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SÍNDROME RESPIRATÓRIA BRAQUICEFÁLICA 
 
 
 
Maria Clara Pachiani de Mello 
 
Resumo: Cães braquicefálicos estão se tornando cada vez mais frequentes entre os animais de 
companhia. Porém, uma das principais doenças que acometem esses animais é a síndrome 
braquicefálica, devido a alteração anatômica presente no crânio desses animais. A síndrome 
braquicefálica é caracterizada pela dificuldade respiratória, muito presente no cotidiano das 
clínicas. Essa condição provoca um aumento da resistência da passagem de ar pelas vias aéreas 
desses animais, causada por diversas alterações respiratórias como a estenose de narinas, 
prolongamento de palato mole e hipoplasia traqueal. O diagnóstico baseia-se na visualização 
dos sinais clínicos, exame radiográfico e físico. 
Palavras-chave: braquicefálico, alteração, vias aéreas. 
 
 
Abstract: Brachycephalic dogs are becoming more and more frequent among pets. However, 
one of the main diseases that affect these animals is the brachycephalic syndrome, due to the 
anatomical alteration present in the skull of these animals. The brachycephalic syndrome is 
characterized by respiratory difficulty, very present in the daily life of clinics. This condition 
causes an increase in the resistance of air passage through the airways of these animals, caused 
by several respiratory alterations such as nostril stenosis, soft palate enlargement, and tracheal 
hypoplasia. The diagnosis is based on the visualization of clinical signs, radiographic and 
physical examination. 
Keywords: brachycephalic, alteration, airways. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Em relação ao crânio dos cães, há três tipos de estruturas de acordo com tamanho, forma e 
estrutura: dolicocefálico ou longo; mesocefálico ou intermediário e por último, braquicefálico 
ou curto. 
Os cães de raça braquicefálica estão em ascensão no Brasil, com um grande crescimento de 
registros no país por conta da alta popularidade destas raças. Estes, apresentam múltiplas 
anormalidades anatômicas devido a sua forma craniana anormal, resultando em afecções 
anatômicas e fisiológicas principalmente no aparelho respiratório superior, que é composto por: 
nariz, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia. Consequentemente 
acarretando na diminuição do fluxo de ar até os pulmões e ocasionando os sinais clínicos 
presentes na síndrome braquicefálica. A síndrome do braquicefálico corresponde justamente a 
má formação anatômica congênita como resultado da intensa pressão da seleção genética em 
que os cães braquicefálicos foram sujeitados com a intenção de estética. 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 Anatomia e fisiologia do aparelho respiratório 
 
 
O sistema respiratório tem como função realizar as trocas gasosas entre o organismo e o meio 
ambiente, liberando dióxido de carbono e mantendo oxigênio para o metabolismo. Sendo que, 
as vias aéreas são as principais responsáveis pela condução desse ar para as unidades 
fisiológicas de trocas gasosas (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
O sistema respiratório é essencial para a termorregulação, hematose (troca gasosa da corrente 
sanguínea), no metabolismo de substâncias endógenas e exógenas (realização das funções do 
organismo), manutenção do ph sanguíneo, além de realizar a proteção do animal contra agentes 
infecciosos inalados. 
Neste trabalho, focaremos no aparelho respiratório superior, que possui a porção condutora, 
composto pelo nariz, abertura que comunica a cavidade nasal com o meio externo denominado 
de nasofaringe (os quais apresentam passagens nasais, septo nasal, conchas nasais, meatos e 
seios paranasais); laringe (comunicação com a traqueia); traqueia (até a entrada do tórax); 
brônquios principais e bronquíolos terminais. 
A entrada do fluxo de ar se inicia pelo nariz através de suas aberturas denominadas de narinas. 
O ar flui pelas cavidades nasais que juntamente com as conchas, aquecem, filtram e umedecem 
o ar por conta da alta vascularização da membrana mucosa presente nas conchas nasais. 
Em sequência, o ar passa pela faringe, órgão que possui dupla função de encaminhar o alimento 
para o tubo digestório e o ar para o respiratório. Seguindo pela laringe, órgão tubular que liga a 
parte caudal da faringe com a traqueia, onde ocorre o direcionamento do ar para a traqueia. A 
laringe é formada por quatro cartilagens: 
 
