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SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO DE GRANDES ANIMAIS BOVINOS E EQUINOS Ana Paula Dias Soares Rodrigues Celia Regina Sousa da Silva Glenda Ranieri de Souza Andrade Laiane Serra Reis Yasmin Sousa Pedrosa FACULDADE UNIDESC Luziânia-GO Sumário 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 2 2 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 2 2.1. Inspeção do Sistema Respiratório ............................................................................... 2 2.2. Palpação do Sistema Respiratório .............................................................................. 4 Ectoscopia ........................................................................................................................... 4 Expansibilidade Torácica .................................................................................................. 4 Avaliação Do Frêmito Tóraco-Vocal (FTV)..................................................................... 4 Frequência Respiratória e Ritmo Respiratório ............................................................... 4 2.3. Percussão e Auscultação do Sistema Respiratório .................................................. 5 Percussão ................................................................................................................................ 5 Ausculta ................................................................................................................................... 6 Ruídos normais ....................................................................................................................... 6 Ruídos anormais ..................................................................................................................... 6 2.4. Exame Auxiliares ao Diagnóstico ................................................................................ 7 Endoscopia .......................................................................................................................... 7 Radiografia .......................................................................................................................... 8 Ultrassonografia Torácica ................................................................................................. 9 Tomografia Computadorizada .......................................................................................... 9 Ressonância Magnética .................................................................................................... 9 Cintilografia ........................................................................................................................ 10 Exames laboratoriais........................................................................................................ 10 3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 10 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 11 1 INTRODUÇÃO Esse trabalho será uma breve introdução à semiologia do sistema respiratório de grandes animais. Serão discutidas as definições, anamnese, método de exame físico e métodos complementares de diagnóstico. A semiologia do sistema respiratório inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho respiratório, como alterações da coloração da pele e mucosas, formato do tórax, tipo de respiração, ritmo e amplitude da respiração, utilização de musculatura acessória, expansibilidade, palpação, percussão e ausculta do tórax. Temos como objetivo ao final desse trabalho desenvolver raciocínio para elaboração do exame clínico levando ao diagnóstico e dedução do prognóstico da enfermidade que acomete os animais de grande porte como os bovinos e equinos. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1. Inspeção do Sistema Respiratório A inspeção é o método semiológico em que se faz a observação do animal como um todo. Deve-se observar o animal, preferencialmente sem tocá-lo e sem excitá-lo, pois, isso poderá provocar modificações na frequência respiratória e até no tipo de respiração. Na realização do exame em animal de grande porte, o examinador deve olhá-lo obliquamente, colocando-se de preferência na parte posterior ou na dianteira do animal, de maneira que possa observar o ponto de transição costo abdominal. Embora a temperatura do ar seja frequentemente considerada como uma variável climática isolada de maior importância sobre a produção animal, seus efeitos estão intimamente ligados e dependentes do nível de umidade atmosférica. A umidade significa, em termos simplificados, quanto de água na forma de vapor existe na atmosfera no momento com relação ao total máximo que poderia existir, na temperatura observada. Quando