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Bilinguismo e Ensino de Língua Portuguesa para Surdos

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ISSN 21774013 
BILINGUISMO E AS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA 
PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA SURDOS 
 
Thaís Aquino Sigarini 
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 
Maurício Loubet 
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 
Práticas Pedagógicas Inclusivas 
 
Palavras-chave: Bilinguismo; Aluno surdo; Língua Portuguesa. 
 
1. Introdução 
 
Antes da possibilidade de se comunicarem através da língua de sinais e, diante da 
impossibilidade de se socializarem em língua oral, os surdos sofreram várias formas de 
exclusão, castigo e abandono, chegando a ser considerados loucos. Nesse contexto, a 
educação formal do aluno surdo passou por um longo e árduo processo para que se pudesse 
pensar em uma articulação entre a aprendizagem e a inclusão. 
Frizanco e Honora (2009) esclarecem três diferentes metodologias usadas para a 
aprendizagem dos surdos: o Oralismo, a Comunicação Total e o Bilinguismo. Conforme as 
autoras: 
 
A primeira tendência que apareceu na educação dos surdos foi o Oralismo, 
que tem como objetivo capacitá-los na compreensão e na produção de uma 
língua oral. Nesse método, a língua de sinais é vista como um impedimento 
para o desenvolvimento da fala. A segunda abordagem é a Comunicação 
total [...] que traz como princípios que toda forma de comunicação é válida 
na tentativa de que a criança deficiente auditiva tenha uma língua. O terceiro 
é o Bilinguismo [...] teve como princípio metodológico fundamental que a 
língua de sinais fosse vista como a primeira língua (língua materna) da 
Comunidade Surda.(FRIZANCO; HONORA, 2009, p.15). 
 
Segundo Frizanco e Honora (2009), quando se iniciaram essas tendências, os surdos 
eram totalmente excluídos da sociedade, sendo considerados doentes passíveis de cura através 
da realização de tais métodos, como o do Oralismo, desconsiderando-se totalmente a 
identidade singular desse sujeito como participante em uma sociedade. Buscava-se uma forma 
de “normalizar” o indivíduo surdo para que assim não fosse preciso interferir nos padrões 
impostos pela sociedade. 
 
ISSN 21774013 
Com a evolução dos estudos referentes à forma de ensino dos surdos e com os direitos 
por eles conquistados, passou a se pensar em um método cujo objetivo fosse possibilitar-lhes 
oportunidades de aquisição de conhecimentos, respeitando a sua maneira específica de 
aprendizagem. O bilinguismo para surdos requer o uso da língua de sinais, para atender às 
necessidades deste grupo linguístico específico. O objetivo, em uma dimensão mais ampla, é 
garantir o direito de ser surdo, de se comunicar por meio da língua de sinais e aprender a 
Língua Portuguesa em sua expressão escrita. 
Atualmente ocorrem diversos debates sobre as práticas de ensino dos alunos e alunas 
surdas na escola regular. Com o advento da inclusão, as práticas pedagógicas tiveram que ser 
repensadas e reorganizadas a fim de que a escola consiga cumprir o seu papel educacional 
(GLAT e PLETSCH, 2013). Nessa perspectiva, este estudo tem por objetivo analisar as 
práticas de ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos; embasado em 
leituras de artigos, livros contendo relatos de experiências, relatos de atividades e práticas 
pedagógicas estratégias relacionadas à aprendizagem visual do idioma (e não aprendizagem 
sonora). 
 
2. Desenvolvimento 
 
Atualmente o método mais utilizado no ensino dos surdos nas escolas regulares é o 
bilinguismo, que enfatiza aquisição da Libras como primeira língua e Língua Portuguesa 
como segunda, em sua modalidade escrita (FRIZANCO; HONORA, 2009). Faz-se necessário 
repensar nas práticas de ensino da língua de sinais para os alunos, pois nem todos dominam 
essa língua. A aprendizagem da Língua Portuguesa oportuniza a aquisição de conhecimentos, 
entre eles os dispostos no/pelo grupo majoritário. Logo, percebe-se a necessidade de práticas 
educacionais que favoreçam a aquisição de ambas as línguas, sendo que tais aprendizagens 
permitem contribuir para o desenvolvimento pleno da linguagem e inclusão do surdo. 
Partindo de tais necessidades, segundo Favoritto (1999) o professor necessita de 
conhecimentos específicos sobre metodologia de ensino de Língua Portuguesa como segunda 
língua para que, assim, ele consiga intermediar o processo de aprendizagem dos alunos 
surdos. 
No sentido de atender as demandas sociais dos surdos, foram firmadas leis que visam 
garantir a inclusão da Língua de Sinais nas escolas regulares, a fim de atender de forma 
 
ISSN 21774013 
integral os alunos surdos. Dentre elas, apresenta-se a Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, 
regulamentada pelo Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que prevê a inclusão do 
ensino da Língua Brasileira de Sinais nos cursos de formação dos profissionais da educação, a 
fim de garantir uma melhor qualificação dos professores que trabalham com a educação 
inclusiva na proposta bilíngue. 
A professora surda Shirley Vilhalva (2001) relata em seu livro toda a sua trajetória de 
vida. A autora narra diversos acontecimentos e, dentre eles, as suas dificuldades de 
comunicação com a família, com os amigos, nas instituições de ensino regulares, dentre 
outros. Em certo episódio, a autora relata o momento em que descobriu que as coisas têm 
nome ao observar que o desenho de algo tinha o nome escrito ao lado: 
 
Observei na oportunidade de ficar na porta que sempre desenhavam algo 
também colocavam o nome do objeto ensinado do lado. Exemplos, o 
professor desenhava uma bola e escrevia bola, eu não ouvia, mas prestava 
atenção quando ele falava, assim fiz minha primeira descoberta que o 
desenho exposto tinha nome e aquela escrita seria o nome e era isso que saia 
da boca do professor. (VILHALVA, 2001, p.14). 
 