 
• Epiglote: cartilagem elástica com função de fechar a entrada da traqueia durante a 
deglutição, evitando a entrada de alimento nas vias respiratórias; 
• Duas aritenoides: formadas de cartilagem hialina, de onde partem as pregas vocais; 
• Tireoide: em forma de escudo e composta de cartilagem hialina; 
• Cricoide: em forma de anel e composta de cartilagem hialina. 
A traqueia é composta por um tecido fibroso e musculo liso, apresenta anéis cartilaginosos pela 
cartilagem hialina e internamente possui epitélio ciliado para a defesa contra microorganismos 
para o trato respiratório inferior. A traqueia se bifurca em dois brônquios, sendo um direito e 
um esquerdo, que penetram nos pulmões, se ramificando em bronquíolos até sua subdivisão em 
alvéolos, os principais responsáveis pela troca gasosa do corpo. 
Os pulmões possuem a função de oxigenação do sangue, presente na circulação pulmonar, na 
qual ocorre a remoção de produtos gasosos do corpo como por exemplo o dióxido de carbono. 
Localizados na cavidade torácica e invaginados no saco pleural, para sua livre movimentação. 
 
 
Figura 1 – Sistema Respiratório do Cão 
 
 
Fonte: H.E. König e H.-G. Liebich 
 
 
A pressão intratorácica é negativa em relação à pressão atmosférica, formando um vácuo. Quando 
a parede torácica se movimenta, leva junto os pulmões, essa pressão negativa no tórax também 
ajuda no retorno de sangue ao coração. 
Há dois tipos de respiração: a respiração interna, que ocorre através das células para função 
metabólica e respiração externa que capta o ar do ambiente interno para o ambiente externo
através da hematose. 
A regulação respiratória ocorre por meio do sangue enviado para o cérebro pelos 
quimiorreceptores do sistema nervoso, as informações serão enviadas para o pulmão para a 
modificação da ventilação alveolar (com o baixo ph, o animal entra em taquipneia para eliminação 
do CO2 e com o aumento do ph, o animal entra em bradipneia para reter CO2). A frequência 
respiratória se refere ao número de ciclos ou respirações por minuto, sendo um indicador do estado 
de saúde do animal. 
A hematose, principal função do sistema respiratório, troca de gases por difusão passiva, ocorre 
nos alvéolos, onde o sangue chega pelas artérias pulmonares através da pequena circulação, trata-
se da transformação do sangue desoxigenado em sangue oxigenado, saindo pelas veias 
pulmonares e retornando ao coração para que se tenha o equilíbrio dos gases. 
 
