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Teoria Geral da Prova

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Conceito: Prova é tudo aquilo que contribui 
para o convencimento do juiz, ou seja, o que 
é levado ao seu conhecimento pelas partes, 
que detém a expectativa de convencê-lo 
acerca da realidade dos fatos inerentes ao 
respectivo processo. As provas são os 
instrumentos pelos quais se busca reconstituir 
um fato passado, com o intuito de trazer à 
tona o que realmente ocorreu em 
determinada situação delituosa. 
 
Art. 155. CPP: O juiz formará sua 
convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
 
PROVA CAUTELAR: forma 
preventiva, feita antes que seja perdida. Ex.: 
testemunha com risco de vida (testemunha 
com câncer). 
PROVA NÃO REPETÍVEIS: sem 
necessidade de repetição, técnica. Ex.: perícia 
de corpo. 
PROVA ANTECIPADA: pode 
ocorrer antes da instauração do inquérito 
policial, antes do crime acontecer. Ex.: 
interceptação eletrônica. 
JUIZ DE GARANTIAS – PROVAS 
ANTECIPADAS. 
ART. 3-B, VII, CPP 
 
 
 
Finalidade: O objetivo da prova é a 
“formação da convicção do juiz sobre os 
elementos necessários para a decisão da 
causa. ” 
 
Natureza Jurídica: É de direito 
subjetivo. As normas referentes às provas são 
normas processuais, ou seja, de aplicação 
imediata, no qual os crimes ocorridos antes da 
vigência de uma nova lei poderão ser 
demonstrados pelos novos meios de prova. 
 
Destinatários: 
DIRETO E IMEDIATO: 
autoridade judiciária. 
INDIRETO OU MEDIATO: as 
partes, no qual quanto maior for o conteúdo 
probatório, maior será a probabilidade delas se 
convencerem e, se elas se convencerem, 
consequentemente aceitarão com mais 
tranquilidade a decisão. 
Princípio da Comunhão de Provas: 
Determina que a prova produzida passa a ser 
do processo, ainda que produzida por iniciativa 
de uma das partes, ou até mesmo pelo juiz de 
ofício. A prova nunca pertence a uma ou outra 
parte, mas ao juízo. Assim, pode ser utilizada 
por todos os participantes da relação 
processual. 
Ressalta-se que não se admite que a prova 
tenha uma identidade subjetiva, pouco 
importando quem tenha sido responsável pelo 
seu requerimento ou produção. 
A ideia central do princípio encontra-se 
justamente na comunhão probatória, sendo 
aqui entendido o termo “eficácia”, como 
condição de gerar efeitos no caso concreto. 
Uma prova produzida dentro do processo 
passa a gerar efeitos – benéficos ou 
prejudiciais – para todos os sujeitos 
processuais diferentes somente porque um foi 
o responsável por sua produção e o outro não. 
 
Objeto da Prova: “Todos os fatos, 
principais ou secundários, que reclamem uma 
apreciação judicial e exijam uma 
comprovação.” É o que de fundamental deve 
estar conhecido e demonstrado para viabilizar 
o julgamento: 
 
OBJETO DA PROVA: que se 
refere aos acontecimentos relevantes ao 
desvendamento da causa. 
OBJETO DE PROVA: que está 
relacionado ao que é pertinente provar, ou 
seja, aos elementos que a lei não desobriga de 
provar. 
 
NÃO É OBJETO DE PROVA: 
 
