Buscar

AULA 8 Ciências da religião escolas psicológicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Disciplina: Ciências da Religião
Aula 8: Ciências da religião: escolas psicológicas
Apresentação
A Psicologia da Religião não se restringe a essa temática, ao contrário, ela abrange
áreas que vão desde os estudos cognitivos-comportamentais e neurológico — o
funcionamento do cérebro e do corpo e sua influência sobre a experiência religiosa,
por exemplo —, até os estudos mais próximos da Psicologia Social — a interinfluência
entre sociedade e personalidade individualizada no campo da religião —, aos mais
próximos da Filosofia — a ideia de experiência, o fundamento das emoções e afetos,
a memória, a personalidade etc.
Os psicólogos da religião não defendem a realidade em si do objeto religioso, ou seja,
não afirmam nem negam o sagrado, a transcendência ou figuras religiosas como
deuses, demônios, espíritos, mas almejam compreender e explicar o que leva as
pessoas a afirmarem ou negarem o sagrado, a crer ou não crer nessas figuras e a
venerá-las ou combatê-las.
Objetivos
Compreender as origens da Psicologia da Religião.
Identificar as principais escolas da Psicologia da Religião.
Localizar fatos e contextos básicos para a Psicologia da Religião.
Introdução
 Fenômenos da mente | Fonte: Kirasolly / Shutterstock
Os fenômenos da mente, as emoções, a memória, os sentimentos, a
interioridade não eram elementos desconhecidos dos filósofos e pensadores
há séculos. Você pode se perguntar:
Quem pensou sobre essas
temáticas?
 Estátua de Platão | Fonte: vangelis aragiannis /
Shutterstock
Platão 428/427 – 348/347 a. C.
Escreveu sobre a alma e os sentimentos. Ainda mais, Agostinho (354-430),
bispo de Hipona, Norte da África (Numídia ou atual Argélia), região dominada
pelo Império Romano, cujo pensamento, alinhado a um conjunto de fatores
sociais, culturais e históricos, desenhou os contornos do que hoje é chamado
de moderna subjetividade (“interiorizada”, “autorreflexiva”, “introspectiva”) e
sexualidade.
Wilhelm Wundt (1830-1920)
Sua atuação remete às origens mais imediatas e próximas da Psicologia da
Religião. Especialistas o apontam como um dos primeiros psicólogos a
desenvolver a Psicologia como ciência autônoma nas universidades europeias. 
Tendo sido professor na universidade germânica de Heidelberg, ele introduziu
um curso chamado “Psicologia do ponto de vista da ciência natural” que
mudou para “Psicologia fisiológica” (1867).
Pouco depois, em 1879, inaugurou um famoso laboratório, Psychologisches
Institut, que formou psicólogos experimentalistas, isto é, baseado na ideia de
Psicologia experimental e do método da introspecção, que consiste na
autoanálise de uma pessoa sobre suas crenças, imagens mentais, emoções,
memórias (visuais, auditivas, tácteis, olfativas) e pensamentos. O método
experimental e o da introspecção ainda são usados.
 Wilhelm Windt, médico, filósofo e psicólogo
alemão | Fonte: goo.gl/xLKnTV / wikipedia
 Além do positivismo e darwinismo, o romantismo recobrou força, e continuou, como corrente de
filosofia, teceu críticas à ideia de razão abstrata como absoluta e defendeu a importância dos afetos |
Fonte: Anton Darius / Unsplash
Você é convidado a pensar sobre um dos críticos dos poderes e saberes
médicos, o filósofo francês Michel Foucault (1929-1984). No século XX, a
Filosofia existencialista e a Fenomenologia contribuíram para problematizar,
note com atenção, a relação entre existência, sociedade e personalidade,
contribuindo para novas temáticas da Psicologia da Religião.
Nomes como Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Jung (1875-1961)
aprofundaram ainda mais a perspectiva dos estudos que elegeram a religião
como um elemento fundamental da psique humana.
Reflita um pouco sobre três formas de Psicologia da Religião, ou mais
propriamente, de relação entre Psicologia e religião:
Psicologia da Religião pastoral
Objetiva cuidar dar relações interpessoais no âmbito religioso, ou seja, o
cuidado pastoral com sacerdotes e membros da comunidade religioso etc.
Psicologia da Religião crítica
Visa explicar as psicopatologias da vida psíquica religiosa e criticar poder
religioso dentro das comunidades a partir dos efeitos psíquicos.
Psicologia da Religião acadêmico-científica
Almeja estudar de forma mais plena os fenômenos psíquicos e sua imbricação
com os fenômenos religiosos.
As principais teorias psicológicas apresentam suas contribuições para a
compreensão do comportamento religioso, cada uma delas enfatizando
aspectos relevantes. Assim, a Psicanálise e as teorias de perspectiva
psicodinâmica enfatizam os aspectos inconscientes do comportamento.
1
A Psicologia Comportamental enfatiza os aspectos observáveis do
comportamento, incluindo os cognitivos.
2
A Psicologia Fenomenológica buscará os significados da religião para as
pessoas, em termos de subjetividade. Mas, o comportamento religioso é
complexo, e, por isso, é fundamental que as várias perspectivas teóricas
possam somar-se, no sentido de abranger, quanto possível, os processos
psicológicos envolvidos nesse comportamento.
