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Hermeneutica e InterpretacÌaÌo_aula 1 2018 1

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Centro Universitário Joaquim Nabuco - Recife.
Prof. Drdo. Lourenço Torres.
proflourencotorres@yahoo.com.br
 Hermenêutica jurídica e concepções de 
linguagem.
 O abismo do conhecimento entre essencialismo e 
convencionalismo.
 O problema da linguagem:
▪ Ambiguidade.
▪ Vagueza.
▪ Porosidade.
 A hermenêutica jurídica e o controle de 
significados.
 Conceito de Hermenêutica e Interpretação
 Diferenças entre Hermenêutica jurídica e 
Interpretação jurídica.
“A linguagem é um traje que disfarça o
pensamento. E, na verdade, de um modo tal
que não se pode inferir, da forma exterior do
traje, a forma do pensamento trajado; isso
porque a forma exterior do traje foi
constituída segundo fins inteiramente
diferentes de tornar reconhecível a forma do
corpo”. (Wittgenstein, Tractatus, § 4.002)
O que é a realidade? Nós podemos 
percebê-la? Como?
 A realidade parece ser apreendida pela 
mente humana direta ou 
mediaticamente.
 Alguns autores concordam que a mente 
humana é um mediador entre a realidade 
e o ser humano, não havendo nunca 
apreensão direta da realidade.
“A linguagem não é apenas um instrumento de 
comunicação do que conhecemos, mas um 
elemento constitutivo de nosso 
conhecimento, de tal modo que todo nosso 
acesso ao mundo é linguisticamente 
mediado: a linguagem é condição irrecusável 
de todo acesso ao real, mediação necessária 
de todo sentido e de toda validade [...]”. 
(Manfredo A. Oliveira. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. 
São Paulo: Loyola, 2001, p. 7-8. )
 Isso se daria porque a mente humana aprende 
signos externos para perceber e informar aos 
indivíduos a respeito do mundo exterior. Sem 
esse aprendizado o indivíduo ficaria isolado.
 Os signos podem ser “naturais” e/ou artificiais.
 Naturais – Ex:. A umidade da terra indica que choveu 
(?).
 Artificiais – Ex:. Os signos linguísticos, com base 
fonética. Os símbolos.
1. Todo conhecimento do mundo interno 
deriva-se, por raciocínio hipotético, de 
nosso conhecimento dos fatos externos.
2. Toda cognição é determinada logicamente 
por cognições anteriores.
3. Não temos poder algum de pensar sem 
signos.
4. Não temos concepção alguma do 
absolutamente incognoscível.
 Os símbolos linguísticos necessitam de signos:
 Individualizadores (nomes, substantivos).
 Identificadores (pronomes: este, esta, aquilo, aquele, 
etc.).
 Predicadores (descrições).
 A maioria dos símbolos, tomados isoladamente, 
não significam nada.
 Uma língua, é um repertório de símbolos inter-
relacionados numa estrutura (as regras de uso). 
Um sistema de símbolos e relações.
 Linguagem é todo e qualquer sistema de signos 
linguísticos (símbolos) que serve de meio de 
comunicação entre indivíduos humanos.
 Há três tipos de signos: 
 Em primeiro lugar, há semelhanças [likeness], ou ícones, 
que servem para transmitir ideias de coisas que 
representam simplesmente por imitação. (signos 
naturais?)
 Em segundo lugar, há indicações [indications], ou índices, 
que mostram algo sobre as coisas, através de uma relação 
física com elas. [...] Placas [...]. (signos artificiais?)
 Em terceiro lugar há símbolos, ou signos genéricos, que se 
associam aos seus significados pelo uso. Isso inclui a maior 
parte das palavras, frases, discursos, livros e bibliotecas. 
(signos artificiais)
(PIERCE. O que é um signo?)
 Há duas concepções principais acerca da relação entre a 
linguagem e a realidade a que ela se refere:
 A Teoria Essencialista: corrente que afirma que entre o Direito e a 
linguagem há uma relação ontológica (ser). A linguagem seria um 
mero instrumento, um meio para a descoberta da verdade.