Direito Federal: o juiz conhece a sua 
existência e vigência, mas excepcionalmente pode ser 
exigida a demonstração probatória quanto a vigência e 
existência de direito estadual, municipal, costumes e 
estrangeiro; 
Fatos Notórios – “Verdade Sabida”: são de 
domínio de grande parte da população medianamente 
informada. Ex.: feriados nacionais (25 de dezembro é 
Natal. 
Fatos Axiomáticos ou Intuitivos: que se 
auto demonstram pela sua obviedade. Têm força 
probatória própria (a prova está no próprio fato). Ex.: 
art. 162, CPC, §ú, dispensa o exame interno cadavérico 
quando as lesões externas presentes no cadáver 
permitirem precisar a causa da morte, como decorre 
no caso da decapitação. 
Fatos Inúteis: são fatos irrelevantes para a 
demonstração da verdade. Ex.: é desnecessário, em 
certos casos, provar a cor do chão do local onde 
ocorreu determinado homicídio. 
Presunções Legais: conclusões extraídas 
da lei. Podendo ser: presunções absolutas (juris et de 
jure), nas quais dispensam a produção de prova e não 
admitem prova em sentido contrário ou: presunções 
relativas (juris tantum), sendo que estas invertem o 
ônus da prova, ou seja, admitem prova em sentido 
contrário. Ex.: presunção de violência nos crimes 
contra os costumes, art. 224, CP. 
Fatos Incontroversos: fatos alegados por 
uma parte e reconhecidos pela outra parte, dependem 
de prova, onde é preciso obedecer ao princípio da 
investigação oficial e da verdade material. 
Meios de Prova: instrumentos 
utilizados para produzir a prova e leva-la ao 
conhecimento do magistrado. Ou seja, tudo 
aquilo que pode ser usado, direta ou 
indiretamente, para demonstrar o que se alega 
no processo. Podem ser: 
PROVAS NOMINADAS: meios 
de produção previstos em lei, nos artigos 158 
a 250 do CPP. 
PROVAS INOMINADAS: meios 
de produção não disciplinados em lei, como 
por exemplo, o clichê fônico (identificação de 
voz), filmagens e fotografias. 
Ambas as espécies de provas são 
aceitas e podem ser usadas, pois o Princípio da 
Verdade Real permite o uso de meios 
probatórios atípicos, desde que moralmente 
legítimos e legais (não afrontadores do próprio 
ordenamento). 
Princípios para utilização da prova: 
PRINCÍPIO DA VERDADE REAL 
OU MATERIAL: estabelece que o processo 
penal almeja reconstruir aquilo que realmente 
ocorreu quando o crime foi praticado, sendo 
que o juiz criminal não irá se conformar com 
meras ficções de verdade e, por isso, é 
possível utilizar vasto material probatório para 
demonstrar o que realmente aconteceu 
quando o crime foi praticado. A verdade real é 
importante porque no direito processual penal 
a sanção para o ilícito praticado é privação da 
liberdade do indivíduo; 
PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA 
PRODUÇÃO DA PROVA: no qual aduz que 
admitido às partes produzir provas nominadas 
e também provas inominadas, já que se está 
em busca da verdade real. 
REGRA: liberdade probatória no 
processo penal. 
EXCESSÃO: demonstração do estado 
civil das pessoas, onde o art. 155, CPP, §ú, 
preleciona que: Somente quando ao estado 
das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. Portanto, conclui-se 
que devemos seguir as limitações do Código 
Civil, de forma que a demonstração do estado 
civil será feita por certidão, como por exemplo, 
no casamento será feita por certidão de 
casamento. A respeito da menoridade do réu, 
o Enunciado 74 do STJ determina que ela 
deve ser provada por documento hábil. 
Prova Proibidas/Vedadas/Ilegais: as 
provas proibidas (ou vedadas ou inadmissíveis) 
são gênero e têm como espécies as provas 
ilícitas e ilegítimas. Constituem a segunda 
exceção à liberdade na produção da prova (art. 
5, LVI, da CF e 157 do CPP). 
Art. 5°, LVI, CF: São inadmissíveis, no 
processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos. 
Art. 157, CPP: São inadmissíveis, 
devendo ser desentranhadas do 
processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a 
normas constitucionais ou legais. 
 
