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BEXIGA NEUROGÊNICA - sinônimo – disfunção miccional neurogênica → podendo ser do detrusor ou do esfíncter - anormalidade na função da bexiga e/ou do esfíncter uretral durante o ciclo miccional causada por doença neurológica Ciclo miccional Controle neurológico da micção - Sistema Nervoso Central (SNC) - medula, ponte e centros superiores - Sistema Nervoso Periférico (SNP) - fibras • parassimpáticas • simpáticas • somáticas Fisiopatologia - Lesão do sistema nervoso (central, espinhal, periférico) - Complicações: ● infecções ● refluxo vesicoureteral ● insuficiência renal ● cálculo renal Avaliação urológica - Função renal (creatinina, ureia) - Cistoscopia - Estudo urodinâmico - USG renal Principais disfunções miccionais 1. hiperatividade detrusora → esvaziamento reflexo - Espasmos vesicais → urgência, polaciúria, com incontinência → Baixa capacidade vesical 2. hiperatividade esfincteriana → esvaziamento incompleto 3. dissinergia vesicoesfincteriana → altas pressões vesicais e refluxo vesicoureteral 4. arreflexia detrusora (bexiga flácida) → lesões do neurônio motor inferior (cauda equina ou cone medular) → retenção urinária crônica com incontinência por transbordamento e esvaziamento incompleto Objetivo geral do tratamento → Esvaziamento vesical - Regular - Socialmente aceitável → Evitar: - Altas pressões vesicais - Retenção - Incontinência - Infecções - Cateter de Foley Esvaziamento vesical Cateterismo vesical intermitente limpo - Menor infeção que cateter de demora - Intermitente - 4 horas - Volume < 500 ml ● Evitar distensão vesical ● Altas pressões ● Refluxo ● Infecções - Restrição hídrica - 2 L/dia Medicações 1. Anticolinérgicos ( oxibutinina, tolterodina... ) - Diminuição do tônus vesical - Suprimir contrações - Redução da frequência e incon;nência - Tricíclicos ( imipramina ) → Aumento da resistência uretral 2. Alfa adrenérgicos ( efedrina ou fenilpropalamina ) - Aumento do volume de enchimento 3. Colinérgicos( betanecol ) - Bexigas hipotônicas à esvaziamento vesical 4. Alfa-bloqueadores ( doxazosina, tansulosina ... ) - Relaxamento esfincteriano à Diminui pressão vesical na contração Tratamento 1ª Escolha: Cateterismo intermitente limpo + anticolinérgico 2ª) Cateter de demora - Incapacidade de realizar CIL e sem cuidadores → Aumento de ITU ( + prostatite, epididimite, estenose uretral) - cistostomia suprapúbica (alternativa) - troca mensal - Ach → espasmo vesical - Cistoscopia 2/2 anos → câncer de bexiga/ cálculos vesicais Tratamentos alternativos ● Toxina botulínica A - hiperatividade detrusora - seguro e efetivo →controle de sintomas e melhora a qualidade de vida do paciente - Faltam estudos controlados comparando com Ach e sobre a melhor dose, eficácia a longo prazo ● neuromodulação ● ampliação vesical ● derivação vesical ● esfincterotomia ● stent uretral Complicações da bexiga neurogênica ITU - Causa importante de sepse em Lesão medular - Bacteriúria assintomática → não tratar - Sintomas ● Febre ● Disreflexia autonômica ● Aumento de espas;cidade ● Urina de odor fétido ● Incontinência ● Polaciúria ● Disúria Cálculo urinário - ITU recorrente SVD, Hipercalciúria pela imobilização - Sensibilidade alterada → ausência de dor ● Espasticidade, disreflexia autonômica Refluxo - Devido principalmente → Altas pressões vesicais e ITU vesicoureteral recorrente - Incidência – 33 % ( LM ) - Alto risco de PNA e disfunção renal - Ach + CIL → persistência de RVU → conduta: SVD ou Cirurgia Insuficiência renal - Aumento com o tempo da lesão medular ( 20 – 25 anos ) - Fatores associados: ● RVU ● Idade avançada ● SVD Hiperatividade detrusora - exemplos: lesões pontinas e supra pontinas → Fisiopatologia - enchimento vesical – detrusor relaxado - hiperatividade – contrações involuntárias no enchimento → sintomas de armazenamento ● urgência miccional, polaciúria, nictúria - objetivos de tratamento: reduzir a contratilidade do detrusor – drogas anticolinérgicas, injeção de toxina botulínicana bexiga (cistoscopia), cirurgia de ampliação vesical Tratamento 1. antimuscarínicos: solifenacina, darifenacina e tolterodina - efeitos colaterais: bloqueio muscarínico em outros órgãos = constipação, boca seca e déficit cognitivo - falha terapêutica frequente 2. injeção de toxina botulínica no detrusor - cistoscopia - repetir a cada 6 meses 3. Ampliação vesical - enterocistoplastia (ampliação vesical) - impede progressão de onda contrátil – aumentando a capacidade vesical - retira uma alça duodenal, abre e implanta na bexiga Dissinergia vesicoesfincteria na - exemplos: doenças entre a ponte e o centro sacral (TRM) – interrupção e centro pontino e suprapontino → Fisiopatologia - durante o esvaziamento = esfíncter uretral relaxado - contração vesical concomitante com contração esfincteriana = dissinergismo vésico esfincteriano Tratamento → tratamento por técnicas de esvaziamento: cateterismo vesical intermitente ou de demora - podem ser utilizados alfabloqueadores em casos muito leves → falha terapêutica na maioria dos casos