os animais permanecem por períodos prolongados no frio, aumenta à assimilação de alimentos, a secreção de tiroxina e a extensão dos processos de combustão também aumentam. Os ruminantes possuem uma boa adaptação a baixas temperaturas caso as necessidades energéticas sejam supridas por meio de uma administração suficiente de alimentos. Mesmo com queda de temperatura a zero grau havendo alimentos, não ocorre redução na capacidade de produção de leite. Na inspeção das narinas, o corrimento nasal pode fornecer informações sugestivas da localização do processo mórbido. O corrimento nasal pode ser oriundo do trato respiratório anterior ou posterior. Se ele é unilateral, pode indicar alterações na narina correspondente com os processos mais comuns são corpos estranhos, úlceras e ferimentos locais. Se ele é bilateral, pode representar comprometimento de ambas as narinas, especialmente em processos inflamatórios que aumentam a secreção nasal, ou pode se originar de locais situados posteriormente à narina, tais como laringe, traqueia e brônquios, acometidos por afecções que aumentam a quantidade de secreções inflamatórias nessas vias aéreas. O corrimento nasal deve ser analisado quanto ao tipo: classificado como seroso, mucoso, purulento e hemorrágico ou suas combinações. O tipo seroso é observado normalmente nos bovinos, que lambem constantemente as narinas. Esse tipo de corrimento é mais intenso em animais deprimidos e sempre está relacionado a afecções do sistema respiratório. O odor da respiração de ruminantes, como vacas e ovelhas, pode ser indicativo de várias condições clínicas ou metabólicas. O odor normal da respiração de ruminantes é geralmente neutro ou levemente adocicado. No entanto, alguns odores anormais podem ser observados e indicar problemas de saúde. Alguns exemplos incluem: Odor cetônico: Um cheiro frutado ou doce na respiração pode ser um sinal de cetose, uma condição metabólica comum em vacas leiteiras no pós-parto. Odor amoniacal: Um odor forte de amônia na respiração pode indicar acidose ruminal, que é causada por uma dieta desequilibrada ou excesso de alimentação concentrada. Odor de mofo: Um cheiro de mofo ou bolor na respiração pode indicar problemas respiratórios, como pneumonia ou bronquite, causados por infecções bacterianas ou fúngicas. Odor de ácido acético: Um odor azedo ou vinagre na respiração pode ser um sinal de acidose láctica, que ocorre quando há um desequilíbrio no pH do rúmen.A tosse é um dos mecanismos de limpeza do sistema respiratório e ocorre quando há irritação das terminações nervosas da laringe e traqueia provocada pela inflamação da mucosa, seja por ação direta do agente agressor sobre a mucosa ou pela produção excessiva de muco. Tosse seca e constante geralmente indica alteração inflamatória nas vias aéreas superiores, como na faringite e na laringite, podendo estar presente também nas traqueítes. Tosse úmida ou produtiva, relacionada ao aumento de exsudato bronco pulmonar, como nas broncopneumonias, pois o líquido inflamatório se movimenta nas vias aéreas com a respiração, estimulando a tosse. A anamnese é importante para confirmar a informação recebida do acompanhante do animal e assim para verificar o tipo de tosse, deve-se fazer o reflexo de tosse que, nos grandes animais, pode ser realizado de duas maneiras, beliscando-se ou esfregando-se os primeiros anéis traqueais logo abaixo da glote ou, como feito principalmente nos adultos por problemas de enrijecimento dos anéis cartilaginosos e por sua difícil compressão, pela obliteração do ar inalado até que o animal comece a reagir, soltando-se em seguida. O animal irá inspirar uma grande quantidade de ar rapidamente, tendendo a tossir se houver inflamação das vias aéreas. Nos grandes animais o reflexo de tosse é estimulado por compressão e movimentos de fricção ou pelo beliscar dos primeiros anéis traqueais. 2.2. Palpação do Sistema Respiratório Ectoscopia Sinais de esforço e utilização de musculatura acessória: batimento de aletas nasais, musculatura cervical, tiragem intercostal, musculatura abdominal. Observar: abaulamentos, impulsões de borda esternal, retrações, malformações torácicas, batimentos ou movimentos, frêmitos, pontos dolorosos e enfisema subcutâneo. Expansibilidade Torácica A parede torácica inclui a pele, o tecido subcutâneo, os músculos, as cartilagens e os ossos. Procedimento: Antes e após examinar um paciente lave as mãos. O examinador deve se colocar atrás do paciente. Iniciar o exame pelos ápices e ir deslocando as mãos em direção às bases. Pousar as mãos espalmadas sobre as regiões a serem examinadas, de tal modo que os polegares se toquem levemente, em ângulo quase reto. Os demais dedos encostam levemente no