Esses dispositivos não distinguem 
provas ilícitas de provas ilegítimas, mas 
tão somente considera como ilícita a prova 
que viola a norma constitucional ou 
infraconstitucional, pouco importando tratar-se 
de norma de direito material ou processual, 
englobando-se os princípios. 
PROVA ILÍCITAS: aquelas para 
cuja obtenção, violam princípios constitucionais 
penais ou normas de direito material, como o 
CP e a LPE. Ex.: a confissão obtida mediante 
tortura (Lei 9.455/1997); a apreensão de 
objetos obtidas com violação do domicílio sem 
mandado (art. 5°, XI, CF); interceptação 
telefônica sem autorização judicial (art. 5°, XII, 
CF); quebra de sigilo bancário sem autorização. 
PROVA ILEGÍTIMAS: aquelas 
obtidas ou introduzidas com violação de 
princípios constitucionais processuais ou 
normas de direito processual, como o CPP, a 
LPE. Ex.: realização do exame de corpo de 
delito,na falta de perito oficial, por somente 
uma pessoa não portadora de diploma de 
curso superior preferencialmente na área 
especifica, infringindo assim o art. 159, §1° do 
CPP; utilização no, Plenário do Júri de prova 
juntada nos três dias que antecedem o 
julgamento (art. 479, CPP); oitiva de 
testemunha que está proibida de depor (art. 
207, CPP); inversão da ordem da oitiva das 
testemunhas (art. 400, CPP); justada extra 
temporal de documentos. 
O Pacote Anticrime incluiu o §5° “o 
juiz que conhecer do conteúdo da 
prova declarada inadmissível não poderá 
proferir a sentença ou acórdão”. 
Utilização das Provas Ilícitas: 
TEORIA DA 
PROPORCIONALIDADE OU 
RAZOABILIDADE OU DO SACRIFÍCIO: na 
ponderação de bens jurídicos, o magistrado 
deve dar prevalência ao bem jurídico de maior 
importância. Logo, entre a formalidade na 
produção da prova e o “status libertatis do 
réu”, este último deve prevalecer, sendo a 
prova ilícita utilizada para inocentá-lo. Acerca da 
possibilidade de utilização da prova ilícita no 
processo penal, alguns doutrinadores admitem 
o uso da prova ilícita em favor do acusado, para 
demonstrar a sua inocência. Afirmam que 
entre o “jus puniendi estatal” e a legalidade na 
produção probatória, em conflito com o “status 
libertatis do réu”, deve-se prevalecer o bem de 
maior importância, que é o “status libertatis” do 
acusado, sendo a prova, mesmo que ilícita, 
utilizada em seu benefício e para obtenção da 
sua inocência. 
A prova ilícita não pode ser utilizada 
para demonstrar a culpa de outrem, 
pois seus efeitos são ilimitados à obtenção da 
inocência do réu. 
Nestor Távola (2013) – afirma que a 
teoria da proporcionalidade deve ser invocada 
para preservar os interesses do acusado, em 
favor da absolvição (concepção da prova ilícita 
utilizada “pro reo”. 
Outros doutrinadores admitem o uso 
da prova ilícita para condenar o acusado. A 
respeito do princípio da proporcionalidade “pro 
societate”: “(...) consiste na admissibilidade das 
provas ilícitas, quando demonstrada a 
prevalência do interesse público na 
persecução penal, a tendência atual da 
jurisprudência dos TS é a sua não adoção. De 
acordo com esse entendimento, a não 
admissão de mecanismos de flexibilização das 
garantias constitucionais tem o objetivo de 
preservar o núcleo irredutível de direitos 
individuais inerentes ao devido processo legal, 
mantendo a atuação do Poder Público dentro 
dos limites legais. As medidas excepcionais de 
constrição de direitos não podem, assim, ser 
transformadas em práticas comuns de 
investigação. ” 
Crimes Praticados por Organizações 
Criminosas: “(...) desde que haja prévia, 
fundamentada e detalhada ordem escrita da 
autoridade judicial competente, sendo admitida 
como meio de obtenção de prova, cuja 
previsão encontra-se no inciso V, art. 3°, da Lei 
n. 12.850/2013. Não havendo autorização, a 
prova somente será admitida em hipóteses 
excepcionais, por adoção ao princípio da 
proporcionalidade “pro societate”. 
TEORIA DOS FRUTOS DA 
ÁRVORE ENVENENADA OU “FRUITS OF 
THE POISONOUS TREE” OU TEORIA DA 
PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO: se 
originou no Brasil através da jurisprudência do 
STF e encontra previsão no art. 157 do CPP. 
Essa teoria sugere que todas as provas que 
decorrem de uma prova ilícita também estarão 
contaminadas, já que a sua origem é ruim. A 
prova ilícita criada é reproduzida na figura de 
uma árvore, sendo a fonte que tem o condão 
de contaminar todas as provas dela 
decorrentes, que seriam os frutos. Logo, a 
ilicitude da obtenção da prova ilícita transmite-
se às provas dela derivada. Ex.: interceptação 
telefônica sem autorização judicial (art. 1° da Lei 
9.296/96), no qual se ouve que na respectiva 
casa do interceptado há uma quantidade de 
entorpecentes, com base nisso, requer o 
mandado de busca e apreensão, mesmo 
sendo licita essa última, será considerada prova 
ilícita derivada, pelo nexo de causalidade (art. 
157, §1°, CPP). Segundo dispõe o art. 157, §3° do 
CPP, as provas ilícitas devem ser 
desentranhadas dos autos do processo e 
preclusa a decisão de desentranhamento, 
haverá a destruição da prova na presença 
facultativa das partes. 
Nestor Távola (2013) – “se a 
contaminação probatória for ampla, faltará 
verdadeira justa causa para a deflagração da 
ação penal, de sorte que a inicial acusatória 
deve ser rejeitada caso os elementos 
informadores sejam contaminados pela 
extensão da prova ilícita, com arrimo no art. 
395 em nova redação dada pela Lei n° 
11.719/08”. Para que haja contaminação da prova 
pela ilicitude do meio de obtenção, todavia, é 
necessário que haja inequívoco nexo de 