Há muitos métodos empregados para se estudar o comportamento religioso e
isso depende do objetivo da pesquisa e do objeto estudado. Por exemplo, para
estudar a crença religiosa de uma pessoa em particular ou de algumas
pessoas de um mesmo grupo religioso você pode utilizar entrevistas
individuais, abertas ou fechadas.
Se o objetivo é conhecer como um grupo religioso se
organiza, como são seus rituais...
Você pode utilizar uma pesquisa de observação-participante 
Ferramenta metodológica baseada no registro escrito das interações e da
convivência de um pesquisador com um indivíduo ou grupo por ele
pesquisado. Falas, ritos, momentos etc. são registrados em um caderno
ou diário de campo. O pesquisador participa, portanto, com o grupo das
atividades e interações e reflete sistematicamente sobre, usando, ou não,
entrevistas, fotografia e outras ferramentas., na qual presenciará as
atividades.
Se o objetivo da pesquisa for a avaliação de algum
comportamento em uma dada população...
Você poderá usar um estudo populacional, uma pesquisa por
amostragem com uso de questionários (estatística). O método
experimental pode ser empregado, se o seu interesse é o de estudar as
possíveis variáveis psicológicas, psicossociais e interpessoais, dentre
outras, que interferem em um comportamento religioso e assim por
diante.
Observação-participante
Ferramenta metodológica baseada no registro escrito das interações e da
convivência de um pesquisador com um indivíduo ou grupo por ele
pesquisado. Falas, ritos, momentos etc. são registrados em um caderno ou
1
1
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
diário de campo. O pesquisador participa, portanto, com o grupo das
atividades e interações e reflete sistematicamente sobre, usando, ou não,
entrevistas, fotografia e outras ferramentas.
Atividade 1
Os fenômenos da mente, da memória, dos sentimentos, que estão
presentes nas vivências religiosas, já eram conhecidos e pensados por
muitos, entre eles Agostinho que tentou conciliar a tradição moral cristã
e a tradição filosófica grega.
Sobre a questão da subjetividade e do eu, há diferenças. Assinale
a alternativa correta:
 a) Na tradição grega o “Eu” é interiorizado e reflexivo, para Agostinho
era “externo”.
 b) Na tradição cristã o “Eu” é interiorizado-intencional, para os
filósofos gregos era “externo”.
 c) Na tradição filosófica grega, a subjetividade é pensada como
interioridade, amor-próprio.
 d) Na tradição filosófica cristã, a subjetividade é pensada em função da
pólis ou cidade-estado.
 e) No centro da tradição cristão, Agostinho inaugura a subjetividade
moderna como positividade.
As primeiras investigações
psicológicas
No primeiro momento de constituição da Psicologia, Wundt a considerava
como ciência da experiência e os dados eram os fenômenos, e sua função
seria analisar os elementos que formavam os processos conscientes e suas
leis.
Considere que, nesse caso, os processos mentais são dinâmicos, e não algo
parado, estático. Com suas observações, elaborou três“leis”:
1
A das relações psíquicas (todo conteúdo da mente adquire significações
quando interage com outros objetos).
2
A dos contrastes psíquicos (os opostos se reforçam mutuamente).
3
A dos resultados psíquicos (as associações mentais operam por processos de
fusão, assimilação, compilação e memória).
Uma das contribuições de Wundt, foi a criação de métodos experimentais que
pesquisadores tentaram usar para a análise da experiência religiosa.
Saiba mais
Fé e investigação científica
Reflita um pouco sobre essas duas dimensões, pois não se opõem, como
alguns pensam. As teorias evolucionistas ou quaisquer outras teorias
científicas não se opõem a uma fé religiosa por um fato básico: são
linguagens e figuras distintas, com âmbitos, objetivos e alcances
distintos.
Por exemplo, um monge católico, Gregor Mendel (1822-1884) fez as
maiores descobertas da teoria da genética, ou seja, das leis de como as
espécies herdam características de seus ancestrais. Esse monge realizou
centenas de experimentos com uma espécie de ervilha e organizou os
resultados em postulados teóricos que foram inicialmente rejeitados por
preconceitos religiosos, mas depois de muito tempo foram levados a
sério.
Reflita um pouco os novos saberes e poderes médicos (em especial a
Psiquiatria) que — baseados em ideias evolucionistas e preocupados com os
processos bio-fisiológicos, desconsiderando elementos simbólicos e não
fisiológicos —, estudou fenômenos como misticismo, estados de êxtase,
mediunidade etc. por uma ótica psicopatológica.
Aos olhos desses pesquisadores havia uma
semelhança entre esses fenômenos religiosos e
os sintomas da “anormalidade” psíquica. Um
exemplo foi o psicólogo francês Ernest Murisier
que, em 1903, escreveu o livro, Les maladies du
sentiment religieux (As doenças do sentimento
religioso).
A proposta era, veja você, examinar os fenômenos mais simples que se
manifestam nas diferentes doenças do sentimento religioso que faz decair os
sentimentos superiores, descambando para o exagero e, assim, tornando-se
“anormal”. Seriam analisadas as fases da “doença do sentimento religioso”:
1
O êxtase, como sentimento religioso em forma individual.
2
O fanatismo, a face social do sentimento religioso.
3
O contágio, uma espécie de epidemia da emoção religiosa.
Exemplo
Para que você tenha uma noção concreta do que seriam essas
“enfermidades da emoção religiosa”, é interessante citar um dos casos
mais polêmicos de “possessão demoníaca” do mundo ocidental: o
fenômeno das freiras de Loudun, França que foram alegadamente
visitadas e possuídas por demônios.