tórax, levemente fletidos. Solicitar ao paciente para respirar mais fundo e ir observando a movimentação de suas mãos, particularmente o distanciamento dos polegares da linha médio-espinhal. A expansibilidade pode ser normal ou diminuída (unilateral ou bilateralmente). A palpação pode-se sentir vibração na altura da laringe ou traqueia, que se chama frémito laríngeo ou traqueal e indicativo de líquido em quantidade excessiva ou membranas que vibram à passagem do ar. Da mesma maneira, pode-se sentir o frémito torácico que tem como significado clínico a presença de líquido (inflamatório ou não) nos brônquios, de atrito pleural ou, quando sentido sobre a área cardíaca, de sopro cardíaco ou roce pericárdico. Resultado do exame normal: expansibilidade normal e simétrica. Avaliação Do Frêmito Tóraco-Vocal (FTV) É o exame das vibrações percebidas pela mão do examinador, encostada na parede torácica, quando o paciente emite algum som. Procedimento: O examinador deve se colocar atrás do paciente. Iniciar o exame pelo alto e ir deslocando a mão em direção às bases, em cada uma das faces torácicas. Pousar a mão espalmada, ora de um lado, ora do outro, com os dedos levemente estendidos, sobre as regiões do tórax a serem examinadas. Compara-se um lado com o outro e observa-se o aumento, a diminuição e o desaparecimento do FTV, (unilateral ou bilateralmente). Resultado do exame normal: FTV normal e simétrico. Frequência Respiratória e Ritmo Respiratório Deve-se observar o animal, preferencialmente sem tocá-lo e sem excitá-lo, pois, isso poderá provocar modificações na frequência respiratória e até no tipo de respiração. Se o exame estiver sendo realizado em um animal de grande porte, o examinador deve olhá-lo obliquamente, colocando-se de preferência na parte posterior ou na dianteira do animal, de maneira que possa observar o ponto de transição costo abdominal. Deve-se contar a frequência respiratória (FR) em um minuto e verificar o tipo e o ritmo respiratórios. Quanto menor a idade do animal, maior será a FR, que diminui com o avançar da idade. Animais de grande porte e animais obesos apresentam FR menores que os de pequeno porte e magros. A FR aumenta gradativamente durante a gestação, é mais elevada durante o exercício, em ambientes quentes e úmidos e em situações de estresse, especialmente nos cães e nos suínos. Oscilações patológicas da frequência respiratória. Caracterizadas por taquipnéia, bradipnéia ou apnéia. O ritmo respiratório é a relação entre inspiração e expiração, o movimento respiratório tem que ser harmonioso, continuo, sem paradas, sem alterações bruscas. O movimento inspiratório dura um pouco mais que o movimento expiratório. A intensidade é sobre a amplitude ou força do movimento e ocorrem alterações como hiperpneia e oligopneia. Outra alteração pode juntar a intensidade e a frequência resultando na polipneia. O tipo de movimento para todas as espécies é o costoabdominal, que tem envolvimento da musculatura torácica e abdominal. Em algumas situações esse tipo pode variar e ele pode ficar mais abdominal ou mais torácico. Se envolver processo doloroso ou restritivo a nível torácico, o tipo respiratório fica mais abdominal. Se tiver um processo doloroso ou restritivo abdominal, o tipo de respiração fica mais torácica. Um exemplo de processo abdominal, restritivo, fisiológico que coloca em ênfase a respiração torácica é gestação. Outro processo patológico que coloca em evidencia podem ser ascite, distensão abdominal, cólica, torção gástrica, peritonite, etc. 2.3. Percussão e Auscultação do Sistema Respiratório Percussão A percussão é um dos métodos semiológicos que fornece informações a respeito do estado físico do sistema respiratório. Deve ser realizada desde os seios paranasais até a porção posterior, o profissional utiliza seus dedos ou uma baqueta de percussão para produzir sons ao tocar a área torácica do animal. Nos seios paranasais (frontal, lacrimal e maxilar) a percussão deve ser feita com o cabo do martelo de percussão e de forma comparativa entre o lado esquerdo e direito da cara do animal. A principal alteração que se consegue ouvir é a modificação do som normal (claro) para maciço, indicando que uma cavidade, antes vazia, está sendo preenchida por alguma substância, por exemplo, pus. Esse sinal sugere sinusite ou tumorações em seio paranasal, ou seja, lesões que ocupam espaço. Por outro lado, se houver acúmulo de gás, o som pode se modificar para timpânico como, por exemplo, nos casos de infecção da cavidade sinusal por bactérias anaeróbicas, produtoras de gás. O objetivo é avaliar a sonoridade dessa região, podendo identificar áreas anormalmente densas, como acúmulo de secreções, consolidamento pulmonar ou até