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Medicina - Bruna Siqueira de Arruda ME����S�O �� R��A�� T��I���L REPARO e CURA são usados como sinônimos, apesar de poder ser feita alguma diferenciação, sendo ela a seguinte: Reparo ⇒ usado para tecidos parenquimatosos e conjuntivos Cura ⇒ usado para epitélios de superfície A capacidade de reparo é essencial para reverter dano causado por agressão ou inflamação. O processo inflamatório possui como objetivo a eliminação do agente agressor (mecanismo de defesa), porém, pode resultar em destruição tecidual e na formação de fibrose. O reparo de tecidos danificados possui como objetivo a restauração da arquitetura tecidual e/ou da função do tecido danificado, podendo acontecer por duas vias: (1) REGENERAÇÃO - restaura função - ou (2) CICATRIZAÇÃO - restaura arquitetura tecidual. A cicatrização, quando acontece em tecido parenquimatoso, é denominada FIBROSE. Exemplo: infarto agudo do miocárdio (IAM) → o dano ao cardiomiócito não permite restauração de função, mas ocorre fibrose (cicatrização). esse processo de reparo possibilita a manutenção da arquitetura do órgão. 1 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda Fat���� qu� ���er����m o ����ro ����du�� EXTENSÃO DO DANO TECIDUAL Lesões extensas determinam a cicatrização, isso para que haja restauração de diversos tecidos (exemplo: epitélio, tecido conjuntivo). TIPO CELULAR Relembrando: - Células lábeis → ciclam constantemente; tecidos lábeis são constantemente renovados, seja por maturação de células-tronco ou por proliferação de células maduras. Exemplo: células epiteliais - Células estáveis → ciclam quando há estímulo proliferativo; em estado normal, a capacidade proliferativa é muito pequena, porém, quando há lesão são estimuladas a proliferar. Exemplo: hepatócitos, fibroblastos. - Células perenes → não são capazes de ciclar, mesmo que haja estímulo. Exemplo: cardiomiócitos, célula nervosa. O processo de regeneração somente acontece em células lábeis e estáveis. Em tecidos lábeis, a regeneração acontece prontamente após lesão (se houver preservação da reserva de células-tronco). Em tecidos estáveis (quiescentes), a regeneração é limitada, com exceção do tecido hepático. Os tecidos perenes estão suscetíveis ao processo de cicatrização, visto que não possuem capacidade proliferativa. O REPARO TECIDUAL se relaciona com a proliferação celular. Para que a célula entre no ciclo celular são necessários estímulos via fatores de crescimento. Os fatores de crescimento são produzidos pela matriz extracelular (MEC) por células próximas ao dano (macrófagos e linfócitos são fontes importantes). A ligação dos FC com seus receptores promove o estímulo à transcrição gênica e, assim, a célula entra no ciclo celular. A MEC atua na produção de moléculas necessárias para o reparo como fibroblastos e fatores de crescimento. A vascularização é um fator importante para que haja crescimento celular. Desse modo, é claro que o íntimo contato com a MEC é necessária para que o processo de reparo (seja por regeneração ou por cicatrização) aconteça. 2 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda MEC Composição: proteoglicanos, glicosaminoglicanos, fibras colágenas e elásticas, células (fibroblastos, que atua na síntese de MEC e na liberação de fatores de crescimento). Funções: - suporte mecânico para ancoragem e migração celular - arcabouço para renovação tecidual - estabelecimento de microambientes teciduais - controle da proliferação celular CÉLULAS QUE ATUAM NO REPARO - CÉLULAS ENDOTELIAIS: criação de novos vasos, mantendo o fornecimento nutricional necessário para que aconteça o reparo. - FIBROBLASTOS: origina o tecido fibroso que compõe a cicatriz, a fim de preencher danos que não podem ser regenerados. Tanto a regeneração quanto a cicatrização envolvem os componentes da MEC e