Tratou-se de uma controversa história que, nos anos 1630, envolveu um
padre jesuíta, 16 freiras e a madre superiora de um convento, espetáculos
públicos de exorcismo liderados por padres da região (com cenas de
exaltação, convulsões, gritos e malabarismos) e um processo jurídico-religioso
— cheio de polêmicas e erros.
Leitura
Você está convidado a ler um artigo interessante sobre essa temática: 
CARREIRA, Shirley de Souza Gomes. Diálogos Intertextuais em Os
Demônios de Loudun, de Aldous Huxley. Disponível aqui
<https://goo.gl/Qbk3CV> . Acesso em 26 fev. 2018.
https://goo.gl/Qbk3CV
 Murisier inaugurou uma linha de explicação baseada no materialismo médico. Os fenômenos
místicos e os sentimentos religiosos são reduzidos a explicações físico-biológicas e mecânicas. | Fonte:
Xusenru / Pixabay
Willian James, considerado líder da escola de Psicologia da Religião
americana, criticou esse excessivo reducionismo. Veja que, em qualquer
emoção ligada ou não a estruturas religiosas, há sempre questões físicas
envolvidas, mas elas não podem ser supervalorizadas em detrimento de
outros elementos.
 Willian James (1842-1910), principal
representante da Psicologia da Religião americana |
Fonte: goo.gl/ZxmGwG / wikipedia
Atividade 2
As primeiras investigações psicológicas influenciaram os estudos da
Psicologia da Religião, destacando-se, o nome de Wilhelm Wundt (1830-
1920). Marque as duas heranças que este autor deixou e que
influenciaram as pesquisas da Psicologia da Religião:
 a) A Psicologia experimental e o método da introspecção.
 b) A Psicologia humanista e o método da observação-participante.
 c) A Psicologia analítica e o método etnográfico.
 d) A Psicologia experimental e o método da observação-participante.
 e) A Psicologia experimental e o método laboratorial.
A Psicologia da Religião Norte-
americana
Firolamo e Prandi (2016) dizem que a Psicologia da Religião, disciplina
autônoma e científica, surgiu nos EUA ao final do século XIX que vivia em
plena vitalidade religiosa:
1
Movimentos orientais
2
Pentecostalismo
3
Reavivamentos
4
Fundamentalismo
Havia um grande panorama de experiências religiosas, objetos de apreciação
psicológica, que centraram o foco no indivíduo religioso, com o uso intenso de
ferramentas metodológicas como biografias, entrevistas, questionários livres.
A religião foi desafiada pelo secularismo e cientificismo e é nesse contexto
que a Psicologia da Religião norte-americana se coloca como uma alternativa
de estudos.
Secularismo
Possui diversos significados, entre os quais, sistema político que defende a
separação entre religião e instituições governamentais; doutrina que advoga
que os elementos religiosos devam ser excluídos de ambientes escolares ou
públicos; sistema ético que rejeita a influência a religião na vida social e
humana.
Granville Hall (1844-1924)
2
2
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
Foi para Berlim estudar Filosofia e conheceu o laboratório de Wundt. Em
1881, publicou os resultados de seus estudos sobre conversão religiosa.
Com dados recolhidos por correspondência e pela observação de
encontros religiosos, ele lançou a hipótese de que o despertar religioso
ligava-se à adolescência, tempo de amadurecimento sexual e emocional.
James Leuba (1868-1946)
Educado no calvinismo, na Suíça, viveu os conflitos entre religião e
ciência, dedicando-se apaixonadamente por esta última. Foi para os
Estados Unidos e estudou Psicologia com Granville Hall, tendo escolhido
como tema de doutorado a conversão religiosa.
Os dados foram colhidos de convertidos cristãos. Essa primeira escola de
Psicologia da Religião não via diferenças entre as bases da experiência e
consciência religiosas e não religiosas, que estariam sujeitas as mesmas
dinâmicas. James Leuba tentou articular os estudos empíricos ao
complexo mundo da experiência religiosa para entender suas origens,
função e objetivos, conforme o pragmatismo norte-americano . 
, defendido por filósofos como John Dewey (1859-1952). 
A religião seria composta de duas dimensões, nas palavras de Leuba: 
em suas manifestações objetivas, a religião aparece como atitudes, ritos,
credos e instituições; 
em sua expressão subjetiva, surge como uma realiade cheia de impulsos,
desejos, objetivos, sentimentos e ideias ligadas às ações e às instituições
religiosas.
A Psicologia da Religião prioriza a investigação do momento subjetivo da
experiência religiosa. Leuba conclui que, na base dessa experiência, não
havia nenhum sentimento especificamente religioso porque qualquer
emoção ou sentimento humano podem aparecer na religião. A tarefa da
Psicologia da Religião seria observar, comparar, analisar e determinar as
consequências relacionadas ao conjunto de fatos relativos à vida
religiosa.
3
4
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
Edwin Starbuck (1866-1947)
Consolidou a disciplina. Nascido em uma família protestante (quacre ),
estudou os fenômenos de conversão religiosa, ou mais propriamente, os
aspectos subjetivos da mudança religiosa. Para isso, utilizou
questionários e entrevistas e procurou fundamentar cientificamente o
estudo psicológico da religião.
Starbuck pretendia investigar as “leis” psicológicas que governavam o
comportamento subjetivo na religião e defendia a aplicação dos métodos
da ciência com a finalidade de tornar a experiência religiosamais
inteligível.