mesmo a presença de líquido no tórax. Ausculta Na ausculta, o profissional utiliza um estetoscópio para escutar os sons produzidos pelo sistema respiratório do animal, avaliando toda área pulmonar da parte ventral para a parte dorsal, com atenção especial à parte encoberta pelo membro anterior direito. A interpretação correta dos ruídos respiratórios pressupõe conhecimentos sobre a produção de som e sua transmissão no trato respiratório, bem como dos efeitos que modificam o padrão normal dos ruídos produzidos. Deve-se auscultar as vias aéreas superiores e a região torácica separadamente, embora não se deva esquecer que pode haver interferência da auscultação de uma área sobre a outra, especialmente dos ruídos produzidos nas vias aéreas anteriores, que podem interferir na ausculta dos pulmões. Em vista disso, é bom lembrar que o local no qualse ouve o ruído com maior intensidade corresponde à origem provável de sua produção. Ruídos normais Os ruídos normais são produzidos pela turbulência do fluxo de ar nas vias aéreas com diâmetro superior a 2mm, podendo variar na qualidade, dependendo da localização do estetoscópio, da velocidade do ar durante a respiração e da quantidade de tecido sobre a área que se está ouvindo. Hoje há tendências de se denominar os sons ouvidos à auscultação pelos locais de produção desses ruídos. Assim temos: Ruído laringotraqueal: o ruído provocado pela vibração das paredes da laringe e da traqueia, sendo ouvido sobre a região da traqueia cervical, no momento da passagem do ar. Ruído traqueobrônquico: Antigamente chamado ruído bronquial, sopro glótico ou tubário. Ouvido na área torácica, produzido pela passagem do ar pelos grandes brônquios e porção final da traqueia, com vibração de suas paredes. Ruído bronco-bronquiolar: Antigamente chamado de murmúrio vesicular. Ruído respiratório é produzido pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos. É um ruído suave, ouvido nos dois terços posteriores do tórax, durante a inspiração. Ruídos anormais Entre os ruídos anormais mais comuns estão: Crepitação: ocorre quando tem presença de secreções na via aérea, escutam-se em todas as três regiões. Sibilo: som musical, é um assobio, pode ser inspiratório e expiratório, ocorre quando tem estenose e bronquite. Roce: deposito de fibrina, faz aderência, perda de lubrificação natural. A regra geral quando auscultamos o ruído na expiração é porque o processo é no trato respiratório inferior (processo intratorácicos) e quando o ruído é na inspiração é porque o processo é no trato respiratório superior (processo extratorácico). 2.4. Exame Auxiliares ao Diagnóstico Endoscopia A endoscopia fornece informações relevantes sobre as vias aéreas, visto que permite a avaliação macroscópica adequada de quase toda extensão do sistema respiratório. Durante o exame é importante avaliar a conformação do lúmem, o aspecto da mucosa, a relação entre as estruturas, tais como o palato mole e a epiglote, os movimentos da laringe, além da presença, origem e aparência das secreções. O paciente deve ser estimulado a deglutir para melhor avaliação de alterações que podem não estar visíveis no exame direto, como pequenos cistos na epiglote. A endoscopia também pode ser útil na detecção de material aspirado na traqueia, obtenção de biópsias da mucosa brônquica ou tecido transbronquial e na lavagem de segmentos do sistema respiratório, como bolsa gutural, traqueia e brônquios. As biópsias bronquiais, com auxílio do endoscópio, são seguras e não estão associadas a maiores complicações, sendo de grande auxílio em alterações focais como no diagnóstico de neoplasias malignas. Os lavados traqueobrônquicos (LTB) e broncoalveolares (LBA), guiados por endoscopia, permitem coletar amostras de secreções, células de liberação e descamação das mucosas bronquiais e da região alveolar, as quais podem ser indicativas de alterações respiratórias. Para realização dos lavados guiados por endoscopia, a sonda é introduzida pela narina do animal até atingir o local desejado. A mucosa brônquica deve ser dessensibilizada instilando lidocaína a 0,5%, conforme o avanço do endoscópio. O procedimento é baseado na infusão de fluído isotônico pré-aquecido e imediata sucção do mesmo, sendo o resultado associado aos sinais clínicos do paciente. Além disso, a endoscopia permite avaliar a anatomia e função do trato respiratório superior (TRS) com animal em repouso e durante o exercício. Devido à alta prevalência de anormalidades encontradas durante o exercício em equinos diagnosticados como saudáveis ao exame endoscópico em repouso, sugere-se que sejam realizados os dois tipos de avaliação em animais com redução de performance associada à disfunção do TRS. Permite ainda a