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Caso concreto - Direito de família CCJ0225_14

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DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - CCJ0225
Semana Aula: 14
Alimentos.
Tema
Alimentos.
Palavras-chave
Alimentos. Alimentos gravídicos.
Objetivos
- Apresentar conceito, pressupostos, critérios de fixação e características da obrigação 
alimentar.
- Verificar classificações, aspectos relacionados à prisão do devedor, alimentos 
gravídicos, revisão, exoneração e extinção dos alimentos.
Estrutura de Conteúdo
Unidade 8 - Alimentos. Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada.
8.1 Alimentos: conceito, pressupostos, critérios de fixação, características da obrigação 
alimentar, classificações, prisão do devedor, alimentos gravídicos, revisão, exoneração e 
extinção.
Alimentos
Sobre os alimentos, o Código Civil preceitua:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§1°. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos 
recursos da pessoa obrigada.
§2°. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de 
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Os alimentos são, portanto, a verba necessária a subsidiar a subsistência do indivíduo que 
necessita, de modo a respaldar a dignidade da pessoa humana, com fulcro também no 
princípio da solidariedade familiar, tendo o caput do artigo retro transcrito evidenciado a 
legitimidade ativa e passiva para o pleito, como decorrência do parentesco ou da 
constituição de um núcleo familiar, o que será mais detalhado adiante.
Tartuce (2017, p. 540) assevera que, conceitualmente, ?os alimentos devem compreender 
as necessidades vitais da pessoa, cujo objetivo é a manutenção da sua dignidade: a 
alimentação, a saúde, a moradia, o vestuário, o lazer, a educação, entre outros?, devendo 
serem ?concebidos dentro da ideia de patrimônio mínimo, de acordo com a festejada tese 
construída pelo professor e Ministro do STF Luiz Edson Fachin?.
O §1° consagra o critério para fixação dos alimentos, baseado no binômio necessidade-
possibilidade, ou seja, devem ser concedidos alimentos àquele que deles necessita para 
sobreviver, mas de acordo com a possibilidade daquele que vai prestá-los.
Em relação à possibilidade, o Enunciado n° 573, da IV Jornada de Direito Civil prescreve 
que ?na apuração da possibilidade do alimentante, observar-se-ão os sinais exteriores de 
riqueza?, afirmando Tartuce (2017, p. 544) que ?esses sinais exteriores de riqueza, 
geralmente, são colhidos em redes sociais na internet, caso do Facebook, servindo a ata 
notarial para demonstrar os fatos correlatos?.
O legislador também cuidou de proteger o alimentante, de modo a não permitir que os 
alimentos sejam por ele prestados em prejuízo de sua própria subsistência, ou seja, 
proporcionalmente às suas condições:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, 
nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, 
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Assim, o pressuposto da prestação alimentar é a proporcionalidade entre a necessidade do 
alimentando e a possibilidade do alimentante.
A importância da proporcionalidade ou razoabilidade na fixação dos alimentos é tanta 
?que alguns autores, caso de Maria Berenice Dias, falam na existência de um trinômio 
(proporcionalidade/necessidade/possibilidade) e não mais de um binômio, como dantes se 
concebia (DIAS, Maria Berenice. Manual?, 2007, p. 482). Em sentido próximo, Paulo 
Lôbo menciona a tríade necessidade/possibilidade/razoabilidade (Famílias?, 2008, p. 
350)?. (TARTUCE, 2017, p. 545-546)
Conforme regra estatuída no art. 1.701, CC, ?a pessoa obrigada a suprir alimentos poderá 
pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de 
prestar o necessário à sua educação, quando menor?, sendo esta previsão a consagração 
da possibilidade de prestação da verba alimentar in natura.
A verba alimentar apresenta tamanha relevância, por contribuir para o sustento do seu 
credor, que o STJ já entendeu pela possibilidade de levantamento do FGTS do devedor 
empregado, para quitar dívida desta natureza, sendo por isto também que o art. 1.710, CC 
preocupou-se com a manutenção do seu valor aquisitivo (?As prestações alimentícias, de 
qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido?).
1. Características da obrigação alimentar
- Recíproca: art. 1.696, CC.
- Sucessiva: art. 1.697, CC.
- Transmissível: art. 1.700, CC.
- Irrestituível: significa que se os alimentos forem posteriormente declarados indevidos, 
não haverá sua restituição (repetição) por parte do alimentando que os recebera.
- Imprescritível
- Irrenunciável e insuscetível de cessão, compensação ou penhora: art. 1.707, CC.
2. Classificação dos alimentos
Gagliano e Pamplona Filho (2018) utilizam, como parâmetros para classificar os 
alimentos, os seguintes aspectos: fontes normativas, natureza, tempo, forma de 
pagamento de finalidade. Assim, utilizaremos neste texto a classificação do referido 
autor, pela didática com que é apresentada.
Quanto às fontes normativas, ou seja, as causas que os originam, os alimentos podem ser 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018):
- Legais (relação de Direito de Família).
- Legais (relação de Direito Obrigacional).