 A língua seria um instrumento que reflete a realidade; os conceitos 
linguísticos um espelho da essência existente nas coisas e as 
palavras o modo pelo qual esses conceitos são veiculados. Haveria 
um núcleo invariável nas palavras que possibilitaria a identificação 
dos elementos da realidade que a elas correspondem.
 Ocorre que esse realismo verbal sofre sérias objeções. Uma mesma 
palavra representa diferentes realidades.
 Ex:. "cabo" não é apenas (1) uma haste de sustentação, mas 
também (2) uma patente militar e (3) um acidente geográfico.
 A outra teoria é a Convencionalista:
 A Teoria Convencionalista ou Nominalista: corrente que considera a linguagem como um 
conjunto de signos cuja relação com a realidade é estabelecida de modo arbitrário pelos 
homens. O termo arbitrário, no presente caso, significa que não há nenhuma ligação 
natural entre o signo e a realidade que ele designa. A relação, por isso, é imotivada. 
 Apesar da inexistência de uma relação ontológica entre o signo e o seu significado, o 
emprego dos signos não é livre. Está sempre condicionado por fatores históricos. A língua 
utilizada é sempre uma herança das gerações precedentes e está em constante 
transformação.
 Devido a essa realidade, o que se deve levar em conta é o uso dos conceitos que variam no 
tempo e no espaço. A questão da busca da essência das coisas deixa de ter sentido e é 
substituída pela busca dos critérios vigentes de utilização das palavras. As definições, por 
isso, têm caráter nominal e não real, já que a realidade depende do modo como definimos 
um conceito. 
 Os juristas, de um modo geral, adotam uma concepção essencialista da linguagem. 
Consideram, por isso, ser possível, no âmbito do Direito, a elaboração de conceitos reais. 
Mantêm a idéia de que a definição de um termo reflete a essência dos objetos jurídicos, 
adotando, assim, uma visão conservadora da teoria da língua. 
 Há na linguagem uma deficiência na transmissão do 
sentido do pensamento. O pensamento transcende a 
matéria, não se prende a imanência do objeto. Essa 
abstração não é suportada pela linguagem, que é limitada. 
Esse é o chamado abismo gnosiológico, que se divide em 
duas etapas.
 A primeira se dá entre o fato e o pensamento e a segunda 
etapa é entre o pensamento e a linguagem: 
FATO (1ª etapa do abismo) PENSAMENTO (2ª etapa do abismo) LINGUAGEM
 O abismo gnosiológico se divide em duas etapas: a (1) primeira se 
dá entre o fato e o pensamento e a (2) segunda etapa é entre o 
pensamento e a linguagem: 
FATO (1ª etapa do abismo) PENSAMENTO (2ª etapa do abismo) LINGUAGEM
 Por causa desse abismo é que são encontradas dificuldades em se 
determinar o alcance e o sentido das palavras (signos) utilizadas 
pelo legislador. O oposto ao alcance é a vagueza e o do sentido é a 
ambiguidade. Tudo isso atormenta o jurista no momento em que 
vai interpretar a norma, já que é difícil a determinação do alcance e 
do sentido.
 O fato é único e irrepetível, essa afirmação pode ser explicada 
através do devir de Heráclito (tudo muda). O ideal reside em outro 
plano, superior, que permite uma generalidade. Estaria no mundo 
das idéias e os fenômenos são cópias imperfeitas desses ideais, 
segundo Platão.
(ADEODATO, João Maurício. Ética e retórica: para uma teoria da dogmática jurídica. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 186 – 191).
 Entende-se por “virada linguística” ou “giro 
linguístico” a visão de que os problemas 
filosóficos podem ser resolvidos (ou 
dissolvidos) pela reforma da linguagem.
 Antes, parece que quem fornecia estas 
“soluções” era a metafísica e seus estudos 
ontológicos clássicos.
A linguagem é um traje que disfarça o 
pensamento. E, na verdade, de um modo tal 
que não se pode inferir, da forma exterior do 
traje, a forma do pensamento trajado; isso 
porque a forma exterior do traje foi 
constituída segundo fins inteiramente 
diferentes de tornar reconhecível a forma do 
corpo. 
(Wittgenstein, Tractatus, §4.002).