A preferência por estudos quantitativos é marcante. Com isso, esse
psicólogo percebeu que quando se convertem, as pessoas tendem a
“reconstruir” suas memórias e seu comportamento, por exemplo, vendo
como uma intervenção sobrenatural, fatos vividos que não eram vistos
dessa forma.
William James (1842-1910)
Ao contrário dos outros pesquisadores, com estudos mais quantitativos
— expressos em gráficos, tabelas e estatísticas —, esse filósofo e
psicólogo estadunidense preocupou-se em pensar o sentido e o
significado da religião, em termos pessoais e subjetivos, a partir de uma
visão crítica do materialismo médico e do mecanicismo psicológico.
Por exemplo, crenças e comportamentos religiosos não são apenas
reflexos de prazeres ou desprazeres corporais, mas envolvem a vida
inconsciente, uma grande descoberta de Sigmund Freud e seus
seguidores, como Carl Gustav Jung. Suas pesquisas foram transformadas
em uma série de conferências feitas no fim do século XIX e publicadas
em 1902 com o título de Variedades da experiência religiosa. Um estudo
sobre a natureza humana.
5
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
A experiência humana subjetiva vivida religiosamente não cabe apenas
em um racionalismo estreito, mas deve ser vista de modo amplo. Nas
palavras de James, a religião, se entendida como a reação total de um
homem diante da vida envolve: “a crença em uma ordem invisível, na
persuasão de que nosso bem supremo está na harmoniosa adaptação de
nossa vida a essa ordem”.
Seu ponto de partida era uma experiência individual que ultrapassava os
limites da consciência racional. (JAMES, 1991).
Para James, a religião, enquanto realidade psíquica, é uma experiência
genuína que pode e deve ser pesquisada e interpretada nos termos da
Psicologia empírica segundo um método serial. Nas palavras do psicólogo
e filósofo norte-americano: “os fenômenos são mais bem compreendidos
quando colocados dentro de sua série”.
Na visão desse psicólogo, a religião é uma experiência individual, mas
está ligada historicamente a um vaivém contínuo entre o indivíduo e a
coletividade/sociedade. Em sua origem, o fenômeno religioso ligava-se à
religiosidade criativa de alguns indivíduos talentosos ou carismáticos,
mas a continuidade dessa experiência singular era garantida pelo grupo
em função de suas necessidades de permanecer e do papel que esse
momento original era capaz de exercer nos sentimentos, na memória e
nas mentes individuais.
Observe que a coletividade social decretava a continuidade ou não da
intuição individual que deu nascimento ao religioso. A religião tende a ter
uma função permanente, pois como função biológica da humanidade, sua
permanência e continuidade se devia à capacidade de responder às
necessidades peculiaridades de uma época e uma sociedade. 
Há variedades e espécies de experiência religiosa.
Para realizar essa leitura profunda, o psicólogo estadunidense define seu
objeto a partir de fontes autobiográficas (de escritores, cidadãos comuns
etc.) e reconstrói os fatos em círculos concêntricos que iam da periferia
ao centro do problema analisado. James define o objeto, esclarece a base
psicológica dos encontros religiosos e examina atitudes fundamentais,
como o otimismo e o pessimismo, o problema do eu dividido e os modos
de unificação que as expressões religiosas empregam para superar essa
divisão.
William James privilegia fontes autobiográficas e uma escrita ensaística
com recursos da descrição fenomenológica, da análise lógica e da
reflexão especulativa.
Pragmatismo norte-americano
Teoria e terapia que se fundamentam na ideia de que as emoções e o
comportamento de um indivíduo estão ligados à forma como este avalia suas
experiências no mundo e daí seu foco nos pensamentos, nas crenças, nos
sentimentos e nas vivências que sustentam um comportamento disfuncional.
John Dewey
Filósofo norte-americano que influenciou distintos campos, em especial a
Educação. No Brasil, inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio
Teixeira, ao colocar a atividade prática e a democracia como importantes
ingredientes da Educação. Escreveu sobre Filosofia, Educação, Arte, Religião,
Moral, Psicologia e Política etc.
Quacre
Diz-se do participante do grupo protestante fundado no século XVII por Jorge
Fox (1624-1691) na Inglaterra. Os quakers acreditam na direção plena do
Espírito Santo em cada pessoa, não admitem sacramentos, não prestam
juramentos, são pacifistas e não aceitam hierarquias eclesiásticas.
3
4
5
Atividade 3
Será nos Estados Unidos da América, país que, no século XIX, tinha
grande efervescência religiosa, que a Psicologia da Religião (PR) nascerá
como disciplina autônoma. Há nesse país, duas grandes tradições de
teoria e método que abordaram a religião.
Das análises da religião, assinale a alternativa correta:
 a) Para James Leuba, a religião possui uma única dimensão
institucional com ritos e dogmas.
 b) Para James Leuba, a religião possui uma manifestação institucional
e uma expressão subjetiva.
 c) Para William James, a religião, enquanto realidade psíquica, é uma
experiência genuína.
 d) Para William James, a religião, enquanto realidade psíquica, é uma
experiência alienada.
 e) Para William James, a religião, enquanto realidade coletiva, é uma
experiência genuína.
A contribuição germânico-sueca ao
estudo da religião
Na Europa, as maiores contribuições para a análise da religião sob o prisma
psicológico cabem a Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-
1961).
A interpretação freudiana da religião é ambígua: retoma a tradição da crítica
iluminista, mas, ao mesmo tempo, possui ideias e interpretações originais que
influenciaram os estudos posteriores.
