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ETOLOGIA DE BUBALINOS 
 
Prof. Dr. André Mendes Jorge 
UNESP-FMVZ - Botucatu 
Depto. Produção e Exploração Animal 
Pesquisador do CNPq 
andrejorge@fmvz.unesp.br 
 
INTRODUÇÃO 
 
 COCKRILL (1984) relata que a domesticação do búfalo (Bubalus bubalis) 
se deu provavelmente entre 2.500 e 1.400 A.C., particularmente na Índia e na 
China, o que denota em um longa história de relações com o Homem. A partir 
dessas regiões espalhou-se pelo mundo inteiro, gerando fontes de alimentação 
de alto valor biológico (leite e carne) e força de trabalho, principalmente para 
populações de países pobres e em desenvolvimento. 
Por suas características inatas, o bubalino é uma espécie ruminante que 
se adapta às diferentes condições edafo-climáticas, particularmente naquelas 
onde os bovinos e outras espécies não tem apresentado desempenho 
satisfatório, ou seja, nas regiões subtropicais e tropicais do planeta. 
 As raças bubalinas são divididas em dois grupos: o grupo dos búfalos de 
rio e o grupo dos búfalos de pântano. No Brasil, o grupo dos búfalos de rio está 
representado pelas raças Murrah, Mediterrâneo e Jafarabadi e o grupo dos 
búfalos de pântano pela raça Carabao. As três primeiras raças são 
consideradas de aptidão para leite e carne e a última para carne e trabalho. 
 Segundo COCKRILL (1967) os bubalinos são manejados em muitos 
países por crianças e mulheres, havendo inúmeras referências desta relação de 
extrema docilidade do animal para com o Homem, principalmente nos países 
asiáticos, onde o búfalo é considerado o animal ideal para o lento, árduo e 
vagaroso trabalho nos campos de plantações, especialmente de arroz. 
 Suas características zootécnicas médias obtidas em regime de campo: 
- Período de gestação em torno de 10,5 meses; 
- Eficiência reprodutiva acima de 85%; 
- Sazonalidade reprodutiva (concentração de nascimentos em uma 
determinada época do ano); 
- Excelente habilidade materna; 
- Produção de leite: 1.350 kg de leite em 270 dias de lactação; 
- Produção de carne: atingem peso de abate de 450-500kg ao redor 
dos 24 meses, com rendimento de carcaça de 50%; 
- Produção de couro (altamente resistente e valorizado no mercado 
internacional) 
- Produção de esterco (9 ton/animal/ano). 
 
mailto:andrejorge@fmvz.unesp.br
 2
 
COMPORTAMENTO GERAL DE BUBALINOS 
 
HIERARQUIA SOCIAL 
 
 A hierarquia social é determinada através de interações agressivas de 
um animal sobre o outro. Existe uma forte hierarquia social entre bubalinos e 
nota-se que os animais de maior porte, mais erados e com a presença de 
chifres exercem posição social de destaque no rebanho. 
 Para atenuar a dominância devemos tomar cuidados especiais de 
manejo, como a divisão de lotes homogêneos e em caso de instalações 
(abrigos) para esses animais deve-se respeitar a relação mínima de 5 
m²/animal. 
 Uma das razões da mais forte hierarquia entre bubalinos está no fato de 
todos os indivíduos apresentarem chifres. Neste particular, a presença de 
chifres aliada ao tamanho corporal pode ser de fundamental importância para a 
ocorrência desse fato. Isso vem de encontro a afirmação de vários autores que 
relatam ser o tamanho corporal (peso) e a presença de chifres fatores 
importantes na determinação do efeito agressivo dos dominantes. 
 POLLI et al. (1995), estudando a hierarquia social de bovinos e bubalinos 
em regime de confinamento, observaram que quando diminuiu-se o espaço de 
90 cm de cocho/animal, aumentou-se a competição e seleção do alimento, o 
que acabou afetando o desempenho dos animais (ganho de peso). 
 
