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HAS 1. Introdução → Níveis elevados de pressão arterial sistêmica = associados a eventos cardiovasculares, ICC, encefalopatia, insu�ciência renal progressiva, AVE e morte precoce. → Antigamente, hipertensão benigna x maligna. → De�nição: entidade clínica na qual o indivíduo apresenta níveis médios de PA que conferem aumento do risco de eventos cardiovasculares, em curto ou longo prazo. ● pacientes com valores médios de PA ≥ 140 x 90 mmHg = hipertensos. → Crises hipertensivas podem levar ao dx. de HAS. ● EH/UH = lesão de órgão-alvo agudas; ● já são hipertensos, exames complementares são necessários para avaliar extensão da lesão. 2. Epidemiologia → No BR: 32,5%. ● aumenta com idade, 60% na população idosa. → Nos EUA: 81% possuem conhecimento da sua hipertensão, 75% estão em tto. e 51% fazem controle adequado. → Antes da menopausa, mulheres apresentam prevalência menor de HAS que os homens. → Aumento da prevalência em crianças e adolescentes, devido aos hábitos de vida. → Mais comum e mais grave em pessoas negras. → Natureza assintomática = grande parte da população não é diagnosticada até apresentar evento cardiovascular. 3. Diagnóstico clínico → Critérios diagnósticos: 1. PA no consultório - média entre 2 medidas da PA, em pelo menos 2 consultas, com níveis ≥ que 140x90; 2. monitorização residencial (MRPA) - média de várias aferições da PA ≥ 135 x 85 mmHg; - 3 medidas matinais antes do café da manhã; - 3 à noite antes do jantar por 5 dias; - 2 medidas antes do café e 2 antes do jantar por 7 dias. 3. monitorização ambulatorial (MAPA) - média das aferições automáticas; - vigília ≥ 135 x 85 mmHG; - 24 h ≥ 130 x 80 mmHg - sono ≥ 120 x 70 mmHg - SAOS - mandatório → avaliar autorregulação durante ciclo cicardiano → Necessidade de pelo menos 2 consultas na maioria dos casos. → Diagnósticos imediatos: ● PA > 180 x 110; ● PA ≥ 140 x 90 em pacientes com risco cardiovascular alto. → MAPA e MRP importantes para superar condições que in�uenciam a PA no consultório: ● HAS do jaleco branco: pressão arterial é fortemente in�uenciada em consultas = necessidade de aferir em diferentes momentos ao longo dos dias; ● efeito do jaleco branco: aumento transitório da PA quando aferida por pro�ssional de saúde; ● hipertensão mascarada: valores normais de PA no consultório, mas elevada pela MAPA - deve ser pesquisada em indivíduos com PA normal ou limítrofe e mesmo em hipertensos controlados que desenvolvem sinais de lesão em órgãos-alvo; ● hipertensão sistólica isolada: maioria dos hipertensos > 65 anos = apenas elevação da PAS - PAS ≥ 140; PAD ≤ 90 mmHg - aumenta risco de eventos cardiovasculares no idoso; - relaciona-se mais com eventos cardiovasculares que a PAD. ● pré-hipertensão: PA entre 121-139 e 81-89 - possuem maior risco cardiovascular que os indivíduos normotensos - PH com níveis ≥ 130 x 85 representam grupo com risco elevado; → Pacientes que possuem PA ≥ 140 x 90 em algumas aferições fora do consultório = hipertensão episódica. Obs: determinação da PA ● em pacientes com insu�ciência aórtica: fase IV determina PAD, já que fase V pode ser 0. ● primeira consulta: deve ser aferida nos 2 braços - mais alta deve ser considerada em pacientes idosos, diabéticos ou utilizando anti-hipertensivos; ● mediar PA após 3 min em posição ortostática → hipotensão postural (redução > 20 mmHg na PA sistólica e/ou maior que 10 mmHg na PA diastólica); ● em MMII - hipertensos com < 30 anos. ● pseudo-hipertensão: ocorre em idosos, principalmente, devido à presença de endurecimento das artérias; - manobra de Osler: a. branquial continua sendo palpada, quando manguino é insu�ado em níveis superiores à PAS aferida. → Classi�cação da HAS: → Mudança nas diretrizes de 2020: 4. Avaliação clínica e laboratorial → Avaliar: ● fatores de risco cardiovascular e lesões de órgão-alvo. ● aspectos socioeconômicos e características do estilo de vida do paciente. → Exame físico deve ser minucioso, buscando sinais de lesões de órgãos-alvo e hipertensão secundária. → Todo paciente deve realizar exame de fundo de olho, índice tornozelo-braquial (normal: >0.90 - menor = doença arterial periférica). → Exames adicionais: ● para avaliação inicial: EAS, potássio plasmático, creatinina plasmática, glicemia de jejum, lipidograma completo, ácido úrico, ECG; ● exames adicionais: radiogra�a de tórax (IC, acometimento pulmonar ou aórtico); ECO (busca por hipertro�a de VE); albuminúria (pacientes com DM, sd. metabólica ou +2 fatores de risco); USG-Doppler de carótida (pcts. com sopro carotídeo, sinais de doença cerebrovascular ou doença aterosclerótica), teste ergométrico (suspeita de DAC, DM), Hb glicada, USG-Doppler renal (presença de sopro ou massa abdominal), VOP (hipertensos de médio e alto risco), RM do cérebro (pacientes com dé�cit cognitivo ou demência). → Sinais e sintomas: normalmente assintomática até desenvolvimento de complicações nos órgãos-alvo. ● hipertensão grave: pode desencadear sintomas graves cardiovasculares, neurológicos, renais e retinianos. ● B4 = sinais precoce de cardiopatia hipertensivia. - típica da HAS descompensada, também ocorre em coronariopatias 5. Fisiologia e patogênese → Hipertensão primária x secundária. ● primária = 95% dos casos → sem causa conhecida. ● secundária = causa pode ser conhecida - doença parenquimatosa renal; - estenose da a. renal; - coartação da aorta; - sd. de Cushing; - feocromocitoma; - hiperaldosteronismo primário; - hiperparatireoidismo; - hipo e hipertireoidismo; - uso de drogas; - ciclosporina. 