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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Síndromes Psicóticas Características Essenciais que Definem os Transtornos Psicóticos Delírio São crenças fixas que não mudam mesmo com evidências contrárias. Pode se manifestar de várias formas: Delírios persecutórios: crença de que será prejudicado por outra pessoa, organização ou grupo; Delírios de referência: crença de que comentários, gestos e etc. são direcionados a si mesmo; Delírios de grandeza: quando uma pessoa crê que tem habilidades excepcionais, riqueza ou fama; Delírios erotomaníacos: quando o indivíduo crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele; Delírios niilistas: convicção de que ocorrerá uma grande catástrofe; Delírios somáticos: preocupações referentes à saúde e função dos órgãos. Os delírios são considerados bizarros se são claramente implausíveis, incompreensíveis e não originados de experiências comuns da vida. Alucinações São experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das percepções normais, não estando sob controle voluntário. As alucinações são internas, vem “de dentro do indivíduo”, enquanto que os delírios necessitam de um estímulo externo. Desorganização do Pensamento O paciente pode mudar de um tópico a outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações). As respostas a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma (tangencialidade). Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente desorganizado que é quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em sua desorganização linguística. Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou Anormal Pode se manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a agitação imprevisível. Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente. Varia da resistência a instruções (negativismo), passando por manutenção de postura rígida, inapropriada ou bizarra, até a falta total de respostas verbais e motoras (mutismo e estupor). Pode, ainda, incluir atividade motora sem propósito e excessiva sem causa óbvia (excitação catatônica). Sintomas Negativos Dois sintomas negativos são especialmente proeminentes na esquizofrenia: expressão emocional diminuída e avolia. Expressão emocional diminuída inclui reduções na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala (prosódia) e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente conferem ênfase emocional ao discurso. A avolia é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade. A pessoa pode ficar sentada por períodos longos e mostrar pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. Transtorno Delirante Sua definição é: Presença de 1 ou mais delírio com duração mínima de um mês; Mesmo com os desdobramentos do(s) delírio(s), o funcionamento do indivíduo não está acentuadamente prejudicado e o comportamento não é claramente bizarro ou esquisito; 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! OBS.: episódios maníacos ou depressivos podem ocorrer, mas não são duradouros como os delirantes. A condição não pode ser atribuível a outro transtorno mental ou a nenhuma substância em uso. A característica essencial do transtorno delirante é a presença de um ou mais delírios que persistem por pelo menos um mês. Não é feito o diagnóstico de transtorno delirante se o indivíduo alguma vez teve apresentação de sintomas que satisfaçam critérios para esquizofrenia. Independentemente do impacto direto dos delírios, prejuízos no funcionamento psicossocial são mais brandos que os encontrados em outros transtornos psicóticos como a esquizofrenia, e o comportamento não é claramente bizarro ou esquisito. Se ocorrerem episódios de humor concomitantemente com os delírios, sua duração total é breve em relação à duração total dos períodos delirantes. Os delírios não podem ser atribuídos aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., cocaína) ou a outra condição médica. Transtorno Psicótico Breve Sua definição é: 1 ou mais dos seguintes sintomas abaixo: Delírios; Alucinações; Discurso desorganizado; Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico; A duração do episódio é de no mínimo um dia, mas menor que um mês, com eventuais retornos à normalidade antes do transtorno psicótico; A perturbação não pode ser atribuível a qualquer outro transtorno mental ou substância. A característica essencial do transtorno psicótico breve consiste em uma perturbação que envolve o aparecimento repentino de pelo menos um dos seguintes sintomas psicóticos positivos: delírios, alucinações, discurso desorganizado ou comportamento psicomotor grosseiramente anormal, incluindo catatonia. Início súbito é definido como uma mudança de um estado não psicótico para um estado claramente psicótico em duas semanas, geralmente sem um pródromo. Um episódio da perturbação tem duração mínima de um dia, ainda que inferior a um mês, e a pessoa eventualmente tem um retorno completo ao nível de funcionamento pré-mórbido. Transtorno Esquizofreniforme Sua definição é: Pelo menos 2 dos seguintes sintomas (sendo que pelo menos 1 deles deve estar entre os 3 primeiros citados), presentes em tempo significativo por pelo menos 1 mês: Delírios; Alucinações; Discurso desorganizado; Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico; Sintomas negativos; O episódio dura pelo menos um mês, mas menos que 6 meses; A perturbação não pode ser atribuível a qualquer outro transtorno mental ou substância. Os sintomas característicos do transtorno esquizofreniforme são idênticos aos da esquizofrenia. O transtorno esquizofreniforme se distingue por sua diferença na duração: a duração total da doença, incluindo as fases prodrômica, ativa e residual, é de pelo menos um mês, mas inferior a seis meses. A exigência de duração para transtorno esquizofreniforme é intermediária entre aquela para transtorno psicótico breve, que dura mais de um dia e remite em um mês, e aquela para esquizofrenia, que dura pelo menos seis meses. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Se a perturbação persistir por mais de seis meses, o diagnóstico deve ser mudado para esquizofrenia. Esquizofrenia Sua definição é: Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês, sendo que pelo menos um dos sintomas deve ser um dos 3 primeiros citados: Delírios; Alucinações; Discurso desorganizado; Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico; Sintomas negativos; Por período significativo o nível de funcionalidade do indivíduo (trabalho, escola, relações interpessoais ou autocuidado) devem estar acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início da perturbação; Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas; A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica; Os sintomas característicos da esquizofrenia envolvem uma gama de disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais, mas nenhum sintoma é patognomônico do transtorno. O diagnóstico envolve o reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados a um funcionamento profissionalou social prejudicado. Pelo menos dois sintomas citados primeiro acima devem estar presentes durante parte significativa do tempo em um mês ou mais. Pelo menos um desses sintomas deve ser a presença clara de delírios, alucinações ou discurso desorganizado. Alguns sinais da perturbação devem persistir por um período contínuo de pelo menos seis meses. Transtorno Esquizoafetivo Sua definição é: Um período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou maníaco junto dos sintomas que definem esquizofrenia (pelo menos 2); Delírios ou alucinações por duas semanas ou mais na ausência de episódio depressivo maior ou maníaco durante a duração da doença ao longo da vida; Os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes na maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença; A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância ou a outra condição médica. O diagnóstico de transtorno esquizoafetivo baseia-se em uma avaliação de um período ininterrupto da doença durante o qual o indivíduo continua a exibir sintomas ativos ou residuais da doença psicótica. Em algum momento durante o período devem haver os critérios que definem esquizofrenia presentes + episódio depressivo maior ou maníaco. Para separar o transtorno esquizoafetivo de um transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas, devem estar presentes delírios ou alucinações durante pelo menos duas semanas na ausência de um episódio de humor (depressivo ou maníaco) em algum momento ao longo da duração da doença na vida. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Bases Fisiopatológicas da Esquizofrenia Teoria Dopaminérgica – via mesolímbica Como os antipsicóticos atuam bloqueando receptores dopaminérgicos, mais especificamente o D2, presentes nas áreas límbicas, neocorticais e núcleos da base, conclui- se que a disfunção nessa doença é primariamente dopaminérgica. Sendo assim, "os sintomas esquizofrênicos são consequentes ao estado de hiperatividade dopaminérgica cerebral". Essa ideia é corroborada pela constatação de que as drogas que elevam os níveis de dopamina ampliam ou produzem sintomas psicóticos positivos, enquanto as que diminuem os níveis de dopamina os reduzem ou interrompem. A hipótese dopaminérgica mesolímbica explica a similaridade de sintomatologia da esquizofrenia e efeito de psicoestimulante. Ela propõe que todas as doenças ou drogas que elevem os níveis de dopamina, especialmente nessa via, justifiquem os sintomas positivos psicóticos, além dos comportamentos agressivos e hostis. Teoria Serotoninérgica Essa hipótese baseia-se na observação de que o uso de LSD causa sintomas como desrealização, despersonalização e alucinações visuais, experiências semelhantes a alguns sintomas da esquizofrenia. Os receptores de serotonina são os 5-HT2a. O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) mexe com esses receptores e provoca alucinações. Bloquear esses receptores geralmente melhora os sintomas de esquizofrenia. A classe dos antipsicóticos atípicos são agonistas inversos do receptor 5-HT2a e melhoram os sintomas da esquizofrenia. Serotonina aumentada se relaciona com sintomas positivos e diminuída relaciona-se aos sintomas negativos. ---------------------------------- Ambas as teorias (serotoninérgica e dopaminérgica) estão relacionadas aos receptores D2. Numa ele estimula na outra ele inibe: Pré-frontal: inibido. Causa os sintomas negativos do paciente esquizofrênico; Mesolímbico: ativado. Aqui tenho os sintomas positivos, os receptores ficam hiperativados. Nos sintomas negativos (córtex pré-frontal, D2 inibido) tenho plegia, anestesia, avolia. Nos sintomas positivos (núcleo accumbens, D2 ativado) tenho espasticidade, convulsão, hiperestesia, alucinações, delírios. TRATAMENTO O tratamento da esquizofrenia é realizado com o uso de antipsicóticos (também denominados neurolépticos). Temos os fármacos típicos (1° geração, os mais antigos) e os atípicos (2° geração, mais recentes). 