 
3 ALTERAÇÕES NO SISTEMA RESPIRATÓRIO EM CÃES BRAQUICEFÁLICOS 
 
 
Em cães, a conformação da cabeça varia mais do que em outras espécies domesticadas. As 
preferências de criadores, frequentemente mal concebidas, produziram uma variedade de raças 
que não apenas são surpreendentemente diferentes umas das outras, mas também, são incapazes 
de ter uma existência satisfatória sem cuidados humanos. Esta variação se manifesta mais na 
cabeça do que em qualquer outra parte (DYCE, 2004). 
Os cães de raça são selecionados para atingir características estéticas ditadas por padrões 
raciais, porém, os distúrbios relacionados com a sua conformação são diversificados 
(BEZERRA; MARINHO, 2018). Porém, de acordo com a intensa seleção genética, os cães 
braquicefálicos apresentam características responsáveis por diversas predisposições a afecções 
nas vias aéreas superiores, que incluem estruturas como nariz, cavidades nasais, faringe e 
laringe e a má-formação dentária e oftálmica. Ou seja, as características genéticas causam 
prejuízos diretamente relacionados a redução da qualidade de vida do animal e a predominânciade determinadas doenças hereditárias. 
Nas raças braquicefálicas, as alterações anatômicas estão presentes principalmente no crânio, 
pois, apresentam um crânio curto, sendo maior na largura quando comparado ao comprimento. 
A parte facial é extremamente curta, e o crânio excepcionalmente amplo e globoso, o ângulo 
nasofrontal é saliente e a superfície dorsal do crânio é convexa, com uma crista sagital externa 
mais reduzida; numerosas pregas da pele marcam a face e os olhos são amplamente espaçados. 
Certas raças braquicefálicas são prognatas, com a mandíbula não participando completamente 
da redução das dimensões da face, e como consequência, apresentam dificuldades na respiração 
nasal e oclusão dos dentes (DYCE, 2004). 
A compressão dos tecidos orais em decorrência da diminuição da maxila resulta em um 
estreitamento do lúmen do trato respiratório superior e consequentemente, o aumento da 
resistência do ar inspirado, aumentando a frequência respiratória desses animais. Quando a 
pressão negativa, em decorrência de processos fisiológicos de respiração pela boca e 
complacência pulmonar, não é suficiente para compensar o aumento da resistência do ar ocorre 
uma inflamação tecidual. Esse tecido inflamado, por sua vez, pode induzir a complicações 
secundárias, como eversão de tonsilas e sacos laringianos, bem como o próprio colapso de 
laringe e traqueia (LAMEU et al, 2020). 
As alterações anatômicas se dão pelo aumento do esforço respiratório no momento de 
inspiração, aumentando a pressão negativa em todo o trato respiratório, progredindo para 
alterações primárias, incluindo estenose de narinas; prolongamento de palato mole; hipoplasia 
traqueal e eversão de sacos laríngeos (MEOLA, 2013). Dentre as alterações secundárias podem 
ser observadas conchas nasais aberrantes; colapso de brônquio principal; tonsilas aumentadas; 
macroglossia; pregas periepiglóticas excessivas; cistos na epiglote; granulomas laringianos e 
anormalidades gastrintestinais (LAMEU et al, 2020). 
As alterações anatômicas do crânio dos cães braquicefálicos se iniciam no desenvolvimento 
pós-natal, quando ocorre a condrodisplasia do seu eixo longitudinal (eixo occipito-frontal), sem 
alteração no desenvolvimento de tecidos moles. Segue-se, então, o desenvolvimento de 
anormalidades primárias envolvendo o sistema respiratório superior, unicamente ou 
combinadas, como a estenose de narinas, palato mole alongado e hipoplasia traqueal (MEOLA, 
2013). 
As alterações do crânio, principalmente o encurtamento excessivo do focinho, prejudica a 
função de respiração e termorregulação, impedindo o animal de realizar a oxigenação do sangue 
e equilíbrio térmico, quebrando a homeostasia e podendo levar o animal a óbito em casos mais 
graves. 
 
 
3.1 Estenose de narinas 
 
 
Nas narinas dos braquicefálicos, em sua maioria, as cartilagens nasais dorsolaterais das asas 
laterais das narinas são proeminentes e encontram-se adjacentes ao septo nasal. Por este motivo, 
não há a abertura nasal ampla, o que limita sua mobilidade e dificulta a abdução, 
consequentemente levando a uma obstrução na entrada e na saída do ar. Em cães saudáveis, a 
asa nasal é móvel, permitindo a retração durante o processo de inspiração, favorecendo o 
fluxo de ar pelo nariz. 
A insuficiência respiratória causada pelas narinas estenóticas gera pressão negativa pelo 
aumento da força na inspiração, contrário à resistência (BEZERRA; MARINHO, 2018). Com 
essa pressão negativa os tecidos moles são evertidos para dentro do lúmen e tornam-se 
hiperplásicos 
O diagnóstico dessa alteração anatômica pode ser feito de acordo com os sinais clínicos do 
paciente, nas raças acometidas e na observação da aparência nas narinas estenóticas é o 
estreitamento do orifício nasal que fica reduzido a uma pequena fenda, visível ao exterior. 
 
Figura 2 – Buldogue inglês com estenose nasal à esquerda. Rottweiler com narinas normais à direita 
 
 
Fonte: Página GMC Online1 e iStock Photo2 
1 Disponível em: <https://gmconline.com.br/noticias/cidade/caes-de-maringa-realizam-cirurgia-plastica-veja-o- 
antes-e-depois1/>. Acesso em 24 mai. 2022. 
 