5.1 Fisiopatologia da hipertensão primária PA = DC x RVP → HAS = alterações no DC e/ou RVP. ● tônus arteriolar dos órgãos é regulado para manter o FS mais constante = autorregulação do �uxo orgânico; - queda do DC → vasodilatação arteriolar; - aumento do DC → vasoconstrição arteriolar - = DC induz RVP - RVP elevada = reduz DC; ● remodelamento vascular: aumento crônico da PA = efeitos nos vasos sanguíneos; - PA elevada estimula lib. de subs. tró�cas que promovem proliferação e desarranjo celular; - médias e pequenas aa. podem sofrer hipertro�a da camada muscular; - arteríolas sofrem alterações proliferativas = reduzem lúmen; - RVP aumenta com passar dos anos = principal fator de manutenção da HAS; → Mecanismos de alteração DC e RVP no hipertenso: ● retenção de sódio e água pelos rins; ● SRAA; ● predisposição genética; ● idade; ● baixo peso ao nascer; → Retenção de sódio e água pelos rins: ● 50% dos hipertensos = hipersensíveis à adm. de sódio → aumento de 10 mmHg após ingestão; ● indivíduos normotensos respondem ao aumento da PA com maior natriurese; ● hipertensos aumentam natriurese com níveis proporcionalmente elevados de PA. ● retenção de sódio e água aumenta a volemia = aumenta DC. → Caracterizada pela elevação persistente da PAS > 140 e/ou PAD > 90. → Sistema renina-angiotensina ● angiotensina II: efeitos vasoconstritores, gera retenção de sódio e água + efeito tró�co; ● possuem renina baixa - regulada pela volemia e PA - já existe aumento da PA ; renina normal = sendo produzida em níveis maiores que o esperado. → Predisposição genética ● in�uência presente em 30-50% dos casos de HAS primária; ● múltiplos genes envolvidos na maior absorção de sal; ● HAS primária é mais comum e mais grave em negros - gene APOL1 comum em afrodescendentes; ● resultado da relação entre mutações genéticas, fatores ambientais, ingestão salina, obesidade e estresse. → Idade ● envelhecimento: enrijecimento progressivo e perda de complacência das grandes aa. → Baixo peso ao nascer ● desenvolvimento renal adequado = comprometido na fase uterina = crescimento compensatório na fase extrauterina → hipertro�a dos glomérulos e desenvolvimento de HAS. → Maior parte das teorias parte do aumento do DC, por retenção de sódio e água. ● HAS com hiper�uxo → HAS por hiper-resistência. → Demais teorias: ● heterogeneidade de néfrons - presença de uma arteríola aferente de calibre reduzido = estimula prod. de renina; ● redução do número de néfrons - hiper�ltraçãodos néfrons remanescentes pela diminuição ao nascer = esclerose glomerular com retenção de sal e líquido; ● não modulação da angiotensina II - presença de níveis não suprimíveis de angiotensina II = hipersensibilidade ao sódio; ● hiperativação do SNS - estresse crônico = hiperatividade adrenérgica = vasoconstrição periférica por remodelamento vascular, aumento de renina-angiotensina intrarrenal e aumento inicial do DC; ● resistência à insulina e hiperinsulinemia - podem ser fatores preditivos de HAS; - aumento da reabsorção renal de sódio; - aumento da atividade simpática; - hipertro�a da musculatura vascular; - aumento do cálcio. 5.2. Lesões de órgãos-alvo → HAS = principal fator de risco modi�cável para doenças cardiovasculares, doença renal crônica e morte prematura. → HAS afeta vasos sanguíneos e coração. ● vasos sanguíneos - lesão endotelial por liberação de fatores tró�cos; - remodelamento = causa aumento progressivo e permanente da RVP = eleva pressão ainda mais = ciclo vicioso. - maior estágio da HAS = maior processo de remodelamento. → Consequências do remodelamento: 1. arteriosclerose hialina - espessamento hialino homogêneo da parede das arteríolas, com redução do lúmen. - ocorre por deposição de material amorfo na parede muscular + aumento das �bras colágenas na camada íntima e média = comprometimento orgânico lento e progressivo. 2. arteriolosclerose hiperplásica - ocorre na hipertensão acelerada maligna (níveis > 200 x 120). - espessamento laminado concêntrico das arteríolas = bulbo de cebola + estreitamento do lúmen - ocorre pela proliferação de células musculares lisas; - pode-se encontrar áreas de necrose = arteriolite necrosante hipertensiva. 3. microaneurismas de Charcot-Bouchard - dilatações pós-estenóticas presentes em pequenas artérias cerebrais penetrantes, consequentes da arteriosclerose hialina; - ruptura = AVE hemorrágico intraparenquimatoso relacionado à HAS. 5.2.1 Aterosclerose → HAS = principal fator de risco. → Doença da parede arterial = acomete aa. de grande calibre ou médio - formação de placas com cerne lipídico na camada íntima, envolta por capa �brosa = placas de ateroma. ● interior das placas = células in�amatórias mononucleares, células musculares lisas e produtoras de colágeno; ● placas podem obstruir lúmen parcialmente = isquemia induzida pela maior demanda metabólica do órgão; - angina estável, angina mesentérica, claudicação intermitente. ● ou totalmente = síndromes isquêmicas agudas - AVE isquêmico, IAM, isquemia mesentérica aguda, gangrena de MMII. 5.2.1.1 Patogênese da aterosclerose → Inicia-se em pequenos focos - camada íntima de grandes artérias (aorta). → Lesão inicial = estria gordurosa. ● presente em quase todos os indivíduos na faixa de 15-35 anos. ● mantém-se estável por vários anos. ● em pacientes mais propensos = volta a evoluir mais tarde para lesão aterosclerótica mais extensa = acomete coronárias e carótidas. ● 20% dos homens e 8% das mulheres de 30-35 homens. → Placa de ateroma ocorre principalmente nas bifurcações de aa., pelo aumento da pressão