- Convencionais ou voluntários: cabíveis quando a pessoa, mesmo não tendo a obrigação 
de prestar alimentos, faz uso de sua autonomia privada para se comprometer neste 
sentido. 
Quanto à natureza ou abrangência os alimentos podem ser (GAGLIANO e PAMPLONA 
FILHO, 2018):
- Civis ou côngruos: englobam os necessários à sobrevivência e à manutenção da 
condição social (art. 1.694, caput, CC).
- Naturais ou necessários: são os indispensáveis à sobrevivência (art. 1.694, §2º, CC).
Quanto ao tempo (momento de sua exigência) os alimentos podem ser (GAGLIANO e 
PAMPLONA FILHO, 2018):
- Pretéritos ou vencidos.
- Presentes ou atuais: requestados quando do ajuizamento da ação.
- Futuros ou vincendos: devidos a partir da sentença.
Quanto à forma de pagamento os alimentos podem ser (GAGLIANO e PAMPLONA 
FILHO, 2018):
- Próprios: prestados in natura (art. 1.701, CC) para atender às necessidades do 
alimentando.
- Impróprios: prestados em pecúnia.
Quanto à finalidade os alimentos podem ser (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 
2018):
- Definitivos: fixados em decisão judicial (sentença ou acórdão), comportando revisão, 
por não estarem acobertados pelo manto da coisa julgada material.
- Provisórios: fixados liminarmente, com base no que dispõe a Lei n° 5.478/68 ou o 
CPC/2015.
3. A mensuração da culpa em matéria de alimentos
Como já foi dito em aulas anteriores, a Emenda do Divórcio (EC n° 66/2010), trouxe a 
superação da ideia de culpa quando da dissolução do vínculo conjugal. Com isto, estaria 
superada também a discussão da culpa em sede de obrigação alimentar?
Com base nos arts. 1.702 e 1.704, CC, e tendo em vista ?o fim da aferição da culpa na 
seara do descasamento, a fixação dos alimentos devidos deverá ser feita com amparo na 
necessidade ou vulnerabilidade do credor, na justa medida (proporcionalidade / 
razoabilidade) das condições econômicas do devedor? (GAGLIANO e PAMPLONA 
FILHO, 2018, p. 1.419).
Na esteira do que dispõe o art. 1.703, CC, os filhos não sofrerão qualquer impacto 
decorrente da dissolução do vínculo conjugal, pois, ?para a manutenção dos filhos, os 
cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos?.
4. Alimentos gravídicos
A Lei n° 11.804, de 5 de novembro de 2008 disciplina os alimentos gravídicos, ou seja, 
?o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido? (art. 1°).
Os alimentos gravídicos consistem em ?valores suficientes para cobrir as despesas 
adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, 
inclusive as referentes a alimentaçãoespecial, assistência médica e psicológica, exames 
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e 
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere 
pertinentes? (art. 2°, caput), referindo-se ?à parte das despesas que deverá ser custeada 
pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher 
grávida, na proporção dos recursos de ambos? (art. 2°, parágrafo único).
Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos 
que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e 
as possibilidades da parte ré (art. 6°, caput). Após o nascimento com vida, os alimentos 
gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das 
partes solicite a sua revisão (art. 6°, parágrafo único).
Para fixação da verba basta a existência de ?indícios da paternidade?, ?não se exigindo 
prova cabal pré-constituída?. Se posteriormente a paternidade ?for oficialmente negada, 
poderá o suposto pai voltar-se, em sede de ação de regresso, contra o verdadeiro genitor, 
para evitar o seu enriquecimento sem causa?. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 
2018, p. 1.425)
5. Revisão, exoneração e extinção dos alimentos
O art. 1.701, CC, menciona a obrigatoriedade de prestação da verba alimentar somente 
enquanto o alimentando for menor, todavia, esta determinação deve ser vislumbrada com 
cautela, uma vez que, necessitando o menor ou estando em curso os estudos de nível 
superior ou técnico, a obrigação alimentar persistirá.
Entretanto, lembramos que a exoneração da pensão alimentícia não se dá de forma 
automática, devendo ser requerida judicialmente.
O STJ já sumulou o entendimento de que ?o cancelamento de pensão alimentícia de filho 
que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que 
nos próprios autos? (Súmula n° 358, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/08/2008, 
REPDJe 24/09/2008, DJe 08/09/2008).
Com isto está claro que, ocorrendo situação que faça cessar o direito à pensão 
alimentícia, deverá o devedor requerer exoneração em juízo.
Por outro lado, havendo alteração na esfera econômica do credor ou devedor, também é 
possível ocorrer a exoneração ou, pelo menos, a revisão (redução ou majoração) da verba 
alimentar:
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem 
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as 
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
O art. 1.708, CC, fixa coerente regra atinente à extinção da verba alimentar:
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever 
de prestar alimentos.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver 
procedimento indigno em relação ao devedor.
Por fim, o art. 1.709, CC, preceitua que não será extinta a obrigação alimentar caso o 
devedor convole novas núpcias, o que pode ser estendido à união estável:
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da 
sentença de divórcio.
