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Historia do Direito

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História do Direito
08/08/2019
Civil Law Também é conhecido por direito romano-germânico
Países que pertencem ao direito romano-germânico: Brasil, Alemanha, Portugal, Itália, França, 
Argentina, Uruguai, México, Chile, Espanha
O que esses países tem em comum? A colonização, os países que adotam esse modelo foram 
colonizados por países que também adotam esse modelo. Logo para entender o direito brasileiro 
é necessário entender o direito português. 
De onde veio o termo romano-germânico? Fusão do que sobrou do direito romano com o direito 
dos povos germânicos que habitaram a Europa após a queda do império romano. Quando o 
império romano conquistou metade da Europa os germânicos se viram sem saída, visto que 
estavam no meio de dois titãs, os romanos e os hunos que estavam vindo do leste. Assim os 
germânicos conseguiram penetrar no império, através do rio Reno (fronteira natural entre 
romanos e germânicos) e começaram a conviver/casar/formar famílias com os romanos.
Motivos do enfraquecimento do império romano 
- Crise de sucessão dos imperadores. Vários imperadores romanos dependiam do exercito pra 
fazer valer sua legitimidade. Muitas vezes havia disputadas na chegada de um novo imperador 
para que esse imperador pudesse realmente assumir. Isso causou um cenário em que o 
próprio exército começou a perceber que eles tinham grande papel na decisão do imperador, 
então eles começaram a apontar os imperadores seguintes que fizessem promessas que 
interessavam ao exército. Entretanto, esses imperadores tiveram que gastar muito dinheiro 
público para cumprir essa promessa. Mas o exército era dividido em legiões que muitas vezes 
não concordavam com a decisão de quem ia ser o imperador e isso gerava uma série de 
crimes, inclusive morte ao imperador. Todo esse processo causou uma má distribuição do 
império.
- Alta inflação que afetou a economia romana. Essa crise foi causada por um enfraquecimento 
da moeda, mesmo sendo moedas de ouro, prata e cobre que são metais riquíssimos, mas 
muitas pessoas tentavam fraudar as moedas. Assim, como as moedas falsas valiam a metade 
do ouro verdadeiro, os comerciantes começaram a cobrar o dobro do preço em seus produtos 
e isso gerou a inflação.
O que acontece após a formação dos reinos germânicos?
Depois desse enfraquecimento romano, os germânicos começaram a viver com eles, mas houve 
guerras para a conquista do território romano e com isso acontece um êxodo urbano das cidades 
romanas, com medo do risco de guerra, e as pessoas se instalaram nos campos, gerando o inicio 
do feudalismo. Esses povos faziam uso da pessoalidade do direito, em que o direito era aplicado 
a cada pessoa de acordo com sua etnia, mas e quando as relações jurídicas forem entre pessoas 
de etnias diferentes? A pessoalidade logo começou a causar conflitos, então iniciou a 
implantação do direito territorial. O direito territorial consiste no direito designado a determinados 
territórios. E por que os germânicos simplesmente não acabaram com a cultura dos romanos e 
forçaram a implantação da sua cultura? Os germânicos souberam compreender que os romanos 
eram mais avançados e que podiam usufruir dessa cultura e aprendizado, eles souberam abraçar 
a cultura. Então os dois povos tentaram criar um direito híbrido que, inicialmente, foi chamado de 
direito romano vulgarizado. 
Quando um império cai, parte de sua cultura é perdida, faculdades fecham, bibliotecas são 
queimadas. Logo uma parte do direito romano foi destruído e essa sombra que restou foi usada 
para a fusão com os germânicos. Na medida em que romanos e germânicos passam a conviver 
juntos nesse espaço, começa a acontecer uma homogeneização dos povos, compartilhando o 
mesmo direito, a mesma língua, mesma jurisdição e também a mesma religião.
Transformações religiosas que ocorreram em Roma
Roma era uma nação curiosamente tolerante a religião alheia. Antes de serem católicas eles eram 
politeístas, e ao invadir uma terra eles abraçavam os deuses de seus inimigos, ao invés de forçar 
seus deuses ao povo inimigo. Com o surgimento das religiões monoteístas Roma começou a ter 
um problema com sua religião politeísta e quando Constantino se converteu a católico e a religião 
católica passou a ser permitida no império romano, com a chegada do imperador seguinte o 
catolicismo passou a ser obrigatório. Na junção com os germânicos, que eram pagãos, houve 
uma conversão dos germânicos para católicos. 
22/08/2019
Império romano do oriente
O que acontece após a queda do império romano do ocidente?