por estresse mecânico e turbilhonamento do sangue. → Primeiros eventos: ● acúmulo de LDL na camada íntima = �ca retina no local por se ligar com proteoglicanos da matriz extracelular = pode sofrer reações oxidativas; - podem aumentar expressão de moléculas de adesão; - estimulam secreção de citoquinas; - = acúmulo de lipídeos + ativação de leucócitos; - �uxo turbulento não possui capacidade de suprimir a expressão de moléculas de adesão pela falta de NO = contribui para patogênese. ● células in�amatórias envolvidas: monócitos e linfócitos T - penetram camada íntima = retidas → monócitos transformam-se em macrófagos = endocitam LDL = células espumosas. - endocitose mediada por receptores de limpeza presentes em sua membrana → tentativa de limpar camada íntima dos lipídios; - algumas células se acumulam e entram em processo de apoptose = cerne necrótico da placa; ● células lisas modi�cadas - miócitos modi�cados = responsáveis pela capa �brosa em torno do cerne lipídico - migram da camada média para íntima por in�uencia dos fatores de crescimento e citocinas; - instalam-se na íntima e passam a sintetizar �bras colágenas; - = placa rica em miócitos e colágeno; ● plaquetas podem se aderir a brechas no endotélio do vaso = trombogênese + secreção fatores de crescimento = continuem para �brose; - microvasos surgem no interior da placa = a�uxo de leucócitos + hemorragia intraplaca; - pode ocorrer acúmulo de cálcio. → Efeito lesivo da HAS = aumenta produção de fatores de crescimento e citocinas. ● disfunção endotelial = permite oxidação do LDL + recrutamento de leucócitos; ● endotélio reduz produção de subs. protetoras - NO e prostaciclina; aumenta prod. de subs. nocivas - endotelina e EDGF. → Instabilidade da placa: 1. obstrução gradual do lúmen; 2. fraqueza da parede arterial; 3. trombose da placa - principal mecanismo. - ocorre em pouco tempo, reduz lúmen bruscamente → oclusão; - consequências: IAM, AVE, isquemia mesentérica aguda 5.2.2 Cardiopatia hipertensiva 5.2.2.1 Hipertro�a ventricular esquerda → Aumento crônico da pós-carga = sobrecarga sistólica de VE = miocárdio se hipertro�a. → Massa ventricular esquerda indexada para sup. corpórea > 116 g/m3 em homens e 96 em mulheres. → Presente em quase 50% dos hipertensos não tratados. → Concêntrica - espessamento da parede com redução da cavidade. → Excêntrica - aumento da massa ventricular sem espessamento da parede. → Inclui efeito da angiotensina II. → Pode ser detectada antes da HAS, mais comum em pacientes obesos. → HVE pode precipitar eventos cardiovasculares, mesmo sem lesão obstrutiva nas coronárias epicárdicas, devido à baixa reserva coronariana associada ao aumento da demanda metabólica. → Risco de morte súbita aumentado, principalmente em indivíduos hipocalêmicos pelo uso de diuréticos. 5.2.2.2 Disfunção diastólica → Dé�cit de relaxamento ventricular. → Pode estar associada ao aumento atrial esquerdo e HVE. → Paciente pode se tornar sintomático por congestão pulmonar secundária ao aumento das pressões de enchimento do lado esquerdo. → 40-50% dos casos de ICC relacionados à HAS tem correlação com disfunção diastólica. → Disfunção explica casos de edema agudo hipertensivo. → Cardiomiopatia hipertró�ca hipertensiva descrita em idosos = HVE concêntrica, hipertensão sistólica e disfunção diastólica grave. 5.2.2.3 Cardiopatia dilatada → HAS = uma das principais causas de ICC no BR = re�ete disfunção sistólica + dilatação ventricular. → Quadro: ● IVE → insu�ciência biventricular congestiva → cardiopatia dilatada = pressão arterial pode se normalizar pelo baixo débito pela disfunção sistólica de VE; 5.2.2.4 Doença coronariana → Principal fator de risco para doença aterosclerótica das aa. coronárias. 5.2.3 Doença cerebrovascular → Segunda maior causa de óbito na população. → Risco aumenta com estágio da HAS. → Pode se manifestar comum: AIT, AVE isquêmico, AVE hemorrágico, hemorragia subaracnóide, demência multivacular e atro�a cerebral devido à arteriosclerose difusa. → 80% = AVE isquêmico por evento tromboembólico da aterosclerose carotídea. ● pode ocorrer por êmbolo ou trombose in situ, diretamente na a. cerebral do complexo carotídeo ou vertebrobasilar. ● pode deixar sequelas: hemiplegia, afasia, atro�a, úlceras de pressão, desnutrição, depressão, infecções. ● uso de AAS indicado. → AIT: causado por êmbolos das carótidas extracranianas → prenúncio de AVE isquêmico. ● uso de AAS diminui a incidência de AVE. 5.2.4 Nefropatia hipertensiva → Boa parte dos hipertensos de longa data possuem arteriosclerose hialina nas arteríolas aferentes renais = nefroesclerose hipertentiva. ● principal sinal: microalbuminúria em 24h de 30-300 mg. ● pacientes, em especial negros e diabéticos, podem evoluir com preoteinúria + piora da função renal = rins em estágio terminal e necessidade de diálise. 5.2.4.1 Nefroesclerose hipertensiva maligna → Complicação da hipertensão acelerada maligna, amiscomum em negros. → Arteríolas renais sofrem arterioloesclerose hiperplásica e necrose �brinóide arteriolar = insu�ciência renal que progride + proteinúria + hematúria. 