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Sabrina Angheben │ Ginecologia e Obstetrícia Diabetes mellitus gestacional (DMG) VISÃO GERAL ● Definições - DM 1 - Destruição das células beta pancreáticas - Comumente causa deficiência completa da insulina - DM 2 - Ocorre redução da secreção de insulina - O principal mecanismo marcador é a resistência à insulina - Diabetes diagnosticado na gestação - DMG - Consiste na hiperglicemia detectada pela primeira vez na gestação, com níveis glicêmicos sanguíneos abaixo dos critérios de DM1/2 - Diabetes pregresso desconhecido - Mulher sem diagnóstico prévio de diabetes, com hiperglicemia detectada na gestação, com níveis glicêmicos que compreendem os critérios diagnósticos de DM na ausência de gestação ● Epidemiologia - É a complicação mais comum da gestação - Prevalência de 4,7-12% - ⅙ nascimentos ocorre em gestantes com hiperglicemia - 84% dessas por DMG ● Classificação de risco - DMG controlada com dieta - Intermediário - DMG controlada com insulina ou descompensada - Alto risco FISIOPATOLOGIA Fisiologia gestacional: metabolismo glicídico ● Visão geral - Ocorre aumento da resistência à insulina pela secreção placentária de hormônios diabetogênicos - Cortisol - Hormônio lactogênio placentário (hPL) - Aumento da produção de insulina ● Fases endócrinas da gestação - Anabólica - Primeira metade da gestação (até 24 semanas) - Causa - Armazenamento de gordura corporal - Aumento da glicogênese hepática - Objetivos - Armazenamento de energia para posterior consumo fetal - Ocorre consumo fetal contínuo de glicose - Reduz a glicose basal materna - Hipoglicemia de jejum - Catabólica - Segunda metade da gestação (após 24 semanas) - Fase de anabolismo fetal, consumindo as reservas maternas formada na primeira metade - Causa - Liberação placentária de cortisol, GH e hPL - Neoglicogênese - Glicogenólise - Lipólise - Induzida principalmente pelo hPL - Aumento da concentração de ácidos graxos - Resistência periférica à insulina - Hiperglicemia pós-prandial - Hiperinsulinismo compensatório Evolução para DMG ● Visão geral - Ocorre quando os mecanismos compensatórios pancreáticos não são suficientes para vencer a resistência à insulina imposta pelas modificações da gestação ● Fisiopatologia - Hiperglicemia materna causa hiperglicemia fetal transplacentária - O pâncreas fetal produz insulina para compensar - Hiperinsulinemia causa macrossomia fetal - Há aumento da osmolaridade plasmática - Poliúria fetal e, consequentemente, polidrâmnio FATORES DE RISCO DIAGNÓSTICO ● Rastreio - Dosagem de glicose no 1º trimestre - TOTG entre 24-48 semanas ● Exames e referências - Glicemia de jejum - DM >=126 mg/dL - DMG 92-125 mg/dL - TOTG 75mg - Dosagem em jejum, 1ª hora e 2ª hora - Não solicitar TOTG se DM ou DMG já diagnosticada - DMG - Jejum - 92-125 mg/dL - 1h - >=180 mg/dL - 2h - 153-199 mg/dL - DM - Jejum - >=126 mg/dL - 2h - >=200 mg/dL Avaliação no puerpério ● Visão geral - Alto risco de desenvolver DM2 ou intolerância à glicose - A incidência de diabetes entre mulheres com história prévia de DMG varia de 3 a 65% ● Fatores de risco para DM2 após DMG - Glicemia em jejum na gestação acima de 100 mg/dL - Etnia não branca - História familiar de diabetes tipo 2, principalmente materna - Ganho excessivo de peso durante ou após a gestação - Obesidade - Obesidade abdominal - Dieta hiperlipídica - Sedentarismo - Uso de insulina na gestação ● Rastreio - Após 6 semanas do parto (40 dias) - TOTG é o padrão-ouro ● Classificação - DM - Glicemia de jejum >=126 mg/dL - TOTG 2h >=200 mg/dL - Intolerância - Glicemia de jejum <126 mg/dL - TOTG 2h - 140-199 mg/dL - Glicemia de jejum alterada - Jejum <125 - TOTG 2h <140 COMPLICAÇÕES ● Maternas - ITU e pielonefrite de repetição - Glicosúria - Alterações fisiológicas - Aumento da TGF - Menor capacidade de reabsorção tubular de glicose) + - Acúmulo de glicogênio na mucosa vaginal, acidificando o meio - Hipoglicemia e/ou hiperglicemia - Risco de