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Conceito: Prova é tudo aquilo que contribui para o convencimento do juiz, ou seja, o que é levado ao seu conhecimento pelas partes, que detém a expectativa de convencê-lo acerca da realidade dos fatos inerentes ao respectivo processo. As provas são os instrumentos pelos quais se busca reconstituir um fato passado, com o intuito de trazer à tona o que realmente ocorreu em determinada situação delituosa. Art. 155. CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. PROVA CAUTELAR: forma preventiva, feita antes que seja perdida. Ex.: testemunha com risco de vida (testemunha com câncer). PROVA NÃO REPETÍVEIS: sem necessidade de repetição, técnica. Ex.: perícia de corpo. PROVA ANTECIPADA: pode ocorrer antes da instauração do inquérito policial, antes do crime acontecer. Ex.: interceptação eletrônica. JUIZ DE GARANTIAS – PROVAS ANTECIPADAS. ART. 3-B, VII, CPP Finalidade: O objetivo da prova é a “formação da convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão da causa. ” Natureza Jurídica: É de direito subjetivo. As normas referentes às provas são normas processuais, ou seja, de aplicação imediata, no qual os crimes ocorridos antes da vigência de uma nova lei poderão ser demonstrados pelos novos meios de prova. Destinatários: DIRETO E IMEDIATO: autoridade judiciária. INDIRETO OU MEDIATO: as partes, no qual quanto maior for o conteúdo probatório, maior será a probabilidade delas se convencerem e, se elas se convencerem, consequentemente aceitarão com mais tranquilidade a decisão. Princípio da Comunhão de Provas: Determina que a prova produzida passa a ser do processo, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, ou até mesmo pelo juiz de ofício. A prova nunca pertence a uma ou outra parte, mas ao juízo. Assim, pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual. Ressalta-se que não se admite que a prova tenha uma identidade subjetiva, pouco importando quem tenha sido responsável pelo seu requerimento ou produção. A ideia central do princípio encontra-se justamente na comunhão probatória, sendo aqui entendido o termo “eficácia”, como condição de gerar efeitos no caso concreto. Uma prova produzida dentro do processo passa a gerar efeitos – benéficos ou prejudiciais – para todos os sujeitos processuais diferentes somente porque um foi o responsável por sua produção e o outro não. Objeto da Prova: “Todos os fatos, principais ou secundários, que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação.” É o que de fundamental deve estar conhecido e demonstrado para viabilizar o julgamento: OBJETO DA PROVA: que se refere aos acontecimentos relevantes ao desvendamento da causa. OBJETO DE PROVA: que está relacionado ao que é pertinente provar, ou seja, aos elementos que a lei não desobriga de provar. NÃO É OBJETO DE PROVA: Direito Federal: o juiz conhece a sua existência e vigência, mas excepcionalmente pode ser exigida a demonstração probatória quanto a vigência e existência de direito estadual, municipal, costumes e estrangeiro; Fatos Notórios – “Verdade Sabida”: são de domínio de grande parte da população medianamente informada. Ex.: feriados nacionais (25 de dezembro é Natal. Fatos Axiomáticos ou Intuitivos: que se auto demonstram pela sua obviedade. Têm força probatória própria (a prova está no próprio fato). Ex.: art. 162, CPC, §ú, dispensa o exame interno cadavérico quando as lesões externas presentes no cadáver permitirem precisar a causa da morte, como decorre no caso da decapitação. Fatos Inúteis: são fatos irrelevantes para a demonstração da verdade. Ex.: é desnecessário, em certos casos, provar a cor do chão do local onde ocorreu determinado homicídio. Presunções Legais: conclusões extraídas da lei. Podendo ser: presunções absolutas (juris et de jure), nas quais dispensam a produção de prova e não admitem prova em sentido contrário ou: presunções relativas (juris tantum), sendo que estas invertem o ônus da prova, ou seja, admitem prova em sentido contrário. Ex.: presunção de violência nos crimes contra os costumes, art. 224, CP. Fatos Incontroversos: fatos alegados por uma parte e reconhecidos pela outra parte, dependem de prova, onde é preciso obedecer ao princípio da investigação oficial e da verdade material. Meios de Prova: instrumentos utilizados para produzir a prova e leva-la ao conhecimento do magistrado. Ou seja, tudo aquilo que pode ser usado, direta ou indiretamente, para