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DEFINIÇÃO: Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) ou Toxemia gravídica (termos em desuso, temos dado preferencia ao termo Pré-eclâmpsia) Doença Vascular Hipertensiva Crônica (HAC) = hipertensão que aparece antes da gestação Classificação ACOG 2013: Hipertensão Gestacional: hipertensão que aparece após as 20 semanas SEM proteinúria Pré-eclâmpsia leve: hipertensão que aparece após as 20 semanas COM proteinúria Pré-eclâmpsia grave: hipertensão que aparece após as 20 semanas + sinais de gravidade Eclampsia: hipertensão que aparece após as 20 semanas com convulsões. Síndrome HELLP: hipertensão que aparece após as 20 semanas + alterações laboratoriais EPIDEMIOLOGIA: • 7% das gestações na ME-UFRJ(2016) • 3-5% das gestações(FEBRASGO 2017) • Principal causa de mortalidade materna no Brasil (sem tto) • Taxa de mortalidade 12,27 a cada 100.000/nascidos vivos em 2017 (BRASIL 2019) • Importante causa de prematuridade Obs: A pré-eclâmpsia é um processo dinâmico; a caracterização de “pré- eclâmpsia leve” aplica-se apenas ao momento do diagnóstico, pois a toxemia, por natureza, é progressiva. as morbidades materna e fetal aumentam quando a pré-eclâmpsia é precoce (< 34 semanas) ou superajuntada à hipertensão crônica FATORES DE RISCO: • Paridade • Parceiro • Idade • Peso • Gemelar • Gestação prévia com PE • DVHC, • DM, • Trombofilias, • LES, • Insuficiência Renal PROCESSO NORMAL DE PLACENTAÇÃO: Invasão Trofoblástica:; 1ª onda → Trofoblasto alcança as artérias espiraladas 2ª onda → Trofoblasto substitui a camada muscular das aa espiraladas, por substância fibrinóide = remodelação vascular. Dessa forma diminuímos a resistência vascular a fim de aumentar o fluxo sanguíneo. Obstetrícia – Hipertensão Gestacional ETIOPATOGENIA: Estágio 1 → Placentação anormal → baixo aporte sanguíneo → estresse oxidativo Estágio 2 → Estresse oxidativo placentário: Em resposta ao estresse oxidativo placentário a placenta libera fatores placentários → resposta inflamatória endotelial sistêmica → disfunção endotelial → pré- eclâmpsia. Alteração de fatores endoteliais: Aumento da sensibilidade a norepinefrina e angiotensina II (Gant 1979) Menor expressão do óxido nítrico(Taylor 2009) e PGI2(Taylor 1999) Efeito direto do VEGF (mecanismo que foi mais estudado → a SFTL1 se liga ao VEGF não permitindo que ele exerça a sua função de relaxamento do vasos) Aumento na produção de Tromboxano A2(Taylor 1999) (vasoconstrição) A pré-eclâmpsia é um “estado antiangiogênico” - Durante a gravidez normal, a saúde vascular é mantida por meio da atuação do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e do fator de crescimento transformador b (TGF-b) sobre a vasculatura. Na pré-eclâmpsia, a secreção de sFlt-1 e sEng inibe o VEGF e o TGF-b, impedindo-os de atuar no endotélio, o que resulta em disfunção endotelial com produção diminuída de prostaciclina, óxido nítrico e secreção de proteínas pró-coagulantes. E por que ocorre a placentação defeituosa? Teoria imunológica da pré- eclâmpsia: A adaptação materna aos aloantígenos fetopaternos é comum nos estágios iniciais. Após a concepção, células T regulatórias junto com o reconhecimento pelas células NK deciduais do HLA-C fetal situado no trofoblasto extravilositário, podem, pela imunorregulação, facilitar a placentação. A falência parcial desse mecanismo (desregulação imunológica) é capaz de determinar placentação defeituosa e perfusão uteroplacentária insuficiente. A princípio haveria um estágio 0, pré-concepcional, no qual se acentua a importância do sêmen paterno. A exposição pré- concepcional ao sêmen/líquido seminal apresenta antígenos paternos ao complexo maior de histocompatibilidade (major histocompatibility complex [MHC]), induzindo a acumulação de células T regulatórias e tornando a mãe tolerante aos aloantígenos feto- paternos. QUADRO CLÍNICO: O quadro clínico típico: é o da grávida na metade da gestação com dor epigástrica ou no quadrante superior direito, particularmente se associada a náuseas e vômitos. Hipertensão e proteinúria podem não estar presentes Predição: Doppler de aa. Uterinas 11-13 semanas (primeiro trismestre) → identificar a Incisura bilateral (ausência da 2ª onda) Algoritmo: Fator de risco materno Doppler de aa uterinas PAM PIGF – marcador bioquímico PREVENÇÃO: AAS em doses baixas, redução de 10% para desenvolvimento de PE, porém NNT alto (Sibai 2009) Moderado risco → Doppler aa