A linguagem mal disfarça o que é: amálgama de 
pedaços dos espíritos, que ficam lá fora, 
indiferentes ao passar das gerações, a despeito 
de banhá-las e arrancar-lhes as vozes, ritmos e 
formas. Utiliza o que teve, o que tem e as 
significações com que ultrapassa a si mesma.
(PONTES DE MIRANDA, Garra, mão ededo. Campinas: Bookseller, 2002, p. 
10)
Não nos estimamos mais o bastante quando nos 
comunicamos. Nossas experiências decisivas não 
são de forma alguma tagarelas. Elas não poderiam 
comunicar a si próprias caso quisessem. Isso 
acontece porque lhes falta a palavra. Aquilo para 
que temos palavras também já ultrapassamos. Em 
todo falar há um grão de desprezo. A linguagem, 
parece, foi inventada só para o que é médio, 
mediano, comunicável. Com a linguagem, já se 
vulgariza aquele que fala.
(NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos ídolos, ou, como se 
filosofa com o martelo. Tradução, apresentação e notas de Renato 
Zwick. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012, p. 97. (26)
A última crença é a crença na linguagem. Na 
dissolução dessa superstição, a retórica é a 
última forma de iluminismo. 
(BALLWEG, Ottmar. Entwurf einer analytischen Rhetorik. In: ______. 
Analytische Rhetorik : Rhetorik, Rech und Philosophie. Frankfurt am
Main: Peter Lang, 2009, p. 85).
Conceito: A linguagem jurídica serve de 
comunicação para pessoas específicas (os 
juristas) em um mundo determinado, o jurídico.
 No direito, assim como em outros setores do 
conhecimento, desenvolve-se uma linguagem 
particular, específica, onde se guardam palavras e 
expressões que possuem acepções próprias. No 
mundo do Direito, a palavra é indispensável. Todos 
empregam palavras para trabalhar, mas, para o 
jurista, elas são precisamente a matéria-prima de 
suas atividades.
 As leis são feitas com palavras, como as casas são 
feitas com tijolos. O jurista, em última análise, 
não lida somente com fatos, diretamente, mas 
com palavras que denotam ou pretendem 
denotar esses fatos. Há, portanto, uma parceria 
essencial entre o Direito e a Linguagem.
 O profissional do Direito, enquanto ciência 
jurídica, busca a univocidade em sua 
terminologia, convive com um número ilimitado 
de palavras polissêmicas. 
 Exemplo clássico é o termo Justiça que tanto exprime 
(a) a vontade de dar a cada um o que é seu, quanto 
significa (b) as regras em lei previstas, e ainda, (c) o 
aparelhamento político- jurídico destinado à aplicação 
da norma do caso concreto.
 Tudo o que é apreendido e representado pelo sujeito 
cognoscente depende de práticas interpretativas. 
Como o mundo vem à consciência pela palavra, e a 
linguagem é já a primeira interpretação, a 
hermenêutica torna-se inseparável da própria vida 
humana. (SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e interpretação jurídica. São Paulo: 
Saraiva, 2010, p. 4).
 Vagueza.
 Um símbolo é vago quando seu possível campo de 
referência é indefinido (Ex:. Art. 121, CP).
 Ambiguidade.
 Um símbolo é ambíguo quando é possível usá-lo para 
um campo de referência com diferente intenção, isto é, 
manifestando qualidades diversas.
 Porosidade.
 Os símbolos admitem pragmaticamente usos 
diferentes, servindo para propósitos distintos 
(descrever, expressar, direcionar, obrigar, etc.). Dessa 
forma, permitem distintas interpretações.
 Fala-se que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega 
Hermes, o mensageiro dos deuses, o mediador entre os deuses e os 
homens, a quem os gregos atribuíam a origem da linguagem e da 
escrita e é considerado o patrono da comunicação e do entendimento 
humano.
 Também atribuí-se à palavra grega hermeios que indica os sacerdotes 
(ou às pitonisas – as sacerdotisas de Apolo) do oráculo de Delfos, 
inicialmente consagrado a Pítia (serpente) e posteriormente a Apolo, e 
que, existiu até 393 d.C.