5.2.5 Retinopatia hipertensiva → Arteríolas retinianas podem sofrer com lesões hipertensivas, e espelham acometimento de outros órgãos. → Classi�cação de Keith-Wagener-Barker: 1. estreitamento arteriolar 2. cruzamento arteriovenoso patológico 3. hemorragias e/ou exsudatos retinianos 4. papiledema 6. Hipertensão secundária → 5% das HAS. → Maior parte das etiologias é reversível. → Principais etiologias: 1. doenças parenquimatosas renais; 2. estenose de a. renal; 3. uso de AC orais; 4. hiperaldosteronismo primário; 5. outros - apneia do sono, disfunção de tireoide, sd. de Cushing, feocromocitoma, coarctação da aorta, hiperparatireoidismo, policitemia vera, uso de drogas, cocaínas e anfetamínicos. → Critérios para suspeitar de HAS secundária: 6.1 Como investigar e tratar 6.1.1 Doenças parenquimatosas renais → 85% dos nefropatas com creatinina plasmática > 1,5 mg/dl ou clearance de creatinina < 50 ml/min = hipertensos. → Mais comum nas glomerulopatias: glomerulopatia diabética e glomeruloesclerose focal e segmentar idiopática. → Mecanismo: sobrecarga de volume + maior ativação do SRAA. → Pode ocorrer como consequência da pielonefrite crônica unilateral. → Proteinúria > 2 g/24h = sugestiva de HAS secundária à doença renal. → Medicação: iECA, antagonistas da angio II. → Recomenda-se nefrectomia APENAS se hipertensão arterial for grave, se rim pequeno for disfuncionante e se rim contralateral tiver função normal. 6.1.2 Estenose da a. renal → Suspeitada em pacientes hipertensos com menos de 30 anos ou mais de 55; hipertensos refratários e hipertensos cuja função renal piora com iECA ou BRA. → Joven: �brodisplasia. → Idosos: aterosclerose renal. → Exames complementares: ● eco-doppler de aa. renais; ● cintilogra�a renal com e sem captopril; ● angiorressonância renal → Opções terapêuticas na estenose de a. renal: ● terapia medicamentosa; ● angioplastia percutânea; ● cirurgia de bypass. 6.1.3 Apneia obstrutiva do sono → Episódios repetitivos de obstrução de vias aéreas superiores durante o sono = hipóxia noturna e hiperativação simpática re�exa = aumento da PA. → Acelera surgimento de lesões órgãos-alvo. → Principais fatores de risco: idade avançada, sexo masculino, obesidade e síndrome metabólica. → Suspeitar: paciente sem descenso noturno da PA na MAPA. ● pacientes com roncos + sonolência diurna → Dx: polissonogra�a. → Tto: correlação dos fatores mecânicos, perda ponderal e uso de CPAP. 6.1.4 Hiperaldosteronismo primária → Causa rara. → Aumento excessivo e autônomo de aldosterona pelo córtex suprarrenal. → Suspeito em pacientes com hipocalemia espontânea ou induzida por diuréticos. → Exame: relação aldosterona/atividade renina plasmática > 30; aldosterona > 15. → TC abdominal con�rma ausência de tumor suprarrenal - presença = cx. de ressecção. → Demais casos: hiperplasia idiopática da gl., tto. da HAS deve ser realizado com espironolactona. → Pacientes resistentes ao tto. anti-hipertensivo convencional = pode existir hiperaldosteronismo oculto. 6.1.5 Feocromocitoma → Tumor hipersecretante de catecolaminas. → Suspeitado em pacientes com hipertensão lábio - picos signi�cativos esporádicos, associados à palpitações, angina, sudorese e fadiga. → Elevação da PA pode desencadear encefalopatia hipertensiva. → Triagem deve ser feita com dosagem de catecolaminas e metabólitos no sangue ou urina. → Aumento na dosagem = TC abdominal em busca de tumor suprarrenal. ● negativa = cintilogra�a com MIBG radioisótopo. ● tto: ressecção do tumor. → PA deve ser controlada com prazosin no pré-op. → BB contraindicados. 6.1.6 Coarctação da aorta → Causa de HAS na infância. → Quarta cardiopatia mais frequente. → Obst. congênita da porção da aorta adjacente ao ligamento arterial, após a subclávia esquerda. → Exame físico: sopro sistólico ejetivo no precórdio e dorso, com diferença de pulso e pressão arterial entre MMSS e MMII. → Dx: ECO. → Tto: intervencionista, por procedimento endovascular em indivíduos mais jovens ou em crianças, ou cirurgia em casos de hipoplasia do arco aórtico. 7. Estrati�cação do risco cardiovascular (RCV) → Essencial paraa de�nir terapêutica. → Ideal = utilizar mais de um modelo, misturando evidências para estrati�car risco. → Estratégias: 1. estimativa do RCV relacionado à HAS: níveis pressóricos, presença de fatores de risco cardiovascular adicionais, lesões de órgão-alvo, doença cardiovascular estabelecida ou nefropatia. 2. estimativa do RCV em 10 anos - avalia múltiplos FRCV. 7.1 Estimativa do RCV diretamente relacionado à HAS → FRCV: LOA, DCV, DRC ou RM. ● 1-2 = risco baixo; ● > 3 = risco moderado ● todos = risco alto → FRCV adicionais: sexo masculino, idade > 55 em homens e 65 em mulheres, DCV prematura em parente de primeiro grau, tabagismo, dislipidemia, resistência à insulina, obesidade. → LOAs a ser pesquisadas: ● HVE - ECG e ECO - ECG: índice de Sokolow-Lyon ≥ 35 mm ou onda R em aVL ≥ 11 mm; - ECO: VE > 115 em homens e 95 em mulheres. ● busca de placa de ateroma nas carótidas ● VOP carotídeo-femoral ● ITB < 0.9 ● DRC estágio III ● albuminúria 30-300 ou relação albumina /creatinina em spot urinário 30-300 mg/g → Doenças de alto RC: ● doença cerebrovascular: AVE e AIT; ● doença coronariana: AI, IAM, revascularização prévia; ● ICFER ou ICFEN; ● DAP sintomática em MMII; ● DRC ● albuminúria > 300 mg/dia ● retinopatia avançada. 