2 Disponível em: <https://www.istockphoto.com/br/foto/rottweiler-gm1064733482-284699827>. Acesso em 24 
mai. 2022. 
 
 
3.2 Palato mole prolongado 
 
 
O palato mole é restrito por uma mucosa respiratória na superfície dorsal e na superfície ventral 
por uma mucosa oral. A região ventral é feita de glândulas salivares, aglomeradas. O músculo 
palatino está disposto no sentido longitudinal, que é responsável pelo encurtamento do palato 
(DYCE., 2004). 
A transição entre o palato duro e o palato mole localiza-se mais caudal em braquicefálicos do 
que nos cães não braquicefálicos. A ponta do palato dessa raça pode se estender além da ponta 
da epiglote (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
Como o palato mole é mais prolongado em cães braquicefálicos, o tecido se estende além da 
borda da epiglote e pode provocar obstrução, prejudicando a respiração e por conta da vibração 
do tecido pela passagem do ar, geraria um edema na faringe. Esta alteração contribui para o 
amento da resistência â passagem de ar e também para o aumento do ruído inspiratório 
(BEZERRA; MARINHO, 2018). 
O diagnóstico é baseado em sinais clínicos apresentados pelo paciente e pela predisposição da 
raça, além do histórico clínico de obstrução das vias aéreas. Os principais exames feitos para 
diagnosticar são a endoscopia ou laringoscopia, que mostram o prolongamento do palato 
mole; eversão dos sáculos laríngeos, hipoplasia de traqueia, prolapso de laringe e traqueia 
(BEZERRA; MARINHO, 2018). 
 
http://www.istockphoto.com/br/foto/rottweiler-gm1064733482-284699827
Figura 3 – Palato mole até seu limite ideal (a); Epiglote (b); Palato mole alongado (c) 
 
 
 
 
 
Fonte: Página CVPI – Clínica Veterinária Professor Israel3 
3 Disponível em: <http://clinicaveterinariaprofessorisrael.blogspot.com/2016/10/sindrome-braquicefalica.html >. 
Acesso em 24 mai. 2022. 
 
 
3.3 Hipoplasia de traqueia 
 
 
A hipoplasia de traqueia é determinada pelo estreitamento do diâmetro da traqueia, onde os 
anéis cartilaginosos se apresentam pequenos e rígidos. Em seguida, há o aumento do esforço 
respiratório durante a passagem de ar na respiração (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
Afecção de origem genética e normalmente é diagnosticada em animais braquicefálicos jovens, 
a qual faz parte da Síndrome Respiratória do Braquicefálico. 
O diagnóstico é realizado por meio de raio-X latero-lateral, no toráx, traçando-se uma linha 
imaginária, que se estende da primeira vértebra do manúbrio à primeira vértebra torácica 
(BEZERRA; MARINHO, 2018). A medida do diâmetro é feita no ponto em que acontece a 
interseção desta linha com a traqueia. 
Não há tratamento cirúrgico para essa afecção, mas é importante a melhoria nos sinais clínicos, 
como: evitar excesso de peso, exercícios físicos e disponibilizar ambiente fresco para o animal. 
http://clinicaveterinariaprofessorisrael.blogspot.com/2016/10/sindrome-braquicefalica.html
 
Figura 4 – Radiografia torácica para diagnóstico de hipoplasia de traqueia. T1 Primeira vértebra torácica; TI 
primeira vértebra do manúbrio; TD intersecção da linha imaginária com a traqueia, onde é realizada a medição. 
 
Fonte: Meola (2013) 
 
 
4 SÍNDROME RESPIRATÓRIA BRAQUICEFÁLICA 
 
 
A síndrome dos braquicefálicos é uma afecção congênita cuja gênese aponta para uma intensa 
seleção genética, visando à fixação de determinadas características que fizeram com que esses 
animais tenham um focinho mais achatado que o normal. Caracterizada por uma desordem 
obstrutiva do trato respiratório superior que acomete animais de focinho curto. 
 
