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Enfermagem em Pediatria docente: Thayza lima Enfermidades comuns na infância Introdução A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas; A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais considerados; Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos e é um quadro autolimitado. Epidemiologia De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas duas décadas, ocorreu globalmente expressiva redução na mortalidade por diarreias infecciosas em crianças com idade inferior a cinco ano; Para exemplificar, em 1982 ocorreram 5 milhões de mortes por doença diarreica, em 1991 foram 3,5 milhões, em 2001 morreram 2,5 milhões e, finalmente, em 2011 ocorreram 1,5 milhões de mortes no ano. Diarreia Fatores de risco Idade; Patologia pré-existentes; Doença autoimune; Falta de agua potável, saneamento básico; Falta de higiene; Recursos inadequados no preparo dos alimentos; Causas Vírus - rotavírus, coronavírus, adenovírus; Bactérias - E. coli, Aeromonas, Salmonella, Vibrio cholerae; Parasitos - Entamoeba histolytica, Giardia lamblia. Segundo o ministério da saúde exsite um hábito intestinal em quadro diarreicos – crianças até 1 ano tem episódios de até 6x/dia, maior que 1 ano varia em 3x/dia. Tipos de diarreia Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação. Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Diarreia crônica ou persistente: quando a diarreia se estende por 14 dias ou mais. Pacientes que evoluem para diarreia persistente constituem um grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade. Diarreia inflamatória ou não inflamatória: de acordo com a causa da diarreia. Localização da inflamação Estômago e intestino – gastroenterite; Intestino delgado – enterite; Cólon – colite; Cólon e intestino –enterocolite. Princípios da avaliação clínica – anamnese 1. Duração da diarreia; 2. Mínimo diário de evacuações; 3. Presença de sangue nas fezes; 4. Número de vômitos (se existir); 5. Presença de febre e outras manifestações clínicas; 6. Práticas alimentares prévias e vigentes; 7. Outros casos de diarreia em casa ou na escola; 8. Oferta e consumo de líquidos; 9. História clínica; 10. Fatores de risco para gravidade. Avaliação clínica – exame físico Peso (até 5%, leve, de 5 a 10%, moderada, mais de 10%, grave); Letargia, apatia; Padrão respiratório; Estado geral; Aspecto da saliva; Sede; Pulso; Padrão cardíaco; Fontanelas abauladas; Ritmo cardíaco; Extremidades; Turgência da pele. Avaliação do estado de hidratação para doença diarreica Observar A B C Condição Bem alerta Irritado/tranquilo Comatoso Olhos Normais Fundos Muito fundo Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Boca e língua Úmidas Secas Muito secas Sede Bebe normal Sedento Bebe mal/ não é capaz de beber Examinar Sinal da prega Desaparece Rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente (mais de 2 segundos) Pulso Cheio Rápido, débil Muito débil ou ausente Enchimento capilar Normal (até 3 segundos) Prejudicado (3 a 5 segundos) Muito prejudicado (mais de 5 segundos) Conclusão Não tem desidratação Se apresentar dois ou mais dos sinais descritos acima, existe desidratação Se apresentar dois ou mais dos sinais descritos, incluindo pelo menos um dos assinalados com asterisco, existe desidratação grave Tratamento Plano A Tratamento domiciliar Plano B Terapia de reidratação oral no serviço de saúde Plano C Terapia de reidratação parenteral Tratamento ❖ Plano A - tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação com alimentos que não agravem a diarreia. Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. 1. Oferecer ou ingerir mais líquido que o habitual para prevenir a desidratação; 2. Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição; 3. Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar qualquer um dos sinais abaixo levá-lo imediatamente ao serviço de saúde; 4. Orientar o paciente ou acompanhante para. Tratamento ❖ Plano B - administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas vinculadas à desidratação). Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas durante o período da terapia de reparação por via oral). Após o término desta fase, retomar os procedimentos do Plano A. 1. Administrar solução de reidratação oral (SRO); 2. Durante a reidratação reavaliar o paciente seguindo os sinais indicados no quadro 1 (avaliação do estado de hidratação); 3. Durante a permanência do paciente ou acompanhante no serviço de saúde, orientar a; Tratamento ❖ Plano C - corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral (reparação ou expansão). Em geral, o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de manutenção, até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade adequada. ❖ As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões), choque hipovolêmico. FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS – Crianças menores que 5 anos Solução Volume Tempo de administração Soro fisiológico 0,9% Iniciar com 20mL/kg de peso. Repetir essa quantidade até que a criança esteja hidratada, reavaliando os sinais clínicos após cada fase de expansão administrada. Para recém-nascidos e cardiopatas graves começar com 10mL/kg de peso. 30 minutos Para recém-nascidos e cardiopatas graves começar com 10mL/kg de peso. FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS – Crianças maiores que 5 anos Solução Volume Tempo de administração 1º soro fisiológico 0,9% 30 ml/Kg 30 minutos 2º ringer lactato 70 ml/Kg 2 horas e 30 minutos Assistência de enfermagem Orientar a mãe/responsável quanto a necessidade de cuidado especial; Cuidado com risco para infecção; Administração de fase dos soros; Pesar diariamente a criança; Orientação quando a alimentação para situações diarreicas. Desidratação infantil É uma perda anormal de água e eletrólitos necessários para o funcionamento do nosso organismo; Ocorre sempre que a eliminação de líquidos exceder a ingestão independente da causa; Ocorre a perda da homeostase. Classificação Isotônica – perda de água e eletrólitos igualmente e ocorre em 80% dos casos; Hipotônica – ocorre mais perda de eletrólitos, pode causar edema; Hipertônica – causa mais a perda de água, pode levar a distúrbios neurológicos em decorrência da baixa do volume circulante. Fatores de Risco Diarreia; Vômito; Baixa ingestão de água; Febre alta; Queimaduras extensas. Manifestações clínicas Sede; Perda de peso; Perturbação de humor; Vômitos e diarreia; Baixo turgor da pele; Olhos encovados; Pele e mucosas ressecadas; Palidez e Cianose; Ritmo cardíaco e respiratório alterado (tendem a aumentar a frequência); Anorexia. Tabela Sinais Sem desidratação 1º grau Alguma desidratação 2º grau Desidratação grave 3º grau Estado geral Irritada, consolável, sede Muito agitado, não dorme, muito sedenta Deprimida, comatosa, aceita pouco ou nada Mucosa oral Seca, lábios vermelhos Muito seca Cianose Olhos Normais Fundos Muito encovados Lágrimas Presentes Reduzidas Ausentes Fontanela Normal Pouco deprimida Muito deprimida Pele Elasticidade normal, pele quente e seca Extremidadesfrias, elasticidade diminuída Fria, turgor pastoso Pulso periférico Normais Finos e taquicardíacos Muito fino, ausentes Tempo de enchimento capilar Normal Até 2seg >3seg Débito urinário Normal Diminuído Anúrico Déficit estimado Lactentes: 25-50ml/kg Crianças maiores: 30 ml/kg Lactentes: 50-100ml/kg Crianças maiores 60ml/kg Lactentes > 100ml/kg Crianças maiores: 90ml/kg Perda de peso Lactentes: 2,5 – 5% Crianças maiores: 3% Lactentes: 5-10% Crianças maiores: 6% Lactentes > 10% Crianças maiores 9% Calculando o grau de desidratação (GD) ❖ GD (%) = peso de antes da doença – peso depois da doença / peso antes x 100. GD = PA – PD x 100 PA Lactente deu entrada no pronto atendimento com sinais de desidratação. Ao ser avaliada seu peso atual é de 6 kg, mãe relatou que a uma semana atrás o peso da criança era de 8kg. Qual o GD dessa criança? → GD = 8 – 6 / 8 x 100 = 25% Calculando a perda Hídrica Ph = Peso x GD x 10 RN em desidratação há 5 dias, apresenta GD de 10%, e peso de 8kg. Calcule o quanto de líquido que o recém nascido perdeu durante a doença? Peso = 8kg GD = ? 10 é uma constante Ph = 8 x 10 x 10 = 800 ml Calculando o volume total a ser administrado (VTA) VTA = perda hídrica (Ph) x 2 RN em desidratação há 5 dias, apresentou perda hídrica de 800 ml. Qual volume, na TRO deve ser administrado? VTA = 800 x 2 = 1,600 ml Calculando qual volume será adm por hora (VAH) VAH = capacidade gástrica da criança (30 – 40) x peso Lactente com 8kg em desidratação há 5 dias, deverá tomar quantos ml por hora? VAH = (30 – 40) x 8 = 80ml/hora Obrigada! Até a próxima Aula!
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