Justiniano era imperador do império romano do oriente, tinha dois objetivo enquanto governador, 
são elas: retomar o império romano do ocidente das mãos dos bárbaros, expulsar os germânicos 
da Europa, e queria fazer uma grande reforma no direito romano por achar que o direito romano 
padecia de varias problemas, como a inadequação para lidar com problemas atuais daquele 
momento, também a quantidade significativa de disposições contraditórias. Ex: leis em vigor que 
se contradizem. Isso tornava o direito romano refém da argumentação, virou algo discricionário, 
aquilo que pode controlar de acordo com sua vontade. Para atacar esse problema jurídico do 
direito romano, Justiniano deixou Triboniano responsável por chefiar uma equipe de juristas que 
buscava, reunia e consultava todas as informações do direito romano, após a analise desse 
material, a equipe de Triboniano aos poucos conseguiu eliminar algumas contradições e 
arrumaram tudo em um documento só, que ficou conhecido como corpus juris civilis (corpo do 
direito civil). Não é o direito civil no sentido atual, mas se refere como o direito romano como um 
todo, o direito da cidade, do povo. Esse documento estava dividido em quatro livros, são eles: as 
institutas (uma espécie de manual de introdução ao estudo do direito), o digesto (o livro mais 
importante do corpus, ele reunia a compilação das opines dos juristas ao longo de todos os 
séculos, organizado por assunto), o codex/código (é uma compilação das leis romanas, tanto do 
período republicano, quanto do império), e as novelas (eram as novas leis, as leis que tinham sido 
instituídas pelo próprio Justiniano). 
O objetivo militar de Justiniano 
Ele começou a organizar um exército, muito ouro foi gasto nesse esforço. O exército tinha como 
primeiro objetivo recuperar a península itálica, onde foi vitorioso no confronto com os povo 
germânicos. Essa conquista vai ter uma duração muito curta, visto que há uma pressão dos 
bárbaros para que os romanos saiam. Entretanto, alguns exemplares do corpus foram trazidos 
para a península, e quando os orientais foram expulsos esses exemplares ficaram por lá e esses 
livros ficaram esquecidos por vários séculos, até quando um monge recebeu a ordem de copiar 
um manuscrito da biblioteca e acaba encontrando o corpus, então associam esse manuscrito a 
obra de Justiniano, e os estudiosos começam a estudar o corpus e perceberam seu grande valor 
e avanço jurídico. A partir disso um grupo de estudioso decide estruturar uma faculdade de 
direito. Pelo estudo do corpus, há um renascimento do direito romano clássico, ao mesmo tempo 
em que houve o renascimento comercial. Com o tempo o interesse comum desse direito cresce, 
ao ponto de reis patrocinarem a criação de faculdades de direito, com o tempo passa a existir 
uma comunidade que estuda o direito romano do corpus, passando a ser universalmente 
conhecido por um direito bom, estimulando o uso do direito romano como uma espécie de 
resolução informal. Nessa época havia um pluralismo jurídico. Mesmo havendo um pluralismo 
jurídico o direito romano e canônico formavam uma ordem jurídica comum a todos os povos 
chamada de ius commune. Como lidar com esse pluralismo? Primeiro o ius proprium (direito 
local) é aplicado, se falhar é aplicado o ius commune. Obs: costumes locais também são 
consultados antes do ius commune. Não necessariamente o direito romano será aplicado da 
mesma forma em todos os países, pois mesmo o direitoromano sendo igual, as leis locais de 
cada país são distintas. O fato da língua do direito ser o latim proporcionou uma 
internacionalização do direito romano. Os países da Europa vão substituindo o direito romano 
vulgarizado pelo direito romano do corpus. 
29/08/2019
Direito de Portugal
No inicio de sua formação, Portugal não tinha limites físicos e legais bem determinados, as leis 
eram gritadas. O pelourinho era um torre que possuía um símbolo do rei. Não era um lugar de 
punir como todos pensam, mas sim um local para demonstrar a supremacia do rei, mas algumas 
punições eram feitas em frente ao pelourinho por conta do valor simbólico que isso trazia. 
Algumas leis também eram gritadas em frente ao pelourinho. Algumas pessoas cometiam crimes 
não porque queriam, mas muitas vezes porque não sabiam que não era permitido ou ate mesmo 
não sabiam da existência dessas leis. Essas queixas levaram a existência de uma compilação de 
leis, assim surgiram as ordenações do rei, querendo tornar mais acessível o conteúdo das leis do 
rei. Sao três fases de ordenações, as primeiras forma do rei Afonso, as afonsinas (1446), sendo 
substituídas pelas manuelinas (1512) do rei Manoel, que foram substituídas pelas filipinas (1603) 
do rei Filipe. As ordenações filipinas são as mais importantes, pois vigoraram no Brasil durante 
300 anos. Essas ordenações frequentemente demonstravam contradições, pois eram 
compilações e não codificações.