causalidade entre ela e a ação ilegal, ou seja, é 
preciso constatar que a ação ilícita foi conditio 
sine qua non do alcance da prova. Por esse 
motivo, não será impregnada pela ilicitude a 
evidencia obtida por meio de fonte 
independente (art. 157, §1°, CPP). 
LIMITAÇÃO À PROVA ILÍCITA POR 
DERIVAÇÃO – EXCLUSIONARY RULES 
TEORIA DA PROVA 
ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE 
OU LIMITAÇÃO DA FONTE 
INDEPENDENTE: (art. 157, §1°, primeira parte, 
CPP): estabelece que: “São também 
inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, 
salvo quando não evidenciado o nexo de 
causalidade entre umas ou outras (...)”. Com isso, 
não havendo nexo de causalidade (relação de 
dependência) entre a prova ilícita e as demais 
provas que decorrem da ilícita, não havendo 
contaminação. O processo será aproveitado se 
houver outras provas validas absolutamente 
independentes da prova ilícita, cabendo ao juiz 
deferir os limites de interdependência da prova. 
CASO: Bynum x US (1960): ocorreu uma prisão 
ilegal, posteriormente foram colhidas as 
impressões digitais e comparadas as presentes 
no local do crime, vindo a serem confirmadas. 
A Suprema Corte decidiu por não utilizar, 
entretanto, o FBI havia sob sua pose as 
impressões do acusado em planilhas 
datiloscópicas, oriundas de situações anteriores 
envolvendo o suspeito. Logo, estas, por serem 
independentes, puderam servir de provas. 
TEORIA DA DESCOBERTA 
INEVITÁVEL OU DO CURSO 
HIPOTÉTICO DE INVESTIGAÇÃO OU 
“INEVITABLE DISCOVERY” (art. 157, §1°, 
parte final, §2° e §3° do CPP): aduz que as 
provas que decorrem de uma prova ilícita não 
necessariamente estarão contaminadas e 
serão aproveitadas se ficar demonstrado que 
elas inevitavelmente seriam descobertas de 
outra maneira, por uma outra fonte autônoma 
e por meio válido. 
EXEMPLO: não se deve reconhecer como 
ilícita as declarações de testemunha que foi 
descoberta mediante interceptação telefônica 
sem autorização judicial, se esta pessoa foi 
indicada por várias outras como testemunha 
do fato, também, não deve ser declarada a 
ilicitude de confissão obtida mediante tortura, 
quando inevitavelmente se chegaria ao autor 
do homicídio em razão de impressões digitais 
do mesmo no local do crime. 
Nesse caso existe liame entre a 
prova ilícita e as demais, mas ele não é decisivo 
e cabe ao juiz definir se existia a inevitabilidade 
da descoberta, ou seja, se a prova derivada 
poderia ser descoberta de uma outra forma. 
CASO: Nix x Williams-Williams (EUA, 1984): 
acusado pela morte de um menino de 10 anos, 
disse onde estava o corpo do menino, 
entretanto, foi sem ter sido informado do seu 
direito ao silêncio nem tampouco tinha 
advogado. A prova seria ilícita, porém, haviam 
vários voluntários fazendo buscas na área, 
onde possivelmente estaria o corpo. Logo, 
estavam no primeiro lote realizando as buscas, 
era questão de tempo para encontrarem o 
corpo. A informação só os deslocou ao lote 3, 
fazendo com que a busca findasse de forma 
mais breve. 
TEORIA DA SERENDIPIDADE OU 
ENCONTRO FORTUITO: trata-se do 
encontro de provas relativas a fato delituoso 
diverso daquele que é objeto das investigações 
inicialmente. Em diversas situações, acontece 
de ser deferida, pelo juiz, interceptação 
telefônico, com o objetivo de apurar infração 
penal relativamente a certo investigado, mas 
que, no curso da escuta telefônica, acaba a 
autoridade policialtendo ciência de prova ou 
fonte de prova relativa a delito diverso, 
atribuído ao mesmo investigado ou, ainda, a 
outra pessoa. 
SERENDIPIDADE DE PRIMEIRO GRAU: 
a prova obtida fortuitamente será válida, 
quando houver relação de conexão ou 
continência; houver a comunicação imediata 
para a autoridade judicial da revelação de fato 
delituoso diverso ou de outra pessoa envolvida 
em regime de coautoria; o juiz aferir que o 
fato descoberto ou a participação de coautor 
segue o desdobramento histórico do ilícito 
penal investigado. 
SERENDIPIDADE DE SEGUNDO GRAU: 
a prova obtida não será válida, mas será fonte 
de prova, ou seja, considerada “notitia criminis” 
(notícia do crime), sendo suficiente para 
deflagrar outra investigação preliminar com 
objeto distinto, nas seguintes hipóteses: 
reveladora de crime diverso daquele objeto da 
investigação; crime foi cometido por pessoa 
diversa da investigada; o juiz verificar que o 
fato diverso descoberto não seguiu o 
desdobramento histórico do ilícito penal 
investigado; quando as conversas entre o 
investigado e seu advogado, se a comunicação 
envolver estritamente relação profissional. Vale 
ressaltar que as provas colhidas acidentalmente 
(serendipidade) são aceitas pela jurisprudência 
do STJ, e, inclusive, a colheita acidental de 
provas, mesmo quando não há conexão entre 
os crimes, tem sido admitida em julgamentos 
mais recentes. 
TEORIA DA EXCLUSÃO DA 
ILICITUDE DA PROVA: a prova, 
aparentemente ilícita, deve ser reputada como 
licita quando a conduta do agente na sua 
captação está amparada pelo direito 
(excludentes de ilicitude). 
EXEMPLO: caso o réu tenha que violar o 
domicílio de outrem, sendo tal conduta 
tipificada como crime nos termos do art. 150, 
CP, para produzir prova fundamental em favor 
de sua inocência, esta prova será tida como 
válida, pois o mesmo agiu em estado de 
necessidade (art. 24, CP) ao suprimir bem 
jurídico alheio (tutela domiciliar) para 
salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em 
face de um perigo atual (existência de 
persecução penal), ao qual não deu causa, e 
cujo sacrifício não era razoável exigir. 
 