avaliação de animais com hemorragia pulmonar induzida pelo exercício, em que a presença de sangue pode ser observada, na maioria dos animais, até sete dias após o episódio de hemorragia. Nestes casos, a endoscopia auxilia na classificação do grau de severidade da hemorragia pulmonar baseada no volume de sangue presente e pela sua distribuição ao longo das vias aéreas. A classificação proposta por Bacardi é: Grau I: presença de pequenas estrias e/ou coágulos situados no terço distal da traqueia. Grau II: filetes de sangue distribuídos aleatoriamente (não uniforme) por toda extensão da traqueia, além de coágulos maiores. Grau III: sangue distribuído uniformemente por toda extensão da traqueia. Grau IV: quantidade abundante de sangue por toda a traqueia, laringe, faringe e fossas nasais. Grau V: exacerbação do grau anterior e epistaxe. Nos casos de doenças infecciosas do sistema respiratório, a contaminação do aparelho deve ser considerada como risco de infecção para outros animais, o que justifica assepsia adequada do endoscópio. Radiografia O exame radiográfico é útil na avaliação da cavidade nasal, seios paranasais, bolsas guturais, região retrofaríngea e nos pulmões. As radiografias da cavidade nasal e seios nasais permitem a visibilização das alterações devido ao contraste entre o ar e as estruturas ósseas presentes. Os sinais típicos de alterações incluem presença de interfaces de fluído nas cavidades, perda de contraste do ar visto a presença de líquido ou tecido mole, depressão ou elevação dos ossos da face e distorção das estruturas normais como as raízes dos dentes. Nas radiografias torácicas, devido à grande sobreposição de estruturas, a técnica é limitada ao tamanho dos animais. Nestes casos, é comum ocorrer subexposição da técnica radiográfica devido à dificuldade de penetração dos feixes de raio x, o que pode levar a uma interpretação errônea das radiografias. Para evitar avaliações dúbias das radiografias torácicas, pode-se acompanhar a evolução do paciente comparando a técnica radiográfica pela radiopacidade dos corpos vertebrais que devem manter-se constantes, garantindo, dessa forma, maior fidedignidade dos padrões pulmonares encontrados. Em animais adultos podem ser realizados três tipos de exames radiográficos do tórax: o básico, o modificado e o personalizado. O básico consiste em quatro radiografias: a craniodorsal, a cranioventral, a caudodorsal e a caudoventral. O exame modificado inclui uma quinta radiografia mediodorsal que abrange melhor a porção dorsal do tórax. O exame personalizado é mais especifico e localizado; utiliza-se a centralização do foco, principalmente quando há suspeita de massa ou outra alteração focal nos pulmões. Em animais recém-nascidos, o exame radiográfico pode apresentar interpretação questionável nas primeiras 48 horas, visto que o padrão misto (intersticial-alveolar) pode ser encontrado em animais recém-nascidos normais, em animais prematuros e no caso de potros com alterações pulmonares. Este padrão é justificado pela inflação incompleta dos pulmões e retenção de líquidos, muito comum nas primeiras horas de vida. Dessa forma, em animais recém- nascidos com suspeita de alterações respiratórias, deve-se repetir os exames radiográficos, além de associar os resultados com outros exames laboratoriais. Diferentemente de humanos e pequenos animais, as radiografias torácicas de equinos geralmente são muito inespecíficas o que justifica o uso de outros métodos de diagnóstico por imagem. Ultrassonografia Torácica A avaliação ultrassonográfica do sistema respiratório de grandes animais depende da experiência da ultrassonografia a e do conhecimento da anatomia do animal. O exame ultrassonográfico é útil para diagnóstico, terapêutica e avaliação do prognóstico de doenças pleurais e do parênquima periférico dos pulmões, além das doenças obstrutivas de equinos Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada(TC) oferece informações adicionais sobre alterações encontradas na cavidade nasal e seios paranasais, visto que sofre pouca interferência da sobreposição das estruturas. A técnica permite identificar o local e extensão das lesões e avaliar as condições das estruturas adjacentes nos casos de traumas, neoplasias e infecções. Apesar da tomografia computadorizada ser um método sofisticado de diagnóstico, principalmente ao fornecer imagens em corte milimétrica de diversos planos, a disponibilidade desta técnica ainda é limitada devido ao alto custo, à necessidade de anestesia geral e ao tamanho dos equinos que, em relação ao diâmetro do centro do aparelho, só permite a avaliação de algumas partes do corpo dos animais como cabeça e membros. Ressonância Magnética Apesar da tomografia computadorizada