A pressão nas vias aéreas desses animais deve ser negativa, para isso os cães possuem a 
necessidade de aumentar a pressão negativa a fim de que esta sobreleve a resistência do fluxo 
aéreo nas vias aéreas superiores. Esse mecanismo se dá por meiode um esforço inspiratório, 
caracterizado pela respiração ofegante. 
As raças caninas consideradas braquicefálicas incluem-se o Buldogue inglês, Buldogue francês, 
Pug, Boston terrier, Pequinês, Shih tzu, Lhasa apso, Cavalier king Charles spaniel e o Boxer 
(TEICHMANN et al, 2012). Esses animais apresentam alterações anato-patológicas primárias, 
como por exemplo a estenose das narinas, o palato mole alongado e a hipoplasia traqueal que 
promovem uma maior resistência à passagem do ar nas vias aéreas, ocasionando uma 
dificuldade respiratória. Cães braquicefálicos apresentam a maxila curta, como consequência, 
ocorre a compressão dos tecidos orais resultando no estreitamento do lúmen do trato 
respiratório superior aumentando assim a resistência do ar inspirado e a frequência respiratória 
desses animais. Também pode ocorrer a inflamação tecidual por conta do aumento da 
resistência do ar, induzindo a complicações secundárias como eversão de tonsilas e sacos 
laringianos. 
Tais anomalias podem ter como sinais clínicos dispneia inspiratória, resultando em angústia 
respiratória, ronco, tosse, intolerância ao exercício, cianose, edema de tecidos moles, obstrução 
de vias aéreas superiores, fluxo turbulento de ar, aparecimento de ruído inspiratório e síncope, 
podendo levar o animal a óbito (LAMEU, et al, 2020). 
Em longo prazo, a obstrução respiratória pode levar a hipertensão pulmonar, com consequente 
dilatação e hipertrofia compensatória do ventrículo direito, refletindo em diminuição do débito 
cardíaco, gerando taquicardia sinusal, hipóxia miocárdica com distúrbios na contração cardíaca 
(LAMEU, et al, 2020). 
 
5 TRATAMENTO DA SÍNDROME RESPIRATÓRIA BRAQUICEFÁLICA 
5.1 Tratamento clínico 
 
 
O tratamento clínico é utilizado apenas para retirar o animal do quadro crítico de crise 
respiratória. Este tratamento é realizado com o intuito de minimizar a agressão das vias aéreas 
superiores e diminuir a inflamação e edema, causados pelo esforço respiratório. 
A terapia clínica deve diminuir os fatores que alteram os parâmetros fisiológicos como 
exercícios, excitação e superaquecimento, além de efetuar o aumento da passagem de ar das 
vias aéreas superiores. A terapia emergencial pode ser necessária para o alívio da obstrução, 
mas isso não elimina o problema (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
5.2 Tratamento cirúrgico 
 
 
O tratamento recomendado é cirúrgico, tendo como finalidade desobstruir as vias aéreas 
superiores, por meio da correção cirúrgica das anormalidades anatômicas. 
O tratamento cirúrgico deve ser iniciado cranialmente. Logo, a estenosa das narinas é o primeiro 
procedimento a ser realizado. Contudo, a correção cirúrgica dos sinais clínicos primários deverá 
prevenir mudanças secundárias, como protusão de tecido mole da nasofaringe ou colapso da 
laringe e traqueia (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
 
5.3 Rinoplastia 
 
 
Para a correção da estenose das narinas, deve-se realizar o aumento do tamanho da narina, 
removendo assim, uma cunha vertical da asa da narina e da dobra alar ou uma cunha de tecido 
e pele da porção caudolateral do nariz. 
Dependendo do grau das alterações, o tratamento cirúrgico será feito pelo alargamento das 
narinas externas por ressecção (vertical, horizontal ou vertical) destas estruturas, tanto com 
bisturi ou laser. A correção das narinas estenosadas pode evitar o surgimento de novas alterações 
respiratórias e promover um declívio da sintomatologia clínica (BEZERRA; MARINHO, 
2018). 
 
Figura 5 – Estenose nasal à esquerda; Pós-cirúrgico de rinoplastia em cão na direita. 
 
Fonte: Página GMC Online1 
1 Disponível em: <https://gmconline.com.br/noticias/cidade/caes-de-maringa-realizam-cirurgia-plastica-veja-o- 
antes-e-depois1/>. Acesso em 24 mai. 2022. 
 
 
5.4 Estafilectomia 
O objetivo desta cirurgia é encurtar o palato mole, geralmente ao nível do bordo caudal da cripta 
tonsilar. Para esse efeito já foram utilizadas várias técnicas como a dissecação com bisturi, 
electrocautério e o uso do laser CO2. 
O mais importante é a diminuição do trauma dos tecidos que pode resultar em hemorragia, 
tumefação da faringe e obstrução da passagem do ar. A remoção de excesso de palato pode 
aumentar o risco de refluxo nasofaríngeo de comida durante as refeições. 
Após a cirurgia são comuns complicações como tosse, engasgos por alguns dias, regurgitação 
de saliva ensanguentada, edema grave levando a obstrução das vias aéreas superiores, 
necessitam de traqueostomia emergencial (BEZERRA; MARINHO, 2018). 
 