Sistema de Valoração de 
Provas: 
“O sistema de provas é o critério 
utilizado pelo juiz para valorar as provas dos 
autos, alcançando a verdade histórica do 
processo”. São quatro principais sistemas: 
SISTEMA DAS PROVAS 
IRRACIONAIS (OU SISTEMA ORDÁLIO): 
característico do Direito Visigótico, entregava-
se a decisão acerca da veracidade dos fatos a 
um ser sobrenatural. Uma das partes (ordálio 
unilateral) ou ambas (ordálio bilateral) eram 
submetidas a uma prova e, de acordo com o 
resultado, decidia-se o conflito. 
EXEMPLO: submissão do acusado à prova do 
ferro em brasa, que devia ser seguro sem 
produzir queimadura; deixarem as partes com 
os braços estendidos, perdendo a questão 
aquela que primeiro os deixassem cair. 
INQUISIÇÃO DAS BRUXAS. 
SISTEMA DA VERDADE 
LEGAL OU FORMAL, OU DA PROVA 
TARIFADA OU DA CERTEZA MORAL 
DO LEGISLADOR: Nesta modalidade, 
existem determinados valores para cada tipo 
de prova, estabelecidos por lei, sendo que cabe 
ao juiz simplesmente obedecê-las. Conforme 
estabelece Fernando Capez, a lei impõe ao 
julgador o rigoroso acatamento a regras 
preestabelecidas e não deixa para o mesmo 
qualquer margem de discricionariedade. Não há 
convicção pessoal do magistrado na valoração 
do contexto probatório, mas obediência estrita 
ao sistema de pesos e valores impostos pela 
lei. Desse sistema se origina o absurdo 
brocardo testis anus, testis nullus, pelo qual o 
depoimento de uma só testemunha, por mais 
detalhado e verossímil que seja, não tem 
qualquer valor. 
BRASIL: vigora como exceção, em casos 
como o art. 158, CPP, onde os crimes que 
deixarem vestígios necessitam de realização 
de exame de corpo de delito para demonstrar 
a materialidade da infração, sendo que nem a 
confissão do réu supre a falta do exame de 
corpo de delito, estando o juiz limitando à 
prova pericial, e do art. 155, §ú, CPP ( o estado 
de pessoas somente é provado mediante 
certidão, não se admitindo a prova 
testemunhal) ou, ainda, a exigência de certidão 
de óbito para que se possa declarar a extinção 
da punibilidade em razão da morte do réu (art. 
62, CPP). 
SISTEMA DA INTIMA 
CONVICÇÃO DO JUIZ OU CERTEZA 
MORAL DO JUIZ: O magistrado tem a 
possibilidade de avaliar a prova com liberdade 
sendo que não possui obrigação de 
fundamentar a decisão. 
BRASIL: tal sistema é adotado apenas em 
relação ao Tribunal do Júri, tendo em vista que 
o jurado não precisa fundamentar a sua 
escolha, conforme preceitua o art. 5º, XXXVIII, 
b, CF. 
SISTEMA DO LIVRE 
CONVENCIMENTO MOTIVADO OU DA 
PERSUASÃO RACIONAL: sistema de 
valoração de provas aderido pelo Brasil, nos 
termos do art. 93, IX, CF c/c art. 155, CPP, 
sendo calçado ainda na ideia de que o julgador 
possui plena liberdade de decidir, contudo, 
estritamente de acordo com o trazido aos 
autos pelas partes e com a devida 
fundamentação de sua decisão. Cabe ressaltar 
que os elementos informativos produzidos em 
fase policial, ou seja, pré-processual, não 
podem ser considerados, única e isoladamente, 
para fundamentar uma sentença condenatória, 
contudo, não são simplesmente 
menosprezados, servindo como elementos na 
formação da convicção do julgador, conforme 
expõe o art. 155, CPP. 
Não há hierarquia entre as provas, 
cabendo ao magistrado imprimir na decisão o 
grau de importância das provas que lhe são 
apresentadas. Explicita Fernando Capez, que 
esse sistema atende as exigências da busca da 
verdade real, rejeitando o formalismo 
exacerbado, e impede o absolutismo pleno do 
julgador, gerador do arbítrio, na medida em 
que exige fundamentação da decisão. 
OBSERVAÇÃO: Assim, a prova 
obtida na fase investigativa, para servir de base 
à decisão, deverá, necessariamente, ser 
corroborada por elemento de convicção 
colhido em juízo, salvo se cuidar de prova 
antecipada, não repetível ou cautelar, 
hipóteses em que a restrição em questão não 