31/08/2019
Ordenações filipinas
Titulo LXIV do terceiro livro: como se julgaram os casos que não forem determinados pelas 
ordenações. O terceiro livro aborda os processos, e o título fala sobre fontes do direito, embora 
não seja um tema de processos. Quando algum caso for trazido que seja determinado por leis do 
reino, estilo da corte ou costume dos povos, seja por ele julgado, não importando o que dizem as 
leis imperiais sobre esse tema, ou seja as respectivas normas devem reger o caso, e o direito 
romano não interfere. As leis imperiais são o direito romano, do império romano. A lei, o estilo e o 
costume são as principais fontes do direito português, logo o direito romano e outros direitos 
como o canônico são subsidiários ao direito local de Portugal. Qual a diferença de estilo e 
costume? Costume não é um hábito, mas sim um comportamento reiterado considerado 
vinculante pelo povo, o estilo se aproxima um pouco da ideia de costume, mas é um pouco mais 
restrito. É um comportamento reiterado considerado vinculante pelos tribunais. A ideia de 
costume e estilo são tão próximas que antigamente os estilos eram chamados de costumes dos 
tribunais. E quando o caso não for determinado por lei, costume ou estilo, mandam que seja 
julgado pelos sagrados cânones, se for matéria de pecado, e se não for matéria de pecado, que 
seja julgado pelas normas imperiais do direito romano. E se o caso nao for determinado por 
nenhuma dessas leis expostas, mandam que se guardem as Glosas de Arcúsio e a opinião de 
Bartolo, ou sejas consultar as obras desses professores que serviram para suprir essas lacunas. 
E acontecendo caso ao qual nenhum dos ditos modos fosse provido, mandam que notifiquem a 
coroa para que o rei decida e essa decisão que criar uma norma nova para esse tipo de caso, 
esse precedente vai ser um precedente para casos seguintes semelhantes. Na época do direito 
das filipinas apenas o rei poderia criar um precedente vinculante, mesmo decisões de tribunais 
superiores não se aplicariam para novos casos semelhantes, apenas quando for uma decisão do 
rei. Esse precedente do rei pertence aos ius proprium ou ius commune? Ius proprium pois a 
decisão de um rei de Portugal não se aplicaria ao reino da Espanha. 
Obs: precedente é diferente de jurisprudência. Precedente é um caso só e jurisprudência seria 
um conjunto de decisões em que se decide da mesma forma, logo um conjunto de precedentes. 
Obs: não existe relação de hierarquia entre lei, estilo e costume. 
Em Portugal o feudalismo se deu de uma forma um pouco diferente, ate por conta da invasão 
árabe. Há discussões entre pesquisadores se o que houve em Portugal foi mesmo um 
feudalismo. O fato é que existiam relações de vassalagem se davam por meio de duas estruturas, 
são elas: normalmente o vassalo deviam proteção, fidelidade, prestações ao suserano e o 
suserano devia beneficio ao vassalo (uma terra enfeudada ou um cargo/oficio). Mas as relações 
feudais eram tao fluidas que as funções de vassalo e suserano variam entre senhores feudais e 
senhores feudais, senhores feudais e rei, e reis e reis. Todas essas trocas tornavam a sociedade 
muito complexa. Seja quem estiver dos dois lados das partes, a vassalagem é uma submissão 
por meio de um contrato jurídico e uma submissão aos olhos de deus. A homenagem, onde o 
vassalo se entrega para o suserano, poderia ate mudar seu estado civil. Esses vinculo de 
fidelidade, proteção e auxilio eram vínculos divinos e aquilo que deus faz nenhum homem separa, 
ou seja o vinculo de vassalo e suserano não pode ser feito facilmente, apenas por meio de um 
disffiatio, que é um ato que permita a desconstituição de um vinculo formal de vassalagem e só o 
papa podia, na condição de representante de deus na terra, poderia dissolver esse vinculo. 
Voltando ao que o vassalo e o suserano deviam um para o outro, a terra enfeudada ou o oficio 
poderiam ficar na família do vassalo, pois quando uma terra era dada essa terra começava a 
fazer parte da propriedade da pessoa, por isso pode ser passada de forma hereditária. As vezes, 
naquela época cargos eram dados pela quantidade de vidas, ou seja um cargo era dado a 
alguém e seus próximos 4 descendentes também possuíam o cargo. Em Portugal os reis que 
outorgar a senhores feudais terras ou ofícios eles poderiam desconstituir/reverter esse direito, 
sem a necessidade do diffidatio, a autoridade papal. Esse processo de doação de terra de um rei 
para um senhor feudal é chamado de doação régia. 