Mas, veja que Freud realizou uma análise sistemática da religião, com três
livros muito importantes:
No primeiro, Totem e tabu (de 1912-1913), Freud, lendo os estudos
antropológicos sobre sociedades tribais ou étnicas, defendeu a natureza
sexual da libido, polemizando com Carl Jung que tinha escrito o livro
Transformações e símbolos da Libido (de 1911).
O argumento central de Jung dizia que a libido poderia ter outras
naturezas que não a pulsão sexual. Mas, o pensador judeu-alemão,
propôs a hipótese de uma horda primordial, no começo da humanidade,
na qual haveria o domínio de um pai arrogante e ciumento, donos das
mulheres e dos bens e que excluía os filhos à medida que cresciam, mas,
em um dia, foi objeto da revolta dos filhos excluídos e morto e devorado.
Daí nasceu o remorso e a culpa. O pai ficou mais poderoso do que era
quando em vida. Na religião, estaria presente a saudade do pai
primordial refletido nas muitas figuras divinas que enchem os altares e
livros sagrados.
No segundo, O futuro de uma ilusão (de 1927), há uma reelaboração da
teoria do inconsciente. A primeira tópica, como os especialistas chamam
a ideia de um tripé da estrutura do eu (inconsciente, pré-consciente e
eu) é substituída pela segunda tópica:
o id, ou inconsciente, é o lugar dos desejos, das fantasias, dos
impulsos mais profundos (a parte “animal” ou a natureza,
selvagem);
o superego, é a parte do eu voltada para a contenção e repressão
do id (fruto da cultura e da civilização) e
o ego é a parte que procura equilibrar-se na guerra entre id e
superego.
No terceiro, O homem Moisés e o monoteísmo (de 1934-1938), a
análise freudiana se volta para a religião de seus pais e avós e procura
compreender o papel de Moisés, lançando uma hipótese ousada, que o
líder do povo escravizado pelo Faraó era mais egípcio do que hebreu e foi
morto pela horda que ajudou a libertar.
O líder que atravessou o Mar Vermelho seria um seguidor do faraó
Amenófis IV, ou Akhnaton, que introduziu no século XIV a. C. o culto ao
Sol (Aton), com tendência monoteísta e seu assassinato pelos hebreus
lhes trouxe remorso e culpa que foi encoberto com a transformação de
Moisés em hebreu e o culto egípcio do sol no monoteísmo semita.
A verdade da religião seria baseada em uma verdade
histórica encarnada em uma tradição que apagou suasorigens e encobriu com outros elementos, deslocando
eventos, criando mitos e extraindo o poder dessas
operações semânticas.
Para o fundador da Psicanálise, cujas ideias deram origem a uma poderosa
escola teórica, a religião tem um duplo nascimento:
1
A necessidade que gerou as aquisições da cultura e da civilização, isto é, a
necessidade de defesa diante do poder avassalador da natureza.
2
A vontade de corrigir as imperfeições da civilização, percebidas
dolorosamente.
Assim, veja bem, os deuses desempenham uma função tríplice:
Exorcizar o medo da natureza
Reconciliar com a crueldade do destino (morte, injustiça e
sofrimento)
Compensar os sofrimentos e as privações ao homem pela
vida em sociedade.
Mas, considere que a ciência progressivamente ocupa espaços, segundo
Freud, o que se chocaria com as formas tradicionais e institucionais da vida
religiosa. Segundo alguns especialistas, o pensador da cultura judeu-alemão
afirmou que a religião - uma neurose coletiva da humanidade - teria servido
para reprimir instintos sexuais, sublimando-os em práticas rituais e crenças
mitológicas, o que favoreceu a coesão social.
Há um claro paralelo entre a vida psíquica individual e a vida coletiva, pois
passariam por fases evolutivas. Por exemplo...
Indivíduo
Em uma primeira fase, a infância, há, no ser humano, a crença da onipotência
mágica dos pensamentos (crença de que o simples pensamento pode realizar
qualquer desejo).
Coletividade
Na coletividade humana há uma primeira fase, caracterizada pelo animismo
das representações mítico-religiosas que guarda similaridade com a primeira
fase infantil.
Depois, tanto o indivíduo quanto a coletividade, evoluiriam para uma situação
de razão e consciência dos limites.
Apesar dessa ideia, o líder da Psicanálise diz que o método psicanalítico não é
religioso ou antirreligioso, mas um instrumento para compreender as
estruturas psíquicas dos indivíduos que aderem ou praticam uma religião.
 A parte iluminista e evolucionista da teoria freudiana é cética em relação ao
fenômeno religioso, mas, há outras partes, veja bem, que ajudam a pensar a
relação entre crença religiosa e desejo. Daí as analogias, expressas em um
texto escrito em 1907 (Atos Obsessivos e práticas religiosas), entre
comportamento ritual e práticas obsessivas e entre crenças e mundo onírico
(mundo dos sonhos).
Há três elementos de analogia:
1
A repressão e a renúncia a determinados impulsos.
2
O efeito do processo repressivo e da sublimação, que leva à formação do
sentimento de culpa e angústia.
3
A atuação do mecanismo de transferência que projeta para segundo plano o
conteúdo do pensamento, enquanto elege um alvo em primeiro plano.
Porém, essa ideia tornou-se uma crítica ideológica que acostumou ver na
religião, e nas suas muitas manifestações, apenas uma neurose, uma histeria
etc.