Em outro momento, Shirley narra que, entre 4 e 5 anos, gostava muito de brincar de 
escolinha com uma vizinha, por sua vez a vizinha ensinava as palavras para ela por meio de 
figuras. Shirley narra o seguinte episódio: 
 
Um fato interessante foi quando eu aprendi a palavra “HOMEM” e fui beber 
água, ao chegar perto do pote de barro, eu vi uma cobra cega e logo gritei: 
HOMEM...HOMEM... olhando para a cobra [...] e ao passar do tempo fui 
entender que era cobra e não homem, como também entendi que cada pessoa 
e objeto tem nome, o difícil foi usar tantas palavras que tinha aprendido a 
falar com a boca e fazer uso destas no dia-a-dia. (VILHALVA, 2001, p.15-
16). 
 
Muitas pesquisas baseadas na escolarização do surdo têm apontado inúmeras 
problemáticas envolvendo o processo de escolarização do aluno referente ao letramento na 
Língua Portuguesa. Segundo Fernandes: 
 
A maioria dos encaminhamentos metodológicos envolvendo alunos surdos 
utiliza-se dos mesmos recursos e estratégias realizadas na alfabetização de 
crianças e jovens não-surdos, pressupondo a oralidade como requisito 
fundamental ao domínio da escrita. (FERNANDES, 2006, p.6) 
 
 
ISSN 21774013 
Atualmente, mais do que nunca, existe a real necessidade de pensar e reestruturar as 
metodologias habitualmente utilizadas nas salas de aula, direcionando o olhar para a educação 
do aluno surdo como ação do cotidiano escolar. Para isso, o professor deve considerar em 
seus planejamentos, práticas de letramento que envolva esse aluno, possibilitando uma 
aprendizagem que seja significativa no contexto social para ele. Assim, teria sentido a 
aquisição da Língua Portuguesa letrada para o indivíduo com surdez. 
Considerada a importância do aprendizado da Língua Portuguesa escrita para o aluno 
surdo, faz-se necessário que o docente organize suas atividades de modo a contemplar todos 
os alunos, surdos e ouvintes. Ampliando perspectivas na área da educação especial, propõe-se 
uma prática pedagógica lúdica, que trabalhe a aquisição deste processo de escrita da Língua 
Portuguesa e promova a inclusão de todos os educandos. Na sequência, exemplificamos uma 
atividade lúdica que contempla as duas línguas.O “jogo da memória” é um material que pode ser trabalhado com os alunos desde a 
sua confecção. Para a confecção do jogo, são necessárias fichas de papel cartão e lápis. 
Baseados em um tema, os alunos devem registrar nas fichas os pares, podendo este ser em 
figura e palavra ou sinal e palavra. No momento do jogo, o aluno ou aluna deve anotar os 
pares que conseguir encontrar. Exemplos de fichas para o tema “meios de transporte”: 
 
 
3. Conclusões 
 
A aquisição da Língua Portuguesa escrita para o educando surdo visa à imersão em um 
amplo espaço de aprendizagem, a fim de garantir oportunidades de participação social ativa. 
 
 
Fonte: SCHMIEDT; QUADROS, 
2006. 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: SCHMIEDT; QUADROS, 
2006. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SCHMIEDT; QUADROS, 
2006. 
 
ISSN 21774013 
Dentre as leituras realizadas, são enfatizados os benefícios provenientes deste método 
de ensino, baseando-se no cumprimento da lei, que visa garantir um atendimento de forma 
integral a todos os alunos, independentemente de suas singularidades. 
Quando vivenciamos tais métodos, nos é permitido visualizar as múltiplas facetas 
presentes por traz da teoria. Na prática ainda existe uma grande barreira em relação à 
educação bilíngue, em que ao aluno surdo possa ser ensinado primeiramente a Libras e, 
posteriormente, em Língua Portuguesa escrita, evidenciando que ainda existe um despreparo 
na efetuação de atividades destinadas a tais práticas em salas de aula. 
 
Referências 
 
FAVORITO, W. Educação Bilíngue para Surdos. In: III Congresso sobre Educação Especial, 
1999, Curitiba. Anais do III Congresso sobre Educação Especial. Curitiba: Futuro Eventos, 
1999. 
 
FERNANDES, S. Práticas de letramento na educação Bilíngue para surdos.Curitiba: SEED, 
2006. Disponível em:www.educacaobilingue.com.Acesso em: 31 março 2016. 
 
GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise. Estratégias educacionais diferenciadas. Rio de 
Janeiro: EDUERJ, 2013. 
 
HONORA, M.; FRIZANCO, M. L. E. Livro ilustrado de língua brasileira de Sinais: 
desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 
2009. 
 
SCHMIEDT, M. L. P.; QUADROS, R. M. de. Ideias para ensinar português para alunos 
surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006. 
 
VILHALVA, S. Recortes de uma vida: descobrindo o amanhã. 1. Ed. Campo Grande/MS., 
2001. 
http://www.educacaobilingue.com/

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