Obs: Qual a diferença de propriedade e posse? Propriedade é o direito que a pessoa que é dono 
de algo tem sobre aquela coisa, a posse é o direito de quem meramente tem aquela coisa sobre 
seu domínio temporariamente. Ex: quem mora de aluguel tem a posse do imóvel, mas a 
propriedade é do dono. E quando a o serviço de aluguel o proprietário não pode entrar no imóvel 
pois ele esta na posse de outro. 
Obs: as capitanias hereditárias podem ser equiparadas a feudos, visto que a coroa não tinha 
condições de colonizar todas as capitanias por si só, e a coroa fez disso uma doação régia. 
19/09/2019
1 Jurisdição colonial 
A justiça no Brasil colônia era muito semelhante a que era aplicada em Portugal, que toda 
jurisdição emana da autoridade do rei juiz (rex judex). Entretanto o soberano não pode lidar com 
todos os casos da justiça, por isso ele delega a justiça aos tribunais da coroa e também a outras 
instituições.
1.1 Jurisdição municipal
A jurisdição municipal é dada aos municípios. O que eram os municípios? Os reconhecidos como 
tais pela coroa, precisando demonstrar uma relevância econômica, politica, mercantil, 
populacional que justifique o seu reconhecimento como município. Eles recebem cartas de foral 
para formalizar o seu status de município. O que elas estabelecem? Od direitos e as obrigações 
que esses municípios tem perante a coroa (recolhimento de tributos, atender pedidos da coroa, 
vantagem de ter uma justiça municipal). Há o direito do município de ter uma câmara municipal, 
ao te-la o município passa a ter voz ativa, uma esfera de comunicação. A câmara, formada por 
vereadores, também vai disciplinar a vida naquele localidade, visando trazer evoluções 
municipais. Como são eleitos os vereadores? O governador da capitania publicará uma lista dos 
homens bons (pertencentes a uma classe especial, rica), que são convidados a participar de uma 
eleição que vai escolher os vereadores da câmara, apenas eles podem votar e ser votados, 
através da eleição de pelouros. Entre os vereadores será escolhido quem aplicaraa jurisdição 
municipal, os chamados juizes ordinários. Esses juizes ordinários só podiam permanecer no 
cargo por 1 ano, e eles não precisavam ser bachareis em direito, poderiam ser leigos, justamente 
por não precisar ter conhecimento do direito, esses juizes só atuavam em casos de baixa 
complexidade, decidindo conforme em um sentimento pessoal de justiça ou com base nos 
costumes locais. 
1.2 Jurisdição senhorial
Cabe aos capitães donatários, os senhores. Ela é outorgada a esses senhores quando a coroa 
transfere as capitanias a eles, por meio da carta de doação. Essas cartas formalizam a doação 
régia que transfere a esses senhores aquelas terras que anteriormente pertenciam o rei, 
descrevendo não somente os limites territoriais como também formaliza a jurisdição sobre 
aquelas terras. Teoricamente poderia ser dada a terra sem a jurisdição, mas no caso do Brasil 
todas as capitanias forma doadas com jurisdição. Embora os senhores foram abençoados com 
essa jurisdição, eles não a exerciam, pois havia muitas outras funções necessárias dentro da 
capitania. Alem do que esses capitães não tinham conhecimento do direito e julgar seria mais um 
fardo. A partir dai eles passaram a contratar um magistrado especial para a julgar os casos da 
capitania ao invés deles próprios julgarem, chamados de ouvidores, e os senhores exigiam que 
esses ouvidores sejam conhecedores do direito, podendo ficar até 3 anos no cargo. Em Portugal 
os mesmo eram chamados de corregedores. Esses ouvidores atuavam em três cenários, são 
eles: atuavam quando um determinado caso acontecesse fora dos limites geográficos de um dos 
municípios dessa capitania correspondente ao ouvidor; atuavam quando um caso tivesse 
acontecido dentro do município, mas que não possa ser julgado pela jurisdição municipal, um 
caso de alta complexidade; atuavam em determinada situação que aconteceu em determinado 
município, dentro da competência do juiz ordinário, mas uma das partes apresenta um recurso 
contra a decisão do juiz ordinário, esse recurso será analisado pela justiça senhorial.
1.3 Jurisdição real
Essa jurisdição só pode ser acessível através de um recurso, ou seja, nenhum caso começa na 
justiça da coroa, é através de um recurso contra a uma decisão da justiça senhorial. Para entrar 
com um recurso era necessário copiar o processo e mandar a copia para Portugal, isso quando o 
governo geral residia em Portugal, mas quando a coroa veio residir no Brasil veio para cá o 
primeiro magistrado da coroa que era composto pelo ouvidor geral que não tinha um tempo de 
mandato e era apontado pelo próprio rei. Esse ouvidor tinha que julgar os recursos de todos os 
ouvidores de todas as capitanias, ele também deveria rodar pelo Brasil fiscalizando o 
funcionamento das demais justiças. A coroa portuguesa, depois de um tempo, decidiu criar um 
tribunal colonial no lugar do ouvidor. Esse tribunal se chamava relação do Brasil, sendo composto 
por desembargadores com um cargo vitalício e assim como os ouvidores eles eram 
conhecedores do direito. Relação era o nome dado aos tribunais superiores portugueses. A coroa 
decidiu criar outra relação no Rio de Janeiro, alem da que ja existia em Salvador. Logo a relação 
do Brasil passou a ser chamada de Relação da Bahia, mas essa nova relação do Rio de Janeiro 
só passou a existir mais de 100 anos depois.