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Antipsicóticos de 1° geração - típicos São inibidores competitivos em vários receptores. Seus efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores D2 da dopamina. Também são os que causam transtornos de movimento – sintomas extrapiramidais – particularmente o haloperidol, que tem forte ligação com os neurorreceptores da dopamina. Antipsicóticos de 2° geração - atípicos Estes têm menor incidência de sintomas extrapiramidais! Mas são associados com maior risco de efeitos adversos metabólicos, como diabetes, hipercolesterolemia e aumento de massa corporal. A segunda geração de fármacos deve sua atividade singular ao bloqueio dos receptores de serotonina e dopamina, OU SEJA, agem EM AMBAS AS VIAS. Todos os antipsicóticos de primeira e a maioria dos de segunda geração bloqueiam os receptores D2 da dopamina no cérebro e na periferia. AÇÕES Os efeitos clínicos dos antipsicóticos parecem refletir o bloqueio dos receptores de dopamina e/ou serotonina. Contudo, vários desses fármacos também bloqueiam receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos. Todos os antipsicóticos podem diminuir as alucinações e ilusões associadas à esquizofrenia (conhecidas como sintomas “positivos”), bloqueando os receptores D2 no sistema mesolímbico do cérebro. Os sintomas “negativos”, como falta de afeto, apatia e falta da atenção, bem como déficit cognitivo, não respondem particularmente ao tratamento com os antipsicóticos de primeira geração. Vários fármacos de segunda geração, como a clozapina, aliviam os sintomas negativos em alguma extensão. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Alguns dos antipsicóticos, particularmente tioridazina, clorpromazina, clozapina e olanzapina, produzem efeitos anticolinérgicos, que incluem visão turva, boca seca (com exceção da clozapina, que aumenta a salivação), confusão e inibição dos músculos lisos dos tratos gastrintestinal (GI) e urinário, causando constipação e retenção de urina. Distonias (contrações sustentadas dos músculos levando a posturas distorcidas), sintomas tipo Parkinson, acatisia (intranquilidade motora) e discinesia tardia (movimentos involuntários geralmente de língua, lábios, pescoço, tronco e membros) podem ocorrer com o tratamento agudo e crônico. O bloqueio dos receptores de dopamina na via nigroestriatal provavelmente causa esses movimentos indesejados. Entendendo os efeitos colaterais dos antipsicóticos. . . Por que os efeitos extrapiramidais em usuários de antipsicóticos? As medicações antipsicóticas realizam o bloqueio dos receptores D2 no geral. A via nigroestriatal realiza força e coordenação do movimento, quando eu bloqueio a recepção da dopamina, minha acetilcolina tem uma superestimulação para compensar a imediata falta de dopamina. . . ou seja, bloqueio dopamina, a acetilcolina entra para compensar sua baixa o resultado é um hiperestímulo de acetilcolina que cursa com: sintomas extrapiramidais, aumento da via parassimpática (isso causa diarreia, sialorreia. . .). Devido esses fatores, quando necessito realizar um bloqueio dos receptores de dopamina com urgência (surto psicótico no PS) faço: HALDOL (antipsicótico) + FENERGAM (anticolinérgico) dessa forma bloqueio o hiperestímulo de dopamina, tiro o paciente do surto psicótico e o fenergam reduz muito as chancesdo aumento da acetilcolina causar uma síndrome piramidal medicamentosa no paciente!!! Existem casos de discinesia tardia: o uso crônico de antipsicóticos aumentam a quantidade de receptores de dopamina tornando o paciente muito mais sensível à sua ação, permitindo que os estímulos dopaminérgicos para essa estrutura superem os estímulos colinérgicos, causando o movimento excessivo no paciente. Geralmente é uma sequela irreversível. Anticolinérgicos na prevenção e crise prometazina (fenergan), triexifenidil, benzodiazepínico Principais antipsicóticos atípicos Risperidona, olanzapina, quetiapina. A principal medicação atípica (geralmente utilizada em casos refratários): clozapina, seu efeito colateral é agranulocitose (imunossupressão). OBS.: NUNCA FAZER BIPERIDENO IV!!! Este é o melhor anticolinérgico! _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Resumo dos antipsicóticos comumente usados para tratar a esquizofrenia SEP, sinal extrapiramidal. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências DSM V. WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. NETO, Ary Gadelha de Alencar. et al. Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais. Revista de Psiquiatria Clínica, v.34, n.2, p.198-203, 2007.
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