7.2 Estimativa do RCV → Primeira etapa: identi�cação de doença aterosclerótica e equivalentes: ● doença aterosclerótica evidente clinicamente; ● aterosclerose subclínica ● história de procedimento de revascularização arterial ● DM ● doença renal crônica ● hipercolesterolemia familiar ● presença de qualquer um = RCV > 20% em 10 anos = risco alto. → Segunda etapa: cálculo do escore de risco global (ERG). ● primeira etapa negativa; ● calculado de formas diferentes em homens e mulheres. ● ERG ≤ 5% - risco baixo, exceto em paciente com história de DCV prematura = risco intermediário; ● homens com ERG entre 5-20% e mulheres com ERG de 5-10% = risco intermediário; ● homens > 20% e mulheres > 10% = risco alto. → Terceira etapa: reclassi�cação do risco na presença de fatores agravantes. ● pacientes de risco intermediário → risco alto se possuírem fator agravante ● fatores agravantes: doença coronariana prematura em parente de primeiro grau, dx. de sd. metabólica, albuminúria > 3- mg/dia; HVE; proteína C reativa ultrassensível; EMI de carótida > 1mm, escore de cálcio coronário > 100; ITB < 0.9 8. Decisão de tratamento e metas terapêuticas 8.1 VIII diretriz BR de HAS: → Indivíduos com HAS estágios 2 ou 3, ou estágio 1 com risco alto = iniciar tto. imediato não medicamentoso e medicamentoso. → HAS estágio 1 e risco intermediário ou baixo = tentar tto. não medicamentoso isolado por 3-6 meses → PA não ajustada = medicamento. → Pré-hipertensos na faixa de 130-139 x 85-89 mmHg = início não medicamentoso imediato. ● medicamentoso: avaliado de forma individual caso exista DCV estabelecida, RCV alto. ● uso de inibidores do SRAA = diminuem aparecimento da HAS. → HAS sistólica isolada dos idosos = tto. indicado a partir de PAS ≥ 140 mmHg. 8.1.1 Metas pressóricas → Hipertenso fora da meto = necessidade de avaliações mensais até que PA seja controlada. 8.2 Tratamento não medicamentoso → Maioria dos pacientes não consegue manter TNM a longo prazo. → Potencializa ação medicamentosa e ajuda a controlar fatores de risco. → TNM: 1. controle do peso e CA: ganho ponderal associado à resistência à insulina, hiperativação adrenérgica; 2. dieta 3. consumo de sal 4. consumo de álcool 5. exercícios físicos 6. cessação do tabagismo, controle do estresse 7. equipe multipro�ssional 8.3 Tratamento medicamentoso → Anti-hipertensivo de primeira linha = abaixa PA + reduz morbimortalidade CV. → Principais: diuréticos, BCC, IECA, BRA, BB. → Princípios gerais: 1. prefere-se drogas VO, na menordosagem possível; 2. drogas de ação longa ou lib. lenta = permitem tomada 1x. ao dia = aumentam adesão; 3. posologia deve garantir manutenção de níveis séricos ao longo das 24h; 4. tomada ao acordar, evitando pico pressórico no início do dia; 5. PA deve ser reavaliada após 4 semanas do início ou mudança do tto. + avaliar presença de efeitos colaterais; 6. qualquer um dos anti-hipertensivos de primeira linha podem ser utilizados em monoterapia, mas deve-se preferir uma droga especí�ca se a mesma trouxer fatores adicionais dependendo das particularidades de cada paciente. OBS: mecanismo de ação dos anti-hipertensivos → Diuréticos (DIU): preferência pelos tiazídicos (1x/dia + redução suave da PA + poucos efeitos colaterais). ● DIU de alça - indicados em DRC avançada e/ou presença de edema; ● poupadores de K = não são bons anti-hipertensivos isoladamente - podem ser associados a tiazídicos para evitar hipocalemia. 1. tiazídicos: induzem natriurese = reduz VEC; volta ao normal após 4-6 semanas = redução da RVP = reduz PA. - hidroclorotiazida, indapamida, clortalidona. - efeitos colaterais: 4 hipo e 3 hiper - hipovolemia, hiponatremia (primeiras semanas de uso), hipocalemia (mais comum = aumenta risco de morte súbita por arritmias), hipomagnesemia, hiperglicemia, hiperlipidemia, hiperuricemia. 2. diuréticos de alça: bloqueiam reabsorção de Na/K/Cl = promovem natriurese intensa = só devem ser utilizados quando HAS está associada à hipervolemia; - furosemida, bumetanida, piretanida, ácido etacrínico. 3. poupadores de potássio: bloqueiam receptor de aldosterona ou canal epitelial de sódio. Primeira opção em HAS associada ao hiperaldosteronismo primário. - espironolactona, eplerenona, HCTZ + amilorida, HCTZ + triantereno. → Bloqueadores de canais de cálcio (BCC): bloqueiam canais de cálcio presentes na membrana de certos tipos celulares = reduzem in�uxo de cálcio para citoplasma ● di-idropiridínicos = vasosseletivos → atuam em canais de cálcio localizados nas células musculares lisas da parede das arteríolas = promovem vasodilatação e reduzem RVP - anlodipina, nifedipina, felodipina, manidipina, lercanidipina, levanlodipina, isradipina, nitrendipina, nisoldipina, lacidipina. ● não di-idropiridínicos = cardiosseletivos = atuam nos cardiomiócitos = podem deprimir contração cardíaca = úteis nos hipertensos que necessitam reduzir FC - verapamil e diltiazem. ● efeitos colaterais: di - edema maleolar, dermatite ocre, cefaleia, tontura, rubor facial e hiperplasia gengival; não di: agravamento da ICFER, bradicardia, bloqueio AV, constipação - OBS: nifedipina aumenta mortalidade em crises hipertensivas. → Inibidores da enzima conversora de angiotensina: reduzem formação de angiotensina II e reduzem degradação de bradicinina = vasodilatação arterial periférica. Úteis na presença de ICFER e IAM → diminuem cardiotoxicidade direta ao excesso de angiotensina II em resposta ao DC diminuído e evitando remodelamento; e nefropatia diabética ou DRC - vasodilatação da arteríola eferente do glomérulo = efeito nefroprotetor; ● efeitos colaterais: tosse seca, angioedema, erupções cutâneas, IRA, pancreatite e leucopenia ● contraindicados na gestação ● captopril, enalapril, lisinopril, perindopril, ramipril, trandolapril, benazepril, quinapril, fosinopril, cilazapril, moexipril. → Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II: bloqueiam receptor de AT1 de angiotensina II, mas não produzem aumento de bradicinina; ● quase mesmos efeitos colaterais dos IECA, exceto tosse seca e angioedema; ● também são teratogênicos; ● losartan - efeito uricosúrico = reduz uricemia → útil em pacientes com gota. → Betabloqueadores: ● bloqueio dos receptores beta-1-adrenérgicos do coração = reduzem DC por cronotropismo, inotropismo e dromotropismo; reduzem secreção de renina ao inibir ação de catecolaminas; ● bloqueio dos beta-2-adrenérgicos: vasoconstrição, broncoconstrição, inibição da lib. hepática de glicose ● maior lipossolubilidade = propranolol - útil na presença de tremor essencial, sd. hipercinéticas, cefaléias vasculares; ● pindolol - atividade simpatomimética intrínseca = impede ação de catecolaminas endógenas = promove estimulação parcial em vez de bloqueio absoluto; ● terceira geração: carvedilol e labetalol - bloqueio concomitante dos receptores alfa-1 vasculares; nebivolol = aumento da síntese de NO; carteolol e betaxolol = reduzem síntese do humor aquoso = controle da pressão intraocular; celiprolol = bloqueia receptor beta-1 e estimula beta-2 e alfa-2. ● efeitos colaterais: broncoespasmo, bradicardia, dist. de condução AV, insônia, depressão, disfunção erétil, intolerância à glicose e dislipidemia; ● BB de primeira e segunda: contraindicados na asma, DPOC e BAV de seg. e terceiro grau. → Drogas de ação central 1. agonistas alfa-2 e agonistas imidazólicos: estimulam alfa-2-adrenérgicos localizados nos núcleos simpáticos do SNC, diminuem o tônus adrenérgico central, RVP e DC + diminuem síntese e renina; agonistas - estimulam receptores imidazólicos = promovem efeito simpatolítico; - vantagens em: sd. das pernas inquietas, retirada de opioides, �ushes na menopausa, diarreia por neuropatia diabética, hiperatividade simpática; - metildopa = utilizado durante gestação; - efeitos colaterais: sonolência, sedação, xerostomia, disf. erétil, hipotensão postural; metildopa pode provocar anemia hemolítica por anticorpos; - clonidina - maior risco de efeito rebote = pode levar à crise hipertensiva por upregulation 2. alfabloqueadores: bloqueiam alfa-1-adrenérgicos localizados nas arteríolas = reduzem RVP; - úteis em pacientes com queixa de prostatismo (possuem receptores no estroma prostático); - melhoram metabolismo glicídico e lipídico; - escolhidos em pacientes com feocromocitoma. - efeitos colaterais: hipotensão postural, incontinência urinária. 3. vasodilatadores arteriais diretos: RVP reduzida em função de relaxamento arteriolar → muito intensa = risco de hipovolemia relativa - surgimento de taquicardia re�exa; - devem ser evitadas em pacientes com SCA, aneurisma dissecante de aorta e hemorragia cerebral; - provocam benefícios como queda do LDL e aumento do HDL - efeitos colaterais: cefaleia, rubor facial, taquicardia re�exa, edema; 4. inibidores diretos da renina: inibe reação inicial do SRAA = diminuem vasoconstrição periférica e secreção de aldosterona; - efeitos colaterais: rash cutâneo, diarreia, aumento de CPK - contraindicado na gravidez - sem comprovação de reduzir mortalidade CV OBS: tratamento em diferentes tipos de paciente → hipertenso de baixo risco ou moderado: ● hipertenso sem FR associados: medicação precoce não preveniu DAC, eventos CV ou mortalidade CV, apenas AVE e mortalidade total; em outros estudos, houve evidência da redução de risco em várias doenças CV; ● portanto, deve-se iniciar tto. medicamentoso em combinação com tto. não medicamentoso. ● meta pressórica: 140/90 mmHg. → hipertenso com doença coronária: PA entre 130/80 - 120/70 → hipertenso com histórico de AVE: manter pressão na faixa pressórica normal; → hipertenso com IC: tto. da HA reduz a incidência de IC. → hipertenso diabético: tto. essencial para proteção renal = reduz albuminúria + diminui risco de AVE e HVE. ● monoterapia (DIU, BBC, IECA, BRA, BB)→ meta não alcançada = combinação de dois (IECA ou BRA + BCC ou DIU) → 3 IECA ou BRA + BCC ou DIU) → 4 (espironolactona) → 5 (BB, simpatolíticos centrais, alfabloqueadores, vasodilatadores). 9. HAS e condições clínicas associadas 9.1 DM → Todo hipertenso dibaético = RCV alto. → Meta pressórica: < 130 x 80. → Ausência de albuminúria ≥ 30 mg/dia = qualquer anti hipertensivo pode ser usado. ● presença de albuminúria = IECA ou BRA. → PA controlada em pacientes DM = redução dos eventos macro e microvasculares e de mortalidade. → PA > 140 x 90 = necessidade de tto. medicamentoso. ● tto. requer terapia múltipla + BCC e/ou DIU. 9.2 Sd. metabólica → Obesidade central, elevação da glicemia e dislipidemia típica + HAS. ● presentes em 30-40% doshipertensos. → Meta pressórica < 140 x 90, na ausência de DM. → Com disglicemia = IECA ou BRA e/ou BCC. 9.3 Doença coronariana → BB, IECA ou BRA. → Meta pressórica < 130 x 80. → Curva em J: baixar demais a PA = aumenta mortalidade. → Faixa de 120 x 70 e 130 x 80. → Necessidade de associação = DIU e BCC. 9.4 Doença cerebrovascular → Meta pressórica: < 130 x 80. → Qualquer classe pode ser utilizada. 9.5 Doença renal crônica → Meta pressórica sem DM = < 140 x 90. → Ausência de albuminúria = sem preferência de anti hipertensivo especí�co. → DRC diabética - < 130 x 80, sem albuminúria = qualquer droga. → Presença de albuminúria = < 130 x 80, IECA ou BRA. 10. HAS no idoso → PAS e PAD aumentam de forma linear até 60 anos de idade por envelhecimento vascular. Depois dos 60 = PAS continua subindo e PAD cai. → Dx. de HAS deve ser con�rmado por MAPA. → Tto. indicado para pacientes com idade ≥ 80 anos a partir de PAS ≥ 160 mmHg. → Pacientes < 80 - iniciar com PAS ≥ 140 mmHg. 10.1 HAS resistente → PA não controlada com uso de 3 doses em dose máxima tolerada, sendo uma delas DIU ou uso de 4 + drogas com PA de consultório controlada. → HAR aparente = de�nição clássica. → HAR verdadeira = de�nição clássica + documentação da curva pressórica pela MAPA + comprovação de uso correto das medicações. ● tto: espironolactona; ● amiloride ● BB - carvedilol e nebivolol. → HAS refratária = sem controle mesmo após uso de 5 + medicações. → HAR é mais prevalente em HAS secundária, principalmente na apneia obstrutiva do sono, hiperaldosteronismo primário e estenose da a. renal. 