Ainda dentro da jurisdição da coroa havia mais um tribunal, que era alcançado através dos 
recursos contra a relação, a casa de Suplicação, em que os casos eram julgados por juizes que 
gozavam de uma posição social muito elevada, sendo dotados do titulo de conselheiros da 
coroa, mas não deixavam de ser conhecedores do direito. Nos primórdios de Portugal a casa da 
Suplicação era um tribunal que substituia o julgamento do rei, e esse tribunal seguia o rei aonde 
ele fosse, mas no tempo da colonização esse tribunal já havia se estabelecido em Lisboa. Esse 
era o tribunal mais alto em que podia se recorrer ordinariamente, ordinariamente, pois os súditos 
podiam suplica diretamente ao rei, mas essas súplicas não necessariamente eram pedidos 
jurídicos, mas tinham um teor muito mais emocional. O Desembargo do Paço era o órgão (não 
era um tribunal) responsável por ajudar o rei a apreciar esses apelos, chamados de pedidos de 
graça.
1.4 Juiz de fora
O juiz de fora é um magistrado da coroa, conhecedor do direito, que era enviado pela coroa a um 
município que ele entendesse necessário, era um espécie de intervenção. Por que alguém de 
longe do município que o receberia? Por mais imparcialidade no julgamento e também a 
ausência de laços familiares e de amizades com a elite local, pois quando o juiz de fora chega no 
município ocorrem duas situações, são elas: o juiz de fora se tornava presidente da câmara 
municipal e isso permitia que o mesmo controlasse politicamente a câmara evitando que ela se 
comporte de forma contrária aos interesses da coroa; o juiz de fora também substituia os juizes 
ordinários e isso era mais interessante para a comunidade, pois os juizes de fora eram 
conhecedores do direito.
10/10/2019
Segunda avaliação 
Consequências do iluminismo para o direito português (Era Pombalina)
Especificamente em Portugal o fenômeno do Iluminismo teve dois marcos bem distintos, 
sobretudo no tempo em que Marquês de Pombal foi uma especie de primeiro ministro para o rei 
Dom José. No projeto politico de reformar o reino português após o terremoto, Marquês de 
Pombal terá destaque, produzindo diversas reformas, inclusive jurídicas. No âmbito do direito 
podemos chamar a atenção para duas reformas, são elas: a reforma do currículo e a reforma das 
fontes do direito. Essas duas reformas foram inspiradas em ideais iluministas. Pombal entendia 
que a regulação sobre as fontes do direito que existia não favorecia a coroa como a ordenadora 
da sociedade, visto que a coroa só era responsável por duas fontes do direito. Uma das ideias de 
Pombal era de centralizar a produção de normas jurídicas na coroa, ou seja, ele não quer dividir o 
poder de criar normas jurídicas com outras fontes. 
1 Reformas jurídicas 
Como se deu essa reforma? Pombal decidiu que ele iria ou eliminar ou ao menos dificultar que 
certas fontes do direito fossem utilizadas na prática.
1.1 Reforma das fontes do direito 
Por meio da lei da boa razão, Pombal começou a extinguir as fontes do direito português não 
feitos pela coroa, começando pelo estilo dos tribunais, mas como havia vários tribunais, cada 
tribunal tinha seu estilo e isso fazia com que geograficamente o direito variasse e ele não gostava 
dessa variância, pois ele queria que o direito português fosse uma coisa só durante todo o 
império. Assim, Pombal irá proibir que os estilos sejam considerados fontes do direito. Quanto 
aos costumes ele começou a perceber que seria um pouco difícil extinguir os costumes como 
fonte, pois ele sempre teve desde a sua origem a ideia do localizo, alem disso não fica bom pata 
a sua imagem eliminar o costume como fonte porque é algo formulado pelo povo. Logo, ele 
decidiu que iria dificultar o uso de costumes como fonte exigindo dois requisitos para serem 
usados, são eles: o primeiro requisito era que os costumes deveriam ter a partir daquele 
momento 100 anos de idade. Era muito comum que os advogados afastassem a lei da coroa e 
alegassem a existência de um costume aplicável, mas muitas vezes o costume não existia de 
verdade. Não bastava apenas um requisito, para alem do costume ter 100 anos de idade era que 
o costume deveria ser conforme a boa razão 
O direito romano também sofreu restrições por parte de Pombal, ele achava que causava mais 
inconveniências do que benefícios, gerando insegurança jurídica ao direito português. Por que 
insegurança? Pois o Corpus Juris Civilis era muito antigo, logo pouco efetivo para abranger as 
situações daquele tempo, de modo que ele só era útil quando interpretado junto as opiniões do 
romanos, mas muitas vezes os próprios romanos discordavam sobre como interpretar cadaparte 
do Corpus. Assim, Pombal decidiu que a partir dali a interpretação do direito romano deveria 
obedecer ao princípio universal da boa razão, além disso ele eliminou a preferência que as 
doutrinas de Bártolo e Acúrcio.. tinham sobre as opiniões dos demais juristas.