ALIMENTAÇÃO 
 
Segundo COCKRILL (1984) os bubalinos desenvolveram hábitos de 
consumo de forragem em maior quantidade durante à noite, para que no 
período diurno pudessem ficar escondidos dos predadores e ao mesmo tempo, 
digerissem o alimento consumido. Esses hábitos, aparentemente, permanecem 
até hoje em búfalos domesticados. 
No estudo de POLLI et al. (1995), ao compararem o tempo de ócio em 
bubalinos e bovinos, observaram que este foi maior nos bubalinos que nos 
bovinos e esta diferença ocorreu basicamente durante o dia, mostrando que, 
em relação à alimentação, os bubalinos possuem maior atividade durante à 
noite. Estas informações concordam com as relatadas por NASCIMENTO & 
MOREIRA (1974), que observaram que novilhas bubalinas alimentaram-se 
19,1% mais à noite que novilhas bovinas. Por outro lado, os mesmos autores 
não observaram diferenças quanto à atividade de ruminação entre a espécie 
bubalina e a bovina. Segundo FRASER (1985) o momento de maior atividade 
de ruminação ocorre logo ao anoitecer e, que 72% desta atividade ocorre à 
noite. 
CASTRO et al. (2002) estudando a porcentagem do tempo gasto por 
novilhas bubalinas em cada atividade, encontraram valores de 20% para 
pastejo, 14% para ruminação e 66% para ócio. 
 
 3
RELAÇÕES MATERNO-FILIAIS 
 
 Nas condições brasileiras informações sobre essas relações etológicas 
em bubalinos são ainda escassas. Neste sentido PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO (1998) trouxeram importante contribuição à bubalinocultura, em 
especial aos estudiosos em etologia, ao escreveram capítulo “Amamentação e 
alo-amamentação em búfalos (Bubalus Bubalis) publicado no livro 
Comportamento materno em mamíferos (Bases Teóricas e Aplicações aos 
Ruminantes Domésticos) (PARANHOS DA COSTA & CROMBERG, 1998). 
 Desta forma, procuraremos transcrever as principais partes do texto 
destes autores: 
“No búfalo, a semelhança do que é descrito para bovinos (ver revisões em 
Paranhos da Costa et al., 1996 e Paranhos da Costa e Cromberg, 1998), acredita-se 
que o estabelecimento do vínculo entre a mãe e o filhote se dê logo nas primeiras 
horas de vida. O processo de reconhecimento da cria pela mãe sofre forte influência 
de uma série de comportamentos da mãe e do filhote, destacando-se a ingestão de 
fluídos amnióticos e membranas fetais que provavelmente auxiliam nesse processo - 
aparentemente, o odor e o paladar desses fluídos e membranas são importantes para 
que a mãe aprenda a conhecer o próprio filho. Vale lembrar que todas as fêmeas 
observadas por Tulloch (1988) ingeriram parte ou o todo de seus fluídos e 
membranas” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
“Além da mãe, o bezerro, por ser precoce, tem um papel ativo na formação 
dos laços materno-filiais: ele emite e percebe sons, exala e registra odores e 
apresenta uma série de movimentos que, além de chamarem a atenção da mãe 
(Cromberg et al., 1997, possibilitam que fique em pé, procure os tetos, mame e 
acompanhe a mãe pelo pasto já nas primeiras horas após o parto. O neonato tenta 
ficar em pé em torno de dez minutos após o nascimento; nesse momento a vaca é 
geralmente muito ativa, cheirando, lambendo e esfregando o filhote, por isso suas 
tentativas de levantar e equilibrar-se podem ser dificultadas pelas lambidas. Outros 
animais do rebanho também podem interferir nesse processo, Tulloch (1988) 
registrou um fato curioso com relação a isto: 10 minutos após o nascimento de um 
bezerro, vários membros de um rebanho (principalmente vacas e alguns animais 
jovens) aproximaram-se do recém-nascido observando-o, cheirando-o e tocando-o. 
A mãe não manifestou qualquer reação agonística para com os animais que se 
aproximaram do seu bezerro” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
“Logo após a primeira mamada, a búfala pode esconder seu bezerro, 
principalmente se houver vegetação preservada próximo ao local do parto (Tulloch, 
1988). Esse comportamento, que pode ocorrer durante as primeiras semanas após o 
nascimento, parece ter valor adaptativo, já que através dele as vacas estariam 
protegendo os filhotes da ação de predadores” (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 
Amamentação 
 