demonstrar o que se alega no processo. Podem ser: PROVAS NOMINADAS: meios de produção previstos em lei, nos artigos 158 a 250 do CPP. PROVAS INOMINADAS: meios de produção não disciplinados em lei, como por exemplo, o clichê fônico (identificação de voz), filmagens e fotografias. Ambas as espécies de provas são aceitas e podem ser usadas, pois o Princípio da Verdade Real permite o uso de meios probatórios atípicos, desde que moralmente legítimos e legais (não afrontadores do próprio ordenamento). Princípios para utilização da prova: PRINCÍPIO DA VERDADE REAL OU MATERIAL: estabelece que o processo penal almeja reconstruir aquilo que realmente ocorreu quando o crime foi praticado, sendo que o juiz criminal não irá se conformar com meras ficções de verdade e, por isso, é possível utilizar vasto material probatório para demonstrar o que realmente aconteceu quando o crime foi praticado. A verdade real é importante porque no direito processual penal a sanção para o ilícito praticado é privação da liberdade do indivíduo; PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA PRODUÇÃO DA PROVA: no qual aduz que admitido às partes produzir provas nominadas e também provas inominadas, já que se está em busca da verdade real. REGRA: liberdade probatória no processo penal. EXCESSÃO: demonstração do estado civil das pessoas, onde o art. 155, CPP, §ú, preleciona que: Somente quando ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Portanto, conclui-se que devemos seguir as limitações do Código Civil, de forma que a demonstração do estado civil será feita por certidão, como por exemplo, no casamento será feita por certidão de casamento. A respeito da menoridade do réu, o Enunciado 74 do STJ determina que ela deve ser provada por documento hábil. Prova Proibidas/Vedadas/Ilegais: as provas proibidas (ou vedadas ou inadmissíveis) são gênero e têm como espécies as provas ilícitas e ilegítimas. Constituem a segunda exceção à liberdade na produção da prova (art. 5, LVI, da CF e 157 do CPP). Art. 5°, LVI, CF: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Art. 157, CPP: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Esses dispositivos não distinguem provas ilícitas de provas ilegítimas, mas tão somente considera como ilícita a prova que viola a norma constitucional ou infraconstitucional, pouco importando tratar-se de norma de direito material ou processual, englobando-se os princípios. PROVA ILÍCITAS: aquelas para cuja obtenção, violam princípios constitucionais penais ou normas de direito material, como o CP e a LPE. Ex.: a confissão obtida mediante tortura (Lei 9.455/1997); a apreensão de objetos obtidas com violação do domicílio sem mandado (art. 5°, XI, CF); interceptação telefônica sem autorização judicial (art. 5°, XII, CF); quebra de sigilo bancário sem autorização. PROVA ILEGÍTIMAS: aquelas obtidas ou introduzidas com violação de princípios constitucionais processuais ou normas de direito processual, como o CPP, a LPE. Ex.: realização do exame de corpo de delito,na falta de perito oficial, por somente uma pessoa não portadora de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, infringindo assim o art. 159, §1° do CPP; utilização no, Plenário do Júri de prova juntada nos três dias que antecedem o julgamento (art. 479, CPP); oitiva de testemunha que está proibida de depor (art. 207, CPP); inversão da ordem da oitiva das testemunhas (art. 400, CPP); justada extra temporal de documentos. O Pacote Anticrime incluiu o §5° “o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão”. Utilização das Provas Ilícitas: TEORIA DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE OU DO SACRIFÍCIO: na ponderação de bens jurídicos, o magistrado deve dar prevalência ao bem jurídico de maior importância. Logo, entre a formalidade na produção da prova e o “status libertatis do réu”, este último deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para inocentá-lo. Acerca da possibilidade de utilização da prova ilícita no processo penal, alguns doutrinadores admitem o uso da prova ilícita em favor do acusado, para demonstrar a sua inocência. Afirmam que entre o “jus puniendi estatal” e a legalidade na produção probatória, em conflito com o “status libertatis do réu”, deve-se prevalecer o bem de maior importância, que é o “status libertatis” do acusado, sendo a prova, mesmo que ilícita, utilizada em seu benefício e para obtenção da sua inocência. A prova ilícita não pode ser