Estratégias de Aprendizagem
AULA 14 DA DISCIPLINA DIREITO CIVIL V
Antes da sala de aula, é recomendável a leitura do Plano de Ensino da disciplina, 
atentando para a ementa e o conteúdo, a fim de se inteirar dos temas que serão abordados 
ao longo da disciplina. Verificar os aspectos metodológicos, procedimentos de avaliação 
e os títulos da bibliografia. Acessar o ambiente virtual da disciplina no SAVA (no SIA, 
entrar em Sala de Aulas Virtuais e Minhas disciplinas presenciais) e tomar o primeiro 
contato com os recursos didáticos disponíveis, como o material didático (livro da 
disciplina), conteúdo interativo (videoaulas e conteúdo on-line) e calendário, entre outros. 
Uma panorâmica do que será apresentado na disciplina pode ser conferida na Aula 
Teletransmitida, disponível no ambiente da Sala de Aula Virtual ? SAVA.
Para apreensão e compreensão do primeiro tema da disciplina, verifique antes da aula 
presencial o item estrutura de conteúdo deste Plano de Aula. Leia as páginas 
correspondentes do material didático (Livro Didático de Direito Civil V, no SAVA) e 
faça as demais leituras sugeridas.
Durante a sala de aula, esteja atento às explicações e apresentação do conteúdo. 
Converse com seu professor e tire as dúvidas provenientes de suas leituras ou mesmo das 
atividades recomendadas.
Após a sala de aula, desenvolva as atividades de autoestudo e retome ou aprofunde os 
conteúdos apresentados pelo professor. Para isso, escolha uma das sugestões de leitura e 
pesquisa que constam no campo Aplicação: articulação teoria e prática deste Plano de 
Aula. Você também pode assistir à Aula Teletransmitida (disponível no SAVA).
Indicação de Leitura Específica
Livro didático da disciplina de Direito Civil V (tópicos correspondentes aos conteúdos 
abordados nesta aula).
Aplicação: articulação teoria e prática
Questão objetiva 1:
(DPE-MT - UFMT - Defensor Público - 2016) Considerada a obrigação alimentar no 
ordenamento jurídico pátrio, analise as assertivas abaixo.
I ? É possível a imposição de obrigação alimentar aos parentes por afinidade, em linha 
reta ou transversal, por expressa previsão legal. Doutrina e jurisprudência avalizam a 
regra codificada, ratificando a obrigação alimentar em tais casos.
II ? Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão 
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
III ? Observadas as suas condições pessoais e sociais, os avós somente serão obrigados a 
prestar alimentos aos netos em caráter sucessivo, complementar e não solidário, quando 
os pais destes estiverem impossibilitados de fazê-lo.
IV ? Os alimentos compensatórios, ou prestação compensatória, não têm por finalidade 
suprir as necessidades de subsistência do credor, mas corrigir e atenuar grave 
desiquilíbrio econômico financeiro ou abrupta alteração de padrão de vida.
V ? A pensão alimentícia fixada em percentual sobre o salário do alimentante incide 
sobre o décimo terceiro salário e terço constitucional de férias.
(A) II, III, IV e V, apenas.
(B) I, II, III e IV, apenas.
(C) II, III e V, apenas.
(D) I e IV, apenas.
(E) IV e V, apenas.
Questão objetiva 2:
(MPE/SP ? Promotor de Justiça ? 2015) Sobre as pessoas obrigadas a prestar alimentos, é 
correto afirmar que:
(A) o alimentando poderá escolher livremente o parente que deverá prover o seu sustento.
(B) somente pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem alimentos, 
incluindo-se os afins.
(C) na falta dos ascendentes, a obrigação alimentícia cabe aos descendentes, guardada a 
ordem de sucessão e, na falta destes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
(D) os tios poderão ser convocados a suprir alimentos em ação proposta pela sobrinha 
que deles necessitar.
(E) os pais consanguíneos do adotado são obrigados a prestar-lhe alimentos, se o adotante 
não tiver recursos suficientes para tanto.
Questão subjetiva:
(DPE/RR - CESPE/2013 - Adaptada) Lucas, com dezoito anos de idade, procurou a 
Defensoria Pública com o objetivo de receber uma orientação jurídica. Afirmou que, 
quando possuía quatro anos de idade, seu genitor fora condenado a pagar alimentos 
mensais em seu favor, fixados em 30% do salário mínimo. No entanto, o alimentante 
nunca efetuou o pagamento de uma prestação alimentar sequer. Nesses termos, indagou 
ao Defensor Público responsável pelo atendimento se poderia cobrar o montante integral 
em atraso. À luz das disposições civilísticas a respeito dos institutos da prescrição e dos 
alimentos, existe esta possibilidade?
Considerações Adicionais
Recomenda-se a leitura de algum dos livros da bibliografia básica ou complementar, na 
parte correspondente a esta primeira aula, à escolha do aluno, de acordo com a sua 
afinidade com a linguagem e entendimento do autor.

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