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Distúrbios de Eqúilibrio Acidobásico: Acidose Metábolicá Introdução: Distúrbios ácido-básicos são aqueles que alteram o pH. Exames de gasometria artéria pois são baratos, rápidos e úteis no auxílio de raciocínio diagnostico. A gasometria deve ser repetida muitas vezes em pacientes graves por ser um exame que retrata o que está ocorrendo com o paciente no momento. A gasometria básica corresponde ao pH, pCO2, pO2, HCO3, BE, Saturação de O2. A gasometria de centro cirúrgico também possui cloro, sódio. Ânion Gap e osmolalidade estimada devem ser calculados. Sistema Tampão: Para a manutenção do equilíbrio acidobásico e de um pH constante, necessita-se de um adequado funcionamento dos rins (para eliminação dos ácidos fixos) e dos pulmões (para eliminação do dióxido de carbono). Desvios do pH afetam o desempenho orgânico e tecidual. Nesse sentido, existem sistemas-tampão, que são sistemas químicos que tendem a manter o pH constante, apesar da adição de ácidos ou bases ao meio interno. O principal tampão do extracelular é o bicarbonato-ácido carbônico, e do intracelular, o fosfato. Os distúrbios podem ser respiratórios e/ou metabólicos. Cada um dos quatro distúrbios acidobásicos simples desencadeia uma resposta compensatória que direciona o parâmetro oposto (por exemplo, o PCO2 nos distúrbios metabólicos e o [HCO3 -] nos distúrbios respiratórios) na mesma direção. Cada distúrbio acidobásico simples leva à resposta compensatória que tende a manter o pH o mais próximo do normal, porém sem conseguir normalizá-lo: • Os distúrbios metabólicos levam a compensações respiratórias, por meio de hiperventilação ou hipoventilação. • Os distúrbios respiratórios levam a compensações metabólicas. A compensação respiratória de um distúrbio metabólico é rápida (começa em minutos e está completa em horas), enquanto a resposta metabólica completa para um distúrbio respiratório leva de três a cinco dias. Distúrbios Simples: Distúrbio simples corresponde, por definição, à anormalidade inicial e à sua resposta compensatória esperada. Distúrbio misto (metabólico e respiratório) ocorre, por definição, quando o grau de compensação não é adequado ou quando a resposta é maior que a esperada. Isso implica a existência de dois distúrbios diferentes. A resposta compensatória esperada nos distúrbios simples é detalhada na tabela abaixo: Por exemplo: → É esperado encontrar uma pCO2: pCO2 = (1,5 x 12) + 8 + ou – 2 24 < pCO2 < 28 → Assim, se o PCO2 encontrado estiver entre 24 e 28 mmHg, diremos que o paciente apresenta uma acidose metabólica pura (distúrbio simples). → Se, contudo, o PCO2 for 20, diremos que ele apresenta um distúrbio misto, acidose metabólica e alcalose respiratória, e devemos procurar uma explicação para esse distúrbio respiratório; por exemplo, uma pneumonia. → Se ainda encontrarmos um PCO2 de 30 mmHg, diremos que o indivíduo apresenta distúrbio misto, acidose mista, metabólica e respiratória; pode dever-se à fadiga da musculatura respiratória. Ânion Gap: Os pacientes que procuram o pronto-socorro frequentemente apresentam mais de um distúrbio metabólico. Para essa interpretação, utiliza-se o conceito de ânion-gap ou hiato iônico, que parte do princípio da eletroneutralidade, ou seja, numa dada solução a soma das cargas aniônicas equivale à soma das cargas catiônicas. O ânion-gap (AG) normal fica em torno de 8 a 12 mEq/L. Esse valor pode variar, dependendo do método laboratorial utilizado. O AG determina a causa da acidose metabólica. Quando está aumentado significa interferência de outros ácidos. Também pode ter origem renal. Determina se o aumento do ânion GAP foi proporcional a redução do bicarbonato (se além da redução do bicarbonato há adição de outros ácidos). Em uma acidose metabólica, temos uma diminuição do bicarbonato; isso só poderá ocorrer se houver aumento do cloro ou do ânion-gap. Dessa forma, há dois tipos de acidose metabólica (acidose hiperclorêmica e acidose por ânion-gap). Na vigência de um ânion- gap aumentado, especialmente quando > 25, pode-se assumir a existência de uma acidose metabólica por aumento do ânion-gap. Assim, utilizamos a relação ∆ AG / ∆ [HCO3 -] para diagnosticar a ocorrência de mais de um distúrbio metabólico: • ∆ AG / ∆ [HCO3 -] = 1-2: toda a variação do bicarbonato é explicada pela variação do âniongap; tem-se uma acidose metabólica com ânion-gap aumentado, isoladamente. • ∆ AG / ∆ [HCO3 -] > 2: a variação do ânion-gap é duas vezes maior que a variação do bicarbonato; há, além da acidose por aumento do ânion-gap, um outro distúrbio metabólico que está aumentando o bicarbonato, ou seja, uma alcalose metabólica associada; • ∆ AG / ∆ [HCO3 -] < 1: a variação do bicarbonato é maior que a variação do ânion-gap; podemos diagnosticar a presença associada de acidose metabólica com ânion-gap normal e acidose metabólica com ânion-gap aumentado. Acidoses Tubulares renais: A acidose tubular renal (ATR), por definição, é uma síndrome clínica caracterizada por hipercloremia, acidose