utilizada para demonstrar a culpa de outrem, pois seus efeitos são ilimitados à obtenção da inocência do réu. Nestor Távola (2013) – afirma que a teoria da proporcionalidade deve ser invocada para preservar os interesses do acusado, em favor da absolvição (concepção da prova ilícita utilizada “pro reo”. Outros doutrinadores admitem o uso da prova ilícita para condenar o acusado. A respeito do princípio da proporcionalidade “pro societate”: “(...) consiste na admissibilidade das provas ilícitas, quando demonstrada a prevalência do interesse público na persecução penal, a tendência atual da jurisprudência dos TS é a sua não adoção. De acordo com esse entendimento, a não admissão de mecanismos de flexibilização das garantias constitucionais tem o objetivo de preservar o núcleo irredutível de direitos individuais inerentes ao devido processo legal, mantendo a atuação do Poder Público dentro dos limites legais. As medidas excepcionais de constrição de direitos não podem, assim, ser transformadas em práticas comuns de investigação. ” Crimes Praticados por Organizações Criminosas: “(...) desde que haja prévia, fundamentada e detalhada ordem escrita da autoridade judicial competente, sendo admitida como meio de obtenção de prova, cuja previsão encontra-se no inciso V, art. 3°, da Lei n. 12.850/2013. Não havendo autorização, a prova somente será admitida em hipóteses excepcionais, por adoção ao princípio da proporcionalidade “pro societate”. TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA OU “FRUITS OF THE POISONOUS TREE” OU TEORIA DA PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO: se originou no Brasil através da jurisprudência do STF e encontra previsão no art. 157 do CPP. Essa teoria sugere que todas as provas que decorrem de uma prova ilícita também estarão contaminadas, já que a sua origem é ruim. A prova ilícita criada é reproduzida na figura de uma árvore, sendo a fonte que tem o condão de contaminar todas as provas dela decorrentes, que seriam os frutos. Logo, a ilicitude da obtenção da prova ilícita transmite- se às provas dela derivada. Ex.: interceptação telefônica sem autorização judicial (art. 1° da Lei 9.296/96), no qual se ouve que na respectiva casa do interceptado há uma quantidade de entorpecentes, com base nisso, requer o mandado de busca e apreensão, mesmo sendo licita essa última, será considerada prova ilícita derivada, pelo nexo de causalidade (art. 157, §1°, CPP). Segundo dispõe o art. 157, §3° do CPP, as provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos do processo e preclusa a decisão de desentranhamento, haverá a destruição da prova na presença facultativa das partes. Nestor Távola (2013) – “se a contaminação probatória for ampla, faltará verdadeira justa causa para a deflagração da ação penal, de sorte que a inicial acusatória deve ser rejeitada caso os elementos informadores sejam contaminados pela extensão da prova ilícita, com arrimo no art. 395 em nova redação dada pela Lei n° 11.719/08”. Para que haja contaminação da prova pela ilicitude do meio de obtenção, todavia, é necessário que haja inequívoco nexo de causalidade entre ela e a ação ilegal, ou seja, é preciso constatar que a ação ilícita foi conditio sine qua non do alcance da prova. Por esse motivo, não será impregnada pela ilicitude a evidencia obtida por meio de fonte independente (art. 157, §1°, CPP). LIMITAÇÃO À PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO – EXCLUSIONARY RULES TEORIA DA PROVA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE OU LIMITAÇÃO DA FONTE INDEPENDENTE: (art. 157, §1°, primeira parte, CPP): estabelece que: “São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas ou outras (...)”. Com isso, não havendo nexo de causalidade (relação de dependência) entre a prova ilícita e as demais provas que decorrem da ilícita, não havendo contaminação. O processo será aproveitado se houver outras provas validas absolutamente independentes da prova ilícita, cabendo ao juiz deferir os limites de interdependência da prova. CASO: Bynum x US (1960): ocorreu uma prisão ilegal, posteriormente foram colhidas as impressões digitais e comparadas as presentes no local do crime, vindo a serem confirmadas. A Suprema Corte decidiu por não utilizar, entretanto, o FBI havia sob sua pose as impressões do acusado em planilhas datiloscópicas, oriundas de situações anteriores envolvendo o suspeito. Logo, estas, por serem independentes, puderam servir