Saiba mais
Veja um pouco da grande família da Psicanálise
<http://versopsicanalise.com.br/> :
http://versopsicanalise.com.br/
Os seres sobrenaturais (divindades, espíritos, transcendente etc.), não
têm existência real (em si mesmos), mas são a representação simbólica
da consciência coletiva que toma conta do indivíduo, suscitando
sentimentos e moralidades.
O sagrado expressa a força do desejo coletivo de permanência da
sociedade ou grupo na história, sendo símbolo do social. Por isso, é
colocado à parte do restante e é objeto de interditos, proibições.
Retomando o livro Totem e tabu, veja que, para Freud, toda religião é uma
tentativa de enfrentar um problema decorrente do assassinato do pai da
horda, conciliar o sentimento de culpa com o desafio do filho em relação à
figura do pai. Por exemplo, no raciocínio freudiano, Jesus libertaria os homens
da ofensa cometida contra o Pai, o pecado original, que seria o parricídio
(assassinato do pai). E, de forma muito instigante, pense um pouco sobre
suas palavras:
Com a mesma ação em que oferece ao pai a máxima
expiação possível, o filho também alcança o objetivo
dos seus desejos contra o pai. Torna-se ele próprio
Deus, junto com (ou mais propriamente) no lugar do
pai. A religião do Filho substituiu a do Pai.
FREUD, [s./d.]
Carl Jung, seguidor de Freud, rompeu com seu mestre e propôs uma
reorientação das interpretações sobre a religião. Para isso, haveria, segundo o
psicanalista suíço, uma distinção entre duas formas de pensar, aquela que se
orienta para fora e aquela que se dirige para a fantasia:
Primeira linguagem
A primeira é a linguagem da razão, que distingue analiticamente, que
procura causas e efeitos segundo uma lógica abstrata e formal.
Segunda linguagem
A segunda é a linguagem dos afetos, sentimentos e imagens inefáveis,
que ultrapassa a linguagem verbal racional e se move por uma lógica do
símbolo e do mito.
 Jung chama essa constelação de arquétipos, formas a priori da organização psíquica e categorias do
pensamento simbólico. Esse modo de pensar recebeu o nome de Psicologia analítica ou Psicologia
arquetipal. | Fonte: PublicDomainPictures / Pixabay
Em 1937, o psicanalista suíço proferiu uma série de conferências reunidas em
um livro intitulado Psicologia e Religião, no qual aprofunda alguns conceitos.
Pense em suas palavras:
Como indica o vocábulo latino religioso religio, é uma
observação acurada e escrupulosa daquilo que Rudolfo
Otto definiu como numinosum, isto é, uma essência ou
energia dinâmica não originada de nenhum ato
arbitrário da vontade [...] a religião me parece uma
atitude peculiar da mente humana que poderia ser
definida [...] como a consideração e a observação
escrupulosa de certos fatores dinâmicos, reconhecidos
como “força”.
JUNG, 2011
Reflita um pouco sobre dois aspectos da teoria junguiana:
 
O aspecto externo da experiência religião, composto pela cristalização
institucional e regulamentação da experiência original (os ritos e mitos).
 
A experiência original e intuitiva, profunda.
Pense um pouco no que ele escreveu sobre as várias confissões religiosas:
“primitivas experiências religiosas codificadas e transformadas em dogmas. Os
conteúdos da experiência tornaram-se sagrados e geralmente fixados em uma
rígida e elaborada estrutural ideal”.
Jung aprofunda os debates e escreve os seguintes ensaios:
 
Interpretação psicológica do dogma da trindade
 
O símbolo da transformação na missa
 
Interpretação psicológica do dogma da trindade
 
Psicologia e Religião Oriental
A religião, para Jung, tinha um duplo aspecto, era,
primeiro e essencialmente uma religiosidade individual ou
experiência imediata de relação com um valor profundo,
os arquétipos, um conjunto limitado de elementos
centrais, como manifestações do inconsciente coletivo. A
religião seria a manifestação na consciência individual da
força numinosa do arquétipo.
Jung respondeu as críticas dos teólogos dizendo que a Psicologia analítica 
não poderia pronunciar-se como a verdade ontológica e metafísica ou
emitindo juízos de valor sobre o sagrado e a religião, qualquer que seja. Mas,
6
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula8_temp.html
é certo que, nas experiências religiosas fundamentais, é possível buscar os
arquétipos elementares (Deus como pai; Maria como mãe) e que as
manifestações do conteúdo dessas experiências podem ser verificadas
empiricamente na consciência.
Um dado essencial na teoria junguiana, veja que interessante, é que o mundo
moderno, secularizado e individualizado é aceito, mas, ao mesmo tempo, os
homens e as mulheres deveriam buscar as fontes mais profundas da alma sob
pena de se alienarem de sua essência e assim adoecerem psiquicamente.
Psicologia analítica
Teoria originada a partir das ideias do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung,
baseada em conceitos como arquétipos, inconsciente coletivo e processo de
individuação. A formação filosófica de Jung, sua experiência em hospital
psiquiátrico, o interesse por diversas religiões, inclusive orientais, o estudo de
Mitologia comparada, Antropologia e Alquimia foram fundamentais para a
construção da Psicologia Analítica. No Brasil,a mais destacada discípula de
Jung foi a alagoana Nise da Silveira (1905-1999). Essa médica revolucionou o
tratamento psiquiátrico violento e cruel dos anos 1940-1980 (choques
elétricos, banhos gelados e outros), propondo um tratamento humanizado dos
pacientes psiquiátricos que usava a arte e a Psicologia analítica.