metabólica e prejuízo da acidificação urinária, desproporcional ao déficit de filtração glomerular. Ocorre por deficiência de bicarbonato que pode acontecer por distúrbio na enzima anidrase, impedindo a regeneração do bicarbonato nos rins. O rim não gera mais bicarbonato, a urina fica acidicificada e o sangue em acidose. A anidriase carbônica está nas células tubulares proximais e é capaz de ligar o CO2 com a H2O e forma H2CO3 que vira H+ e HCO3. Para que haja absorção do sódio, uma molécula de H+ é excretada, e então a urina é acidificada. Isso também pode acontecer nas células tubulares distais, mas é mais comum ocorrer nas células tubulares proximais. A reabsorção do sódio é feita pela aldosterona que troca Na+ por K+ ou H+. Sendo assim, quanto mais aldosterona, mais ácida fica a urina e mais alcalina fica o sangue. Há três tipos clínicos distintos: • Tipo 1 (distal) – ATR1: gera redução da secreção de H+ na urina, por deficiência de anidrase carbônica do túbulo distal. Neste caso, a reabsorção de outros íons também está prejudicada, gerando hipocalcemia, hiponatremia. Pode ter como causa hepatite crônica ativa, anfotericina B, S. Sjogren, LES. • Tipo 2 (proximal) – ATR2: deficiência na reabsorção de bicarbonato no túbulo proximal. Essa é mais grave pois o túbulo proximal é o mais importante para excretar H+. Pode ser secundária a outras doenças (amiloidose, mieloma múltiplo, toxicidade por metais). • Tipo 4 (hipoaldosteronismo hiporreninêmico) – ATR4: é tipo 1 + tipo 2. Tem deficiência de aldosterona (hipoaldolteronismo), paciente tem hipotensão (altera sódio também), potássio alto. Pode ocorrer por deficiência de aldosterona, insuficiência adrenal, hipoaldosteronismo hiporreninêmico, pseudohipoaldosteronismo. As duas primeiras podem ser congênitas ou adquiridas e associam-se com baixos níveis de potássio, enquanto a tipo 4 é adquirida e associa- se à hipercalemia. Tratamentos: o Graus leves de acidose metabólica: são bem tolerados pois há ligação de ácido com hemoglobina como forma de compensação, já que há alteração na afinidade do oxigênio com a hemoglobina. Nesses casos, é importante hidratar o paciente. o Acidoses graves (pH < 7,1): geram redução da contratilidade miocárdica e dimunuição da resistência vascular sistêmica, fazendo vasodilatação. Nesses casos, repor bicarbonato é uma boa opção. o Em casos de pacientes com doença renal, pH menor do que 7,1 ou bicarbonato abaixo de 8 à repõe bicarbonato. o Tratamento dependerá da causa, sendo importante tratar a causa: • Acidoses metabólicas hiperclorêmicas: déficit REAL de bicarbonato no LEC; Impossibilidade de rápida correção espontânea; Repõe bicarbonato • Acidoses metabólicas com aumento de AG: produção excessiva de ácidos orgânicos; A redução do bicarbonatonão reflete sua real perda no LEC, nesses casos não repõe o bicarbonato tem que tirar o ácido que está sendo produzido. Ácido acetoacético + HCO3- ↔ acetato de sódio Ácido lático + HCO3- ↔ lactato de sódio o Repor bicarbonato: ao aumentar bicarbonato, o pH também se eleva, aumentando a contratilidade miocárdica e a resposta a catecolaminas, gerando vasoconstrição. Isso aumenta a perfusão e oferta de oxigênio tecidual, diminuindo o ácido lático. O bicarbonato administrado em hospitais é o bicarbonato de sódio, devendo tomar cuidado para não administrar em pacientes desidratados e com problemas renais pois, aumentando o sódio, provoca hiperosmolaridade e ocorrendo sobrecarga de volume. • Iatrogenias: a reposição de bicarbonato pode causar: Hipernatremia e hiperosmolaridade; Sobrecarga de volume (perigoso caso o paciente tenha insuficiência cardíaca, renal); Hipercapnia e acidose intracelular; Maior afinidade da Hb pelo O2; Estímulo às enzimas glicolíticas; Aumento da afinidade do cálcio pela albumina; Alcalose de rebote. • Quando repor: Como regra geral: se ph<7,1 e HCO3 <8,0 NUNCA mais do que 50 a 100mEq Na Insuficiência Renal e nas acidoses hiperclorêmicas é permissivo reposições maiores • Como repor: Déficit calculado: 0,6 x peso x (24-HCO3- ) Reposição: 0,6 x peso x (8-HCO3- ) o Tratamento para intoxicação por ácidos: PASSO A PASSO GASOMETRIA: 1. Observa o pH (alcalose ou acidose) 2. Observa o bicarbonato→ caso esteja baixo, é acidose metabólica. Caso esteja alto é alcalose metabólica 3. Observa o gás carbônico → caso esteja baixo, é acidose respiratória. Caso esteja alto, é alcalose respiratória 4. Caso seja acidose metabólica, é calculado a PCO2 esperada, para ver se está compensado → caso baixa, acidose metabólica associada a alcalose respiratória. Caso alta, acidose metabólica associada a acidose respiratória 5. Calcular ânion GAP (normal entre 8 e 12) para saber a causa da acidose metabólica → caso aumentado, a causa é associada a outros ácidos. Caso normal, a causa tem a ver com a reabsorção renal de bicarbonato. 6. Calcular delta de ânion GAP Referências Bibliográficas: • Medicina de Emergência - USP - 15ª Edição 2021 – Velasco • Resumos da med
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