dependem de uma importante interação entre as células e a MEC. 3 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda ───Reg����ação ● Restituição do tecido lesado ou perdido por tecido morfo-funcionalmente idêntico. ● Para que possa acontecer, fazem-se necessárias: ○ Células residuais íntegras com capacidade proliferativa ○ Células-tronco teciduais ○ Integridade da MEC MECANISMOS DE REGENERAÇÃO DO FÍGADO O tecido hepático possui uma capacidade regenerativa grande e acontece por meio de 2 caminhos: (1) Proliferação de hepatócitos remanescentes (após hepatectomia parcial) Células de Kupffer (macrófagos hepáticos) liberam IL-6, responsáveis pela capacidade dos hepatócitos de receber e responder a fatores de crescimento ⇒ induzir a célula a sair de G0 (start proliferativo; inicia o processo de regeneração). Quando a célula está em G1, fatores de crescimento são necessários para continuar estimulando a regeneração. Por fim, quando já foi regenerado, fatores de crescimento inibitórios irão inibir proliferação celular e a regeneração para. (2) Repovoamento a partir das células progenitoras (células-tronco) 4 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda ───Cic����zação ● Acontece quando a regeneração não é possível. ● Substituição por tecido derivado do estroma, gerando uma cicatriz permanente. ● Reparo por deposição de tecido conjuntivo → fornece estabilidade para que o tecido lesado funcione. O TGF-β é a citocina mais importante nesse processo de síntese e deposição de tecido conjuntivo. ● Manutenção da arquitetura tecidual com perda de funcionalidade da região lesada. ● Acontece após o acometimento de parênquima e tecido conjuntivo, além de feridas cutâneas mais extensas, com acometimento de derme.. ○ CÉLULAS PERENES: qualquer reparo é feito por cicatrização ○ CÉLULAS LÁBEIS E ESTÁVEIS: cicatrização somente se em lesões extensas. ETAPAS DA FORMAÇÃO DE CICATRIZ A formação da cicatriz consiste na deposição de tecido conjuntivo após lesão dos tecidos seguida de resposta inflamatória. (1) INFLAMAÇÃO ⇒ atuação de MACRÓFAGOS: agem eliminando os agentes agressores e o tecido morto do local e liberam citocinas que estimulam a proliferação de fibroblastos (secreção de MEC) e a síntese e deposição de tecido conjuntivo. (2) ANGIOGÊNESE ⇒ formação de novos vasos sanguíneos a partir de um vaso já existente. Necessária para suprir a demanda de nutrientes e oxigênio demandados por esse novo tecido conjuntivo. COMO ACONTECE? Degradação da membrana basal: vasodilatação e aumento de permeabilidade, que causa o aumento do calibre do vaso (por óxido nítrico) e separação das células endoteliais (VEGF: fator de crescimento que aciona angiogênese), respectivamente. O resultado é o rompimento de membrana basal e a migração de pericitos ao local da inflamação. Ocorre, então, a diferenciação e formação de broto (que tem seu crescimento controlado por fatores de crescimento). A formação do vaso maduro induz a supressão da proliferação e migração endotelial e a deposição de membrana basal. Para a formação de um novo vaso, a degradação de MEC possibilita que haja espaço para o crescimento de novas células; degradação por metaloproteínas. 5 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda (3) TECIDO DE GRANULAÇÃO ⇒ ocorre pela migração de fibroblastos, pela deposição de tecido conjuntivo frouxo, além da presença de vasos e leucócitos entremeados. A aparência macroscópica é rósea, macia e granular. Histologicamente, observa-se a proliferação de fibroblastos, novos capilares, células inflamatórias, tudo isso presente em uma MEC frouxa → tecido recém-formado / imaturo Com o decorrer do processo, os vasos sanguíneos se tornam menos numerosos e as fibras de colágeno tornam-se maduras, caracterizando a maturação do tecido. 