de provas. TEORIA DA DESCOBERTA INEVITÁVEL OU DO CURSO HIPOTÉTICO DE INVESTIGAÇÃO OU “INEVITABLE DISCOVERY” (art. 157, §1°, parte final, §2° e §3° do CPP): aduz que as provas que decorrem de uma prova ilícita não necessariamente estarão contaminadas e serão aproveitadas se ficar demonstrado que elas inevitavelmente seriam descobertas de outra maneira, por uma outra fonte autônoma e por meio válido. EXEMPLO: não se deve reconhecer como ilícita as declarações de testemunha que foi descoberta mediante interceptação telefônica sem autorização judicial, se esta pessoa foi indicada por várias outras como testemunha do fato, também, não deve ser declarada a ilicitude de confissão obtida mediante tortura, quando inevitavelmente se chegaria ao autor do homicídio em razão de impressões digitais do mesmo no local do crime. Nesse caso existe liame entre a prova ilícita e as demais, mas ele não é decisivo e cabe ao juiz definir se existia a inevitabilidade da descoberta, ou seja, se a prova derivada poderia ser descoberta de uma outra forma. CASO: Nix x Williams-Williams (EUA, 1984): acusado pela morte de um menino de 10 anos, disse onde estava o corpo do menino, entretanto, foi sem ter sido informado do seu direito ao silêncio nem tampouco tinha advogado. A prova seria ilícita, porém, haviam vários voluntários fazendo buscas na área, onde possivelmente estaria o corpo. Logo, estavam no primeiro lote realizando as buscas, era questão de tempo para encontrarem o corpo. A informação só os deslocou ao lote 3, fazendo com que a busca findasse de forma mais breve. TEORIA DA SERENDIPIDADE OU ENCONTRO FORTUITO: trata-se do encontro de provas relativas a fato delituoso diverso daquele que é objeto das investigações inicialmente. Em diversas situações, acontece de ser deferida, pelo juiz, interceptação telefônico, com o objetivo de apurar infração penal relativamente a certo investigado, mas que, no curso da escuta telefônica, acaba a autoridade policialtendo ciência de prova ou fonte de prova relativa a delito diverso, atribuído ao mesmo investigado ou, ainda, a outra pessoa. SERENDIPIDADE DE PRIMEIRO GRAU: a prova obtida fortuitamente será válida, quando houver relação de conexão ou continência; houver a comunicação imediata para a autoridade judicial da revelação de fato delituoso diverso ou de outra pessoa envolvida em regime de coautoria; o juiz aferir que o fato descoberto ou a participação de coautor segue o desdobramento histórico do ilícito penal investigado. SERENDIPIDADE DE SEGUNDO GRAU: a prova obtida não será válida, mas será fonte de prova, ou seja, considerada “notitia criminis” (notícia do crime), sendo suficiente para deflagrar outra investigação preliminar com objeto distinto, nas seguintes hipóteses: reveladora de crime diverso daquele objeto da investigação; crime foi cometido por pessoa diversa da investigada; o juiz verificar que o fato diverso descoberto não seguiu o desdobramento histórico do ilícito penal investigado; quando as conversas entre o investigado e seu advogado, se a comunicação envolver estritamente relação profissional. Vale ressaltar que as provas colhidas acidentalmente (serendipidade) são aceitas pela jurisprudência do STJ, e, inclusive, a colheita acidental de provas, mesmo quando não há conexão entre os crimes, tem sido admitida em julgamentos mais recentes. TEORIA DA EXCLUSÃO DA ILICITUDE DA PROVA: a prova, aparentemente ilícita, deve ser reputada como licita quando a conduta do agente na sua captação está amparada pelo direito (excludentes de ilicitude). EXEMPLO: caso o réu tenha que violar o domicílio de outrem, sendo tal conduta tipificada como crime nos termos do art. 150, CP, para produzir prova fundamental em favor de sua inocência, esta prova será tida como válida, pois o mesmo agiu em estado de necessidade (art. 24, CP) ao suprimir bem jurídico alheio (tutela domiciliar) para salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em face de um perigo atual (existência de persecução penal), ao qual não deu causa, e cujo sacrifício não era razoável exigir. Sistema de Valoração de Provas: “O sistema de provas é o critério utilizado pelo juiz para valorar as provas dos autos, alcançando a verdade histórica do processo”. São quatro principais sistemas: SISTEMA DAS PROVAS IRRACIONAIS (OU SISTEMA ORDÁLIO): característico do Direito Visigótico, entregava- se a decisão acerca da veracidade dos fatos a um ser sobrenatural. Uma das partes (ordálio