 Segundo a mitologia grega, Apolo matou Pítia e dividiu seu corpo em 
dois tomando posse do templo de Delfos. Relato semelhante há na 
mitologia babilônica, onde o deus Marduk matou Tiamat (a grande 
mãe dos deuses) e dividiu seu corpo em dois, fato que em ambas as 
culturas indica a passagem do matriarcado para o sistema patriarcal.
"Tiamat, a Deusa Dragão do Caos e das Trevas, é combatida por Marduk, 
deus da Justiça e da Luz. Isto indica a mudança do matriarcado para o 
patriarcado que obviamente ocorreu“ .
LISHTAR. Gateways to babylon. Disponível em: http://www.gatewaystobabylon.com.
 A primeira obra a ocupar-se integralmente do tema em nosso 
país foi o "Compêndio de Hermenêutica Jurídica", de Francisco 
de Paula Batista professor da Faculdade de Direito de Recife, 
publicado em 1860 ainda no Brasil Imperial estava vinculado à 
Escola de Exegese. 
 Depois, Carlos Maximiliano, em 1924, publicou sua 
"Hermenêutica e Aplicação do Direito", ele atualizou, sem 
trazer novidades, a Hermenêutica ao Sistema Histórico 
Evolutivo, as correntes da Livre Indagação e do Direito Livre, 
além de outras, sem desenvolver uma teoria geral da 
interpretação. Ocupou-se unicamente da Hermenêutica 
jurídica, resenhando os métodos nela aplicáveis.
 Para Maximiliano, "a Hermenêutica jurídica tem por objeto o estudo e 
a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o 
alcance das expressões do Direito“ (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação 
do Direito. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1961. p. 13).
Origem do termo “hermenêutica”:
 Hermēneuein (gr.), verbo, significa 
"declarar", "anunciar", "interpretar", 
"esclarecer" e, por último, "traduzir". 
 Significa que alguma coisa é "tornada 
compreensível" ou "levada à 
compreensão".
 Ermēneutikē (gr.) que significa "ciência", 
"técnica" que tem por objeto a 
interpretação de textos clássicos, 
poéticos ou religiosos.
 Hermeneia é a interpretação de uma mensagem 
sagrada. 
 Platão chamou os poetas de hermenes —
intérpretes — dos deuses. Filósofos 
interpretaram Homero de forma alegórica. 
Agostinho interpretou o Velho Testamento como 
alegoria, usando conceitos neoplatônicos.
 Modernamente, a palavra hermeneutica, a “arte 
da interpretação”, apareceu em 1654 no título de 
uma obra de J.C. Dannhauer, Hermeneutica sacra 
sive methodus exponendarum sacrarum
litterarum.
 Conceito:
 Hermenêutica é um conjunto de métodos de 
interpretação consagrados. São regras técnicas 
para obter um resultado interpretativo e envolve 
um processo de tornar compreensível a 
linguagem e seus signos.
 Hermenêutica é ciência e constitui uma 
construção filosófica. Logo, é melhor entendida 
como teoria. Nelson Saldanha afirma que é um 
conjunto de estruturas em todo o orbe social, bem 
como um conjunto de instâncias críticas, que 
interpretam os valores vigentes. (SALDANHA, Nelson. Hermenêutica e 
princípios. In: ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS. Nelson Saldanha. Organização Fátima Quintas. Recife: 
Bargaço, 2015, p. 91. (Coleção Debate; 4).
Várias são as ciências hermenêuticas. Alguns exemplos são:
 Hermenêutica tradicional
 É o estudo da interpretação de textos escritos. Ela deve estabelecer os 
princípios gerais de toda e qualquer compreensão e interpretação de 
manifestações lingüísticas.
 Hermenêutica dogmática
 Uma interpretação ligada a dogmas e apoiada pelas instituições e sua 
autoridade (p.e. a tradição magisterial da Igreja, a doutrina jurídica, as 
decisões jurisprudenciais, etc.); ela busca a defesa das normas dogmáticas.
 Hermenêutica cética
 Estuda as interpretações adogmáticas, abertas, heurísticas e que leva às 
vezes a um non liquet (sem respostas). Como a base da ciência é o 
questionamento, essas interpretações se baseiam nas ciências modernas.