 Segundo BLASS & TEICHER (1980) a amamentação é o principal cuidado 
parental entre os mamíferos e é onde a cria recebe seu alimento e anticorpos 
presentes no colostro. A manutenção da lactação da fêmea depende de vários 
estímulos mecânicos, como a ordenha e amamentação principalmente, além de 
 4
estímulosfisiológicos provocados pela secreção da ocitocina que é estimulada 
pelo berrar do bezerro, barulho das ordenhadeiras, etc. 
“O bezerro bubalino tenta mamar pela primeira vez logo que consegue ficar 
em pé. Na tentativa da primeira mamada, ele inicia a procura pelas tetas em 
qualquer parte do corpo da mãe; abrindo e fechando a boca e movendo o focinho ao 
longo do corpo desta até encontrar o úbere; aparentemente não há preferência entre 
as tetas. A posição mais usual para o bezerro recém-nascido mamar é em pé ao lado 
da mãe (Tulloch, 1979). A preferência por essa posição muda durante o 
desenvolvimento dos bezerros, como relatado por Paranhos da Costa et al. (1994), 
que observaram, em bezerros com idade, 50,3% das mamadas sendo realizadas por 
trás” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
 “Com o passar do tempo o bezerro se toma gradativamente mais 
independente, permanecendo distante da mãe por períodos cada vez maiores. 
Nessas situações é comum que a fêmea procure por seu filhote ou vice-versa, 
normalmente apresentando vocalizações. Ao se encontrarem geralmente ocorre 
amamentação. As fêmeas, durante o período de lactação, parecem ter seu 
temperamento alterado. Num estudo realizado por Dash et al. (1976) com vacas da 
raça Murrah, foi observado que as vacas em lactação foram mais dóceis do que 
aquelas que já haviam desmamado; além disso, as fêmeas de primeira lactação 
mostraram-se mais dóceis do que as mais velhas, havendo um aumento de 
"inquietação" até a quarta lactação. Acreditamos que essa mudança possa favorecera 
relação materno-filial por tornar a vaca menos reativa” (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 “A amamentação do próprio filho isoladamente ("amamentação filial-isolada") 
representou 21,7 % do total no estudo de Paranhos da Costa et al. (1 994) e 16 % 
no de Andriolo (1995). Segundo Andriolo (1995), esse tipo de mamada variou 
significativamente com a idade do bezerro, sendo mais freqüente no primeiro mês de 
vida, seguindo exatamente o mesmo padrão apresentado pela freqüência de 
tentativas de mamada nas mães” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
 