se aplica. De ver-se que a lei não faz distinção 
em torno dessa regra. Nesse contexto, se o 
juiz está impedido, por um lado, de atribuir a 
autoria de determinada infração a um acusado 
contra quem haja, por exemplo, simples 
confissão extrajudicial, não poderá, de igual 
modo, reconhecer a existência de álibi ou de 
causa de exclusão de ilicitude com base em 
material cognitivo não confirmado em juízo. 
Ônus da Prova: Consiste na 
incumbência que recai sobra a parte de provar 
a veracidade do fato alegado, ou seja, define 
quem deverá provar ser o agente culpado ou 
inocente. Segundo Renato Brasileiro de Lima, 
há duas correntes acerca da distribuição do 
ônus da prova: a corrente minoritária aponta 
que, no processo penal, o ônus da prova é 
exclusivo da acusação; a corrente majoritária 
distribui o ônus da prova entre a acusação e a 
defesa no processo penal. 
No tocante ao ônus da acusação, 
estará condicionada a prova tanto a existência 
do fato típico quanto a autoria ou participação 
do acusado neste e, ainda, o nexo causal (a 
relação do resultado ocorrido com a conduta 
praticada). Do mesmo modo, deverá 
demonstrar os elementos subjetivos, quais 
sejam, o dolo ou a culpa, que serão 
comprovados a partir da análise dos elementos 
no caso concreto. A respeito da primeira 
corrente, tem-se que o art. 386, II, V e VII, CPP, 
aduz que a debilidade probatória da acusação 
em demonstrar os elementos que 
caracterizam o crime implica na absolvição do 
réu. 
A defesa, por sua vez, está 
encarregada de provar fatos modificativos, 
impeditivos, extintivos e até um eventual álibi. 
Entretanto, no tocante à corrente minoritária 
supracitada, Nestor Távola defende que, na 
verdade, a defesa não possui ônus probatório, 
tendo em vista que, se a acusação não obtiver 
êxito ao provar suas alegações, ao final do 
processo, em caso de dúvida, o réu deverá 
ser absolvido, em atenção ao princípio da 
presunção da inocência. Neste sentido, o ônus 
da prova deve ser analisado sob a ótica doprincípio citado e, portanto, a defesa ficaria 
inerte durante todo o processo, sendo que, ao 
final em caso de dúvida, o juiz deve absolver o 
acusado (In dubio pro reo). 
O princípio nemo tenetur se 
detegere significa que qualquer pessoa 
acusada da prática de um ilícito penal tem 
direito ao silêncio e a não produzir provas em 
seu desfavor. 
Papel do Magistrado: O juiz no 
processo penal, não possui o ônus probatório, 
pois é inerte às partes a atribuição de provar, 
tendo em vista que deve se manter imparcial 
e inerte frente ao processo, seguindo os 
ditames do princípio da inércia processual. 
ART. 156. CPP: a prova da alegação incumbirá a 
quem a fizer, sendo, porém facultado ao juiz de oficio: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de 
proferir a sentença, a realização de diligências para 
dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
. A atividade do magistrado na 
determinação da prova é complementar, não 
podendo o mesmo construir todas as provas 
que são levadas aos autos, sob pena de 
incorrer em impedimento (art. 254, CPP) ou 
suspeição (art. 252, CPP). 
A determinação da prova “ex 
officio pelo juiz” é permitida pelo princípio da 
busca da verdade real, que busca revelar o que 
realmente aconteceu quando da ocorrência do 
delito. Mas a constitucionalidade do art. 156, CPP 
é questionada por parcela da doutrina, que 
afirma que o mesmo infringe o sistema 
acusatório adotado no ordenamento jurídico 
brasileiro e é incompatível com o princípio da 
imparcialidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLO: depoimento de uma testemunha 
ouvida no processo “A” poderá ser extraída 
cópia, desde que preenchidos os requisitos, 
que será juntada ao processo “B”, de forma 
documentada, ou seja, por certidão. 
- se refere à prova testemunhal, porém, nada 
impede que o fenômeno tenha aplicabilidade 
em outras espécies de provas. 
 