Figura 6 – Palato mole prolongado em cão na esquerda; Pós-cirúrgico de estafilectomia na direita. 
 
Fonte: Fitzpatrick Referrals 
 
 
6 CONCLUSÕES 
 
 
Como consequência da seleção genética em que os cães braquicefálicos foram sujeitos, houve 
o desenvolvimento de deformidades e patologias afim de prejudicar a saúde e o bem-estar 
desses animais. Para isso, o médico veterinário deve possuir conhecimento anatômico e das 
possíveis anormalidades presentes no sistema respiratório para a realização dos métodos 
diagnósticos, protocolos de atendimento e identificação das alterações para a intervenção das 
mesmas. 
Caso não ocorra o tratamento adequado, a síndrome dos cães braquicefálicos pode levar os 
animais a morte. Portanto, é essencial o acompanhamento de cães da raça braquicefálica 
desde filhotes para o monitoramento dos sinais clínicos e assim, chegar em um diagnóstico 
precoce através de radiografia e endoscopia com o objetivo de intervenção dos animais 
acometidos por esta síndrome e melhor qualidade de vida ao animal. 
 
7 REFERÊNCIAS 
 
 
BRUNCH, Jessica. SÍNDROME OBSTRUTIVA DO CÃO BRAQUICEFÁLICO: 
RELATO DE 
CASO. 2022. Disponível em: 
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/233441/Monografia%20Jess 
ica%20Bruch%20final.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 mai. 2022. 
 
PUBVET. Síndrome braquicefálica em cães: Revisão. Disponível em: 
https://www.pubvet.com.br/uploads/84f2cc33bfe37a66a953d4ce8f633b98.pdf. Acesso em: 
24 mai. 2022. 
 
ÂNIMA EDUCAÇÃO. Síndrome braquicefálica em cão – Relato de caso. Disponível 
em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/20460/1/RCC2%20GIOV 
ANNA%20DOS%20SANTOS%20SANTANA-PDF.pdf. Acesso em 24 mai. 2022. 
 
BEZERRA, H.P; MARINHO, R.S.L. ALTERAÇÕES ANATÔMICAS PRIMÁRIAS DAS 
VIAS RESPIRATÓRIAS EM CÃES BRAQUICEFÁLICOS: revisão de literatura. Disponível 
em: 
https://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/321/1/Altera%C3%A7%C3%B5es%20anat%C3%
B4micas%20prim%C3%A1rias%20das%20vias%20respirat%C3%B3rias%20em%20c%
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Acesso em: 24 mai. 2022. 
 
LIEBICH, Hans-Georg et al; Anatomia dos Animais Domésticos: Textos e Atlas 
Colorido. 6. ed. Artmed, 2016. p. 377-387. Acesso em 01 jun. 2022 
 
DYCE, K.M.; Tratado de Anatomia Veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2004. P. 359 – 361. Acesso em 01 jun. 2022 
 
TEICHMANN, Cristiane et al. ALTERAÇOES ANATÔMICAS EM CAES COM 
SÍNDROME BRAQUIOCEFÁLICA. Disponível em: 
https://www.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-
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https://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/321/1/Altera%C3%A7%C3%B5es%20anat%C3%B4micas%20prim%C3%A1rias%20das%20vias%20respirat%C3%B3rias%20em%20c%C3%A3es%20braquicef%C3%A1licos%20revis%C3%A3o%20de%20literatura.pdf
https://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/321/1/Altera%C3%A7%C3%B5es%20anat%C3%B4micas%20prim%C3%A1rias%20das%20vias%20respirat%C3%B3rias%20em%20c%C3%A3es%20braquicef%C3%A1licos%20revis%C3%A3o%20de%20literatura.pdfhttps://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/321/1/Altera%C3%A7%C3%B5es%20anat%C3%B4micas%20prim%C3%A1rias%20das%20vias%20respirat%C3%B3rias%20em%20c%C3%A3es%20braquicef%C3%A1licos%20revis%C3%A3o%20de%20literatura.pdf
https://www.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2012/ccs/alteracoes%20anatomicas%20em%20caes%20com%20sindrome%20braquiocefalica.pdf
https://www.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2012/ccs/alteracoes%20anatomicas%20em%20caes%20com%20sindrome%20braquiocefalica.pdf
https://www.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2012/ccs/alteracoes%20anatomicas%20em%20caes%20com%20sindrome%20braquiocefalica.pdf

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