Saiba mais
Deus, deuses e o sagrado, oriental ou ocidental, foram tomados como
dados revelados e objetivos, mas seriam, em realidade, manifestações
profundas da psique coletiva e individual. Note que os homens atuais e
os de ontem, se veem diante da tarefa de existir e enfrentar as forças da
natureza e do instinto. Mas, na modernidade ocidental, o que ajudou o
ser humano a viver, no caso o aparato institucional e dogmático das
religiões, atrapalha porque foi desligado das fontes originais de intuição.
Por isso, Jung critica o Cristianismo em suas faces católica e protestante,
apontando virtudes e insuficiências. Por exemplo:
6
O Catolicismo trouxe, como virtude, a função reguladora dos símbolos e
rituais, a defesa do elemento feminino e do laço com a natureza e a
preservação, ainda que com novos sentidos, de um rico patrimônio
greco-romano pagão.
O Protestantismo, a individualidade e a ideia de relação com Deus no
interior de cada um.
Mas, ao mesmo tempo, o primeiro ficou
engessado em velhas formas que caducaram e o
segundo desconectou-se da dimensão arquetipal
profunda.
Leitura
 Na leitura de Jung, seria necessário articular a individualidade e a busca
da dimensão mais profunda para que o homem moderno se reequilibre.
Veja algumas publicações junguianas brasileiras
https://goo.gl/4DKMJz
<https://goo.gl/4DKMJz> . Acesso em 26 fev. 2018
Atividade 4
Sobre a contribuição de Sigmund Freud e Carl Jung, para a Psicologia da
Religião, assinale a alternativa correta:
 a) No pensamento de Freud, a religião é análoga à neurose individual,
isto é, é uma neurose obsessiva da humanidade.
 b) No pensamento de Freud, a religião nasceu da necessidade de
defesa diante da natureza e da vontade de reprimir as imperfeições da
civilização.
 c) No pensamento de Jung, a religião é uma atitude da mente humana
que remente à linguagem da razão fria, abstrata e sistemática.
 d) No pensamento de Jung, a religião é uma atitude da mente humana
que remente à linguagem intuitiva, à fantasia, ao mito e ao afeto.
 e) No pensamento de Freud, a religião remete ao matricídio original,
quando a horda primordial era comanda por uma mãe que possuía os
bens e os homens, excluindo os filhos que cresciam.
A Psicologia da Religião
contemporânea
1
Estudos empíricos sobre crenças e comportamentos individuais.
2
https://goo.gl/4DKMJz
Estudos sobre a influência ou relação entre religião cérebro, mente e
comportamento individual, por exemplo, os supostos efeitos benéficos da
meditação religiosa ou da atitude religiosa perante a vida.
3
Estudos mais em interface com a cultura, sociedade e história.
4
Estudos de Psicologia social da religião.
5
Estudos sobre as disfunções e os desequilíbrios psíquicos em interface com a
religião (depressões, distúrbios de humor etc.).
6
Estudos que seguem as linhas de cinco grandes tradições (freudiana,
junguiana, jamiana (William James), Psicologia humanista e comportamental-
cognitiva).
Porém, note que todas essas linhagens de pesquisa possuem pontos fracos e
fortes. Tome, como exemplo, os estudos sobre os efeitos de comportamentos
e atos religiosos sobre a saúde ou enfermidade, em especial, os efeitos sobre
o cérebro.
Quais os pontos fortes fracos poderiam haver nesse exemplo?
Você já deve ter ouvido dizer que, aparentemente, pessoas com atitudes ou
comportamento religiosos, como a meditação, teriam ondas cerebrais
diferentes e maior recuperação depois de problemas de saúde, operações etc.
Se você retomar as tradições filosóficas críticas, como a de David Hume, entre
outras, verá que uma correlação, ou seja, a ocorrência concomitante entre
dois fenômenos, não é uma relação causal, expressas em sentenças abstratas
e formais como “A causa B”, ou, ‘Se houver A, ocorrerá B”.
Comentário
E, veja, ainda que se houvesse uma relação causal, não há nada nela
mesma que poderia dar segurança total de que a causalidade ocorrerá da
mesma forma e do mesmo jeito em um futuro próximo. Qualquer
atividade, musical, física, artística, sexual, provoca alterações nos
padrões cerebrais, afeta nossas percepções, nossos sentimentos, e,
dependendo da intensidade, regularidade e forma, afeta o
comportamento cotidiano.
Isolar ou separar o que cada atividade poderia provocar de impacto sobre
o comportamento no ser humano das demais atividades é muito difícil,
pois envolve muitas variáveis tendo de ser cruzadas para verificar se não
há interferências (tipo de alimentação, educação, gênero, sexo, classe
social etc.), por um longo período (estudos longitudinais), com
abrangência e amostras de população representativas e grupos de testes,
prova e contraprova.
A Psicologia humanista de Carl Rogers (1902-1987) e Abraham Maslow (1908-
1970) influenciou a Psicologia da Religião por conta das críticas às correntes e
escolas psicológicas anteriores e da ideia da tendência de o indivíduo procurar
a autorrealização a partir de patamares sucessivos (a famosa pirâmide das
necessidades). O ser humano é visto como lugar dos processos de reflexão,
consciência e experiência do mundo que o cerca e dos fenômenos.