11. Crise hipertensiva → Condição em que os altos níveis de PA estão acarretando ou podem acarretar um prejuízo agudo ao organismo = necessitando de um controle pressórico mais rápido que ambulatorial. → Pode ser diagnosticada erroneamente - apenas sintomas anormais em pacientes com HAS estágio 2 = pseudocrise hipertensiva. 11.1 Fisiopatologia da crise hipertensiva → Quadro causado pela própria hipertensão: ruptura vascular ou extravasamento de líquor; hiperplasia arteriolar aguda, elevação das pressões de enchimento ventricular (EAP hipertensivo). → Patologia aguda associada: IAM, AI e dissecção aórtica → Órgãos possuem mecanismo de autorregulação do próprio �uxo arterial - pela variação do tônus vascular das arteríolas e pequenas artérias do órgão. ● aumento da PAM → vasoconstrição; ● redução da PAM → vasodilatação. ● órgão que mais sofre com regulação - cérebro → pode levar à encefalopatia hipertensiva. ● instalação súbita de um quadro hipertensivo pode superar o limite da autorregulação. 11.1.1 Reajuste da autorregulação no hipertenso crônico → Efeito dos altos níveis tensionais = mecanismo de autorregulação alterado. → Crise hipertensiva real só ocorrerá em níveis muito elevados de PA. 11.2 Emergências Hipertensivas e Urgências Hipertensivas → EH: aumento da PA causa prejuízo orgânico agudo, com sintomas graves e risco de vida = exige rápido controle pressórico. ● encefalopatia hipertensiva; ● dissecção aórtica aguda; ● AVE isquêmico ● IAM ou AI ● EAPH ● hipertensão acelerada maligna ● nefroesclerose hipertensiva maligna ● hipertensão grave no grande queimado ● GNDA pós-estreptocócica ● crises adrenérgicas → UH: PA muito alta, sem prejuízo orgânico agudo. 11.3 Abordagem das EH 11.3.1 Anti-hipertensivas parenterais 1. nitroprussiato de sódio: potente efeito vasodilatador arterial e venoso; início e término de ação muito rápidos; - infusão contínua da dose 0,25-10 ug/kg/min com soro e equipo protegido da luz; - hipotensão pode ser revertida com suspensão da droga; - intoxicação pelo tiocianato = efeito adverso mais comum = agitação psicomotora, confusão mental, fadiga, vômitos, coma; mais comum em doses altas + IR. - intoxicação por cianeto - acidose metabólica, arre�exia, midríase, convulsões, pele rosada e hálito com odor de amêndoas amargas; 2. nitroglicerina: vasodilatação direta no sistema venoso e coronárias epicárdicas + efeito anti-isquêmico, redutor da pré e pós-carga; - droga de escolha na crise hipertensiva do IAM e AI; - 5-100 ug/min; - deve ser colocada em recipiente de vidro. 3. enalaprilato: não deve ser utilizado na eclâmpsia; - 1,25-5 mg IV 6/6h 4. hidralazina: vasodilatador arterial direto, com ação bastante efetiva nas aa. placentárias; - uso isolado = taquicardia, hipercontratilidade miocárdica re�exa; - escolhida na eclâmpsia. 5. furosemida: deve ser ad. no EAP ou como potencializadora de ação de outras drogas no tto. das EH, exceto nos casos com hipovolemia e eclâmpsia; 6. nicardipina: BCC - 5-15 mg/h - não deve ser primeira escolha no EAP hipertensivo 7. labetalol: alfa e beta bloqueador = vasodilatador arterial e venoso; - 2 mg/min após bolo de 20-80 mg IV; - não deve ser utilizado no EAP hipertensivo. 8. outras: - esmolol - BB; - verapamil e diltiazem - BCC; - alfametildopa - diazóxido - trimetafan 11.3.2 Drogas orais 1. captopril: IECA com meia-vida curta; - não deve ser utilizada na gravidez; - dose: 6,25-50 mg 2. diuréticos: furosemida; - indicado em casos refratários ao esquema anti-hipertensivo; - pacientes hipertensos em uso crônico de diuréticos; 3. nifedipina: apresenta graves efeitos colaterais, não aprovada pela FDA; - utilizada apenas na ausência de outras opções; - contraindicada na angina, IAM, TIA, AVE e dissecção aórtica. 4. clonidina: alfa-2-agonista central - dose: 0,2 mg VO + 01 mg 1/1h; - efeito sedativo = contraindicada em pacientes com comprometimento neurológico grave; 5. propranolol: BB - dose: 10-40 mg. 11.4 Encefalopatia hipertensiva → Aumento súbito e signi�cativo da PA = pode ultrapassar limite da autorregulação do �uxo cerebral = hiper�uxo + extravasamento de líquido = edema cerebral. → Microvasos cerebrais perdem capacidade de autorregulação e dilatam-se pelo efeito lesivo da HAS. → Sinais e sintomas: cefaléia fronto-occipital ou holocraniana, síndrome de HIC e edema cerebral insidiosa = náuseas, vômitos, queda do nível de consciência, crises convulsivas tônico-clônicas, hiperre�exia, sinal de Babinski positivo, mioclônus. → Principal dx. diferencial: AVE hemorrágico. ● diferencia-se pela instalação súbita → TC de crânio + RM de crânio podem identi�car o tipo da síndrome. → Conduta: internação + terapia anti-hipertensiva. ● drogas venosas de meia-vida curta → nitroprussiato de sódio, nicardipina ou labetalol; ● pressão diastólica deve ser reduzida para valores entre 100-110 mmHg, PAM deve ser reduzida no máximo 25% nas primeiras 2h → 160 x 100 nas próximas 6-8h = melhora do edema e sintomas neurológicos; ● após controle inicial → adicionar um ou mais anti-hipertensivos VO, para desmame do nitroprussiato. 