Arreflexia - exemplos: fase de choque medular do TRM ou danos de nervos periféricos ou detrusora da medula S2 a S4 → Fisiopatologia - fase de esvaziamento = contração vesical - caso não haja contração = arreflexia detrusora - arreflexia detrusora – armazenamento de grandes volumes sobre pressão baixa Tratamento → tratamento por técnicas de esvaziamento: cateterismo vesical intermitente (4 a 8 vezes por dia ) ou de demora Diagnóstico Estudo urodinâmico 1. Urofluxometria - micção em cálice sobre a balança - quantidade de urina – fluxo e duração 2. estudo fluxo pressão - sonda retal e uretral (pressão intra-abdominal e vesical) - enchimento (soro fisiológico – vontade de urinar) - manobras (bexiga cheia – tosse) - esvaziamento (sem a sonda uretral) Doenças neurológicos → doenças neurológicas relacionadas a disfunções miccionais previsíveis - lesões associadas – importância do exame urodinâmico – analisar o armazenamento, transporte e eliminação de urina Mielodisplasias → bexiga neurogênica na infância (mais comum) - falhas do fechamento do tubo neural → meningomielocele e lipomeningocele - disfunção miccional depende das estruturas envolvidas - importância do exame urodinâmico - primeiros anos – impedir episódios de infecção → cateterismo intermitente ou medicação Trauma raquimedular - Até a década de 1950 → pacientes com TRM morriam por insuficiência renal e urossepse – causa de morte (50%) - Atualmente (urodinâmica e cateterismo intermitente) – 10 a 15% - Após lesão medular = choque medular – arreflexia e retenção ● choque medular – 2 a 6 semanas ● só após esse período de choque que é possível constatar o padrão miccional definitivo - Lesões suprassacrais → hiperatividade detrusora e dissinergia vesicoesfincteriana - Lesões sacrais → arreflexia detrusora obs.: coluna sacral → S1 a S5 obs.: O choque medular é definido como um estado de completa arreflexia da medula espinhal, que ocorre após traumatismo grave na medula abordagem urológica inicial - até estabilização do quadro de TRM → cateter vesical de demora - pós-estabilização → cateter intermitente 4 - 8 vezes por dia → vantagens do cateterismo intermitente: - possibilita esvaziamento completo - evita urina residual - evita armazenamento de grandes volumes para desencadear contração involuntária abordagem urológica a longo prazo - exames laboratoriais: urinálise, cultura e função renal - USG de vias urinárias: cálculos, dilatações - podem apresentar algum grau de recuperação neurológica - evitam-se medidas irreversíveis (enterocistoplastia) antes de 1 ano - investigação funcional = exame urodinâmico obs.: bacteriúria sem sintomas não trata Tratamento → Candidatos a cateterismo intermitente - arreflexia detrusora e dissinergia vesicoesfincteriana - Eventualmente hiperatividade detrusora → cateterismo intermitente + medicação antimuscarínica ou toxina botulínica → se continuar refratariedade → ampliação vesical → Contraindicação ao cateterismo intermitente- tetraplégicos, retardo mental, pacientes que se recusam → alternativa – cateter de demora - Não se trata bexiga neurogênica com manobra de Credé. Ela pode ser feita apenas no uso de cateter demora → Hiperatividade com dissinergia → bexiga contraindo toda hora e o esfíncter fechado - nesses casos é indicado a esfincterotomia + coletor (uripen) - em casos de risco de lesões do trato superior → indicado a ileovesicostomia → continente ou incontinente Acidente vascular - 80% - disfunção miccional encefálico - padrão mai comum = hiperatividade detrusora - faixa etária dos acometidos → outras causas de disfunção - importante exame urodinâmico Tratamento - anticolinérgicos com ação antimuscarínica - casos refratários – toxina botulínica no detrusor Doença de Parkinson - mais da metade = disfunção miccional - hiperatividade detrusora - acometimento de outros grupos musculares – possibilidade de bradicinesia do esfíncter externo = obstrução infravesical - investigação urodinâmica essencial Tratamento - drogas anticolinérgicas, até cateterismo intermitente em casos de obstrução infravesical Esclerose múltiplas - disfunção miccional – 80% dos casos - padrão mais comum = hiperatividade detrusora - 50% – dissinergia vesicoesfincteriana associada - 20 a 30% arreflexia detrusora → Doença de evolução progressiva – pode ter alterações de padrão = necessidade de acompanhamento urodinâmico Tratamento - tratamento depende do padrão da lesão - arreflexia = cateterismo intermitente - hiperatividade detrusora = antimuscarínicos → toxina botulínica –. ampliação vesical - dissinergia vesicoesfincteriana = cateterismo intermitente Neuropatia diabética periférica - geralmente após 10 anos do início da doença - alterações da sensibilidade vesical → aumento do intervalo miccional → evolução até a retenção urinária - outro achado comum = hiperatividade detrusora - exame urodinâmico é elucidativo Tratamento - arreflexia = cateterismo intermitente - hiperatividade detrusora = antimuscarínicos → toxina botulínica → ampliação vesical
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