 Caberia citar alguns estudiosos contemporâneos:
Gordon W. Allport (1897-1967)
Psicólogo estadunidense que publicou, em 1960, um livro interessante,
The individual and his religion: a psychological interpretation (O indivíduo
e sua religião: uma interpretação psicológica).
Allport enfocou o presente vivido pelo indivíduo, criticando as teorias
conflituosas de Freud (explicação pelo que se viveu no passado em
termos da libido sexualizada) e as teorias coletivistas que subordinam e
explicam o indivíduo em função de médias estatísticas ou funções sociais.
Viktor Emil Frankl (1905-1997)
Médico psiquiatra austríaco, fundador da logoterapia, que explora o
sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.
Frankl partiu da questão do sentido em conexão com a espiritualidade.
Escreveu livros, muitos deles comercializados no Brasil, por exemplo: 
A presença ignorada de Deus; 
O sofrimento de uma vida sem sentido; 
A vontade de sentido, entre outros.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele sobreviveu aos terríveis campos
de concentração e extermínio mantidos por Adolf Hitler mesmo sendo
judeu. Foi dessa experiência, quando encontrou pessoas que conseguiam
desenvolver, apesar de todo horror, um sentido de existir, que elaborou
sua teoria e seu método para lidar com o sofrimento, a perda e a dor.
A base do método é esta: o homem é um ser espiritual e a logoterapia
contempla o indivíduo como alguém autônomo diante de sua existência, capaz
de decidir por onde caminhar e até como lidar com suas enfermidades
mentais e emocionais.
Leitura
O artigo Psicologia e religião em Viktor Frankl: a relação entre
ciência e espiritualidade na logoterapia
<https://goo.gl/pQXxTE> apresenta um pouco dessas ideias. Acesso
https://goo.gl/pQXxTE
em 26 fev. 2018.
Como uma questão final, reflita sobe os dois perigos que os pesquisadores da
religião podem incorrer:
O risco de produzir uma Psicologia da Religião paroquial, ou uma ciência da
religião, submissa aos credos e às igrejas religiosamente.
O risco de uma Psicologia da Religião insensível aos fenômenos religiosos,
reducionista e mecanicista.
Atividade 5
Os desafios da Psicologia da Religião contemporânea são muitos, em
especial os relativos aos métodos e às pesquisas. Sobre os riscos, os
métodos e as teorias, na Psicologia da Religião (PR), assinale a
alternativa correta:
 a) Na PR, existem dois métodos básicos para pesquisar o fenômeno
religioso, são o fenomenológico e o empírico.
 b) Na PR, a filiação ou não filiação religiosa pode trazer um risco duplo,
o de produzir uma teoria submissa às instituições religiosas e o deproduzir uma teoria sensível ao fenômeno religioso.
 c) Na PR, a escolha da teoria e do método de estudo do fenômeno
religioso dependem de uma vontade externa, suprir, divina ou sagrada.
 d) Na PR, a escolha da teoria e do método de estudo do fenômeno
religioso não dependem do objetivo da pesquisa nem do objeto estudado.
 e) Na PR, a filiação ou não filiação religiosa pode trazer um risco duplo,
o de produzir uma teoria submissa às instituições religiosas e o de
produzir uma teoria insensível do fenômeno religioso.
Atividade 6
A atividade consiste em revisar a aula e responder às questões:
A) qual o objeto da Psicologia da Religião?
B) quais são as principais escolas influências e autores?
Atividade 7
A atividade consiste em ler o artigo indicado para leitura, “Da crítica à
Sociologia da Religião uma viragem e seu impacto sociocultural” e assistir
aos dois vídeos pequenos indicados.
A partir disso, responda:
1) como nasceu a Sociologia da Religião;
2) como a Sociologia da Religião vê os fenômenos religiosos? Cite dois
autores clássicos.
Notas
INSERIR TÍTULO AQUI
INSERIR TEXTO AQUI
Referências
FIROLAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo (orgs.). As Ciências das Religiões. 8. ed. São
Paulo: Paulinas, 2016.
FREUD, Sigmund. Totem e tabu. Disponível aqui <https://goo.gl/QEn6gJ> .
Acesso em 26 fev. 2018.
JAMES, William. Variedades da experiência religiosa. Um estudo sobre a natureza
humana. São Paulo: Editora Cultrix, 1991.
JUNG, Carl G. Obras completas. Psicologia e Religião. Volume XI/1. Petrópolis:
Vozes, 2011
PASSOS, João D.; USARSKI, Frank (Orgs.). Compêndio de Ciência da Religião.
São Paulo: Paulinas: Paulus, 2013.
Próximos Passos
1
https://goo.gl/QEn6gJ
Os problemas relativos ao conceito de religião: sua variedade e diversidade.
Dimensão macrossocial-institucional da religião (organização e instituição).
Dimensão microssocial-subjetiva da religião (afetos e subjetividade).
Explore mais
Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto.
Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos
disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Leia o texto Nova era evangélica, confissão positiva e o crescimento dos sem-
religião <https://goo.gl/mc2Q5p> . Acesso em 26 fev. 2018.
Se você quiser mergulhar em águas mais profundas, leia esta tese de doutorado em
Ciência da Religião, defendida na PUC-São Paulo:
Literatura de autoajuda cristã: em busca da felicidade ainda na terra e
não só para o céu <https://goo.gl/9mfKvH> . Acesso em 26 fev. 2018.
https://goo.gl/mc2Q5p
https://goo.gl/9mfKvH

Outros materiais