HAS - Risco de polidrâmnio - Piora das funções vasculares - Maior risco de DM ● Gestacionais - Abortamento - Morte fetal tardia - Polidrâmnio ● Fetais - Anomalias congênitas - Mais comum em caso de DM prévia - Hiperglicemia no início da gestação possui maior associação com malformações - Principalmente cardíacos - Transposição de grandes vasos - CIV - Coarctação de aorta - Fechamento de tubo neural inadequado - Anencefalia - Meningocele - Hidrocefalia - Espinha bífida - Síndrome de regressão caudal - Resulta da perturbação no desenvolvimento normal do mesoderma caudal - Varia desde agenesia coccígea na assintomática a agenesia espinhal severa, associada a malformações urinárias e/ou digestiva - Rara, porém mais específica de DM - Agenesia renal - Distúrbios de crescimento - Distócia de ombro - Sofrimento fetal - Prematuridade ● Neonatais - Síndrome da angústia respiratória - Hiperinsulinemia fetal - A insulina compete com o fosfolipídio de membrana no pneumócito tipo 2 - Reduz, portanto, a produção de surfactante pulmonar - Hipoglicemia neonatal - Ocorre pela redução do aporte materno de glicose associado aos níveis aumentados de insulina ACOMPANHAMENTO DA GLICEMIA - Período - Diagnóstico ao pós-parto - Acompanhamento - Gestacional - Perfil glicêmico simplificado - 4x ao dia - Jejum - 1h pós-prandial - Café - Almoço - Jantar - Pré-gestacional - Perfil glicêmico completo - 7x ao dia - Jejum - Pré-prandial - Almoço - Janta - 1h pós-prandial - Café - Almoço - Janta - Madrugada TRATAMENTO ● Medidas gerais - Orientação dietética - 30 kcal/kg/dia - Reduzir consumo de carboidratos - Realizar de 5-6 refeições diárias - Atividade física - 3x na semana por 30 minutos - Evitar ganho de peso exagerado - Reavaliar após 15 dias - Caso não seja adequado, utilizar tratamento farmacológico ● Insulinoterapia - Medicação de escolha - Indicação - Dieta insuficiente para normoglicemia - Insulinas - NPH - Ação intermediária - Utilizada para controlar glicemia de jejum e pré-prandial - Regular - Ação rápida - Controle da pós-prandial - Posologia inicial - 0,3-0,5 UI/Kg/dia, SC, NPH - ⅔ manhã + ⅓ noite - Se necessário, associar insulina regular - Orientação - Ceia com 25g de carboidrato, lipídio e proteína em caso de insulina à noite - Reduz risco de hipoglicemia - Ajuste - Quinzenal até 30 semanas - Semanas após 30 semanas ● Antidiabéticos orais - Indicação - Impossibilidade de controle glicêmico com dieta + contraindicação de insulina - Medicamentos - Metformina - Glibenclamida ● Gestante previamente diabética - Reforçar MEV - Diminuir ou suspender insulina - Realizar no início da gestação - Visa evitar a hipoglicemia fetal - Controle glicêmico - Iniciar insulina conforme necessário ● Controle glicêmico intraparto - Manter glicose de 70-120 mg/dL - <70 mg/dL - Infusão contínua de glicose a 5-10% - >=120 mg/dL - Insulina regular SC ACOMPANHAMENTO OBSTÉTRICO ● Periodicidade - Consultas quinzenais - Até 30-34 semanas - Semanalmente - Após 34 semanas ● Avaliar - Perfil glicêmico - PA - Circunferência abdominal - Ganho de peso - Movimentação fetal - Mínimo 6 mov/hora - Previamente diabéticas - Função renal - Proteinúria - Urocultura - Fundo de olho ● USG - Previamente diabéticas - Morfológico + ecocardiograma fetal 24-28 semanas - DMG ou DM - A partir de 28 semanas USG seriadas - ILA - Peso fetal ● Perfil biofísico fetal - Indicação - DM pré-gestacional - Periodicidade - Semanal a partir de 32 semanas ● Indicação de avaliação fetal Interrupção da gestação - DMG sem complicações e compensado - Parto espontâneo a termo em até 40 semanas - DMG sem complicações não compensado ou complicado compensado - Parto eletivo com 38 semanas ou na vigência de maturidade pulmonar fetal - DMG complicado e não compensado - Parto eletivo prematuro - Macrossomia (peso fetal estimado > 4000 g) - Cesárea - Nos casos de estabilidade materna e fetal, pode-serealizar o parto por via vaginal
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