1.2 Reforma do currículo 
Pombal sabia que apenas a reforma nas fontes do direito não era o suficiente, pois a prática 
jurídica não foi alterada. Ele percebeu que era necessário uma mudança na formação desses 
bachareis educados de outra forma com uma outra racionalidade. Formados por um novo 
modelo de faculdade para que eles pudessem enfrentar a nova realidade. Por isso, ele conduziu a 
reforma curricular. Ao estar em um conflito politico com os jesuítas, sendo eles os responsáveis 
pela educação em Portugal, Pombal mudou a administração das faculdades, alterando os 
currículos. 
Como era o modo de ensino de Pombal? 
Um das limitações para estudar na Universidade de Coimbra eram as propinas, ou seja, as 
despesas da Universidade. Além das propinas é preciso custear pensão para o estudante, 
alimento e residência, e os custos dos livros. Ademais tudo isso, existiam exames para ingressar 
na Universidade, os chamados vestibulares. Uma vez iniciados os estudos, os estudantes 
estavam submetidos a um regime muito intenso de exames diários, semanais, mensais e anuais, 
além de uma prova no final do curso. O modelo pombalino de aula é o atual, mas no anterior 
chamado de modelo escolástico, as aulas giravam em torno de discussões e problemas, a partir 
dessas discussões o conteúdo jurídico ia sendo examinado. Também era muito comum o uso de 
tablados, em que dois alunos eram chamados para as disputationes, onde dois alunos defendiam 
dois lados de um caso. Pombal mudou também as matérias estudadas, visto que essencialmente 
era ensinado ou o direito romano ou o direito canônico, conduzindo uma grande reforma no 
ensino de Coimbra, retirando o estudo do direito romano e inserindo o estudo do direito nacional. 
Entretanto, era necessário manter o direito romano por ser uma fonte do direito português, 
passando a ser uma matéria e não o estudado durante todo o curso. Ele também criou a matéria 
do direito natural, visto que a boa razão era o filtro para a aplicação de determinadas fontes. 
Pombal achava que ao criar esse filtro ele iria diminuir a insegurança jurídica, mas ele não reduziu 
essa insegurança, ele apenas mudou o tipo, dessa vez sem saber qual era o conteúdo do direito 
natural a ser utilizado. Ele também foi o responsável por criar a disciplina de história do direito. 
Marquês decidiu criar novos livros para o estudo do direito com um perfil diferente do estudo 
escolástico com um conteúdo sistemático. Com todas essas transformações, Pombal visava a 
criação de uma nova geração de juristas sendo formados por uma matriz racionalista de ensino
1.3 Boa razão
Essa boa razão é justamente o direito natural que Pombal, assim como maior parte da Europa, 
entendia como existente. Sendo esse direito natural um direito católico, patriarcal, que assume 
valores tipicamente eurocêntricos, assim como valores jurídicos também eurocêntricos. Logo, as 
normas só poderiam ser difundidas se passarem por esse filtro da boa razão. Assim, essa lei da 
boa razão é um primeiro passo para uma época da legalidade, pois apenas as leis do rei que 
eram projetadas. Essa transição para um modelo de legalidade se da no século seguinte, XIX. 
1.4 Convencionalismo X Jusnaturalismo
Convencionalismo defende que o direito é fruto de convenções humanas, fruto de decisões 
politicas, morais, econômicas. Já quem defende o jusnaturalismo entende que o direito deve 
refletir, as decisões com base em convenções humanas devem refletir, na maior medida possível 
um conjunto de direitos universais, imutáveis, comuns a todos os povos, os direitos ditos 
naturais. Hoje, entende-se que não existe o jusnaturalismo. 