 Hermenêutica jurídica
 Ciência que se ocupa da interpretação das normas jurídicas, estabelecendo 
métodos para a compreensão legal. Ela impõe a ordem estabelecida pelas 
leis, onde há a subsunção do caso geral à norma geral dada.
 A interpretação é uma relação entre o sujeito
(interprete), um objeto e um significado.
“Interpretar é a atitude ou a atividade que consiste em 
indicar, ou determinar o significado de alguma coisa” 
(TROPER, Michel. La theorie du droit, le Droit, l’Etat. Paris: PUF, p. 70).
 Conceito: A interpretação é uma ação que 
consiste em estabelecer, simultânea ou 
consecutivamente, comunicação verbal ou não 
verbal entre duas entidades.
 Consiste também na descobertado sentido e 
significado de algo geralmente proveniente da 
ação humana.
 Interpretação é ato, é ação, um processo (humano) real, 
pelo qual alguém procura o significado de algo. (A 
hermenêutica é a teoria desse ato, ou sua fundamentação).
 Mas, devido à limitação humana não existe uma 
interpretação definitiva pela própria condição finita do ser 
humano.
 “Uma interpretação definitiva parece ser uma contradição 
em si mesma. A interpretação é algo que está sempre a 
caminho, que nunca conclui”. (GADAMER, A razão na época da 
ciência, 1983, p. 71)
 Também, não há que se falar em interpretação “divina”, 
pois se isso fosse possível, ela não seria acessível à cognição 
humana, o que também seria uma interpretação humana.
 Além do mais, NÃO há interpretação neutra ou 
imparcial. Isso porque o intérprete está envolvido 
nessa relação.
 Mesmo o juiz não é imparcial ao julgar e decidir, 
pois ele tem liberdade de formar seu 
convencimento.
Parcialidade do juiz x imparcialidade do processo
 O julgamento (juízo) e a decisão do juiz são de 
acordo com seu livre convencimento, logo é parcial.
 O processo é que deve ser imparcial, pois ele (juiz) 
não pode limitar a ampla defesa e o contraditório a 
qualquer das partes garantindo o devido processo 
legal.
 A interpretação jurídica é um processo de 
atribuição de sentido aos enunciados de textos ou 
normas jurídicas, visando à resolução de um caso 
concreto. Nela, todos os elementos (sujeito, 
objeto e significado) sempre são pensados em 
relação ao Direito.
 Ainda assim, é uma característica da 
interpretação dogmática o arbítrio que “põe fim” 
à sucessão de interpretações que decodificam 
interpretações. Isso é um problema para a teoria 
dogmática sobre interpretação, pois não há 
interpretação definitiva.
 É possível falar da verdade de uma interpretação 
em oposição à falsidade?
 Interpretação autêntica:
▪ É a interpretação realizada por órgãos competentes (no sentido 
jurídico). Segundo Kelsen, o enunciado é vinculado.
 Interpretação doutrinária:
▪ É a interpretação realizada por entes que não têm a qualidade de 
órgãos.
 A interpretação kelseniana é considerada, mesmo 
entre os positivistas, como obsoleta e superada.
Positivistas (Kelsen) X Moralistas (Dworkin e Alexy)
O que guiaria o intérprete legislativo no momento de sua decisão?
 Para os positivistas, a ponderação e o equilíbrio determinariam um 
melhor encaixe da interpretação à situação, não existindo, assim, 
uma solução correta única, haja vista o grande número de princípios 
no ordenamento.
 Para os moralistas, como Dworkin, existe uma interpretação 
correta, que deve estar de acordo com o que ele chama de “valor da 
integridade”.
 O grande embate entre estas duas correntes justifica-se 
exatamente pelo fato de que o positivismo vê uma fidelidade ao 
direito imposto pelas autoridades competentes, decorrentes da 
estrutura e hierarquia, enquanto o moralismo entende que deve 
haver uma participação de valores e princípios, de um modo geral 
na aplicação do Direito, que tem uma pretensão de correção, 
segundo Alexy.
Prof. Lourenço Torres
proflourencotorres@yahoo.com.br

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