Alo-amamentação 
 
Segundo PARANHOS DA COSTA & CROMBERG (1998) a 
alo-amamentação é um comportamento tão comum entre os bubalinos que 
os criadores provavelmente o detectaram há muitos anos atrás; todavia, a 
sua descrição na literatura é ainda incipiente. 
No Brasil poucas pesquisas foram realizadas para estudar esse 
comportamento em bubalinos, sendo conduzidas basicamente pelo Grupo de 
Estudos em Etologia e Ecologia Animal, do Departamento de Zootecnia da 
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, campus de 
Jaboticabal (MURPHEY et al., 1991 e 1995; PARANHOS DA COSTA et al., 1994 
e 1997; ANDRIOLO, 1995). 
Apesar do estudos estarem limitados a poucos rebanhos, PARANHOS 
DA COSTA E ANDRIOLO (1998) acreditam que a alo-amamentação seja um 
comportamento característico da espécie, cuja intensidade de ocorrência varia 
em função das condições ecológicas e/ou de criação; 
“A forma com que esse comportamento é apresentado não é tão simples, um 
exemplo dessa complexidade pode ser obtido no relato de Tulloch (1979), 
descrevendo que em certa ocasião um bezerro de um ano de idade mamou sozinho 
 5
em uma fêmea, que não a sua mãe em três momentos diferentes; todavia, em uma 
outra oportunidade, quando o filho recém-nascido desta mesma fêmea e o bezerro 
de um ano tentaram mamar juntos, a fêmea empurrou e chifrou o bezerro mais 
velho afastando-o e impedindo-o de mamar. A falta de uma resposta sistemática por 
parte das fêmeas, também foi registrada por Birgersson et al.(1991) em cervídeos 
Dama dama”. (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
“Este breve relato das observações de Tulloch (op.cit.) nos remete algumas 
perguntas que ainda não foram bem respondidas: Quais os fatores que determinam 
e/ ou estimulam os bezerros a tentar mamar em outras vacas que não a mãe? Por 
que algumas vacas nunca amamentam filhotes alheios enquanto outras o fazem com 
maior freqüência? Por que as vacas que amamentam filhotes alheios nem sempre 
são solícitas? Ou além, com a pergunta apresentada no título do artigo de Murphey 
et al. (1995), " Allonursing in river buffalo (Bubalus bubalis): Nepotism, 
incompetence, or thievery?"” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
“Acreditamos que a primeira pergunta apresentada no parágrafo anterior já 
foi, pelo menos em parte, respondida, ou seja a falta da mãe ou a baixa 
disponibilidade de leite em seu úbere são bons motivos para que o bezerro tente 
mamar em outras vacas. Resta saber se o processo de "facilitação social" - definido 
por Wilson (1975) como: “quando um padrão comportamental é iniciado ou 
aumentado em sua freqüência, pela presença ou ação de um ou mais indivíduos 
coespecíficos, exibindo padrão semelhante’’ - também poderia resultar em aumento 
na freqüência desse comportamento, a exemplo do que foi relatado por Birgersson et 
al. (1991) para o cervídeo Dama dama. Eles observaram que quando um filhote via 
outro mamando n a própria mãe, ele corria para tentar mamar em uma das tetas 
restantes. A s fêmeas respondiam diferentemente a essas tentativas, algumas 
impedindo e outras deixando que o "intruso" mamasse” (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 “Além disso, entendemos que a alo-amamentação possa ocorrer de duas 
formas: Na "rejeição fraca", haveria ocorrência de amamentação de filhotes alheios 
sem reações evidentes da vaca na tentativa de evitá-los. Este tipo de resposta seria 
característico das vacas do tipo "ama" (Murphey et al., 1991), que, segundo 
Paranhos da Costa et al. (1994), podem amamentar até 10 bezerros 
sucessivamente, sem esboçar reação aparente. Dependendo do grau com que 
detalhamos os comportamentos observados e da freqüência de observação, pode ser 
difícil distinguir entre a "rejeição fraca" e a "aceitação"; só detectamos tal diferença 
em nosso estudo mais recente (Andriolo, 1995), quando todas as vacas 
apresentaram em algum grau "rejeição" aos bezerros alheios quando estes tentaram 
mamar, havendo variação individual na intensidade com que elas exibiram esta 
resposta. Na "rejeição forte", os bezerros alheios enfrentariam forte resistência da 
vaca que, com coices (geralmente fracos), cabeçadas e deslocamentos (andar, correr 
e deitar), tentaria impedí-los de mamar. Se, apesar desses esforços, os bezerros 
conseguissem mamar, ficaria então caracterizada as condições descritas por Murphey 
et al. (1995), de "incompetência" da vaca e/ou de "roubo de leite" pelos bezerros” 
(PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
Segundo (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998) os resultados 
sobre alo-amamentação em bubalinos obtidos até hoje ainda são insuficientes 
para que se possa responder adequadamente as demais questões, mas 
segundo os autores, nos remetem a algumas pistas interessantes. 
 6
“Invariavelmente nossos resultados (Murphey et a1., 1991 e 1995; Paranhos 
da Costa et al., 1994; Andriolo, 1995), mostraram que as fêmeas foram solicitadas 
mais intensamente por grupos de bezerros no qual seu próprio filho estava presente 
e mais de 75 % das alo-amamentações ocorreram de forma coletiva, ou seja dois ou 
mais bezerros mamando juntos, sendo um deles o filho da vaca que amamentava 
(Paranhos da Costa et al., 1994; Andriolo, 1995)” (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 “Parece de evidente importância a presença do próprio filhote nos episódios 
de alo-amamentação, caracterizando o que chamamos de amamentação 
"coletiva-filial", sendo pertinente relatar que vacas não solicitam bezerros para 
alo-amamentação (Murphey,1994). Entendemos que esse tipo de amamentação 
privilegia o próprio filhote, pois, seria difícil para a vaca permitir que apenas um dos 
bezerros, o filho, mamasse sozinho. Além disso, os relatos de Andriolo (1995), nos 
trazem a informação de que quando os bezerros tentavam mamarem uma vaca que 
não a sua mãe na ausência de seu filho, ela geralmente os repelia com cabeçadas, 
porém, se o seu próprio filho estivesseentre eles, a ação agressiva era 
aparentemente inibida, ocorrendo a amamentação "coletiva-filial(PARANHOS DA 
COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
 “Concluindo, para o sistema de nepotismo na alo-amamentação persistir, ele 
deve ser recíproco entre os indivíduos aparentados. Todavia, a reciprocidade pode 
ocorrer independentemente de nepotismo, podendo ser produto de outros fatores 
proximais, tais como familiaridade e proximidade (Murphey,1994(PARANHOS DA 
COSTA & ANDRIOLO, 1998). 
 “Em nossas investigações com búfalos não encontramos evidências de que a 
alo-amamentação pudesse ser explicada pela reciprocidade nem pelo nepotismo 
(Murphey et al., 1991 e 1995); assim, atribuímos (Murphey et al., 1995) tal 
comportamento à combinação de "incompetência" por parte das vacas mais novas 
em afastar os bezerros alheios durante a amamentação de seus filhotes com "roubo 
de leite" pelos bezerros que têm fome - ou, sem eufemismo, parasitismo. Resultados 
posteriores não confirmaram a "incompetência" das vacas mais jovens em evitar que 
bezerros alheios mamassem nelas (Andriolo, 1995)”. (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 “As tentativas de mamar em outras vacas que não as mães e a 
alo-amamentação em si também variam em função da idade do bezerro (Andriolo, 
1995). Embora com diferenças significativas entre os meses de lactação, as 
variações nas freqüências das tentativas e mamadas “não-filial-isolada" e 
"coletiva-não-filial" não sejam relevantes, dado que tais situações ocorreram muito 
esporadicamente. Por outro lado, com o avanço da idade dos bezerros, houve um 
aumento nas tentativas e mamadas "coletiva-filial". (PARANHOS DA COSTA & 
ANDRIOLO, 1998). 
 