unilateral) ou ambas (ordálio bilateral) eram submetidas a uma prova e, de acordo com o resultado, decidia-se o conflito. EXEMPLO: submissão do acusado à prova do ferro em brasa, que devia ser seguro sem produzir queimadura; deixarem as partes com os braços estendidos, perdendo a questão aquela que primeiro os deixassem cair. INQUISIÇÃO DAS BRUXAS. SISTEMA DA VERDADE LEGAL OU FORMAL, OU DA PROVA TARIFADA OU DA CERTEZA MORAL DO LEGISLADOR: Nesta modalidade, existem determinados valores para cada tipo de prova, estabelecidos por lei, sendo que cabe ao juiz simplesmente obedecê-las. Conforme estabelece Fernando Capez, a lei impõe ao julgador o rigoroso acatamento a regras preestabelecidas e não deixa para o mesmo qualquer margem de discricionariedade. Não há convicção pessoal do magistrado na valoração do contexto probatório, mas obediência estrita ao sistema de pesos e valores impostos pela lei. Desse sistema se origina o absurdo brocardo testis anus, testis nullus, pelo qual o depoimento de uma só testemunha, por mais detalhado e verossímil que seja, não tem qualquer valor. BRASIL: vigora como exceção, em casos como o art. 158, CPP, onde os crimes que deixarem vestígios necessitam de realização de exame de corpo de delito para demonstrar a materialidade da infração, sendo que nem a confissão do réu supre a falta do exame de corpo de delito, estando o juiz limitando à prova pericial, e do art. 155, §ú, CPP ( o estado de pessoas somente é provado mediante certidão, não se admitindo a prova testemunhal) ou, ainda, a exigência de certidão de óbito para que se possa declarar a extinção da punibilidade em razão da morte do réu (art. 62, CPP). SISTEMA DA INTIMA CONVICÇÃO DO JUIZ OU CERTEZA MORAL DO JUIZ: O magistrado tem a possibilidade de avaliar a prova com liberdade sendo que não possui obrigação de fundamentar a decisão. BRASIL: tal sistema é adotado apenas em relação ao Tribunal do Júri, tendo em vista que o jurado não precisa fundamentar a sua escolha, conforme preceitua o art. 5º, XXXVIII, b, CF. SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO OU DA PERSUASÃO RACIONAL: sistema de valoração de provas aderido pelo Brasil, nos termos do art. 93, IX, CF c/c art. 155, CPP, sendo calçado ainda na ideia de que o julgador possui plena liberdade de decidir, contudo, estritamente de acordo com o trazido aos autos pelas partes e com a devida fundamentação de sua decisão. Cabe ressaltar que os elementos informativos produzidos em fase policial, ou seja, pré-processual, não podem ser considerados, única e isoladamente, para fundamentar uma sentença condenatória, contudo, não são simplesmente menosprezados, servindo como elementos na formação da convicção do julgador, conforme expõe o art. 155, CPP. Não há hierarquia entre as provas, cabendo ao magistrado imprimir na decisão o grau de importância das provas que lhe são apresentadas. Explicita Fernando Capez, que esse sistema atende as exigências da busca da verdade real, rejeitando o formalismo exacerbado, e impede o absolutismo pleno do julgador, gerador do arbítrio, na medida em que exige fundamentação da decisão. OBSERVAÇÃO: Assim, a prova obtida na fase investigativa, para servir de base à decisão, deverá, necessariamente, ser corroborada por elemento de convicção colhido em juízo, salvo se cuidar de prova antecipada, não repetível ou cautelar, hipóteses em que a restrição em questão não se aplica. De ver-se que a lei não faz distinção em torno dessa regra. Nesse contexto, se o juiz está impedido, por um lado, de atribuir a autoria de determinada infração a um acusado contra quem haja, por exemplo, simples confissão extrajudicial, não poderá, de igual modo, reconhecer a existência de álibi ou de causa de exclusão de ilicitude com base em material cognitivo não confirmado em juízo. Ônus da Prova: Consiste na incumbência que recai sobra a parte de provar a veracidade do fato alegado, ou seja, define quem deverá provar ser o agente culpado ou inocente. Segundo Renato Brasileiro de Lima, há duas correntes acerca da distribuição do ônus da prova: a corrente minoritária aponta que, no processo penal, o ônus da prova é exclusivo da acusação; a corrente majoritária distribui o ônus da prova entre a acusação e a defesa no processo penal. No tocante ao ônus da acusação, estará condicionada a prova tanto a existência do fato típico quanto a autoria ou participação do acusado neste e, ainda, o nexo causal (a relação do