 
 
Classificação das provas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prova Emprestada (ou translada) 
Possibilidade de utilização em um 
processo de prova que foi inicialmente 
produzida em outro, sendo o transporte da 
prova entre os processos feitos por meio de 
certidão. 
 
 
 
 
 
“A eficiência da instrução criminal e 
a colaboração da justiça levam à admissibilidade 
do empréstimo probatório. Compartilhar 
provas entre processos pode ser de grande 
utilidade, mas não pode se tornar um 
expediente de comodidade. Havendo 
justificativa plausível, o empréstimo será 
oportunizado. Pode ser patrocinado o 
empréstimo probatório até mesmo de um 
processo civil a um criminal”. 
Prevalece na doutrina pátria que a 
utilização da prova emprestada só tem 
cabimento se aquele contra quem ela for 
utilizada tiver participado do processo onde foi 
produzida originalmente, em respeito ao 
princípio do contraditório. A prova produzida no 
processo no qual o acusado não tenha 
participado, nada mais é do que mera prova 
documental, e não prova emprestada. 
REQUISITOS: Mesmas partes; 
Mesmo fato probatório; Contraditório no 
processo emprestante; Respeito à formalidade 
da produção probatória do processo 
emprestante. 
Ainda que a transferência seja feita 
por meio de certidão, a prova emprestada não 
perde o valor da prova originalmente 
produzida, apesar da forma documental, 
permanecendo inalterado o valor probante da 
sua essência. Isso significa que muito embora o 
depoimento da testemunha seja trazido ao 
segundo processo por uma certidão extraída 
do processo original, seu valor probatório 
sempre será o de prova testemunhal. 
 
3 peritos, art. 159, CPP 
Oficial: quadro de servidores; 
Não Oficial: nomeado pelo 
juiz (nomeia 2); 
Assistente: profissional 
indicado por uma das partes.

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