17/10/2019
Transformações pelas quais o Brasil, o povo e o direito brasileiro passaram durante o período 
joanino (período em que a corte portuguesa foge para o Brasil, devido as pressões napoleônicas)
Ao chegar no Brasil, a coroa portuguesa, percebeu que o direito aplicado na colônia e na 
metrópole eram distintos, mesmo tendo a mesma essência, com a exceção de algumas poucas 
leis. Assim, Portugal entende que as leis da colônia, deixando-as mas criando novas que seriam 
aplicadas apenas para a colônia.
24/10/2019
Constituição imperial de 1824
- Essa constituição foi outorgada por Dom Pedro I
Art. 1
Dom Pedro insere esse artigo primeiro na constituição pra tentar eliminar os rumores e medos do 
povo em relação a independência do Brasil, pois Dom Pedro ainda era príncipe herdeiro de 
Portugal, logo havia essa insegurança sobre o que iria acontecer com o Brasil caso o príncipe 
fosse chamado para governar Portugal
Art 3 
Consta que o estado brasileiro era uma monarquia hereditária constitucional e representativo. 
Não é redundância falar que a monarquia era hereditária, pois existiram governos em que 
assembleias eram desenvolvidas para determinar quem seria o próximo rei. Uma monarquia 
constitucional é aquela na qual o monarca não tem poderes absolutos, ou seja, limitados pela 
constituição. É uma monarquia representativa, na qual a nação é representada pelo imperador 
como principal pessoa do reino, mas também é representada pelo povo que se faz representar 
pelos políticos, elegendo seus representantes políticos. Nesse modelo, o imperador não tem mais 
poder de fazer leis, concorrendo com o poder da assembleia.
É falso dizer que o poder moderador é um resquício do absolutismo. 
Art 4 
Esse artigo menciona qual é a família cujo os homens mais velhos serão herdeiros do trono, 
indicando a família de Dom Pedro I. Outras passagens da constituição tratam de situações 
anormais quando, por exemplo, o herdeiro fosse muito novo quando chegasse o momento dele 
de governar
Liberdade dos colonos antes do período joanino Liberdade dos colonos depois do período 
joanino
Limitações geográficas, ou seja, quem estivesse no 
Brasil estaria sujeito a essas limitações. Essas 
limitações existem em três tipo, são elas: 
comerciais, industriais e intelectuais. 
- Comerciais: diziam respeito a um conjunto de 
regras que criava um sistema comercial de 
monopólio entre o trafego comercial que 
chegava e saia da colônia em relação a 
metrópole, não havia um livre comércio.
- Industriais: diziam respeito a qualquer tipo de 
atividade econômica manufatureira e de fabrica, 
fazendo com que a única atividade econômica 
permitida seria o plantação e a pecuária.
- Intelectuais: se refere a uma preocupação eterna 
de Portugal com a possibilidade de que o Brasil 
viesse a ser independente. A metrópole sabia 
que se houvesse disseminação de pensamentos 
liberais poderia surgir uma revolta, assim 
impedindo a livre circulação dessas ideias 
consideradas perigosas. 
Essas limitações geográficas vão começar a ser 
descartadas, de que forma? Iniciando com a 
abertura dos portos para nações amigas. Assim, 
aos poucos, a coroa ia dissolvendo essas 
limitações, decretando o fim da proibição de 
impressão no Brasil, surgindo as primeiras 
imprensas privadas, mas esse fato não exclui a 
censura prévia, visto que, para haver a impressão 
era necessário três aprovações prévias referentes a 
censura. Também foram extintas as limitações 
industriais, inclusive dando inicio a um estimulo 
para instalação de fábricas. 
Art 5 
Simboliza bem o fato da constituição conter elementos de continuidade e elementos de 
transformação. Trata da liberdade religiosa e da religião oficial do império, a católica. 
Art 6
Foi o artigo que fundou a cidadania brasileira e estabeleceu critérios para quem seria cidadão 
brasileiro, o critério territorial e de sangue, ou seja, nascer no território brasileiro ou ser filho de 
brasileiros. 
Art 10
Trata dos poderes políticos, ou seja, o constitucionalmente inseridos para governar o Brasil e pela 
primeira fezhouve uma separação de poderes. As câmaras municipais administravam os 
municípios, criavam leis e também julgavam por meio dos juizes ordinários, assim essas câmaras 
detinham os três poderes. Ainda existindo um quarto poder, o poder moderador, que servia 
supostamente para equilibrar os demais evitando a desarmonia e a disputa entre si. 
Art 11 e 12
Mencionam a representatividade politica nas assembleias. Os 4 poderes são delegações da 
nação, ou seja, do povo.
Art 15 
A assembléia geral se divide em câmara dos deputados e câmara do senado. Os integrantes da 
câmara dos deputados são eleitos para um mandato de 4 anos, ja os senadores são eleitos para 
um cargo vitalício. Também sendo responsável por fazer leis, interpreta-las, suspende-las e 
revoga-las. Logo, os juiz tinham a simples função de apenas exercer o que estava nas leis, o juiz 
boca da lei, visto que quem interpretava era a assembléia. Por que a assembléia? Porque quem 
melhor pra interpretar as leis do que quem fez as leis? Esse era o raciocínio. 
