagnar. ETIOLOGIA AUTOIMUNE Pode ser isolada ou associada, sendo tipicamente uma surdez sensorioneural rapidamente progressiva, acometendo principalmente sons agudos, provocada principalmente pelas doenças abaixo: · Artrite reumatóide · Lupus · Tireoidite PRESBIACUSIA · A presbiacusia é uma surdez neurossensorial bilateral, SIMÉTRICA para agudos, progressiva · Normalmente começa a surgir a partir dos 45 anos, ocorrendo sobretudo sons acima de 2000Hz. · O paciente tipicamente escuta o som, mas não consegue entende-lo muito bem, ou seja, entende outra coisa QUANDO SUSPEITAR DE PERDA RETROCOCLEAR · As perdas citadas acima são de origem coclear, como a presbiacusia, ototóxicos, autoimune, P.A.I.R, as quais afetam o órgão de Corti · Entretanto, a perda retrococlear sempre deve ser supeitada quando existe perda ASSIMÉTRICA do tipo neurosenssorial, somada a uma falha no teste de discernir palavras e sílabas: PERDA RETROCOCLEAR · O principal sinal de alerta é a perda ASSIMÉTRICA da audição, diferentemente da maioria das patologias cocleares que leva a perda simétrica · Outra sinal de alerta é quando existe uma dificuldade na discriminação das palavras, ou seja, se fala palavras para o paciente e pede para ele discriminar palavras e sílabas, onde, caso ele também não vá bem neste teste, associada a uma perda assimétrica, chama-se a atenção para um possível tumor retrococlear. · Schwannoma vestibular é o tumor mais comum nestes casos SURDEZ SÚBITA · É a perda neurossensorial de pelo menos 30dB em três frequências consecutivas no exame audiométrico, instalada dentro de um período não superior a 72hrs · A causa não é bem definida, a maioria acredita-se que é idiopática · A surdez súbita é um diagnósticode exclusão · O único tratamento empírico com benefício é o uso de corticoides REABILITAÇÃO DA PERDA AUDITIVA Tirando nos casos reversíveis, o paciente deve ter uma reabilitação da perda auditiva, que pode ser através dos dispositivos abaixo: · Aparelho Auditivo de Amplificação Sonora Individual(AASI): Indicado para perdas leves, moderadas e, em casos excepcionais, perdas graves · Implante coclear: Indicado em perdas auditivas mais severas, principalmente bilaterais. Em todos pacientes que se pensa em implante coclear, deve-se tentar o AASI, ou seja, é indicado para pacientes com perda auditiva severa, bilateral, que não mostraram benefícios com AASI · Outras próteses implantáveis OBS: O implante coclear é um feixe de eletrodos que passe o estímulo elétrico para o nervo e este envie as informações para o córtex
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