11.5 AVE hemorrágico → Súbita elevação da PA é geralmente a causa do AVE hemorrágico → edema cerebral + HIC → re�exo de Cushing = eleva pressão arterial e reduzem FC. → Altos níveis tensionais podem piorar sangramento, mas a normalização da pressão é deletéria → pode causar isquemia nas áreas acometidas pelo vasoespasmo e no tecido cerebral edemaciado. ● = manter pressão entre 150 x 95 e 180 x 105 em pacientes hipertensos; e 130 x 96 e 160 x 105 na hemorragia subaracnóidea por ruptura de aneurisma. → Sinais e sintomas: cefaleia intensa e súbita + crise convulsiva focal ou generalizada, queda do nível de consciência, dé�cit neurológico focal súbito, pode aparecer rigidez na nuca posterior. → Conduta: PAM e PIC devem ser constantemente monitorizadas. ● paciente deve ser colocado em prótese ventilatória com hiperventilação e sedação adequada; ● iniciar anti-hipertensivo venoso de meia-vida curta em infusão contínua - nitroprussiato de sódio, nicardipina, labetalol = reduzir PA em 3h; ● hemorragia subaracnoide = uso de nimodipina 60 mg - efeito protetor neuronal e diminui sequela neurológica. 11.6 AVE isquêmico → Uma das principais complicações da HAS. → A. cerebral ocluída → área de isquemia cerebral → área de necrose → estende-se para periferia. ● circulação colateral mantém perfusão; ● área que não evoluiu para necrose = penumbraisquêmica - garantida pela alta PA. → Queda abrupta da PA = aumenta extensão do infarto = não tratar área isquêmica, a menos que PA esteja ≥ 220 x 120 ou quando paciente é candidato ao uso de trombolíticos e apresenta PA ≥ 185 x 110. ● nitroprussiato ou labetalol ● nifedipina contraindicada 11.7 IAM e AI → IAM estimula sistema simpático = eleva FC e PA. → PA elevada em eventos isquêmicos = efeitos deletérios. → Anti-hipertensivo venoso indicado - nitroglicerina. → Nitroprussiato utilizado se ocorrer refratariedade a nitroglicerina. → BB devem ser associados, exceto em Killip ≥ 2, bradiarritmia e broncoespasmo. ● metoprolol venoso. ● esmolol. 11.8 DAA → Ruptura da camada íntima da aorta = sangue penetra entre íntima e média = dissecação. → Falsa luz = espaço pelo qual sangue percorre após a dissecção. → Fatores: fraqueza da parede por necrose e alta força de cisalhamento do sangue. → Ruptura das camadas média e adventícia = podem ser muito graves ou fatais. → Ruptura de aorta ascendente = hemopericárdio, com tamponamento cardíaco. → Aorta descendente = hemomediastino ou hemotórax, com choque obstrutivo ou hemorrágico. → Aorta descendente abdominal = hemorragia digestiva franca ou hemoperitônio, com choque hemorrágico fatal. → Classi�cação de De Bakey: I. aorta ascendente → dissecção estende-se pelo arco aórtico e aorta descendente; II. aorta ascendente, não ultrapassa. III. aorta descendente a. apenas aorta descendente torácica; b. aorta abdominal. → Classi�cação de Stanford: A. comprometimento da aorta ascendente B. não comprometimento da aorta ascendente. → Sintomas: ● I e II = dor torácica retroesternal, associada a náuseas e sudorese → dor torácica reduz = dor na região dorsal do tórax, pode migrar para região lombar se atinge aorta abdominal; caráter variável: rasgante ou cortante; → Sinais: ● diferença de pulso ou PA; ● dé�cit neurológico focal ou sopro carotídeo intenso; ● sopro de insu�ciência aórtica aguda. → Dissecção da aorta abdominal pode se estender para aa. renais = hipertensão severa renovascular. → Complicações: tamponamento cardíaco, compressão do mediastino, choque hemorrágico franco associado à síndrome do derrame pleural e ascite. → Dx: realizado após afastar SCA. ● radiogra�a de tórax, eco, TC, ressonância nuclear magnética e aortogragia. ● tipo I, II ou A = ecocardiograma transesofágico - detecção da falsa luz; uso de doppler = aumenta sensibilidade; ● tipo III ou B = TC, RNM. → Tto: reduzir PA e força do miocárdio. ● BB - labetalol; ● nitroprussiato de sódio + propranolol; ● esmolol; ● verapamil ou diltiazem na contra-indicação de BB. ● vasodilatadores diretos contra indicados por aumentarem contratilidade cardíaca ● 11.9 Eclâmpsia → Hipertensão arterial, edema, proteinúria, encefalopatia. → Hipoperfusão uteroplacentária → hiperprodução de fatores in�amatórios = síndrome multissistêmica = agregados celulares e �brina nos pequenos vasos → isquemia orgânica e coagulopatia de consumo. → Tto: ● controle das crises convulsivas: sulfato de magnésio (4g IV); ● controle da hipertensão - hidralazina; - nitroprussiato = tóxico para feto; - IECA contraindicados. ● interrupção da gestação - cesárea de urgência. → Pré-eclâmpsia grave: risco iminente de evolução para eclâmpsia. ● conduta: repouso, controle da hipertensão, pro�laxia da convulsão, exames para avaliação da gravidade, vitalidade fetal → induzir maturação com corticosteróides. 11.10 Hipertensão acelerada maligna → Altos níveis pressóricos + lesões vasculares progressivas → acometem retina e rins. → Marco diagnóstico: fundoscopia de exsudatos, hemorragias ou papiledema + HA rapidamente progressiva. ● pacientes podem evoluir para crise hipertensiva ou insu�ciência renal progressiva. → Fisiopatologia: lesão vascular; nefroesclerose maligna - arterioloesclerose hiperplásica. → Dados clínicos: ● mais comum em negros; ● pacientes que abandonaram tto; ● assintomáticos ou com náuseas, vômitos, cefaleia e alterações encefalopáticas; ● exames laboratoriais = elevação da ureia e creatinina; proteinúria, hematúria e cilindrúria. → Tto: captopril + internação + manutenção da função renal. 11.10 Abordagem UH → Controle da PA feita paulatinamente em 24-48h, com anti-hipertensivos orais de meia-vida curta. → Nifedipina não é indicada - queda abrupta = consequências isquêmicas.
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