31/10/2019
Não havia uma separação de poderes propriamente dita no século XVIII. 
Poder judiciario do império
- Se trata de um poder judicial independente, e isso significa, que de um modo geral esse poder 
vai ter uma autonomia e uma proteção contra interferências externas. A única interferência 
possível era na pena de morte que o imperador poderia perdoar aquele individuo. 
- No modelo da justiça colonial, o rei tinha poder para interferir na decisão dos juizes da coroa, 
juizes senhoriais e juizes municipais
- O júri não pertence a tradição jurídica do sistema português. Quando ele surge? Surge na 
Inglaterra, como uma das formas de limitar o poder a coroa, visto que os juizes eram 
determinados pela coroa. Os nobres reclamavam que não tinham um julgamento justo, pois 
eram julgados por juizes escolhidos pelo seu inimigo político, o rei. Assim, surge o júri para 
resgatar essa imparcialidade nos julgamentos de nobres. O júri, assim como ainda é hoje, 
decide o que é fato no julgamento, e os juizes aplicam a lei. 
- O sistema de júri deveria existir tanto nos caso civis quanto nos casos criminais, mas na 
pratica o júri só foi implantado nos caso criminais. Hoje o júri é implantando em casos criminais 
contra a vida. 
- Por que esse sistema foi importado para o brasil? Porque supostamente o júri vai trazer uma 
democratização para o sistema judiciário, o povo julgando o povo, sendo composto por sorteio 
entre as pessoas que podiam votar. Logo, os invés de garantir a democracia o que a lei 
brasileira fazia era o oposto. A lei fazia com que o réu fosse julgado por alguém que 
antagonizava sua condição. 
Art 158 
De acordo com esse artigo, nas províncias, só haveria relações que forem necessárias para a 
comodidade dos povos, mas nem todas as províncias possuíam relações, apenas as com maior 
representatividade econômica e populacional. Nesse artigo, entende-se que não existe um 
tribunal superior as relações. Porém no artigo 164, afirma que na capital do império existe um 
supremo tribunal de justiça. Há uma antinomia entre os artigos 158 e 164? Não, o supremo 
tribunal de justiça não é um tribunal de vertice ou de copula (um tribunal que decide em ultima 
instância, mantendo ou reformando determinadas decisões, como o stf), o supremo tribunal de 
justiça é um tribunal de cassação (um tribunal que se limita a no máximo invalidar uma decisão 
anterior remetendo o caso para o outro tribunal julgar). Quais as hipóteses em que o supremo 
tribunal de justiça pode caçar uma decisão? 
- A primeira hipótese se chama injustiça notória, que consiste em um erro evidente de aplicação 
do direito ao caso. 
- A segunda hipótese que permite a cassação de uma sentença se chama nulidade manifesta 
que consiste na decorrência de um erro processual, procedimental no processo. Ex: um réu 
condenado sem que ele tenha podido contraditar as testemunhas de acusação. 
Tribunal = relação
Art 179 
Traz uma especie de Bill of rights brasileiro, traz um hall extenso de direitos fundamentais dos 
cidadãos brasileiros, tendo por base a liberdade, a segurança e a propriedade. A questão da 
censura ja era trata nessa constituição, também o fato de que a casa de alguém é inviolável, a 
policia, até hoje só adentra casas através de um mandado judicial. É notável a ‘tolerância’ 
religiosa, mas com ressalvas, desde que respeite a religião de estado e não ofenda a moral 
pública. Também nesse artigo existe uma série de garantias penais, como a abolição da tortura e 
das demais penas cruéis. Entretanto, há ressalvas em relação a abolição de penas cruéis, esses 
direitos diziam respeito apenas a cidadãos, ou seja, os escravos poderiam continuar sendo 
cruelmente açoitados e marcados. Outra ressalva é que a pena de morte ainda era aceitado e 
não era considerado uma pena cruel, determinada por enforcamento. 
É garantido o direito de propriedade em toda a sua plenitude, mas se o estado precisar da 
propriedade desse cidadão para alcançar um fim público, ou seja, uma desapropriação desde 
que pague uma justa indenização para o cidadão. Esse foi o inciso utilizado durante muito tempo 
pelos defensores da escravidão para inibir a abolição da escravidão, pois os escravos eram 
propriedade dos senhores de engenho, logo para o estado abolir essa escravidão era necessário 
indenizar todos os senhores de engenho pela ‘desapropriação’ desses escravos. Entretanto, não 
havia orçamento nos cofres estatais para indenizar todos os senhores.

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