6 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda 7 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda (4) REMODELAMENTO DO TECIDO CONJUNTIVO ⇒ reorganização do tecido depositado na região da lesão, gerando uma cicatriz fibrosa estável. Ao longo do processo granulomatoso a quantidade de tecido conjuntivo, formando a cicatriz. Ao longo do tempo, pode haver remodelamento. Observa-se um importante equilíbrio entre a síntese e a degradação de proteínas da MEC, sendo adegradação de colágeno feita por metaloproteínas. Obs.: as metaloproteinases são inibidas pelas TIMPs (inibidores teciduais de MMPs; produzidas por células mesenquimais). ───────────────────────────────────────────────────────────────── Fat���� qu� ��flu��c�a� � ��pa�� ��ci���� ● INFECÇÃO ⇒ resulta no prolongamento do processo inflamatório e aumenta a lesão tecidual local. ● ESTADO NUTRICIONAL ⇒ deficiências protéicas e vitamínicas, por exemplo, afetam o processo. Ex.: A deficiência de vitamina C inibe a síntese de colágeno, retardando o reparo tecidual. ● FATORES MECÂNICOS ⇒ aumento de pressão ou torção → pode resultar em deiscência das feridas. ● PERFUSÃO DEFICIENTE ⇒ retarda o reparo pela deficiência nutricional e de oxigênio, além de dificultar a chegada de células necessárias ao sítio da lesão. ● CORPOS ESTRANHOS⇒ impede o reparo ● TIPO E EXTENSÃO DA LESÃO TECIDUAL ⇒ A completa restauração só acontece em tecidos lábeis e estáveis. Lesões extensas resultam em regeneração incompleta ou cicatrização tecidual (tecidos permanentes). ● LOCAL DA LESÃO⇒ as características teciduais são essenciais para o reparo. Cur� �� �er���� cu�âne�� A cura de feridas cutâneas envolve a reepitelização (regeneração epitelial) e a formação de cicatriz de tecido conjuntivo. A natureza e o tamanho da ferida determinam se a cura acontece por primeira ou segunda intenção. inflamação → proliferação celular (epitelial, fibroblastos) → maturação da cicatriz de tc Grande perda tecidual (ferida extensa) ⇒ combinação entre regeneração e cicatrização; formação de muito tecido de granulação; contração por miofibroblastos. 8 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda CURA POR PRIMEIRA INTENÇÃO ● Envolve a camada epitelial. Assim, o principal mecanismo é a regeneração epitelial (denomina-se união primária). Interrupção focal da continuidade da membrana basal do epitélio. ● As bordas da ferida são próximas ● NÃO há processo infeccioso envolvido ● Ativação do processo inflamatório (seguido de reparo) e do sistema de coagulação (formação de coágulo na superfície da ferida). ● 3 - 7 dias → proliferação de células epiteliais e tecido conjuntivo CURA POR SEGUNDA INTENÇÃO ● Perda tecidual mais extensa (exemplo: grandes feridas, abscessos, ulcerações). ● Processo inflamatório mais exacerbado e desenvolvimento de abundante tecido granuloso. ● Geralmente, em feridas de grande superfície, há a contração da ferida (miofibroblastos), auxiliando na redução do espaço entre as bordas, que são relativamente mais afastadas. ● INFECÇÃO associada ao processo de reparo ● Necessidade de maior período para reparo. 9 Medicina - Bruna Siqueira de Arruda Ano���l��a��s �� �ep��� �ec���a� Decorrentes de anormalidades em qualquer um dos componentes básicos que participam do processo de reparo. Exemplo: deficiência na cicatrização, síntese excessiva de componentes de reparo. DEISCÊNCIA DA FERIDA ⇒ Ruptura da ferida; pode acontecer por formação inadequada de tecido de granulação ou de tecido cicatricial. ULCERAÇÃO CICATRIZ HIPERTRÓFICA ⇒ Acúmulo excessivo de colágeno delimitado ao local de lesão original; falha no remodelamento. Processo enzimático SEMPRE. QUELOIDE⇒ Deposição excessiva de colágeno que ultrapassa a margem da lesão original. O que gera? (1) fator genético, (2) fator hormonal, (2) fatores étnicos (pessoas negras são mais suscetíveis), (3) fatores enzimáticas 10
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