resultado ocorrido com a conduta praticada). Do mesmo modo, deverá demonstrar os elementos subjetivos, quais sejam, o dolo ou a culpa, que serão comprovados a partir da análise dos elementos no caso concreto. A respeito da primeira corrente, tem-se que o art. 386, II, V e VII, CPP, aduz que a debilidade probatória da acusação em demonstrar os elementos que caracterizam o crime implica na absolvição do réu. A defesa, por sua vez, está encarregada de provar fatos modificativos, impeditivos, extintivos e até um eventual álibi. Entretanto, no tocante à corrente minoritária supracitada, Nestor Távola defende que, na verdade, a defesa não possui ônus probatório, tendo em vista que, se a acusação não obtiver êxito ao provar suas alegações, ao final do processo, em caso de dúvida, o réu deverá ser absolvido, em atenção ao princípio da presunção da inocência. Neste sentido, o ônus da prova deve ser analisado sob a ótica doprincípio citado e, portanto, a defesa ficaria inerte durante todo o processo, sendo que, ao final em caso de dúvida, o juiz deve absolver o acusado (In dubio pro reo). O princípio nemo tenetur se detegere significa que qualquer pessoa acusada da prática de um ilícito penal tem direito ao silêncio e a não produzir provas em seu desfavor. Papel do Magistrado: O juiz no processo penal, não possui o ônus probatório, pois é inerte às partes a atribuição de provar, tendo em vista que deve se manter imparcial e inerte frente ao processo, seguindo os ditames do princípio da inércia processual. ART. 156. CPP: a prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém facultado ao juiz de oficio: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir a sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. . A atividade do magistrado na determinação da prova é complementar, não podendo o mesmo construir todas as provas que são levadas aos autos, sob pena de incorrer em impedimento (art. 254, CPP) ou suspeição (art. 252, CPP). A determinação da prova “ex officio pelo juiz” é permitida pelo princípio da busca da verdade real, que busca revelar o que realmente aconteceu quando da ocorrência do delito. Mas a constitucionalidade do art. 156, CPP é questionada por parcela da doutrina, que afirma que o mesmo infringe o sistema acusatório adotado no ordenamento jurídico brasileiro e é incompatível com o princípio da imparcialidade. EXEMPLO: depoimento de uma testemunha ouvida no processo “A” poderá ser extraída cópia, desde que preenchidos os requisitos, que será juntada ao processo “B”, de forma documentada, ou seja, por certidão. - se refere à prova testemunhal, porém, nada impede que o fenômeno tenha aplicabilidade em outras espécies de provas. Classificação das provas Prova Emprestada (ou translada) Possibilidade de utilização em um processo de prova que foi inicialmente produzida em outro, sendo o transporte da prova entre os processos feitos por meio de certidão. “A eficiência da instrução criminal e a colaboração da justiça levam à admissibilidade do empréstimo probatório. Compartilhar provas entre processos pode ser de grande utilidade, mas não pode se tornar um expediente de comodidade. Havendo justificativa plausível, o empréstimo será oportunizado. Pode ser patrocinado o empréstimo probatório até mesmo de um processo civil a um criminal”. Prevalece na doutrina pátria que a utilização da prova emprestada só tem cabimento se aquele contra quem ela for utilizada tiver participado do processo onde foi produzida originalmente, em respeito ao princípio do contraditório. A prova produzida no processo no qual o acusado não tenha participado, nada mais é do que mera prova documental, e não prova emprestada. REQUISITOS: Mesmas partes; Mesmo fato probatório; Contraditório no processo emprestante; Respeito à formalidade da produção probatória do processo emprestante. Ainda que a transferência seja feita por meio de certidão, a prova emprestada não perde o valor da prova originalmente produzida, apesar da forma documental, permanecendo inalterado o valor probante da sua essência. Isso significa que muito embora o depoimento da testemunha seja trazido ao segundo processo por uma certidão extraída do processo original, seu valor probatório sempre será o de prova testemunhal. 3 peritos, art. 159, CPP Oficial: quadro de servidores; Não Oficial: nomeado pelo juiz (nomeia 2); Assistente: profissional indicado por uma das partes.
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