ser um método sofisticado de diagnóstico, principalmente ao fornecer imagens em corte milimétrica de diversos planos, a disponibilidade desta técnica ainda é limitada devido ao alto custo, à necessidade de anestesia geral e ao tamanho dos equinos que, em relação ao diâmetro do centro do aparelho, só permite a avaliação de algumas partes do corpo dos animais como cabeça e membros. O exame de MRI pode durar cerca de 60 a 120 minutos, dependendo do local avaliado, e são realizadas diferentes sequências durante um mesmo exame, as quais fornecem informações baseadas nas diferentes características de cada tecido. Muitas vezes, é necessário combinar as informações de todas sequências adquiridas para fazer um diagnóstico com precisão e oferecer um plano de tratamento e prognóstico. Durante o exame de MRI, cuidados extremos devem ser tomados com materiais metálicos que possam ser atraídos pelo campo magnético, os quais podem ocasionar acidentes graves. Além disso, objetos metálicos e alguns materiais podem causar interferência no sinal magnético e criar artefatos na imagem, comprometendo a qualidade do exame. A ressonância magnética tem grande potencial para aumentar a capacidade de diagnóstico em doenças do trato respiratório superior de equinos, como alterações na laringe e tecidos adjacentes. No entanto, é geralmente reservada para casos específicos em que outros métodos de baixo custo são limitados ou não conclusivos, devido ao alto custo da técnica. Cintilografia A cintilografia permite obter informações sobre os processos fisiopatológicos de doenças que envolvem o sistema respiratório, além de detectar doenças subclínicas ou alterações não visibilizadas em outras técnicas de diagnóstico por imagem (26). O princípio físico da técnica baseia-se na aplicação de radiofármaco específico emissor de radiação gama, a qual é captada por uma câmara que emite luz proporcional à intensidade da radiação incidida. Os flashes de luz são convertidos em sinais elétricos proporcionais às amplitudes das ondas formando as imagens. As imagens para cintilografia pulmonar em equinos são obtidas da região lateral do tórax, dividindo em porção cranial e caudal. Geralmente, é necessário sedar o animal, lembrando que os agonistas adrenérgicos podem alterar a função respiratória, principalmente em animais com doenças obstrutivas recorrentes. O estudo da perfusão pulmonar local por meio da cintilografia, pode fornecer informações sobre abscessos pulmonares, bronquites e avaliar a resposta à tratamentos específicos. Com o avançar do estudo em cintilografia será possível maior entendimento da dinâmica respiratória em equinos, visto que a técnica possibilita avaliar a perfusão pulmonar, ventilação e depuração alveolar, além de determinar o envolvimento das células em processos inflamatórios e contribuir em pesquisas sobre a deposição de aerossóis nos pulmões. No entanto, o procedimento ainda é limitado na medicina veterinária e restrito a centros especializados, visto que envolve tecnologia avançada adaptada da medicina humana, o que requer grande experiência dos profissionais, além dos custos elevados. Exames laboratoriais Exames laboratoriais como a citologia, swab, cultura em inchaços, biópsias para histopatologia, sorologia, parasitológico, hemograma, colheita de muco traqueal, cultura bacteriana, análise bioquímica, isolamento viral e testes moleculares. Também são utilizados para complementar o diagnóstico do sistema respiratório de grandes animais. 3 CONCLUSÃO O estudo da semiologia de grandes animais é importante na formação dos médicos veterinários. As pesquisas na área de semiologia do sistema respiratório vêm se adequando ao longo dos anos e é importante se manter atualizado. Conclui-se que a semiologia do sistema respiratório de grandes animais tem que ser estudada e abordada em todas suas etapas por todos da área de medicina veterinária. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Alexandre S. de. INDICADORES DO ESTRESSE TÉRMICO EM BOVINOS. 2011. 11 f. Monografia (Especialização) - Curso de Ciências Veterinárias, Bioquimica do Tecido Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2020/11/estresse_termico.pdf. Acesso em: 13 set. 2023. GONÇALVES, Roberto Calderon. Semiologia do sistema respiratório. 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SANTOS, Roberta Valeriano dos. Diagnóstico por imagem na avaliação do sistema respiratório de equinos. Veterinária e Zootecnia, Unesp/Botucatu, v. 1, n. 19, p. 23-32, mar. 2012. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/141329/ISSN0102-5716- 2012-19-01-23-32.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 set. 2023.
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