Adoção 
 
Segundo (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 1998) “o tema adoção já 
foi abordado por vários autores (ver revisão em Riedman, 1982), dentre eles, apenas 
Tulloch (1979) - que não foi citado por Riedman - relatou, embora superficialmente, 
esse fenômeno em búfalos. O relato se resumiu à descrição do comportamento de 
alguns bezerros órfãos que seguiram outros bezerros quando estes procuraram suas 
mães para mamar, na primeira vez foram rejeitados pelas vacas mas, já na segunda 
 7
tentativa eles mamaram; a partir daí cada um deles teria mamado na mesma vaca, 
sem que ela apresentasse reação agressiva expressiva”. 
“Em nossas observações os órfãos mantiveram-se no grupo alimentando-se 
em diversas fêmeas, não ficando caracterizada a adoção (Andriolo,1995). Esta 
tendência dos órfãos mamarem em várias fêmeas também foi observada por Spinka 
e lllmann (1992) em bovinos leiteiros” (PARANHOS DA COSTA & ANDRIOLO, 
1998). 
 
Comportamento lúdico 
 
 Em bubalinos esse comportamento é observado principalmente em 
bezerros, onde é caracterizado por corridas, pulos, cabeçadas, etc, mas pode 
ser encontrado também em fêmeas primíparas (novilhas). 
 CASTRO et al. (2002) estudando o comportamento de novilhas bubalinas 
da UNESP-FMVZ-Campus de Botucatu observaram comportamento lúdico, em 
sua maior parte, no período da tarde, quando os animais estavam deitados ao 
sol, caracterizado principalmente por rolarem no chão, esfregando-se uns nos 
outros, e virando-se de ventre para cima. Apesar de não serem bezerros, esse 
comportamento foi explicado pelo fato de os animais estarem juntos desde o 
nascimento. 
 
COMPORTAMENTO AGONÍSTICO 
 
 Esse comportamento é definido como a luta ou conflito entre os machos 
principalmente pela disputa de território ou de fêmeas, sendo conveniente não 
colocarmos dois machos para um mesmo lote de fêmeas. 
 Em animais confinados, de mesmo sexo, observa-se a dominância de 
alguns animais no grupo, porém concentrada no início da manhã, durante o 
período de ida ao cocho e durante à tarde por influência do comportamento 
hierárquico também bastante observado, não chegando a comprometer o 
desenvolvimento dos animais (CASTRO et al. 2002). 
 
ELIMINATIVO 
 
 Esse comportamento caracteriza-se por micções e defecações dos 
animais. 
 CASTRO et al. (2002) observou em bubalinos o comportamento 
eliminativo ao longo do dia todo, menos entre 16:30 e 17:30, tempo em que 
houve maior número de animais deitados ao sol em ócio ou ruminando. 
 
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"Comportamento de bovino e bubalinos em regime de confinamento - I. 
Atividades", Ciência Rural, Santa Maria, v.25, n.1, p.127-131, 1995. 
 
	INTRODUÇÃO
	COMPORTAMENTO GERAL DE BUBALINOS
	HIERARQUIA SOCIAL
	RELAÇÕES MATERNO-FILIAIS
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

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