uterinas anormal → AAS 150mg/dia – iniciar 11-13 semanas até as 36 semanas Alto risco → AAS 150mg/dia – iniciar 11-13 semanas ate as 36 semanas História Familiar História Obstétrica HAS DM Obesidade Trombofilias Colagenases Gemelaridade Exames complementares: URINA: ✓ Proteinúria de 24h : > 300mg/24h ✓ Spot urinário: Relação proteína total/creatinina total em amostra única de urina: > 0,3 SANGUE: ✓ Hemograma ✓ Ureia ✓ Creatinina ✓ TGO ✓ TGP ✓ LDH ✓ Bilirrubina total e fração ✓ Coagulograma ✓ Proteínas total e fração ✓ Ácido úrico DIAGNÓSTICO: Hipertensão gestacional: hipertensão que aparece após as 20 semanas sem proteinúria PE leve: hipertensão que aparece após as 20 semanas com proteinúria e sem sinais de gravidade Proteinúria: pnt de 24 hrs ≥ 300 mg/24 ou a relação proteína/creatinina ≥ 0,3mg/dl PE Grave: hipertensão que aparece após as 20 semanas com proteinúria (ptn24h > 300mg/24h) e COM sinais de gravidade SINAIS DE GRAVIDADE: PAS> ou = 160mmHg ou PAD>ou=110mmHg, em 2 ocasiões Trombocitopenia(<100.000) Comprometimento de funções hepáticas, dor intensa no quadrante superior do abdome ou no epigástrio Insuficiência renal progressiva EAP Sintomas cerebrais ou visuais (a amaurose como o descolamento da retina regridem espontaneamente dentro de 1 semana de pós-parto) Eclâmpsia: hipertensão que aparece após as 20 semanas com convulsões Cefaleia frontal + distúrbios visuais → convulsão → coma. a causa primária da lesão cerebral é a pressão de perfusão elevada (encefalopatia hipertensiva). Sd HELLP: hipertensão que aparece após as 20 semanas + alterações laboratoriais Alterações laboratoriais: Hemollysis (LDH>600 ou esquizocitos em sangue periférico) Elevated Liver (transaminases aumentadas em 2x) Low Platelets(<100.000) A mais grave complicação hepática é o hematoma subcapsular do fígado, especialmente quando ocorre sua ruptura. O diagnóstico é confirmado por ultrassonografia ou tomografia computadorizada (TC) (Alterações hepáticas = necrose hemorrágica periporta, com depósitos de material fibroide nos sinusoides hepáticos = aumento de transaminases) Doença vascular hipertensiva crônica (DVHC): hipertensão que aparece antes da gestação, ou até 20 semanas de gestação. PE sobreposta: Quadro de PE em uma paciente com DVHC prévio TRATAMENTO: Hipertensão gestacional: • Acompanhamento em pré-natal de alto risco com consultas semanais no terceiro trimestre • Raramente faz-se necessário uso de medicação • Doppler de a umbilical mostrou-se bom detector de sofrimento fetal • IG de alvo: 37 semanas • Via de parto obstétrica PE leve: • Acompanhamento em pré-natal de alto risco com consultas semanais no terceiro trimestre • Qualquer forma clínica de toxemia com o feto a termo obriga à interrupção da gravidez • Medicamento quando necessário: Metildopa Hidralazina Bloq. canal de cálcio Beta Bloqueador • Doppler de a umbilical mostrou-se bom detector de sofrimento fetal • IG de alvo: 37 semanas • Via de parto obstétrica • Avaliação da sintomatologia materna para surpreender o agravamento da doença: dos movimentos fetais (diariamente pela paciente), mensuração da pressão sanguínea (2vezes/semana) e contagem de plaquetas e enzimas hepáticas (semanalmente) • Na hipertensão gestacional, deve-se realizar também a pesquisa de proteinúria (semanal). • A ultrassonografia seriada visa diagnosticar o CIR e o Doppler da artéria umbilical, o sofrimento fetal PE Grave: • Internação hospitalar • Profilaxia de Convulsões: Sulfato de Magnésio • Estabilização Pressórica: Hidralazina venosa na crise hipertensiva (≥160/110) • Avaliação do bem estar fetal: Doppler e CTG • IG de alvo: 34 semanas • Via de parto obstétrica, uma vez garantida bem-estar fetal • aceita-se a interrupção da gravidez após 24 a 48 h de corticoide, em hospitais terciário Eclampsia e na Sind. Help: • Internação hospitalar em UTI • Profilaxia de novas convulsões: Sulfato de Magnésio • Estabilização Pressórica: Hidralazina venosa • Interrupção da gestação independente da iIG • Durante ou logo após a convulsão, deve-se evitar a lesão materna (protetor de língua e contenção física) e a aspiração de vômitos (decúbito lateral), assegurar vias respiratórias livres e suprir a oxigenação (8 a 10 l de oxigênio sob máscara). • Antes de interromper a gravidez, → estabilizar o quadro clínico por 4 a 6 h com o sulfato de magnésio • O sulfato de magnésio, para prevenir ou tratar a convulsão, só deve ser utilizado se houver decisão para o parto